Capítulo Cinquenta e Cinco(final)
Marlon Shipka:
Com o calor do beijo ainda vibrando no ar, sorri para Otto, vendo-o relaxar completamente ao se inserir naquela atmosfera acolhedora e festiva. Minha família sempre foi calorosa e receptiva, mas a forma como abraçaram Otto tão prontamente, como se ele já fosse parte deles, fez meu coração se aquecer ainda mais. Os olhos dele brilhavam com algo novo, como se ele estivesse experimentando um tipo de carinho que não encontrava em seu próprio mundo de responsabilidades e estratégias.
— Então, que tal começarmos com um tour pela casa? — minha mãe sugeriu animadamente, segurando o braço de Otto, como se já estivesse à vontade com ele. — Tenho certeza de que você vai adorar as histórias e as lembranças que esta casa guarda.
Otto olhou para mim, um tanto surpreso com a espontaneidade da minha mãe, mas logo relaxou, permitindo-se ser guiado por ela enquanto eu e meu pai trocávamos um olhar cúmplice. Era engraçado ver alguém tão acostumado a comandar se deixar levar por algo tão simples como um passeio guiado por uma mãe orgulhosa.
Enquanto minha mãe mostrava cada detalhe da mansão, desde as antigas tapeçarias até as fotos da família emolduradas nos corredores, eu podia ver a forma como Otto absorvia cada pedaço daquela história. Para ele, aquilo não era apenas uma casa, mas uma janela para uma parte de mim que ele ainda estava descobrindo. Era como se ele estivesse conhecendo mais do meu passado, das raízes que me formaram.
Chegamos a uma sala ampla, com janelas altas que deixavam a luz natural banhar o ambiente, e meu pai, com seu jeito descontraído, sugeriu que nos sentássemos para uma conversa mais longa. Era evidente que ele estava tão curioso sobre Otto quanto Otto estava nervoso para causar uma boa impressão.
— Então, Otto — meu pai começou, com aquele tom amigável que ele sempre usava para quebrar o gelo —, como foi a viagem até agora? Conseguiu sobreviver à rotina agitada do meu filho?
Otto soltou uma risada, mais à vontade do que eu esperava.
— Foi uma aventura maravilhosa — respondeu, com sinceridade no olhar. — Ele me mostrou um mundo completamente novo, e cada lugar tinha uma magia própria. Mas, devo admitir, estar aqui, conhecendo o outro lado da vida dele, tem sido igualmente fascinante.
Minha mãe sorriu, claramente tocada pela resposta. Ela sempre se orgulhou do quanto nossa casa era mais do que apenas paredes e móveis; era um lar que abrigava memórias e histórias. E saber que Otto estava se conectando a isso, mesmo vindo de um mundo tão diferente, significava muito para ela — e para mim também.
— Espero que se sinta em casa — disse ela, colocando a mão sobre a de Otto, em um gesto de acolhimento genuíno. — Essa casa é sua também enquanto estiver aqui.
Otto assentiu, parecendo um pouco desconcertado com tanta generosidade, mas também profundamente grato. Eu sabia que ele não estava acostumado a ser tratado dessa forma, e ver o impacto que isso causava nele era um lembrete do quanto esse encontro era importante.
Enquanto a tarde avançava, conversamos sobre tudo: histórias antigas, memórias engraçadas da minha infância, e até planos para os próximos dias. A conversa fluiu com uma naturalidade surpreendente, como se Otto sempre tivesse feito parte da nossa família. Eu podia ver o quão genuíno ele estava sendo, e isso me enchia de orgulho. Ele estava se permitindo ser ele mesmo, sem as máscaras que usava em outras situações.
Em um momento mais íntimo, quando meus pais foram buscar algumas bebidas na cozinha, nos encontramos sozinhos na sala. Sentei-me ao lado de Otto no sofá, nossos ombros se tocando, e observei seu rosto, notando a leveza em seus traços.
— Está tudo bem? — perguntei suavemente, deslizando meus dedos pelos dele.
Otto me olhou, e havia uma ternura no seu olhar que era rara de se ver.
— Mais do que bem — ele respondeu, com um sorriso suave. — Estar aqui com você e conhecer essa parte da sua vida... me faz entender ainda mais o porquê de você ser quem é. E... eu me sinto honrado por poder fazer parte disso, mesmo que só por um breve tempo.
Aquelas palavras, ditas com tanta sinceridade, me tocaram profundamente. Inclinei-me para ele, encostando minha testa na dele, e deixei o momento nos envolver.
— Você faz parte disso agora, não só por um breve tempo, mas pelo tempo que escolher ficar ao meu lado — sussurrei, antes de selar o momento com um beijo terno e cheio de promessas.
O beijo foi lento, carregado de carinho e conexão. Não havia pressa, apenas a certeza de que, naquele instante, tudo estava exatamente como deveria estar. Quando nos afastamos, Otto ainda tinha aquele brilho no olhar, como se estivesse finalmente encontrando algo que sempre procurou.
Antes que pudéssemos dizer mais alguma coisa, ouvimos os passos dos meus pais voltando, trazendo risos e a promessa de uma noite cheia de histórias e boas memórias. E enquanto nos preparávamos para mais momentos em família, soube que, independentemente de tudo o que ainda estava por vir, aquele era o começo de algo especial — não apenas para mim e Otto, mas para todos nós.
****************
Lembrei-me da minha última visita, quando descobri que meus pais haviam contado sobre minha magia para todos os funcionários. Na época, fiquei preocupado com a reação deles. Afinal, não é todo dia que alguém diz que o filho dos seus patrões pode atravessar dimensões e realizar feitos mágicos. Eles tentaram disfarçar o ceticismo, sorrindo educadamente, como se estivessem aceitando aquela história fantástica apenas para não magoar meus pais.
Sabendo disso, senti que precisava ser honesto com eles, mostrar quem eu realmente era e o que eu podia fazer. No início, houve uma tensão no ar, olhares trocados e sussurros cautelosos. Mas, determinado a conquistar a confiança deles, decidi demonstrar minha magia, não com grandes feitiços ou gestos dramáticos, mas com algo mais íntimo: memórias.
Com um aceno suave, invoquei pequenas esferas de luz, cada uma delas representando uma lembrança especial que compartilhei com eles ao longo dos anos. As esferas flutuavam no ar, mostrando momentos como brincadeiras no jardim, conversas descontraídas na cozinha e risadas ao redor da mesa de jantar. Cada memória cintilava com uma luz suave, como se estivesse sendo contada de novo pela própria essência da magia.
Enquanto as luzes dançavam ao redor de nós, pude ver a expressão nos rostos dos funcionários mudar. O ceticismo deu lugar a uma emoção genuína, e as lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de muitos deles. Aquelas memórias não eram apenas cenas de um passado distante, mas sim fragmentos de momentos compartilhados com carinho e afeto.
Um dos jardineiros, alguém que sempre me tratou como um sobrinho, foi o primeiro a quebrar a distância. Ele se aproximou com os olhos marejados e me envolveu em um abraço apertado, como se estivesse tentando segurar todas aquelas memórias dentro de si. Logo, todos os outros seguiram o exemplo. Um por um, eles me abraçaram, as lágrimas caindo livremente enquanto murmuravam palavras de carinho e saudade. Foi como se, naquele momento, a magia não fosse apenas algo fantástico e distante, mas uma ligação tangível entre nós, uma prova de que a conexão que construímos ao longo dos anos era real e significativa.
— Eu não sabia o quanto sentia falta desses momentos — uma das cozinheiras murmurou enquanto me abraçava. — Ver tudo isso de novo, como se estivesse acontecendo agora... é como reviver o passado, mas com uma nova esperança.
— Não importa o que você seja capaz de fazer — disse Julian, o mordomo, com a voz embargada. — O mais importante é que você nunca deixou de ser o garoto que todos nós vimos crescer. E, para nós, isso é o que realmente conta.
As palavras deles me emocionaram profundamente. Mais do que nunca, eu soube que não precisava me preocupar com como eles enxergavam a magia. O que importava era o laço que tínhamos construído, e a magia, naquele momento, só serviu para reforçar esse laço de uma forma que palavras jamais poderiam.
Quando finalmente nos separamos, havia uma leveza no ar, como se toda aquela tensão inicial tivesse se dissolvido completamente. Meus pais, que observaram tudo de perto, estavam com os olhos brilhando, orgulhosos não apenas de mim, mas também do carinho sincero que fluía entre todos nós.
— Você sempre soube como tocar o coração das pessoas — minha mãe disse, enquanto passava a mão pelos meus cabelos, como fazia quando eu era criança. — E isso é a verdadeira magia.
Otto, que havia assistido a tudo em silêncio, também parecia tocado. Ele se aproximou, colocando a mão em meu ombro, e em seu olhar havia uma compreensão profunda do que acabara de acontecer.
— Acho que, ao longo da nossa viagem, vi muitas formas de magia — ele comentou, com um sorriso suave. — Mas nada se compara à forma como você cria laços tão fortes com as pessoas. Isso é algo que nenhuma magia do mundo pode replicar.
Eu sorri para ele, tocando de leve sua mão, sentindo o calor e o apoio que ele sempre me oferecia. Estávamos prontos para seguir em frente, para continuar nossa jornada, mas saber que tínhamos um lugar como aquele, cheio de amor e memórias, para onde sempre poderíamos voltar, era algo inestimável.
Naquele dia, não foi apenas minha magia que foi aceita. Foi a confirmação de que, independentemente das dimensões que atravessássemos, o verdadeiro poder estava naquilo que cultivávamos nos corações das pessoas que amávamos.
O jantar estava agradável, cheio de risadas e conversas leves. Estávamos todos relaxados, saboreando a comida e o calor da companhia um do outro. Mas, de repente, senti uma onda de náusea crescer rapidamente em meu estômago. Tentando disfarçar o mal-estar, levantei-me apressado da mesa.
— Com licença, vou ao banheiro — murmurei, tentando manter a calma na voz.
Mas assim que cheguei ao banheiro, não consegui segurar. Vomitei, sentindo a náusea intensa tomar conta de mim. Quando o pior passou, apoiei-me na pia, respirando fundo, tentando recobrar o controle. Só que algo dentro de mim parecia desequilibrado — minha magia estava completamente fora de controle. Senti a energia ao meu redor se agitar, pulsando de maneira errática. De repente, uma borboleta dourada surgiu do nada, batendo as asas suavemente antes de se transformar em uma bolha de sabão que flutuou pelo ar e explodiu.
Meus joelhos fraquejaram e caí no chão, ofegante e confuso. Foi então que ouvi passos apressados se aproximando. Quando levantei o olhar, vi Otto parado à porta, os olhos arregalados, claramente preocupado. Ele correu até mim e se ajoelhou ao meu lado, segurando meus ombros com firmeza.
— Você está... — ele começou, mas as palavras morreram em sua boca.
Acho que ele já sabia, ou pelo menos suspeitava. Eu podia ver o choque e a incredulidade misturados em seus olhos. Sabia que havia algo diferente acontecendo comigo há algum tempo, mas essa confirmação não era algo que ele esperava ouvir tão cedo.
— Grávido — murmurei, a palavra escapando antes que eu pudesse pensar. A surpresa ecoou pela sala, e olhei além de Otto, vendo meus pais parados na porta, com expressões espantadas.
— No outro mundo, homens podem engravidar — acrescentei, tentando dar sentido à situação para eles.
O silêncio que se seguiu foi quase palpável, quebrado apenas pela minha respiração irregular e pelo pulsar inquieto da minha magia ao redor. Vi a expressão de choque no rosto dos meus pais se transformar gradualmente em uma mistura de surpresa e preocupação.
Minha mãe foi a primeira a reagir. Ela se aproximou rapidamente, agachando-se ao meu lado e me envolvendo em um abraço protetor.
— Meu Deus... você realmente está grávido? — ela sussurrou, a voz embargada de emoção.
Otto ainda parecia processar a informação, mas havia uma mudança sutil em sua expressão — o choque estava dando lugar a algo mais profundo, uma mistura de emoção e responsabilidade. Ele estendeu a mão, acariciando meu rosto com um toque incrivelmente suave, como se estivesse tentando confirmar que eu estava ali, real e presente.
— E como você se sente com isso? — ele perguntou, a voz rouca, mas cheia de carinho.
Soltei um suspiro trêmulo, tentando organizar as emoções que borbulhavam dentro de mim. Era uma mistura de medo, incerteza, mas também uma pontinha de felicidade inesperada.
— É assustador e... surreal — admiti, encostando minha cabeça no ombro de Otto. — Nunca imaginei que algo assim fosse acontecer, mas... ao mesmo tempo, sinto que não estou sozinho. Tenho você e meus pais... e isso me dá coragem. Depois de ter adotado a Lídia, Alice e o Denis — Coloquei as mãos sobre minha barriga. — Estou feliz que tudo tenha se resolvido para mim e ainda tendo mais um filho.
Minha mãe sorriu, as lágrimas nos olhos dela refletindo um misto de surpresa e felicidade. Meu pai, que normalmente era mais contido, parecia emocionado, tentando absorver o que aquilo significava para nossa família.
— Estamos todos aqui com você, não importa o que aconteça — minha mãe disse, apertando minha mão com firmeza. — Isso vai ser um desafio, mas também vai ser uma jornada incrível. E nós vamos enfrentá-la juntos.
Otto assentiu, a expressão firme e decidida. Ele me envolveu com mais força em seus braços, deixando claro que, independentemente dos desafios que viessem pela frente, ele estaria comigo em cada passo.
— Seja qual for o caminho que escolhermos a partir de agora, eu estarei ao seu lado — ele sussurrou, encostando a testa na minha.
Fechei os olhos por um momento, sentindo o calor de todos ao meu redor. Havia muitas incertezas, muitas perguntas que ainda precisavam de respostas, mas naquele instante, cercado por aqueles que amava, soube que encontraríamos um jeito de passar por tudo isso. Não estávamos sozinhos, e isso era o que importava.
— Acho que essa nossa lua de mel tomou um rumo inesperado — brinquei, tentando aliviar a tensão.
Otto riu baixinho, e mesmo meus pais soltaram uma risada nervosa.
— E, de alguma forma, isso torna tudo ainda mais inesquecível — ele respondeu, apertando minha mão.
Juntos, sabíamos que essa nova jornada seria cheia de surpresas, mas agora estávamos prontos para enfrentá-la — com amor, união e um toque de magia.
Com todos reunidos ao meu redor, o peso da surpresa começou a se dissipar, dando lugar a uma sensação de calma e aceitação. Mesmo com a reviravolta inesperada, o calor dos olhares e o apoio de cada pessoa ali faziam com que tudo parecesse menos assustador. Otto segurava minha mão com firmeza, transmitindo uma tranquilidade que me dava forças para encarar essa nova realidade.
Após alguns minutos de silêncio carregado de emoção, minha mãe se levantou, enxugando as lágrimas enquanto colocava um sorriso determinado no rosto.
— Bom, acho que temos muito o que preparar agora, não é? — disse ela, com o típico brilho prático no olhar. — Primeiro, precisamos garantir que você esteja bem cuidado. E, claro, começar a pensar em como vamos adaptar tudo para essa nova etapa.
Meu pai riu, balançando a cabeça, mas o sorriso no rosto dele mostrava que estava tão emocionado quanto ela. Ele se aproximou, colocando uma mão no ombro de Otto.
— Acho que você vai precisar de toda a ajuda que puder conseguir, meu rapaz. — Ele disse isso com um tom meio brincalhão, mas o apoio genuíno estava claro.
Otto assentiu, o sorriso leve nos lábios enquanto olhava para mim.
— Pode ter certeza de que vou fazer o meu melhor. — Havia uma determinação tranquila em suas palavras, como se ele já estivesse se preparando para encarar essa nova responsabilidade.
Os dias seguintes foram um turbilhão de emoções e preparativos. Meus pais entraram em modo protetor, insistindo que eu não fizesse muito esforço e garantindo que todas as minhas necessidades fossem atendidas. Até os funcionários da casa, que antes pareciam desconfiados com a ideia de magia, agora me tratavam com um carinho renovado, como se a notícia tivesse acendido algo especial neles.
Otto, por sua vez, se dedicava com uma intensidade silenciosa. Ele estava sempre ao meu lado, seja ajudando com pequenas tarefas ou simplesmente garantindo que eu estivesse confortável. Havia uma doçura em seus gestos — ele trazia chá quando achava que eu precisava relaxar, lia livros sobre cuidados com a gravidez no outro mundo, e às vezes, à noite, me abraçava e falava baixinho sobre o futuro, os sonhos que agora compartilhávamos.
Numa manhã tranquila, enquanto estávamos no jardim, sentados em um banco sob a sombra das árvores, Otto quebrou o silêncio.
— Eu não esperava por isso, sabe? — Ele disse, olhando para o horizonte. — Mas quanto mais penso nisso, mais vejo como isso é... certo. Talvez este seja o próximo capítulo que precisávamos, algo que vai nos unir ainda mais.
Olhei para ele, vendo a sinceridade em seus olhos. Coloquei a mão sobre a dele, sentindo o calor e a segurança que ele sempre me oferecia.
— Eu também sinto isso — respondi suavemente. — Não sei o que nos espera, mas com você ao meu lado, sinto que posso enfrentar qualquer coisa.
Ele virou-se para mim, com um sorriso que carregava tanto carinho quanto determinação. E então, num gesto cheio de ternura, ele se inclinou e me beijou. Foi um beijo calmo e profundo, cheio de promessas silenciosas e de um amor que só crescia a cada dia.
Quando nos separamos, encostei minha cabeça no ombro dele, sentindo o conforto da sua presença. Ali, naquele jardim, rodeado por natureza e pela tranquilidade de estar com quem eu amava, soube que essa era apenas uma pequena parte do caminho que estávamos trilhando juntos.
Com o passar dos dias, nossos planos de voltar para o outro mundo se adaptaram à nova realidade. Decidimos passar mais tempo com minha família, aproveitando cada momento enquanto nos preparávamos para o futuro. Era um tempo de ajustes e descobertas, mas também de alegria e união.
E assim, a história que começou como uma simples lua de mel se transformou em algo muito maior — uma nova jornada repleta de amor, apoio e, claro, um toque de magia. Sabíamos que haveria desafios pela frente, mas estávamos prontos para enfrentá-los juntos, com o coração aberto e uma confiança inabalável no que o futuro nos reservava.
No final das contas, o que importava não era apenas o destino, mas sim o caminho que escolhemos trilhar lado a lado — e isso, mais do que qualquer outra coisa, era a verdadeira magia da nossa história.
Quando voltamos ao nosso mundo, a notícia da minha gravidez se espalhou rapidamente, e a alegria foi contagiante. Todos os nossos amigos e aliados ficaram eufóricos com a novidade, e aproveitaram a ocasião para celebrar a expansão da nossa família. Além disso, com o avanço das tecnologias que trouxemos do mundo humano, conseguimos finalmente fazer a ligação de internet entre os dois mundos, o que facilitou muito a comunicação. Passei os celulares para as crianças e, claro, para mim e Otto. Adaptar e fabricar os dispositivos e outras tecnologias aqui foi surpreendentemente fácil, e o impacto positivo foi imediato.
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— Marlon — a voz de Otto soou pelo corredor enquanto ele se aproximava da porta entreaberta do nosso quarto. Ele estava preocupado, provavelmente avisado por Jam que eu estava passando mal mais cedo. Estava quase terminando de me vestir quando outra onda de náusea tomou conta de mim.
— Posso entrar? — ele perguntou com suavidade, hesitando à porta. — Jam me contou o que aconteceu.
— Pode, sim — respondi, tentando esconder o desconforto. Ele entrou, fechando a porta atrás de si e imediatamente veio ao meu lado. — Odeio esses enjoos.
— Eu sei — Otto murmurou com ternura enquanto começava a massagear minhas costas de leve, seus toques trazendo algum alívio. — Mas pense que em breve teremos um filho. Isso vale o sacrifício, não?
Revirei os olhos com um sorriso. Otto vinha se revelando ainda mais afetuoso e protetor desde que soube da gravidez. Ele parecia determinado a cuidar de cada detalhe, por menor que fosse.
— Vossa Majestade, você sabe que estou apenas nos estágios iniciais da gravidez, certo? — brinquei, olhando para ele e notando o brilho de felicidade em seus olhos. Desde que a notícia chegou, ele ficou ainda mais meloso e... colado a mim. Até as crianças não desgrudam, querendo dormir conosco todas as noites para se sentirem mais próximas do bebê.
Otto sorriu, um sorriso que iluminava o rosto dele de um jeito quase juvenil. — Claro que sei. Estou acompanhando cada detalhe.
Fiz uma pausa, observando seu entusiasmo, e então decidi provocar um pouco.
— Então você também sabe que não podemos ter relações sexuais nos estágios iniciais da gravidez, certo? — disse com um tom travesso. — Sei o que você estava planejando para esta noite.
O sorriso de Otto vacilou instantaneamente, como se eu tivesse dito algo completamente inesperado. Ele me olhou com surpresa genuína, como se um raio tivesse rasgado o céu claro que era seu humor.
— O quê? — ele perguntou, quase perplexo. — Não podemos... por quanto tempo?
Eu ri baixinho, aproveitando o momento. — Não é tanto assim. Apenas um mês e meio.
Otto suspirou profundamente, claramente tentando processar a notícia de que teria que ser celibatário por um tempo.
— Eu consigo... pelo bem do nosso filho mais novo — ele disse, com uma determinação dramática, antes de se inclinar e deixar um beijo suave na minha nuca. Mesmo com o leve tom de frustração, a ternura e o amor em seu gesto eram inconfundíveis.
— Obrigado por entender — murmurei, sentindo-me mais leve, apesar das brincadeiras. Sabia que Otto estava apenas sendo protetor e amoroso, e era reconfortante ter alguém tão presente ao meu lado, mesmo nos momentos mais difíceis.
Ele riu suavemente e me puxou para mais perto, envolvendo-me em seus braços. Ficamos ali por um tempo, apenas aproveitando a quietude daquele momento, o som distante das risadas das crianças ecoando pela casa.
— Prometo que vou me controlar — ele sussurrou com um toque de humor, como se estivesse fazendo um grande juramento. — Mas quando esse mês e meio passar... vamos compensar.
Eu ri, assentindo e deixando minha cabeça repousar em seu ombro.
Com Otto ao meu lado, as crianças e o apoio de todos ao nosso redor, sabíamos que essa nova fase seria repleta de desafios, mas também de amor, crescimento e, claro, momentos inesquecíveis. Estávamos prontos para enfrentar qualquer coisa, desde os pequenos incômodos da gravidez até a adaptação da tecnologia que trouxe uma nova era para nosso mundo. Afinal, juntos, não havia obstáculo que não pudéssemos superar.
E enquanto Otto segurava minha mão, senti que o futuro seria ainda mais brilhante — repleto de amor, magia e a promessa de uma nova vida prestes a começar.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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