Capítulo 59: Só mais um monstro
O anoitecer havia caído, cobrindo a vila num véu negro uniforme. Apenas algumas luzes brilhavam na escuridão, as mesmas luzes que Zelgle amava observar. Porém, seu objetivo não era esse agora. Haviam retornado para vila apenas para recuperar suas coisas, nas sombras da noite, onde ninguém os veria. Zelgle foi até a casa de Wilni. Queria esclarecer as coisas antes de partir, pois sabia que seria um choque para a garota se ele simplesmente sumisse sem qualquer aviso. Enquanto caminhava pelos caminhos vazios, ele observava ao redor, tentando ser o mais cauteloso possível para que ninguém o visse. Ele era uma enorme sombra negra rastejando entre as outras milhares, maior mas não menos silencioso. Seu caminhar não fazia barulho nenhum, nem parecia que se movia.
Foi até a frente da casa da garota, tudo estava tão silencioso e sombrio que por um momento, ele pensou em não se aproximar. Mas deixou de lado esses pensamentos, por mais que não pudesse sentir, sabia que seria uma grande canalhice de sua parte partir sem ao menos se despedir, depois de saber que fazia tanta falta para a garota. Abriu a porta devagar, sem qualquer pressa. A porta rangeu enquanto deslizava para frente, fazendo aquele velho som tão conhecido de Zelgle, a diferença é que não havia ninguém lá dentro para fitá-lo com a desconfiança de sempre. Andou pela escuridão da casa, olhando para todos os cantos. Teve certeza: Wilni não estava ali, mas onde mais estaria?
Não se perguntou por muito tempo, viu um brilho em cima da mesa. A luz da lua reluzia sobre a faca que ele usara antes para preparar o ensopado. Era um cutelo, de formato retangular e com grandes pontas nas extremidades, o cabo de madeira era firme, mas ainda sim não deixava aquela coisa menos desbalanceada. Zelgle não conseguia entender como Wilni usava aquilo sendo tão pequena. Recolheu o utensílio da mesa, segurando-o com a mão direita. Zelgle saiu da casa com a lâmina reluzindo, os membros do grupo observaram a ação sem entender, porque ao invés dele se juntar a eles, foi em outra direção. O gigante caminhou em frente, ao sair da casa da Wilni.
—O que aquele imbecil está fazendo? — resmungou Hylia agachada junto aos demais.
Zelgle foi em direção a casa de Chrisson, andando entre as passagens mal iluminadas do vilarejo. Para sua sorte, não havia ninguém perambulando no local aquela hora, todos estavam em suas casas, provavelmente dormindo, mas Zelgle não se importaria em acordar todos se fosse necessário. Chegou à porta da casa do chefe da vila, não bateu, colocou a mão sobre a maçaneta e tentou girar. Trancada. Mas isso não era um problema, não para Zelgle, que podia abrir cadeados com as mãos nuas. Forçou a tranca até quebrá-la, apenas com força bruta. A trave fez um estalo estridente ao ser partida, e a porta rangeu ao ser aberta. Zelgle deslizou pela escuridão adentro, sem se importar com qualquer um que estivesse lá. Viu um vulto se aproximar, vindo em sua direção.
—Quem está ai? — gritou o dono da casa, a voz era de um homem. Ele foi em fúria na direção do invasor, mas esse sentimento sumiu quando ele fitou os grandes olhos púrpuros de Zelgle brilhando no escuro, como os de um gato. Chrisson tremeu ao ver as grandes esferas purpuras na escuridão, e se afastou, com passos pequenos na direção de uma parede ao perceber que uma grande sombra tomava forma, se aproximando. — O que você está fazendo aqui? — perguntou com uma voz trêmula, muito diferente da voz raivosa que ele usara para vociferar antes.
—Onde está Wilni?— inquiriu Zelgle tomando forma na frente do homem ao entrar na frente de um feixe de luz azulado, projetado através de uma janela ao fundo, por conta da lua cheia que pairava no céu.
—E-e-eu disse para irem embora... — gaguejou Chrisson enquanto tremia junto a parede de madeira dos fundos.
—Eu irei embora assim que descobrir onde ela está. — falou Zelgle abaixando a cabeça para perto do rosto de Chrisson. — Então, é melhor que você me responda agora.
—Eu não sei... — sussurrou Chrisson com os olhos fechados. Zelgle afastou o próprio rosto, sem mudar de expressão por um milésimo sequer.
—Não sabe? Espera que eu acredite nisso? Ainda mais quando você a usou como escudo mais cedo? — argumentou Zelgle.
—Os soldados. — grasnou assustado. — Eles vieram e...
—Você disse a eles sobre ela... — os olhos de Chrisson ficaram arregalados com a presunção. — A entregou para eles pra salvar a própria pele...
—Não! Eu nunca faria isso! Ela era um de nós! Uma... - antes de terminar, Chrisson foi erguido, ficando suspenso no ar. Zelgle o segurava pelo pescoço.
—Não faria? Depois de usá-la para me ameaçar? Não tente mentir pra mim. — dizendo isso ele lançou o chefe da vila para fora da casa. A porta de madeira que havia voltado para o lugar foi arrancada das dobradiças com um estrondo que fez as paredes tremerem.
Chrisson urrou, devia ter partido maioria dos ossos com aquilo. O homem caiu junto a porta, tremendo e agonizando. Inúmeros espasmos de dor correram entre seu corpo, ele fez alguns movimentos com a cabeça, pra cima e pra baixo, como se estivesse convulsionando.
—Eu avisei a você... - falou Zelgle saindo do imenso buraco em que a entrada da casa se transformara. Chrisson tentou olhar na direção dele, mas a visão estava turva. O corpo doía de maneira descomunal, sentia como se cada centímetro de seu corpo houvesse sido martelado em uma bigorna. — Eu disse que se algo acontecesse à ela, haveriam consequências. Você foi avisado. Ainda assim, preferiu ter mais medo de simples agentes do exército? Você realmente não deve ter entendido meu recado.
Zelgle se aproximava andando calmamente na direção do homem. Não era como se estivesse com raiva, nem com medo do que pudesse ter acontecido com Wilni, nem ódio por Chrisson ter ignorado esse fato. Nada, era um vazio, assim como sua própria existência. Então por que ele fazia aquilo? Uma pergunta da qual a resposta nunca seria descoberta.
—Se bem me lembro, você disse "monstro" naquela hora.— Zelgle agora olhava Chrisson de cima, como uma enorme montanha se pondo acima de qualquer outra coisa. — E eu disse que te mostraria o que é um.
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O restante do grupo, que haviam recuperado todas suas coisas na calada da noite, agora observava a ação de Zelgle. O gigante se dirigiu até uma casa no centro da vila, e entrou após arrombar a porta sem qualquer dificuldade. Os membros do grupo observaram a ação sem entender, ele não falou nada sobre aquilo. Todos se entre olharam, estranhando o ato. Foi então, após alguns segundos, que um grande estouro ocorreu, quando alguém foi lançado para fora da casa com uma força absurda. O homem caiu no chão e rolou diversas vezes. Pedaços de madeira da parede e porta destruídas voaram junto, se espalhando pelo solo. O homem de cabelo marrom se debatia sobre o chão como um peixe fora da água. Aquilo pareceu doer bastante, afinal de contas. Todos estavam embasbacados, mas quando a situação já não parecia boa o bastante, Zelgle saiu da escuridão indo em direção ao homem caído.
—Bosta... — sussurrou Tolfret. Holsung estava abaixo ao seu lado, não parecendo nem um pouco menos confuso sobre aquilo.
—O que vamos fazer? — indagou Kiere se aproximando.
Nenhum dos dois respondeu, apenas continuaram observando a cena tenebrosa. Acharam que se Zelgle estava fazendo aquilo, deveria ter um motivo... ou não, ele mesmo disse que não precisava de motivos para nada. Tolfret suava frio vendo aquilo, ainda mas se lembrando do terror depois de sair daquela taverna, lembrando-se dele massacrando aqueles soldados na planície como se fossem nada. O cavaleiro não conseguia definir se ele era humano ou não, mas com toda certeza, não havia um pingo sequer de humanidade nele.
Zelgle, que agora estava ajoelhado perto ao homem caído, levantou o grande cutelo que segurava na mão direita, a arma pairou acima de sua cabeça antes de descer numa velocidade assustadora. Um barulho desagradável ocorreu, junto a um desafinado guincho escabroso. Chrisson gritava em desespero, guinchava como um porco, ele levantou o pescoço instintivamente, para olhar o ferimento. Viu que metade dos dedos de sua mão direita faltavam. Sua cabeça tombou no barro uma vez mais, ele tremia e se debatia. Os olhos arregalados e fixos no céu noturno, a boca aberta salivando. O homem tentou fugir se arrastando com o braço livre, mas foi puxado violentamente de volta por Zelgle. Ele encarou o gigante nos olhos. Monstro. Foi o que passou na mente de ambos, porque ambos o chefe e o próprio gigante o achavam um monstro. Foi então que Zelgle ergueu o cutelo mais uma vez. Entretanto, começou a ouvir vários gritos implorando que não o fizesse. As pessoas do vilarejo haviam saído de suas casas, e apesar do terror que corria em suas mentes, elas ainda suplicavam para que ele parasse. Zelgle voltou os olhos para baixo, sem qualquer intenção de interromper o próprio espetáculo macabro. O lâmina já descia uma vez mais, com um rápido movimento. Dessa vez mirando no que sobrara dos dedos da mão direita. Porém, antes que pudesse acertar o alvo, alguém agarrou o braço de Zelgle. O gigante parou no meio do ato, e olhou para trás. Não viu ninguém a primeira vista, até que abaixou mais a cabeça e viu um garoto segurando seu braço.
—Para! — implorou a criança chorando enquanto tentava deter Zelgle. — Não o machuque!
A criança gritava enquanto tentava puxar o braço de Zelgle para longe. O gigante a empurrou, fazendo-a cair. Uma outra criança correu para ajudar. Era uma garota pequena, ambos aparentavam ter menos de dez anos de idade. A menina se abaixou ao lado do irmão, chorando da mesma maneira. Zelgle olhou para os dois com friamente, sem qualquer compaixão. A mãe das crianças, mais ao fundo, estava paralisada, tremia e chorava.
—Temos que pará-lo antes que ele faça merda! — falou Tolfret enquanto saia das sombras. Holsung o olhou e fez o mesmo.
—Mas isso já não é a merda? — retrucou o assassino indo atrás do cavaleiro.
Zelgle voltou os olhos para Chrisson, o homem o encarava assustado.
—Monstro. — Zelgle sussurrou enquanto olhava para Chrisson caído,e então virou a cabeça na direção das crianças uma vez mais, trocou a mão em que segurava o cutelo, e ergueu o braço direito naquela direção. Chrisson e sua família não entenderam a ação, até que um brilho roxo emergiu da mão de Zelgle, a chama negra se acendeu, pronta para ser lançada como a arma mortal que era, mas antes que isso pudesse acontecer, Tolfret e Holsung chegaram ao lugar.
—Já chega! — bradou Tolfret enquanto agarrava o braço direito de Zelgle.
—Até eu tenho alguns limites, sabe... — disse Holsung dando um risinho baixo, não era como se achasse a cena engraçada, era mais uma reação de surpresa para a ação totalmente desumana que Zelgle estava prestes a realizar.
Os dois seguraram Zelgle com força, tentando restringir seus movimentos. Mas ele não era forte, não, era mais que isso. Qualquer um parecia uma criança para Zelgle nessa questão. Ele puxou ambos os braços, obrigando Tolfret e Holsung a soltarem seus membros. Ele virou a cabeça na direção dos dois, e apesar de estar tentando parecer o mais confiante possível, as pernas de Tolfret tremeram ao encarar seus olhos. Até mesmo Holsung sentiu uma pontada estranha subir sua espinha, uma sensação que não tinha há tempos.
—Fiquem fora disso. — ralhou o gigante.
—E como vamos ficar de fora quando você está prestes a queimar crianças vivas? — retrucou o cavaleiro, espremendo os últimos pingos de coragem que restavam-lhe. Tentava esconder o medo, mas tudo que queria era correr dali sem olhar para trás. Mas agora que dera inicio a essa pífia tentativa de ser o justiceiro, teria que terminá-la.
Zelgle não respondeu, apenas se voltou a Chrisson, que permanecia deitado, agonizando e tremendo, com sangue escorrendo dos dedos arrancados. Voltou os olhos para as crianças, ambas choravam enquanto olhavam para Zelgle, a mulher ao fundo correu e puxou as duas para casa. O garoto tentou se soltar, estendendo uma mão na direção do pai deitado.
—Você tem sorte. — falou olhando para o homem, mas não parecia bem isso, pelo menos não depois de ter perdido três dedos daquela maneira. — Preciso da ajuda de vocês. — falou Zelgle se virando. Tolfret se sentiu aliviado, imaginara que Zelgle iria matá-lo ali mesmo por interrompe-lo, mas aparentemente o gigante não era tão maligno assim.
—Primeiro você tortura alguém no meio da cidade, depois você pede ajuda. Por acaso você é maluco, desgraça? — rosnou o cavaleiro.
Zelgle passou por ambos dando de ombros.
—Não tenho tempo para discussões. Wilni corre perigo, esse maldito só teve o que mereceu por não impedir. — falou o gigante. Ele passou por todos da vila sem se incomodar.
A esposa de Chrisson se dirigiu ao marido, junto aos filhos e os habitantes da vila. A mulher chorava em desespero junto as crianças. O chefe da vila ainda parecia alheio a realidade, como se a dor de alguma maneira tivesse feito sua consciência se esvair, apesar de seus olhos estarem arregalados. Zelgle se aproximou de Kiere, a fitando nos olhos. A meio humana imaginou conhecer toda a extensão da crueldade de Zelgle, mas havia se enganado, acabara de descobrir que tudo aquilo não era nem o começo da estrada.
—Consegue encontrar Wilni? — indagou ele a meio humana, que estranhou a pergunta.
—Como?
—Você é uma meio humana. Não pode farejar o ar ou algo assim?
Kiere franziu a testa.
—Ótimo, por que não me pede pra ficar de quatro e cheirar o chão que nem os cães fazem? — retrucou ela irada.
—Não me importo com o método que vai usar, desde que encontre.
Kiere cerrou os dentes com a resposta, mas não fez nada. Foi quando uma mão puxou suavemente a barra do sobre tudo de Zelgle. Ele se virou para olhar quem era e viu Kette segurando a borda de tecido da roupa. Ele e a criança se encararam por um momento, ambos com olhares sem vida. O garoto apontou em uma direção à esquerda de Zelgle e todos olharam para a ponta de seu dedo.
—Você sabe de algo, Kette? — perguntou Lauren preocupada.
O garoto fez que "sim" com a cabeça.
"Dado as circunstâncias, eu tinha que saber, só não pergunte como, por favor..."
Kette segurou as mãos de Zelgle, e caminhou a frente, indicando que o gigante o seguisse. Zelgle o fez, dando passos vagarosos colado a criança enquanto ela se esforçava para caminhar rapidamente com as pernas curtas. Não perguntou aonde estava o levando. Distanciaram-se da maioria das casas da vila, indo até um estábulo, longe da maioria das construções. A atmosfera fora da construção estava extremamente sombria. Nada se movia lá, nem mesmo as sombras. Um vento forte acertou o rosto de Zelgle, fazendo com que os cabelos na frente de seu rosto se voassem. Seus olhos encararam o enorme portão de madeira da entrada. Kette olhou para ele, tentando ler sua expressão. O garoto não sabia ao certo o que ele sentia, mas podia dizer que não estava nada ansioso. Poderia ficar parado ali por horas, nem parecia preocupado com a amiga. Mas ele não o fez, ao invés disso, largou a mão da criança e começou a caminhar na direção do lugar.
Kette observou seu caminhar até Lauren se aproximar. A ruiva parecia extremamente apreensiva, e o garoto pode perceber isso quando ela segurou sua mão, muito mais forte do que de costume. O restante do grupo ia atrás de Zelgle, todos olhando para suas costas com certa preocupação. Passaram por uma pequena abertura no cercado que dava acesso ao caminho que levava até o celeiro. Zelgle chegou à porta, e sem hesitar, empurrou o grande o grande portão de madeira. Fitou a escuridão em seu interior, não conseguia ver mais de um palmo de distância do próprio rosto. Foi então que viu uma sombra se mover a sua esquerda. Ergueu o respectivo braço como reação, que quase foi arrancado por uma espada que bateu contra o membro quando Zelgle aparou o ataque. O braço ficou atrelado a uma lasca de osso e um fio de pele, totalmente inutilizado. O gigante encarou o agressor, mas o homem não parou, desferiu um segundo acerto, que atingiu o ombro completamente desprotegido de Zelgle, fazendo-o se ajoelhar no processo. A lâmina cravou-se fundo no ombro esquerdo de Zelgle, e na tentativa de retrai-la, o homem apoiou um dos pés sobre o peito de Zelgle, empurrando-lhe ao puxar a espada de volta. No entanto, quando Zelgle pensou em se levantar ele já estava com a espada erguida mais uma vez. Na tentativa de bloquear o golpe, Zelgle colocou sua mão na frente da espada, que só não foi cortada ao meio por falta de força. Um segundo a mais que o sujeito tivesse para preparar o golpe, ele teria atravessado a mão de Zelgle e o acertado na cabeça. Mas isso não aconteceu, Zelgle segurou a lâmina da espada com força, os dedos começaram a sangrar sem parar, a palma de sua mão tinha uma fissura profunda, mas isso não o impediu. Depois de finalmente conseguir fitar o homem direito, Zelgle percebeu que ele usava armadura. Um soldado. Kette estava certo então. Zelgle viu a face do home se retorcer de medo enquanto ele tentava retrair a espada que era segurada com força por Zelgle, sem sucesso. Decidiu largar a arma e correr, mas antes que pudesse se virar, recebeu um soco tão absurdamente forte no peito, que o lanço contra as laterais da construção. Ele bateu em um pilar de madeira de uma das cocheiras e em seguida contra a parede do lugar. Lascas de madeira, poeira e feno voaram.
O restante do grupo se assustou, imediatamente tentando identificar o que havia acontecido. Kiere observou a escuridão no interior da construção, conseguia enxergar sombras ao fundo, mas não teve tempo a perder com isso, já que pode escutar passos vindo de ambas as direções da laterais do pequeno estábulo. Sem sequer perceberem, estavam cercados. Tolfret encarou apreensivo os inimigos, sequer estava preparado para aquilo, não que alguma vez em sua vida realmente estivesse pronto para um embate. Nunca se está pronto quando a própria vida está em jogo, esta é a realidade. Eram cerca de vinte deles, ou mais, não iria perder tempo contando quando podia ver que claramente estava na desvantagem de um jeito ou de outro. Os outros membros também pareciam ter compreendido a situação, todos tinham sacado suas armas.
—Fique atrás de mim. — disse Lauren a Kette, enquanto mirava com o arco na direção da turba. O garoto olhou para ela de relance, e então para os inimigos. Pensou em acabar com todos ali mesmo, seria fácil, mas por algum motivo, não queria ter que cortar a relação com aquela mulher agora, ela podia ser útil, ainda mais quando eles estavam indo para o mesmo lugar. Não a deixaria morrer tão cedo.
—Eu realmente não compreendo a dificuldade que algumas pessoas tem em cumprir ordens. — falou uma voz ao fundo, antes que qualquer um dos dois lados pudesse ter certeza do que fazer. Ela vinha de dentro do estábulo, no centro da escuridão. Zelgle e os demais olharam naquela direção, no entanto, sem deixar de prestar atenção nos inimigos. — Eu avisei para ele... — a voz se aproximava, junto a um som de passos que ecoaram no vazio da estalagem. — Falei que a vida dele dependia disso. Que se ele fosse atacar você, tinha que matar antes de você sequer poder reagir, mas parece que ele não tinha entendido o recado. — finalmente era possível ver quem falava, era o mesmo homem da taberna de antes. — Mas olha só ele agora... enterrado sobre uma pilha de madeira e merda de cavalo, tudo porque não sabia seguir ordens com o afinco que um soldado precisa. Que coisa lastimável.
-Onde está Wilni? - falou Zelgle se levantando enquanto sangue escorria dos ferimentos recém abertos.
O homem o encarou por um tempo, surpreso com a objetividade do gigante.
—Direto ao ponto... não dava nem pra comentar sobre o meu discurso? — falou sorrindo, enquanto olhava para Zelgle.
—Quero que isso se foda. Me diga onde ela está, não estou com paciência para joguinhos. — retrucou Zelgle.
—Ah, que pena então... eu queria brincar um pouco sabe? Bancar o vilão malvado enquanto você tentava desesperadamente ser o herói e salvar a princesa em perigo, mas as coisas nunca vão de acordo com o planejado. — falou ele enquanto suspirava. — Bom, o fim ia ser trágico, de uma maneira ou de outra.
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Nota do autor: Estamos na reta final do primeiro livro, encerrando no próximo capítulo. Tive dificuldades em conseguir lançar esse capítulo, já que tenho estado um pouco ansioso e com dificuldades para me concentrar. Se nada ocorrer, semana que vem terminaremos o primeiro livro. Assim que terminado, eu irei tirar a publicação para poder revisá-lo. Durante a revisão, irei cortar inúmeras partes inúteis no roteiro, como também irei dar mais profundidade em alguns pontos e também irei mudar o formato de texto e arrumar erros de escrita, afinal, é uma revisão. No mais, recomendaria a releitura assim que pronto (não posso prometer data específica, mas creio que apenas em 2021, se ainda existir mundo até lá, claro) no mais, obrigado.
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