11. Patrulha
Os feitos de Daman se espalharam pelo exército, chegaram em Jaffe e de lá até a capital. Ouvir o nome Daman causou incômodo aos ouvidos do Príncipe Joram, mas ainda assim ele enviou uma carta de reconhecimento por sua bravura. A esposa do Príncipe era prima em segundo grau de Mol'dan e conviveram muito durante a infância.
Kurdis estava em Valta acompanhado de Estirga e uma dúzia de guldos à disposição das tropas do General Barsh. Eles tinham alguns dias livres antes da próxima mobilização.
Ele e a amante estavam hospedados no melhor quarto da Pedra Branca. A ampla janela mostrava o mar esverdeado banhando a costa da bela cidade.
— Você recebeu uma condecoração da família Real! Merecida certamente. — Estirga colocou as mãos nos ombros nus de Kurdis e o massageou. O rapaz tinha em suas mãos a carta escrita com caligrafia exagerada e adornada por selos num papel especial.
Aquele maldito Jorem!
Em questão de instantes, o papel foi consumido por uma chama forte e esverdeada.
— Kurdis? O que foi isso? — Estirga o encarou, atônita.
Ele tinha os lábios torcidos e o cenho retorcido. A feiticeira teve a impressão que viu vapor exalando de suas orelhas rubras.
— Depois do que ele fez? É um grande cínico! Maldito seja!
— De quem você está falando, querido? — ela veio num tom apaziguador.
— De Jorem! De quem mais?
— Mas o que houve?
Kurdis exalou o ar para dissipar a raiva que queimava em seu peito.
— O Príncipe é um mentiroso. Ele prestou falso testemunho contra meu pai fazendo-o perder seus negócios e colocando na prisão.
— E você tem certeza? Há alguma prova?
— Não há provas, mas nem mesmo o Grão-Mestre duvida de mim. Enfim... Melhor deixar esse assunto de lado. Tudo será resolvido assim que vencermos essa guerra.
Kurdis agitou-se, andou de um lado para o outro pegando suas vestes.
— Se não fosse meu respeito à ordem, eu poderia bem explodir aquele maldito cínico.
— Você e metade do reino... Não vou fingir que se trata de um sujeito popular. Onde você vai?
— Vou ter com o General. Estou cansado de esperar.
— Faça bom proveito... Estou muito bem aqui neste quarto.
***
— Se não é o homem do momento! Carrasco dos kunes! O nosso guldo Daman! — o General Barsh ergueu sua taça de metal contendo vinho para cumprimentá-lo.
Brash estava rodeado de oficiais uniformizados na melhor nessa da taberna. Ele tinha cabelos curtos e prateados. Rosto reto, magro, sem barba e desequilibrado pela falta de uma orelha. Embalado pelo álcool, sorria mostrando dentes amarelos.
— General. Senhores... — Kurdis segurou os punhos atrás do corpo.
— Sente-se conosco! Vamos beber, rapaz!
— É melhor que eu não beba. Eu poderia incendiar esse estabelecimento...
— Incendiar? — Barsh gargalhou batendo as mãos na mesa. — Ora vamos!
Eu bem que poderia incendiar tudo sem beber também.
Kurdis manteve-se rígido. Fixou seu olhar severo no general, causando um desconforto nos demais oficiais.
— Eu não quero incomodar, mas já temos alguma previsão para a mobilização?
— Mobilização? Sim... claro. — o sorriso sumiu do rosto do oficial. — Em dois dias, se os reforços chegarem até amanhã.
— Que tal, dois dias apenas? Afinal, eu me arrisquei para não dar folga aos kunes. O capitão Solan pagou com sua vida... Uma semana parados aqui em Valta... Enquanto esperamos, Carc'limar pode estar criando demônios sob nosso nariz em et'Colmont. Já não demos espaço o suficiente para eles?
— Ei... Estamos do mesmo lado, Daman! Os reforços são importantes, acredite em mim... É hora de dar um golpe final no inimigo, e não apenas correr o risco de um empate ou derrota. Descanse! Vamos precisar do seu ímpeto e de sua força para retomar et'Colmont. E com sorte, derrotar Carc'limar.
Kurdis fez uma mesura ao general e demais. Saiu da taberna ainda ansioso e inquieto. Valta estava feia, suja, parcialmente em ruínas. Ainda não se passara um mês desde que os kunes foram expulsos do local. Ele olhou para a pedra branca na colina distante e não sentiu vontade de retornar para perto de Estirga.
Estamos aqui esperando enquanto meu pai continua preso injustamente. Os kunes estão finalmente encurralados e o fazemos? Esperar. Esperar! Eu não aguento mais esperar!
Kurdis chegou ao bordel que Rolok, Escau e os outros soldados frequentavam. O local diferia bastante em relação à taberna que os oficiais frequentavam. Havia ali muito mais calor, agitação e música animada. E ainda era cedo.
Uma prostituta experiente, de seios fartos, e quase expostos, veio até ele fazendo uma recepção calorosa.
— Seja bem-vindo! Posso cuidar do seu cajado hoje, meu jovem?
— Eu não vim aqui para isso. Estou procurando por um soldado: Rolok.
— Rolok? Pois sim... Está lá em cima. A quem devo anunciar?
— Diga que é o guldo Daman.
— Guldo Daman? O senhor é famoso! Não pensei que fosse tão jovem. Venha comigo...
A mulher o conduziu até um balcão quase vazio. A maioria dos clientes estavam em mesas ou nos cantos, bolinando alguma prostituta. Alguns dançavam num espaço aberto próximo de onde o quarteto de músicos tocava.
A passagem de Kurdis pelo estabelecimento atraiu olhares e cochichos. Ele acenou discretamente para alguns dos soldados que estavam ao redor de uma mesa cumprida. Estavam ali: Toró, Escau, Locas e mais alguns do grupo que o acompanhara quando seguiram os kunes e atacaram seu acampamento.
Escau se levantou e sentou-se ao lado do guldo. Arriscou um sorriso ao oferecer a mão para um cumprimento. Kurdis encostou o cajado no balcão e apertou a mão do soldado.
— Veio ao lugar certo para se divertir, guldo Daman!
— Não vim atrás de mulheres, ou bebidas. Vim para falar com o Rolok.
— O velho já não tem muito filtro e não vai demorar a descer... — Escau riu maliciosamente. Seus olhos verdes e grandes faiscavam contra a luz das chamas do candelabro em forma de dragão sobre o balcão.
— Chegaram novidades? Algum batedor deu notícia dos reforços que vem de Kedpir?
— Fiquei sabendo que ainda podem demorar uma semana...
— Dois dias... — Kurdis resmungou.
— O que disse?
— O general Barsh disse que a mobilização seria em dois dias, se as tropas chegarem amanhã.
Escau era bem jovem. Talvez ainda não tivesse vinte anos, assim como Kurdis.
— Então parece que não vamos sair daqui por mais uma semana...
— Eu não pretendo ficar aqui parado enquanto os kunes tem mais tempo para convocar demônios em et'Colmont.
— E o que pretende fazer, guldo Daman?
— Uma pequena patrulha. Não me agrada ficar apenas esperando.
Rolok desceu as escadas abotoando sua camisa. O que ainda lhe restava de cabelos estavam desgrenhados.
Locas levantou-se animado. — É a minha vez!
— Senhor Daman! Fico feliz em vê-lo! — Rolok estendeu a mão para um cumprimento.
— Sua mão está limpa?
Rolok encolheu os ombros e desceu a mão. Todavia, Kurdis estedeu a sua e riu.
— Estou brincando... Vamos!
Rolok devolveu o cumprimento e indagou.
— Como vai madame Estirga?
— Continua desafinado minha virilidade. Pelo que Escau disse, ela iria acabar contigo.
— Eu não disse nada! — defendeu-se o jovem.
Rolok cresceu para cima de Escau, mas Daman colocou sua mão no ombro do soldado e disse.
— Deixemos isso de lado. Eu vim por que estou precisando do meu pacote.
— Claro, senhor! O General lhe deu uma nova missão?
— Não. Mas estou cansado de esperar. Vou sair numa patrulha. Quero descobrir se os kunes estão se movendo. Talvez matar alguns deles se a oportunidade aparecer.
— Gostei. O senhor quer ajuda?
— Não quero obrigar ninguém, mas se encontrar alguém interessado...
Kurdis tirou uma bolsa com moedas de ouro do cinto e mostrou aos dois soldados.
— Eu vou! — Escau se prontificou.
Rolok passou as mãos nos cabelos tentando baixá-los. — Quando pretende sair? E quanto pretende pagar!
— Amanhã cedo. Cinco coroas de ouro por homem para uma patrulha de três dias. E mais o necessário para as provisões.
— Vou levar sua proposta aos demais. O encontramos amanhã.
— Na primeira hora, no Portão Sul. E traga meu pacote.
— Claro, senhor!
***
O grupo de Kurdis era pequeno. Rolok, Escau, Locas, Toró e Pezão.
Era o segundo dia da patrulha. No primeiro dia, seguiram a estrada litorânea atentos a qualquer movimento ou possibilidade de emboscada. As pessoas de Kedpir não se arriscavam a ir ao sul de Valta, mas encontram dois batedores a serviço do exercício retornando de uma patrulha. Eles não deram notícias de movimento dos kunes antes das Colinas Vaporosas. Era um lugar estéril feito de pedras pretas onde havia muitas fontes térmicas exalavam vapores malcheirosos. Kurdis visitara o local diversas vezes com Mestre Lorran, como parte de seu treinamento.
Dali já podiam ver o Monte Gol'dorth, o ponto mais alto da região. E em menos de uma hora, deixaram os últimos traços de vegetação para trás.
— Eu costumava vir muito aqui com meu mestre — Kurdis expressou-se num tom emotivo para Rolok, que liderava a fila com ele.
— Terá sua vingança, senhor Daman.
— Por falar em vingança... Você está peidando novamente, Pezão? — Escau, que vinha por último, o provocou. Locas e Toró riram imediatamente.
Pezão era um sujeito enorme de pele avermelhada, olhos pequenos e cabelos bem pretos. Seu pai era um estrangeiro do povo Hiarawa que se casou com uma local em Jaffe. Ele tinha uma seriedade fora do normal.
— Suas piadas são ridículas. Esse é o cheiro dos vapores.
E então, Escau riu. — Adoro suas respostas! Sempre tão óbvias...
— Vocês podem ficar quietos! — Toró disse ríspido. — Eu acho que ouvi alguma coisa.
Aquilo colocou a todos em alerta. Cruzavam as colinas escuras, adiante a visibilidade não era plena. Uma névoa baixa cobria o vale abaixo, entre duas colinas. Depois de um longo silêncio tenso, Locas sussurrou temeroso.
— Ouvi dizer que dragões de limo vivem nessas fontes quentes.
— Não se preocupe, Locas. Isso é apenas uma lenda. Já vim aqui dezenas de vezes, não há dragões aqui. Exceto, talvez, lá no alto.
Kurdis apontou para o Monte Gol'dorth, um imenso trapézio escuro rajado por linhas cinzentas, ainda muito distante deles.
— Fiquem tranquilos. — Kurdis explicou — Os dragões têm um olfato sensível e detestam o odor desses vapores.
— Bom saber disso! Estou mais tranquilo agora que sei que os peidos do Pezão podem repelir dragões.
Locas e Toró caíram na gargalhada.
— Pelo Santo Guides! Será que vocês não conseguem ficar quietos!
— Quando essa guerra terminar, vou montar uma expedição para caçar um dragão e vou ficar rico! — disse Escau, seus olhos verdes brilhando de cobiça.
— Isso é outra piada? — indagou Pezão.
— Shh! Vocês ouviram isso? — Toró disse, mas desta vez o barulho foi alto o suficiente para que os demais ouvissem.
Agora todos ficaram em silêncio. De fato, de algum ponto adiante, puderam ouvir som de pedrinhas deslizando.
Kurdis fez seu cajado levitar ao seu lado enquanto pegava a foice presa a uma bainha em suas costas. Ao tocar a arma, sentiu um forte comichão gelado subindo pelos braços.
Isso é estranho! Que sensação é esta?
— Cuidado!
O som de vários arcos sendo disparados simultaneamente antecedeu as flechas escuras que emergiram da névoa leitosa abaixo e adiante. As flechas zuniam contra os soldados sem dar tempo de maiores reações.
Kurdis estava se agachando quando a flecha que zuniu para atingir seu coração entrou no ombro esquerdo, abaixo da clavícula.
Toró foi atingido na cabeça e tombou rolando para a esquerda acompanhando o declive.
Uma flecha pegou a orelha de Rolok de raspão e outra atingiu Pezão no braço esquerdo.
Escau ficou de joelhos, mas nenhuma flecha o alvejara, enquanto Locas se jogou no chão escapando de outra flecha.
A dor que a flechada provocou em Kurdis foi intensa e ele perdeu a concentração que mantinha seu cajado flutuando ao seu lado. O cajado caiu e rolou alguns metros antes de parar entre duas rochas.
Rolok esticou seu arco e disparou na direção que as flechas vieram. Todas tinham saído quase do mesmo ponto, de modo que deduziu que havia um grupo de kunes amontoados por ali. A flecha zuniu e produziu um estalo como se a ponta tivesse atingido uma rocha.
— Recuar! Recuar! — gritou Escau.
Rolok puxou mais uma flecha e esticou a corda de seu arco. Pezão, mesmo com o braço ferido, puxou o guldo para trás.
Por que a foice não está me protegendo da dor? Vamos funcione!
— Recuar, senhor Daman! — disse Pezão puxando-o para trás, fazendo os calcanhares de Kurdis se arrastavam no chão. O cascalho de pedras pretas e cinzentas rolava para os lados.
Rolok soltou a flecha que entrou na névoa e logo depois fez o som de bater em uma pedra.
— Meu cajado... preciso dele... — Kurdis conseguiu dizer sob fôlego curto, ainda sentindo muita dor.
Pezão o arrastou para trás de uma pedra e se agachou atrás dela, em seguida.
O som de flechas inimigas zunindo antecipou o gemido de Rolok. Três flechas o atingiram ao mesmo tempo, uma na coxa, outra no quadril, logo acima e a última no braço direito, causando um espasmo que o fez soltar o arco. Duas flechas passaram pelo soldado, errando-o por pouco. Rolok caiu sentado do chão e só então gritou.
Escau correu de onde estava para recuperar o cajado do guldo. Assim que o pegou, jogou-o.
— Locas! Pegue!
Locas esticou os braços e conseguiu segurar o cajado.
Cinco flechas alvejaram Escau que saltou para escapar, mas uma delas o acertou na patrulha esquerda. Ele se arrastou pelo cascalho buscando um abrigo.
Locas se abaixou e rastejou para levar o cajado até o mago.
A flecha cravada no ombro de Kurdis doía muito. Ele deixou a foice de lado para segurar o cajado com as duas mãos, se apoiando nele.
Fogo e ar... Ar e calor.
Uma longa língua de fogo saiu da ponta de seu cajado e desceu até a névoa. Escutaram um breve xingamento no idioma inimigo e um ruído de cascalho rolando.
Acertar alguém teria sido sorte. Mas ao menos deu certo.
A língua de fogo empurrou um pouco do ar, fazendo a névoa ralear perto de onde passou. Foi o suficiente para revelar a silhueta de um kune encapuzado com um arco em mãos.
Eu vejo um! Não, são dois... Três!
Os três kunes esticaram seus arcos ao mesmo tempo. Locas era o único soldado em condições de disparar uma flecha. As flechas saíram simultaneamente.
Locas foi atingido no peito por uma delas, largou seu arco e levou as mãos ao ferimento. Suas pernas bambearam e ele caiu de lado.
Não foi a única flecha kune que encontrou um alvo. Outra acertou o braço esquerdo de Kurdis de raspão, furando o manto, e talhando sua carne, sem ficar presa.
Já a disparada por Locas pareceu atingir um dos arqueiros kune, porém sem provocar som.
Kurdis abaixou-se e soltou o cajado para levar a mão ao novo ferimento na lateral do braço. Sua mão ficou quente e cheia de sangue. Seu olhar foi atraído para a lâmina escura de sua foice. Ele tocou-a com a ponta de seus dedos ensanguentados. O metal negro absorveu o sangue como se fosse uma esponja.
Ela bebe o sangue. Sim, é isso! Ela precisa beber o sangue...
Kurdis largou o cajado e empunhou a foice com as duas mãos.
Ao seu redor seus homens gritavam e gemiam.
— Vamos morrer!
— Minha perna!
— Eles estão vindo!
Um comichão gelado subiu pelos braços do guldo. A dor dos ferimentos abrandou-se por um instante, mas voltou a doer com maior intensidade.
Ela precisa beber... precisa beber!
Kurdis virou de lado e fixou o olhar em Locas. Seu rosto estava pálido, as mãos em volta da flecha tremiam. Ele murmurava.
— Vou morrer... vou morrer...
Uma sensação gelada tomou conta de todo o corpo de Kurdis. Ele segurou a foice com firmeza e afundou sua ponta na garganta de Locas. A lâmina bebeu o sangue de seu aliado, anestesiando as dores que sentia.
Pezão olhou para a cena horrorizado. Não era possível saber, ao certo, o que causou maior terror no soldado. O fato do guldo matar Locas, ou o fato da pele do homem ficar enrugada e escura, como se fosse um cadáver mumificado, ou ainda, a expressão na face do guldo quando segurou a foice com uma só mão enquanto a outra arrancou a flecha cravada em seu peito.
Pezão se arrastou horrorizado para longe de Kurdis, sem se importar em perder sua cobertura contra os arqueiros kunes.
Kurdis empunhou a cajado na mão esquerda e a foice na destra. Se levantou como novo e viu cinco figuras encapuzadas saindo da névoa. Eram arcos feitos de metal. O metal negro que sugava a luz ao seu redor.
Eles dispararam cinco flechas que afundaram certeiras em seu peito e abdome. A dor subiu novamente e ele fixou seu olhar em Escau. Ele estava atrás de uma rocha a poucos passos adiante.
Ele avançou um passo e o golpeou com a foice. A lâmina se afundou acima do ombro esquerdo e foi beber sangue direto do coração do soldado. Os olhos verdes arregalados se fixaram incrédulos no guldo.
Não me olhe deste jeito! Sinto muito soldado, mas preciso de seu sangue para derrotar o inimigo.
Os cinco kunes baixaram os arcos ao mesmo tempo, sem crer no que estavam vendo.
Sem arrancar as flechas de seu corpo, Kurdis aplicou o gancho na foice e a arremessou contra um dos inimigos. A arma girou em alta velocidade e atravessou um deles sem derrubá-lo. Em vez de tirar sangue, a lâmina puxou algo como fumaça escura e pegajosa. Os cinco voltaram a empunhar o arco e esticaram suas flechas com movimentos precisamente sincronizados, mirando em Daman.
São cópias! Malditas cópias capazes de disparar flechas!
Daman lançou um cone de chamas da ponta de seu cajado que não atingiu o alvo, mas fez com que os cinco se atirassem no chão.
A dor das flechas agora crescia e Kudis deixou escapar um gemido enquanto mantinha sua concentração na arma ainda no ar.
A foice continuou girando agora retornando para Daman como se fosse um bumerangue.
Por um momento, o inimigo soltou o arco para retomar o equilíbrio e ficar de pé. Quarto das imagens oscilaram por um instante.
Te paguei, maldito! Já sei onde está.
Daman sentiu a dor sumir, mas arremessou a lâmina, mesmo sabendo que logo voltaria.
Não posso perder!
A foice cortou o arqueiro kune quase o dividindo em dois e continuou girando até retornar para as mãos de Daman banhada no sangue do inimigo. O kune largou o arco e caiu de joelhos tentando segurar as tripas que fugiram de sua barriga. As imagens copiadas foram sumindo lentamente ainda copiando seus movimentos desesperados.
Kurdis deixou o cajado de lado. E uma a uma, puxou as flechas para fora de seu corpo. Arfou algumas vezes e cuspiu sangue enquanto a foice curava seus ferimentos. Ele caminhou até Rolok. O velho soldado estava deitado sob o solo pedregoso e inclinado. O rosto pálido e muito sangue tendo escapado de seus ferimentos. Ele falou trêmulo.
— Vencemos? Vencemos senhor Daman?
— Sim, Rolok.
O que eu fiz? Matei Escau e Locas? Será que ele viu alguma coisa?
— Segure isto.
Rolok segurou a foice com as mãos sujas de sangue.
— Sente-se melhor? A dor está passando?
O soldado mal tinha forças para segurar a foice.
— Prometa... que vai... acabar com os... kunes.
Não está funcionando. Ele não está sendo curado.
Rolok soltou a foice, girou os olhos e perdeu os sentidos. Kurdis pegou a arma de volta e ficou de pé. Antes mesmo de voltar-se para o kune abatido e seu arco, Daman olhou para trás e viu Pezão se afastando a passos largos.
Ele viu o que fizemos. Não posso deixar que ele... Se ele contar o que fizemos...
Kurdis pegou o cajado e formou novo gancho na foice. Atirou-a girando na direção de Pezão. O soldado não viu o que o atingiu.
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