II
Angeline ficava a sós com sigo. Movia-se na cadeira. Posicionava-se na memória. Pensava na cena de mais cedo. Sugestionava uma ideia sobre ela. Ignorava a sugestão. Sorria. Não chorava vendo algo triste. Vendo a insistência eterna. Procurava nas emendas da moça que a implorou por uma lembrança. Movia-se nas ondas do mar italiano. Encontrava o que a moça queria.
Encurvou-se para a mesinha, colocou uma folha na máquina de escrever e começou a carta:
"Palermo, 28 de junho de 1942.
A pequena Lily se equilibrava nos paralelepípedos. Era aconselhada a buscar equilíbrio emocional. Chorava com facilidade. Equilibrava-se com dificuldade. A mãe dizia 'cuidado'. Ela raramente ouvia. E desequilibrava-se sempre. Caía e machucava o calcanhar. Ajoelhava-se e chorava. E seu irmão era compelido pela mãe. Esta dizia para ele sempre levantar a caçula. Pois a mãe sabia que ela insistiria. Que a menina voltaria a cair, ajoelhar e chorar. O irmão prometeu que sempre estaria lá para levantá-la. E até hoje ela não deixou de insistir. E até hoje ele não deixou de levantá-la.
de Angeline Dellatorre
para Angeline Dellatorre."
***
O que restou da Itália foi o orgulho. A bota foi pisada na Grande Guerra. A economia mostrou a influência na mente secular. Mente fraca com orgulho restante. Bastou um homem invocar tal orgulho. Bastou uma voz para transformá-lo no antigo. Para resgatar a sede de poder e de expansão do grande Império Romano. Nas mentes acovardadas e encurraladas. Nos olhares que viram há pouco a destruição. Um sentimento empurrado goela abaixo nas ovelhas. Um rebanho banhado por fome de economia e de prosperidade. Um rebanho alimentado por papéis nos muros e fitas nas bocas.
O que foi influenciado por uma guerra se aliaria a outra. Esta muita mais lembrada. Esta muito mais destruidora. Tão destruidora era, pois uniria futuros inimigos econômicos e presentes inimigos ideológicos. União que ignorava a contradição. E que buscava assim objetivos bélicos e morais tendo como influência o nacionalismo em excesso. Este, que causou as inimizades e a vingança contra as katanas, foi o principal para que a voz saísse das gargantas cansadas da fome. E foi, também, o principal causador das gargantas entaladas de propaganda. Das bocas caladas com fitas. A mente frágil do povo causou tudo isso. E para tudo isso foi causada.
Angeline lia os jornais atuais e os antigos. Não conseguia informações sobre seu passado, mas sobre o passado de seu povo. Ela não perguntaria diretamente ao seu filho. Ainda investigaria. Ainda queria descobrir sozinha.
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