Marlon Shipka:

Posicionei-me diante dos alunos, que se viraram em perfeita sintonia, seus olhares fixos nos seis golens que eu havia invocado. A tensão no ar era palpável; eles sabiam que estavam prestes a enfrentar um desafio que testaria não apenas suas habilidades, mas também sua coragem.

— Bom dia — comecei, minha voz calma e firme. — Como já devem saber, sou Marlon Shipka, aquele que irá ensiná-los magia para que possam se tornar verdadeiros cavaleiros mágicos. — Fiz uma pausa, observando suas reações. — Os golens que estão vendo serão oponentes em uma espécie de duelo. Seis de vocês enfrentarão cada um deles, e quero ver até onde conseguem usar sua magia.

Um dos alunos, Guilherme, levantou a mão, sua expressão hesitante.

— Preciso duelar com ele? — perguntou, sua voz cheia de incerteza. — Digo, já deve ter ouvido que não tenho nada de magia.

Eu podia entender suas preocupações. Os golens eram imensos, suas presenças intimidantes. Um único golpe bem-sucedido poderia lançar qualquer um desses jovens longe ou pior, transformá-los em algo parecido com uma panqueca humana.

— E se nos machucarmos? — questionou outro aluno, sua mão tremendo visivelmente. — Ou se ele nos matar?

Havia medo em suas vozes, e com razão. Estavam prestes a enfrentar algo que poderia parecer um pesadelo para muitos.

— Vou supervisionar os duelos — prometi, tentando tranquilizá-los. — Vamos começar devagar. O primeiro que derrubar o outro para fora de seu círculo ganha. Podem usar qualquer feitiço ou objeto que faça o golem cair para fora do círculo, desde que seja feito da maneira correta.

Mais protestos surgiram, alguns alunos expressando sua falta de treinamento em magia ofensiva, outros preocupados em depender de objetos mágicos, o que, segundo eles, seria inadequado para um cavaleiro mágico.

— Só podemos aprender verdadeiramente ao fazermos algo — disse calmamente, tentando incutir neles a importância da experiência prática. — Isto não é uma escola comum, onde você pode aprender mágica sentado em uma mesa tomando notas. Você só consegue aprender mágica fazendo mágica.

Suspirei levemente e me virei para o primeiro golem.

— Ativar! — ordenei.

Sai da posição em que estava, e o golem imediatamente avançou em minha direção, seu punho gigantesco vindo rapidamente na minha direção. Pulei para fora de seu alcance no último segundo, sentindo o vento do golpe que quase me acertou. Ele investiu novamente, mas rolei sob suas pernas, minha mão brilhando com magia preparada para o ataque. Golpeei o golem na parte de trás da coxa, mas ele ignorou a dor aparente e continuou avançando.

Esquivei-me para o lado, golpeando debaixo de seu braço, e então parei, observando o golem que começava a se mover mais lentamente, como se estivesse em câmera lenta.

— Já coloquei encantos de defesa no corpo do golem — expliquei aos alunos, enquanto estalava os dedos.

Instantaneamente, o golem parou no lugar, seu corpo tremendo violentamente antes de explodir em uma pequena pilha de areia e lama. Os murmúrios chocados dos alunos ao meu redor me fizeram perceber o impacto do que tinham acabado de presenciar.

— Aqueles que não têm magia devem usar um objeto mágico. E aqueles que não conseguem usar magia corretamente devem buscar uma varinha feita por uma bruxa ou um bruxo de confiança — instrui, enquanto o golem se desfazia. — Agora, sem mais dúvidas, podem começar a escolher quem vai primeiro.

Afastei-me, dando espaço para que eles se organizassem. Jam rapidamente me trouxe uma prancheta e um lápis, e comecei a anotar minhas observações enquanto os duelos se desenrolavam. Quando me cansei de escrever à mão, usei magia para fazer o lápis se mover sozinho, registrando cada detalhe que eu pudesse perder.

Alguns dos alunos se saíram surpreendentemente bem, enfrentando os golens com habilidade e confiança. Eles usavam feitiços poderosos e táticas inteligentes para derrubar seus oponentes. No entanto, outros falharam miseravelmente, mal conseguindo manter-se de pé dentro do círculo antes de serem jogados para fora em questão de segundos.

Enquanto observava, percebi que o verdadeiro teste não estava apenas em derrotar o golem, mas em como cada aluno lidava com o fracasso e a adversidade. Aqueles que caíam levantavam-se rapidamente, determinados a tentar novamente, enquanto outros lutavam contra a frustração e o medo. Era nesses momentos que eu podia ver o verdadeiro potencial de cada um, escondido sob a superfície das inseguranças e limitações que ainda carregavam.

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Enquanto eu observava os novatos duelarem contra os golens, Sofia apareceu ao meu lado de maneira quase silenciosa. Jam, que estava concentrado em tomar notas ao meu lado, deu um pequeno salto de susto ao vê-la simplesmente surgir ali, quase como uma sombra.

— Sofia, o que está fazendo aqui? — perguntei baixinho, surpreso com sua presença. — Quero dizer, não deveria estar cuidando da proteção do imperador Otto?

— O imperador pediu que eu viesse ver como estão as coisas para você e os cavaleiros novatos — respondeu ela, com um tom calmo e profissional. Seus olhos percorreram a cena no campo de treinamento, onde um dos rapazes foi arremessado com força para trás. Antes que ele se machucasse, girei minhas mãos e conjurei um lugar macio e acolchoado para ele cair. — Isso foi um pouco longe para onde ele deveria ter caído, presumo.

— Bem, ele usou um feitiço de ampliação mágica contra o golem e perdeu o controle por alguns segundos, o que foi o suficiente para que as coisas saíssem do controle — comentei, enquanto anotava na prancheta. — Uma palavra errada em um encanto ou feitiço pode causar um verdadeiro caos.

Dei de ombros e voltei a observar as batalhas dos novatos contra os golens. Apesar de alguns deslizes, as coisas estavam correndo de forma relativamente tranquila. A garota que eu havia notado ontem, junto com um dos rapazes, se aproximou de mim quando terminaram suas lutas. Notei que Guilherme estava se preparando para enfrentar o golem, mas sua expressão mostrava pouca vontade de fazê-lo.

— Sou Lila Onior, e este é o meu irmão Lopes — a garota se apresentou, fazendo uma reverência educada. — É uma honra conhecer o bruxo imperial.

— São crianças que o imperador ajudou há muito tempo; vivem diretamente no castelo — sussurrou Jam ao meu lado, oferecendo um pouco mais de contexto.

— Eles são admiráveis e bastante fofos — comentou Sofia, em um tom mais alto, fazendo os irmãos ficarem visivelmente envergonhados. — Viu como são adoráveis?

Não consegui evitar uma risada, especialmente ao ver a reação constrangida de Lila e Lopes. No entanto, minha atenção logo foi capturada pela luta de Guilherme contra o golem. Ele estava armado com uma pequena espada e, para minha surpresa, demonstrava agilidade e destreza. Guilherme se movia rapidamente, acertando um golpe preciso no golem, que atingiu o feérico na barriga. O golem retaliou, atingindo-o com o ombro com tanta força que parecia que Guilherme seria arremessado para fora do círculo, mas ele apenas cambaleou para trás e rapidamente voltou ao ataque.

Ele não dava ao golem tempo para respirar, atacando continuamente, sem abrir brechas para que a criatura contra-atacasse. Guilherme tentou contornar o golem, mas a criatura antecipou seu movimento, bloqueando sua passagem. No entanto, com um giro habilidoso, Guilherme perdeu a espada, que voou de sua mão e acertou a cabeça do golem. Houve um momento de silêncio tenso, mas então o golem começou a se desfazer em terra e lama, sinalizando a vitória de Guilherme.

Lila e Lopes bateram palmas entusiasmadas, celebrando o sucesso do amigo. Eu, por outro lado, virei minha atenção para o rapaz que estava afastado dos outros minutos antes, observando tudo de longe.

— Aquele rapaz é Badu Bassitt, vem de uma das famílias militares do império — Sofia disse, notando meu interesse. — Alguns acham que ele é uma pessoa muito assustadora para se envolver.

Badu então ergueu a mão e, em um instante, ela brilhou intensamente.

— Magia de Gravidade: Impacto — ele murmurou com uma confiança inabalável.

Em segundos, o golem que ele enfrentava parou de se mover, como se uma força invisível o estivesse esmagando. O golem foi prensado contra o chão com tal intensidade que, em um momento, ele explodiu em uma nuvem de terra e lama, espalhando-se pelo círculo.

Os outros novatos observaram em silêncio, claramente impressionados — e talvez um pouco intimidados — pela demonstração de poder de Badu. Eu próprio fiquei intrigado. A habilidade de Badu era claramente avançada, e sua execução foi impecável. Era evidente que ele possuía um talento excepcional, mesmo que sua presença pudesse ser considerada intimidadora por alguns.

— Ele é formidável — comentei, mais para mim mesmo do que para os outros. — Mas o poder precisa ser equilibrado com controle. Vamos ver como ele se sai nas próximas etapas.

Sofia assentiu, claramente concordando. Era um lembrete de que, enquanto o talento bruto era importante, a verdadeira maestria vinha do equilíbrio entre poder e disciplina. Este grupo de novatos tinha um potencial impressionante, mas meu papel seria ajudá-los a transformar esse potencial em algo sólido e eficaz. O dia havia começado com desafios, mas também com promessas. O futuro desses jovens cavaleiros mágicos parecia brilhante — desde que eu pudesse guiá-los corretamente no caminho a seguir.

— Pelo seu olhar, você sabe qual é a magia do garoto — comentou Sofia, observando-me com atenção.

— Claro que sei — respondi, meu olhar ainda fixo em Badu enquanto ele se afastava do círculo onde o golem havia sido destruído.

— Esse atributo mágico permite ao usuário manipular a gravidade à vontade. Para usá-lo em todo o seu potencial, são necessários feitiços específicos, que são armazenados dentro de grimórios. Ele pode diminuir a gravidade, permitindo que ele próprio e outras coisas flutuem, ou aumentar significativamente os efeitos da gravidade sobre um alvo, jogando-o contra o solo com força avassaladora. Além disso, ele pode usar a gravidade para comprimir um objeto de qualquer lado, moldando-o na forma desejada. Isso significa que ele pode manipular a gravidade em objetos específicos ou em partes do corpo, tornando seus ataques mais devastadores ao aumentar o peso sobre o alvo ou mais rápidos ao diminuir o peso de suas próprias armas.

Enquanto explicava, podia ver que Sofia acompanhava cada palavra com atenção. Era evidente que ela também reconhecia o potencial de uma magia como essa.

— O mais impressionante é que ele também pode utilizar a gravidade para deformar o espaço ao seu redor e gerar buracos negros em miniatura, algo que poucos magos sequer sonhariam em controlar. A força e o controle necessários para alcançar esse nível são imensos, e ele já mostra sinais de um domínio avançado, mesmo em uma idade tão jovem.

Fiz uma pausa, refletindo sobre as implicações do que havia acabado de dizer. Badu não era apenas um aluno promissor; ele era alguém que, com o treinamento adequado, poderia se tornar uma força formidável no campo de batalha.

— Esse garoto realmente tem uma boa magia — concluí, sentindo o peso das palavras. — Se ele aprender a controlá-la plenamente, poderá se tornar um dos cavaleiros mais poderosos do império.

Sofia assentiu, claramente impressionada. Havia muito trabalho a ser feito, mas a base era sólida. Badu, assim como muitos outros entre os novatos, possuía um talento que só precisava ser refinado. Eu estava determinado a ajudá-los a alcançar todo o seu potencial, a moldá-los não apenas como guerreiros, mas como verdadeiros protetores do império.

A tarefa à frente não seria fácil, mas ao ver o brilho de determinação nos olhos dos jovens diante de mim, senti uma renovada confiança de que estava no caminho certo.

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Até a próxima 😘