Trabalho forçado I
Valéria entrou na tenda chutando-o.
— Acorde! De pé!
Mirna sentou-se na cama de peles, cobrindo os seios imaturos com um lençol. Os olhos arregalados enquanto Valéria chutava o marido.
— E você, novata? O que está olhando? Vista-se! Há trabalho a ser feito.
— Sim, senhora. — ela obedeceu. Já havia sido advertida sobre o temperamento de Valéria, que mandava em tudo e em todos.
Valéria tinha cabelos pretos e curtos, como os de um rapaz e usava calças, jaqueta e espada na cintura. Era uma mulher de porte atlético e poderia ser confundida com algum mercenário do bando exceto por ter um rosto feminino e hipnótico, de tão bonito.
Syrun levantou-se com um sorriso debochado.
— Está rindo de que?
— De você.
— Nada disso, eu conheço bem esse seu sorrisinho. Está assim por causa da menininha. Não tem vergonha, Sy? Quanto anos ela tem? Dez? Onze?
— Quatorze.
— E você acreditou? Francamente, Sy!
— Francamente digo eu! — ele a agarrou fixando o olhar ambar nos olhos dela. — Quero você um pouco mais sossegada. Vem aqui.
Ela sorriu, se aproximou para um beijo. Uma carícia especial no sexo do marido o deixou animado, mas então... esmagou as bolas dele.
— Porra! Isso doeu!
— Sy, Sy... Já passou o nosso tempo, né? Acha que vou cair nesse seu charme barato? Veste logo uma roupa que temos um novo serviço.
— Você só pensa nisso: trabalho, trabalho, trabalho...
— E me agradeça por isso. Seu bandinho ainda existe graças a mim. E não retruque, sabe que é verdade.
O fato é que ela tinha muito mais competência para administrar que ele jamais sonharia em ter.
— Porra, Val. Tá doendo... — ele fez uma careta ainda esfregando as bolas.
— Que bom, quem sabe assim você dá um tempo nas suas aventuras e se concentra mais no trabalho.
— Você sabe que quando fica assim toda nervosinha eu fico te querendo mais.
— Ah, cala essa boca.
— Por que a pressa, afinal?
Ela saiu sem responder.
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