Capítulo 52: Nas sombras
-O que vamos fazer agora que a missão foi um fracasso?
"E por minha culpa, acima de tudo."
Deodor e Crust agora cavalgavam na direção do Front Leste com os únicos dois oficiais que sobreviveram aos embates recentes, a Tenente Kserthy e um soldado comum. Era um eufemismo considerável dizer que todos estavam em um clima ruim. Nada parecia mais triste e fúnebre do que aquela viagem de volta. Uma imensa parcela da força tarefa fora perdida, e não bastando as baixas, o objetivo da missão não fora alcançado, não foram capazes de capturar Hylia, e eram obrigados a voltar de mãos vazias e encarar Rarth.
"Será que ele vai estranhar por eu ter fracassado ou entrará em fúria e me mandará para a guilhotina?"
-Não sei... não há muito a ser feito. Vamos retornar para Rikiat e discutir o que fazer de agora em diante. É a única coisa que podemos fazer.
"E é a coisa que eu mais tenho medo de fazer também. Qual serão os planos sombrios para o futuro? Mercenários outra vez? Uma nova tentativa de capturar a Princesa e fazê-la assumir o trono contra a vontade dela enquanto esperamos a morte de Rarth? Tantas opções que não dão em lugar nenhum, mal consigo segurar minha ansiedade..."
Os pensamentos de Deodor foram interrompidos quando um trovão cortou o céu, causando um estrondo que mesmo a distância deixou seus ouvidos zumbindo. Parecia que o mundo estava tentando acompanhar o fracasso dos generais de todas as maneiras. A chuva havia se intensificado, agora raios e trovões entrecortavam os céus, e para ajudar, a maldita sela era dura como uma pedra. Deodor se remexeu sobre o cavalo tentando encontrar uma posição confortável, não ajudou em nada.
"Já tenho preocupações de mais para ficar com o rabo doendo agora."
Deodor tentou o máximo que pôde deixar as infelicidades da viagem de lado, e virou os olhos na direção de Crust. O outro general estava paralisado em cima do cavalo, encarando o horizonte escuro como se o pescoço estivesse travado naquela direção. Seu olhar estava sem vida e cansado, como ele sempre ficava depois de situações como aquelas. Ver mortes era algo normal no campo de batalha, e de alguma maneira, Deodor não pensava naquilo enquanto lutava, mas sim em como destruir o inimigo, o remorso e a culpa vinham depois, mas para Crust sempre fora diferente, ele parecia extremamente depressivo antes e depois das batalhas. Deodor resfolegou por um momento, pensando no que aquele imbecil esquisito tinha dito antes. E se ele realmente não se importasse com as mortes ao seu redor? E se para ele tudo fosse leviano? Isso o tornaria uma pessoa ainda pior? Não sentia como se fosse descobrir a resposta tão cedo. Deodor admitia que fez coisas horríveis em nome de seus propósitos, mas sempre pensou que fosse apenas um pequeno preço a se pagar, mas agora, ele via que esse preço era uma conta gigantesca que não teria fim e ele nunca conseguiria se livrar dela... mas também simplesmente não conseguia deixar de acumular.
"Porque é assim que as coisas são."
Haviam cruzado a fronteira não fazia muito tempo, e se aproximavam cada vez mais do acampamento. Faltavam apenas mais algumas milhas para chegarem. Deodor olhou para trás e viu Kserthy, os óculos reluzindo de maneira fria, a Tenente estava empertigada sobre a cavalo e imóvel como uma estátua, a expressão no rosto demonstrava uma indiferença tão grande quanto a de uma rocha.
"Tenho certeza que ela está sóbria agora... será que ficou abalada com as coisas que viu? Será que agora enxerga que vingança é nada mais que uma tolice? Para o bem dela espero que sim, mas nunca é como esperamos..."
Finalmente se aproximavam do acampamento. Deodor franziu a testa ao se lembrar de todo o sofrimento que passaram apenas para chegarem aquele lugar e para no fim resultar em nada mais do que mortes inúteis. Soltou um suspiro leve enquanto olhava para o horizonte escuro.
"Mas sempre foi assim... o que teve de diferente dessa vez?"
Já se encontravam a menos de vinte metros do acampamento. Imediatamente Deodor percebeu algo de estranho naquilo, não havia nenhum guarda vigiando a entrada, o que com certeza não era algo normal. Crust o encarou e ele percebeu o que o amigo quis dizer sem terem trocado uma única palavra. Antes de entrarem no acampamento, desceram dos cavalos, Kserthy e o soldado remanescente iam logo atrás. Perceberam que as luzes estavam apagadas, não haviam lamparinas nem fogueiras, e isso era anormal devido ao frio e a escuridão.
-Mas que diabos...
Deodor caminhou pela grama do acampamento vazio e escuro, olhando em todas as direções, procurando pelos soldados, mas não havia ninguém ali. O soldado de menor patente que havia sobrevivido deu alguns passos desajeitados olhando ao redor, até que tropeçou sobre algo e foi ao chão.
-Urgh...
Fez o homem ao cair, olhou para o chão na tentativa de identificar no que havia tropeçado, mas estava escuro demais. Procurou com as mãos, passando os dedos pela grama, até que tocou em algo viscoso, mas não conseguia ver o que era. Vasculhou o chão ajoelhado, até que encontrou. Recolheu o que quer que fosse do chão, mas não conseguia enxergar o que era, até aproximar de seu rosto. Deu um gemido estranho enquanto arremessava o objeto longe, como se de repente tivesse percebido que segurava um pedaço de merda. Deodor se virou na direção do homem ao escutar o grito, olhou para a escuridão forçando os olhos para poder enxergar. Foi então que percebeu um cadáver caído logo a frente do soldado, a cabeça estava separada do corpo, ainda rolando depois de ter sido arremessada. Deodor sentiu um calafrio percorrer a espinha, desagradável e irresistível, uma sensação que ele conhecia muito bem, uma sensação quase indescritível, aquilo que move todas as coisas no mundo no momento mais crucial. Medo. Olhou para Crust, e assim como Kserthy, o outro general parecia já ter percebido o que estava acontecendo. Crust estava com um olhar sério encarando a escuridão, e Kserthy atrás dele tinha pela primeira vez uma expressão diferente da habitual, os olhos arregalados e a testa franzida enquanto encarava o chão. Deodor sentiu uma onda fria acertar seu rosto, fazê-lo fechar os olhos e querer sumir, desaparecer sem deixar rastros. Mas como na maior parte de sua vida, em que ele sempre fez a escolha errada, decidiu se virar e encarar o que estava logo atrás de si, a coisa que o fazia se sentir esmagado, pressionado, pequeno, fraco como nunca antes. Até mesmo as mais profundas ameaças de Adrivarius não poderiam fazer com que Deodor sentisse tanto medo. Talvez até acabasse rindo delas.
-Mas o que é isso? Mais presas decidiram aparecer só porque eu pensei que tinha terminado?
Soou uma voz fina, quase feminina. Deodor olhou na direção de onde venho a voz, quase sem enxergar devido a escuridão que se erguia ao redor deles, como um oceano negro, onde eles eram pequenos peixes prestes a serem devorados por um tubarão. Os olhos do general finalmente estavam se adaptando a escuridão, conseguia ver ao longe uma forma negra se levantando. Logo abaixo dela, um pequeno monte, feito de corpos. Deodor arregalou os olhos ao ver a pilha de cadáveres cobrindo o chão, não precisa se esforçar muito para reconhecer aquelas pessoas, eram os soldados rikiatianos que ocupavam o lugar. Seu olhar mudou no mesmo instante, esqueceu do medo que sentia enquanto olhava na direção da pessoa em cima da montanha de corpos. Era uma criança, aparentando uns doze ou treze anos. O cabelo negro cobria o rosto em longos e finos fios, os olhos ainda mais escuros reluziam nos de Deodor, e pela primeira vez na vida, o general sentiu vontade de desviar o olhar, mas não podia. Não depois de ver aquilo.
-O que aconteceu aqui?
Grasnou Deodor, com toda a coragem e o ar que conseguiu juntar, forçando um tom ameaçador, embora a voz não tenha saído como o esperado.
-Não é óbvio? Eu matei todos. É isso que aconteceu.
Os olhos de Deodor estreitaram-se enquanto ele fitava a criança que sorria em sua direção. Ele deu um passo a frente, sem pensar, movido apenas pela raiva. Até que uma mão pousou sobre seu ombro, impedindo-o de continuar. Se virou para encarar Crust, que suava frio e estava mais pálido do que nunca.
-Eu sei que você já percebeu... mas aquilo não é uma criança comum. É um deles...
Deodor arregalou os olhos, não era tão bom quanto Crust em usar a energia mágica, ou até mesmo senti-la, mas mesmo assim, conseguia dizer que a coisa que estava à sua frente era assustadoramente poderosa, por esse motivo, não conseguia imaginar o que Crust, que era considerado um perito na arte de sentir e medir a força de alguém ou algo só por sua mana estava sentindo naquele momento.
-É um deles... um Ser Ancestral. Um daqueles que movem o mundo...
-Ora, parece que temos alguém com bons olhos aqui... que bom que vocês sabem o que sou, assim, vocês me poupam o trabalho de ter que lutar. Até porque sabem que não teriam chance.
Falou a criança enquanto descia vagarosamente da montanha de corpos, pisando com cuidado ao mesmo tempo que encarava os generais. Foi então que Deodor ouviu um farfalhar na grama, como se alguma coisa se rastejasse entre a vegetação. Não teve tempo de pensar, o anel brilhou em sua mão, juntamente aos seus olhos quando ele ativou o reforço de mana, mas não serviu de nada. O que quer que fosse o acertou na lateral do corpo, arremessando-o com o golpe. Algo se movia nas sombras... Ele soltou um grunhido, sua visão escureceu conforme ele rolava pela grama, quase desmaiando. Crust olhou na direção do amigo em desespero total, Kserthy que estava logo atrás não parecia muito diferente. O soldado que estava caído antes mal parecia ter entendido a situação direito, e sequer teve a oportunidade de entender, pois alguma coisa atravessou sua cabeça, fazendo com que o glóbulo ocular esquerdo saísse pela parte de trás do crânio. Instintivamente Crust ativou o reforço de mana, percebeu algo reluzir em sua direção. O anel em sua mão começou a brilhar, e sua armadura surgiu no corpo, porém, não teve tempo de se armar por completo. Algo bateu contra seu peitoral, causando um estrondo ensurdecedor e fazendo com que Crust fosse jogado para trás devido a força absurda. O general deslizou pela grama, parando depois de uns sete metros, mal conseguindo se manter de pé. Olhou na direção do garoto, ele continuava sorrindo, como se quase matar dois generais rikiatianos fosse menos que uma brincadeira. Crust virou os olhos na direção de Deodor, o outro general estava caído, desacordado. Ninguém sabia melhor do que Crust sobre as capacidades de Deodor, era seu único amigo afinal de contas, portanto, sabia que se alguma coisa fora capaz de derruba-lo com um único golpe, essa coisa estava além de qualquer ameaça comum, muito além. Crust sentiu uma pontada de dor no peito, olhou para baixo e viu que sua armadura estava rachada.
-Urgh...
Fez ao perceber que sangue escorria do lugar onde havia sido atingido. Respirou fundo, tentando aguentar a dor.
-Hum, é bem raro ver alguém que sobreviva depois disso. Essa armadura deve ser excelente.
Falou o garoto, alguma coisa apareceu ao seu lado, junto ao tilintar metálico. Foi então que uma corrente se estendeu sobre a pilha de corpos, farfalhando enquanto se expandia e percorria o chão, preso em sua ponta, havia uma espécie de arma, uma cruz deformada e negra, uma lança, de aparência tão terrível quanto o dono daquilo era bonitinho. A cruz parou ao lado do garoto, como se tivesse vontade própria.
-Parece que você está com problemas...
Debochou, vendo que com apenas um ataque, já conseguia quase nocautear o general. Crust grunhiu, ofegou e não respondeu a provocação. Caminhou em frente, na direção da tenente Kserthy, a mulher estava imóvel como uma estátua, Crust não sabia dizer se era medo ou surpresa ou os dois juntos.
"Eu não a culpo, estou quase me cagando aqui."
-Tenente, você tem que sair daqui...
Sussurrou ele, com a voz grave entrecortada devido à fatiga e a dor.
-Mas... e ele?
Perguntou ela olhando na direção de Deodor, com uma expressão de medo corroendo seu rosto.
-Não se preocupe, ele não está morto. Ele nunca morreria só com isso, agora vai...
Falou ele, enquanto o anel brilhava em sua mão e o elmo surgia em sua cabeça. Em seguida, seu martelo se materializou na mão direita. A criança sorriu na direção de Crust, um sorriso imensamente amedrontador.
-Eu estou te avisando, não é uma boa ideia resistir. Só vai fazer com que seja ainda mais doloroso.
-Não sou um cordeiro para ser abatido sem reclamar.
A monstruosidade em cima da pilha de corpos soltou um risinho ao ouvir isso.
-Engano seu. É exatamente isso que você é, todos vocês são.
Assim que o garoto concluiu a fala, algo sibilou na direção de Crust, ao mesmo tempo que o anel em sua mão brilhou e seu escudo surgiu em sua mão. Um baque ocorreu quando a cruz negra bateu contra o escudo, com uma força avassaladora. O general forçou os pés contra o chão para não acabar decolando por conta da força do golpe. Deslizou para trás, com a borda do escudo esbarrando no chão.
-Rápido Tenente!
Bradou ele, se esforçando para permanecer de pé. Deixou-se cair de joelhos, não tinha mais forças para segurar o escudo nem o martelo. Ofegou enquanto olhava para a figura em cima da montanha de corpos, que sorria na sua direção, brincando com sua presa como um verdadeiro predador. Crust mordeu os lábios, lutando para se manter consciente.
-Adeus.
Ao mesmo tempo que escutou a voz do garoto, Crust pôde ouvir um farfalhar de correntes. Aquela coisa estava vindo em sua direção mais uma vez. Fechou os olhos, não teria como se defender uma outra vez.
-Me desculpe, Nayrda...
Sussurrou enquanto pensava em sua esposa, mas nada aconteceu. Abriu os olhos devagar para entender o que havia acontecido. E viu Deodor de pé, sua besta estava em mãos, e ele executava inúmeros disparos sucessivos na direção da forma negra em cima da pilha de corpos. A criança virou os olhos na direção de Deodor, sem sequer mover a cabeça. As setas que se aproximavam ricocheteavam em algo e voavam em outras direções. Vários estalos metálicos ocorreram quando as correntes serpentearam a volta dele, bloqueando os incontáveis projéteis que Deodor disparou. O general caminhou para trás vagarosamente enquanto segurava à besta na mão esquerda, o tranco lançando fagulhas para o alto enquanto setas eram disparadas, porém, não demorou muito para o mecanismo cessar o funcionamento. Deodor encarou a besta perplexo, a munição havia acabado.
"Sempre acontece nos momentos mais inoportunos, quando menos esperamos, por isso é chamado de inesperado."
O anel brilhou na mão de Deodor, ao mesmo tempo que seus olhos. Viu algo reluzir, vindo em sua direção. A besta desapareceu e Deodor se lançou no chão, dando uma cambalhota. A cruz negra acertou o chão, causando uma explosão, fazendo barro jorrar para todos os lados.
"Acho que não sobraria muito de mim para se usar em um funeral caso eu fosse acertado. Bem, não é como se alguém fosse se preocupar em recolher meu corpo para um mesmo que ele estivesse inteiro."
Ficou de joelhos, com a mão no chapéu para que ele não despencasse da cabeça enquanto fugia desesperadamente daquela lâmina assustadora. Percebeu o objeto reluzir mais uma vez, mas agora era na direção de Kserthy. Sem sequer pensar, Deodor se lançou na direção da mulher, ignorando toda a dor que estava sentido após ter sido golpeado por aquela coisa, pra falar a verdade, estaria morto se tivesse demorado mais um segundo sequer para ativar o reforço de mana. O general foi em direção a tenente em uma velocidade absurda, agarrou sua mão e por menos de alguns centímetros, conseguiu escapar do ataque junto a mulher, que ficou sem entender ao ser arrastada para longe. O general sentiu um sopro fraco na nuca quando a corrente passou.
"Perto... até demais."
Deodor levou Kserthy até onde estava Crust, ele estava ajoelhado, o escudo e o martelo frouxos na mão, como se tivesse usado os dois incansavelmente durante todo o dia.
-Algum plano?
Perguntou ele ao se ajoelhar do lado do amigo junto a tenente. Crust jogou os olhos cansados na direção de Deodor, parecia que seu espírito tinha deixado o corpo, mas para a surpresa de Deodor, que já havia aceitado a própria morte a mais tempo que qualquer outro, Crust fez que "sim" com a cabeça.
-Se esconder atrás de um escudo não vai resolver nada.
Falou a criança, com uma gargalhada ao ver a tentativa desesperada deles de se salvarem. Foi então que o anel de Crust brilhou e a maça desapareceu de sua mão, dando lugar à uma pequena pedrinha azulada. Rarth havia entregue aquilo a ele logo antes de partirem, desejou fortemente que não fosse necessário usar aquilo, mas ficou feliz e tremendamente aliviado por tê-la entre os dedos, como se aquela pedra fosse a última gota de água em um deserto.
-Sinto muito por ter que fazer isso, mas bem, é como as coisas são... Cordeiros são abatidos para alimentar os humanos, e vocês são abatidos para me alimentar.
Mais uma vez aquele brilho vinha na direção deles numa velocidade absurda, tanto que era impossível enxergar, mas antes que pudessem ser acertados, Crust esmagou o fragmento luminoso em sua mão. Um impacto devastador varreu o local, levantando uma quantidade insana de lama e água, que voou em inúmeras direções. O sorriso no rosto do garoto agora era de orelha a orelha, assistia a cena deliciado. Esperou a poeira abaixar, a névoa levantada pela explosão se dissipou. Abriu ainda mais os olhos na direção da lugar onde os dois generais e a tenente estavam, mas viu que não havia nada lá. Sua cara se fechou em um instante, tinha certeza que aquilo era mais que o suficiente para despedaça-los, mas não pulverizar seus corpos por completo, então como eles haviam sumido? Ele desceu da pilha de corpos incrédulo. Olhou em todas as direções, procurando pelos corpos dos três, mas não havia nada. Chegou ao exato ponto onde eles estavam antes, viu uma enorme pedra no chão, agora descoberta por conta da explosão que fez a terra sair do lugar.
"Não é possível que estejam se escondendo ai embaixo, não é?"
Ele sorriu, percebendo que fora enganado.
-Hm... parece que essa aparência está de acordo com meus erros joviais...
\0/
-Urgh...
Grunhiu Deodor ao cair no chão após Crust ter esmagado a pedra que o rei havia o entregado. Kserthy caiu em cima de Deodor, fazendo com que a dor em seu estomago ficasse ainda pior. O general tossiu, e com isso, cuspiu sangue sobre a própria roupa, imaginou que deveria ter alguns ossos quebrados.
"Pelo menos eu não fui partido no meio... ainda."
A tenente se levantou, sem se importar com o general estendido no chão como um tapete. Deodor fez um imenso esforço para dobrar o corpo. O abdômen queimava, latejava como se estivesse aberto. Crust estava na mesma posição, a armadura havia sumido. Seu uniforme negro estava manchado de sangue do ferimento em seu peito.
-Você está bem?
Perguntou ele, Deodor se virou em sua direção, e desejou não ter o feito, pois durante o movimento sentiu pontada lancinante de dor, que quase o fez gritar, mas segurou a voz.
-Se com "bem" você quer dizer destruído, sim.
Crust soltou um risinho, quase inaudível. Olhou na direção da porta, e imediatamente percebeu que haviam sido transportados para o mesmo quarto em que falaram com Rarth. Se sentiu extremamente aliviado por estar naquele lugar, pensou que nunca mais teria a chance de ve-lo de novo.
-Bom, pelo menos estamos vivos. É o que importa.
-Fale por você porra, fale por você... porque eu quase me caguei.
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