O político
Cena IV
Entra o político, pomposo, vestindo terno e carregando uma maleta preta.
DIABO – Meu amigo político! Seu destino é bem crítico!
POLÍTICO – Olhe como fala comigo, e não me chame de amigo! Sou mesmo um azarão, morri em acidente de avião!
DIABO – Vamos entrando no busão, aqui já está Jorge Gusmão.
POLÍTICO – Gusmão, o jogador? Meu Deus, que horror! A morte nos atingiu, que destino mais vil! Mas diga, motorista, esse ônibus tomará que pista?
DIABO – O caminho tortuoso, até o reino do tinhoso.
POLÍTICO – Sai fora, enganador! Irei para o céu de esplendor!
DIABO – Diga, o que há nessa maleta? Como sempre muita treta?
POLÍTICO – Que calúnia isso tudo! Filho da égua, chifrudo! Cumpri meu mandato sem patranha, fazendo tudo que disse na campanha!
DIABO – Além de corrupto é mentiroso, seu deputado asqueroso! Vais me dizer agora que ajudou os necessitados, deixando todos bem tratados...
POLÍTICO – Nem para tudo verba existe, seu chifrudo com gastrite!
DIABO – Lamento sua sorte, mas deve entrar neste transporte. Vamos, pois terá que ser macho! Vais fritar no grande tacho.
POLÍTICO – Você nem tem moral, colunista de jornal! Bicho estranho, vá tomar banho! Irei para o outro busão, onde não há nenhuma confusão!
DIABO – Vá, mas será em vão. Não passará pelo guardião.
POLÍTICO, caminhando até o Anjo – Para onde vai esse transporte, motorista sábio e forte?
ANJO – Vai ele para o prazer eterno, onde não entra gente de terno.
POLÍTICO – Está insinuando algo, motorista de segunda? Mando chutarem sua bunda! Sou homem de influência, importante e de decência! Se o problema é financeiro, posso lhe arranjar algum dinheiro!
ANJO – Não vai comprar o céu barato, seu ladrão, rato! Deputado repugnante, bandido, assaltante! Desviou dinheiro do povo, comprando casa e carro novo! Do metrô fraudou licitações, são deploráveis suas ações! Propinoduto, mensaleiro, do Céu não és digno nem de limpar o banheiro! Já devias saber de sua sina de antemão, assim como aquela família governando o Maranhão: terá no inferno seu derradeiro cemitério, com Collor e Marcos Valério!
POLÍTICO, voltando para o Diabo – Grande chifrudo, estou até mudo! Folguei na vida e vou pagar! Ao inferno, novo lar!
DIABO – Vamos logo, sem frescuras! Nem começaram as torturas! Devia ter melhor pensado antes de arruinar aquela comissão: no inferno precisará de direitos humanos, amigão! (O político entra no ônibus).
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