Capítulo 35: Primeira rodada
A fase eliminatória finalmente havia acabado, e após dez minutos de organização, a primeira rodada finalmente havia sido decidida, ficando da seguinte maneira:
Nulcun vs Vinter
Zelgle vs Trigun
Kortia vs Admaran
Holsung vs Igfried
Zelgle olhou para o quadro junto aos outros competidores, todos parecendo extremamente tensos. Ele foi o primeiro a se virar e ir embora. Tinham uma hora de descanso antes da primeira rodada começar. Se encontrou com Kiere do lado de fora.
—Foi um belo show que você deu lá.
—Pelo menos fui para a próxima fase.
—Não estou sendo sarcástica. Você foi bem.
—Hm...
Sem se importar, ele continuou andando. Tudo que queria era encontrar um lugar vazio. Eles decidiram ir até um hotel, para se hospedarem enquanto o torneio acontecia. Já que ele era dividido em dois dias, com a fase eliminatória e a primeira rodade de duelos no primeiro dia, e a segunda e terceira rodadas no segundo dia. Kiere e Zelgle pegaram um quarto em um hotel próximo ao coliseu.
—O que pretende fazer agora?
Perguntou a meio humana para Zelgle, que estava olhando através da janela. Ele olhou para a mão esquerda, onde estava usando os dois anéis e o bracelete da guilda. Retirou com cuidado o anel negro do dedo anelar, e então uma labareda negra gigante o envolveu. Kiere quase deu um salto com o susto. Pessoas começaram a se acumular fora do hotel, encararando a janela iluminada, de onde uma forte luz púrpura estava saíndo. Após algum tempo, as chamas negras cessaram, e o corpo de Zelgle estava de volta ao normal.
—Eu estava me perguntando até agora porque isso não aconteceu no meio do combate, agora entendi.
Zelgle permanecia de costas para a garota, o sobretudo negro continuava rasgado, e Zelgle simplesmente não aguentava mais ter as roupas destruídas, mas não ligaria para isso agora.
—Vou sair.
Disse ele se virando do nada.
—Pra onde?
—Procurar uma loje de armas.
—Por que? Já não tem o seu machado?
Ela apontou para a arma enorme encostada na parede.
—É muito difícil usar ele contra apenas uma pessoa, e tambem não quero acabar matando ninguém sem necessidade.
—Sei, bem, vou com você.
Os dois saíram do hotel e andaram um pouco pela cidade. Ainda faltavam trinta minutos para a primeira rodada começar. Não demorou muito até que achassem uma loja de armas. Na vitrine do lugar, haviam várias armas lindas expostas. Espadas de uma mão com gemas na guarda, malhos, adagas, lanças e escudos, e até algumas armaduras. Os itens mais caros da loja, com toda a certeza. Eles entraram pela porta, com o nostálgico barulho de sinos. Um homem baixinho e velho venho até os dois. O avental de couro marrom estava negro devido à fuligem, a cabeça enrolada com uma bandana.
—Do que precisam?
Perguntou ele apressado, até olhar bem para o rosto de Zelgle.
—Ha, você é o cara do torneio!
Exclamou ele com um sorriso no rosto.
—Você estava assistindo?
—É óbvio, a cidade basicamente para durante o torneio. Todos assistem. Sinceramente, eu não achei que você fosse passar para a segunda fase quando começou a levar uma surra daquela dupla, mas você se virou bem, tenho que admitir. Venho atrás de uma armadura, imagino?
—Não. Não uso armaduras.
—O quê? Mesmo depois daquilo? Aliás, você me parece muito bem depois de receber tantos golpes diretos.
—Estou melhor sim. O que procuro na verdade é uma espada.
Parecia a primeira vez de Zelgle com pressa, ele não estava se importando com nada.
—Uma espada, é? Que tal ser mais específico. Tenho milhares delas aqui.
—Posso dar uma olhada em algumas?
—Fique à vontade.
Disse o homem se sentando em uma cadeira e colocando os pés sobre o balcão de maneira despreocupado. Kiere se encostou numa parade enquanto esperava o companheiro.
Zelgle começou a olhar as espadas expostas nas paredes, algumas estavam socadas dentro de barris, junto a outras armas. Haviam vários outros tipos de armas, mas Zelgle estava procurando algo apenas de maneira provisória, para que pudesse lutar tranquilamente no torneio, e a escolha de uma espada era para tentar fazer proveito do treinamento que teve junto aos recrutas do clã de Linel. Embora não tivesse aprendido muita coisa. Continuou a procura por algo que gostasse, tirou uma espada bastarda de um dos barris. Era leve, mas não tanto, tinha um equilíbrio perfeito para ser usada tanto com uma mão ou duas, como era de se esperar. Mas não servia, deixou a arma deslizar para dentro do barril de volta. Mais algum tempo de procura e ele viu algumas armas encostadas na parede, armas grandes. Alabardas, lanças e bisentos. No meio delas, era possível ver uma lâmina grossa e grande. Zelgle colocou a mão entre os cabos de madeira e metal, até chegar na lâmina, tirou ela do meio das outras armas com cuidado. Arrastou a arma pesada até o meio da sala, pelo chão de madeira manchado e sujo, com arranhões por toda parte. Finalmente conseguia vê-la por inteira. Uma zweihander, a arma gigante chegava perto dos um e noventa. A lâmina media pelo menos um e meio, o cabo negro cruciforme tinha um pomo em formato de pera no final. Zelgle a empunhou com as duas mãos, sentindo o peso de pelo menos oito quilos da arma.
—Eu... eu não recomendaria essa coisa para uma luta de um contra um. Embora eu a tenha feito, e não me orgulho disso.
Zelgle balançou a arma devagar, verificando se poderia lidar com o peso, e teve quase o mesmo sentimento de sempre se tratando dessa questão. A espada era enorme, e parecia mal afiada, mas como seu objetivo era justamente não matar, uma lâmina cega seria perfeita. Deslizou a mão pelo fio da espada, era parecido com passar a mão em uma lixa.
—Vou levar essa.
O ferreiro engoliu o seco.
—Você ouviu o que eu disse? Você vai acabar se matando se usar essa coisa na competição!
—Não se preocupe, eu não vou.
"Não é como se eu fosse habilidoso com uma arma mais vantajosa também."
—Tudo bem então. Mas não jogue a culpa em mim caso acabe morrendo.
—Eu não vou.
—Hum... pelo menos eu vou poder me gabar para os meus concorrentes se alguém vencer o torneio usando uma arma que eu fiz. Seria um ótimo marketing.
Zelgle e Kiere saíram da loja. Zelgle com a arma enorme em punhos. Observando o reflexo do próprio rosto na lâmina. Foram em direção a arena após isso, faltavam apenas dez minutos para começar a primeira rodada.
Chegaram ao coliseu a tempo de ver a primeira rodada. Nulcun vs Vinter.
Os dois competidores entraram na arena por lados opostos, subiram degraus passando por cima das bordas de areia e então subiram na rocha. Nulcun era um homem usando um chapéu pontudo, com uma espécie de túnica cobrindo o restante do corpo. Uma mago, com toda certeza. Ele carregava um cajado de madeira simples na mão direita, já sua adversária era uma mulher alta com cabelos escuros, usando um longo arco. Aparentemente ela havia adotado uma estratégia de manter a distância na primeira fase, e assim conseguiu evitar conflito direto, e não seria diferente agora no combate um a um.
Na ausência de um juiz, quem dava o sinal era o próprio apresentador, e como naquele torneio valia basicamente tudo, ninguém se preocupava em vistoriar possíveis trapassas. Finalmente todos estavam prontos, e o sinal foi dado.
—Comecem!
Rapidamente a arqueira pegou uma flecha da aljava e armou na corda do arco. Tensionou a corda e fez o primeiro disparo, o oponente fez um movimento com a a mão e a flecha foi bloqueada por uma barreira invisível.
—Merda...
Sussorou Vinter ao perceber que tipo de combate seria aquele. Ela começou a correr em círculos em volta da arena, esperando o adversário fazer alguma coisa. Ele estendeu a mão e disparou um projétil luminoso, a arqueira deu um salto ágil e conseguiu escapar da rajada de energia. Enquanto corria, ela posicionou mais uma flecha na corda do arco. Esperou o homem se virar, e atirou na abertura seguinte, ele bloqueou a flecha da mesma maneira. Vinter então parou e puxou mais uma flecha da aljava, essa tinha uma ponta diferente, com algo negro preso a ponta. Disparou a flecha na direção do oponente, que mais uma vez bloqueou o projétil com uma barreira, porém, a flecha explodiu, fazendo uma cortina de fumaça cobrir o local.
Sem saber de onde viria a próxima flecha, o homem olhou em todas as direções, mas foi então que ele percebeu que a garota já estava atrás dele, ele se virou, mas ela saltou sobre ele com uma adaga longa em mãos, o arco em volta do corpo. O mago cobriu o rostou assustado, mas ainda assim conseguiu lançar uma explosão a frente estendendo a mão numa reação de desespero. A gorota decolou no ar, Vinter caiu no chão e rolou alguns metros. Tentou se levantar e tossiu sem parar. Uma parte das roupas haviam queimado perto do abdômen, e a pele estava vermelha.
—Eu consegui... eu...
Sussurou Nulcun atrás dela, rápidamente ela tirou o arco das costas e mirou no oponente com uma flecha que havia pego da aljava caída, ela mirou no meio do rosto do homem, pronta para disparar, mas no mesmo instante, ele lançou uma bola de fogo na direção da garota. Tentando se concentrar enquanto o projétil flamejante vinha em sua direção, ela disparou a flecha que passou perto da bola de fogo e atravessou o ombro de Nulcun, que caiu em um grunhido de dor desesperado. Vinter não teve tempo de se esquivar da mágia e foi atingida em cheio, uma explosão ocorreu e ela foi lançada para a borda da arena. Desmaiada. Parte do braço carbonizado junto ao arco. Uma equipe de guardas saiu das mesmas aberturas por onde os competidores entraram, e foram até lá e a tiraram da arena, sobrando só o mago, que continuava gritando por conta da flecha presa ao ombro.
—O vencedor é Nulcun!
Exclamou o apresentador de forma alegre, tentando esconder os gritos esganiçados do mago.
—Ah, ela perdeu por burrice. Eu teria acertado aquela flecha no meio da cara dele.
Se queixou Lauren nas arquibancadas.
—Eu também teria acertado.
Respondeu Kiere.
—Você sabe usar um arco?
Perguntou Lauren interessada, mas a resposta que teve foi Kiere mostrando um punhal, e em seguida jogando-o para cima, pegando ele de volta depois dele dar uma volta no ar.
—Entendi. Parece divertido.
A próxima luta era de Zelgle, contra um tal de Trigun. O gigante entrou na arena com a espada nova sobre o ombro direito. Ela era incrivelmente proporcional ao seu tamanho, ambos eram enormes e grosseiros. Seu adversário entrou pelo lado oposto. Um homem careca, grande e musculoso, usando um colete dourado com um cinto envolto em faixas de couro vermelhas. Os braços e pernas estavam expostos, sem nenhuma proteção. Estava usando um malho como arma, fazendo jus ao machado de Zelgle, seria um combate interessante se ele estivesse usando seu machado em vez da arma nova, mas preferiria assim. As pessoas nas arquibancadas pareciam desapontadas por isso, aparentemente todos queriam ver o gigante usando sua arma costumeira.
O apresentador deu o sinal. E o homem careca avançou implacável na direção de Zelgle. Segurando o martelo na altura da cintura, quando se aproximou, ele aplicou um golpe horizontal. Zelgle bloqueou com a lâmina da espada, colocando o braço logo atrás do local de impacto. Ele forçou os pés no chão, deslizando um pouco. Quando parou, fez um arco diagonal ascendente com a espada, Trigun ficou surpreso com a velocidade que o ataque venho, não teve reflexos o suficiente para desviar, teve sorte de Zelgle ter errado. Pelo menos agora sabia que Zelgle não era só um idiota com uma aparência anêmica segurando armas enormes para parecer forte. O gigante avançou com passos atrapalhados na direção do oponente, e fez um golpe vertical de cima para baixo, o careca desviou para lado, e a espada pesada se interrou no chão, abrindo uma rachadura no solo. Aproveitando a chance, o guerreiro tentou retaliar Zelgle com uma acerto na cabeça usando o malho, mas ele segurou a marreta com a mão esquerda, fazendo a platéia gritar em fervor. Era difícil acreditar no que estavam vendo.
O homem fez força contra Zelgle para acertá-lo, mas não conseguiu, e então o gigante desenterrou a espada imensa do chão e golpeou usando apenas uma mão. Acertou em cheio no tórax do adversário, que teve sorte de estar usando uma armadura, caso contrário teria sido partido no meio pelo golpe. Trigun recuou cambaleando, pareceu ter doído. A pancada deveria ter sido forte o suficiente para quebrar algumas costelas.
—Você é forte garoto. Forte pra cacete! Mas não vou me render assim!
Zelgle continuou encarando-o, inexpressivo. E então o careca soltou um grito vigoroso, como se estivesse convocando todas as forças de uma vez. Era possível enxergar veias nos músculos salientes dos braços. Ele deu mais um avanço com um golpe horizontal, que foi bloqueado por Zelgle a custa de seu braço esquerdo, que foi acertado pelo golpe pesado do homem, conseguiu ouvir os ossos sendo esmigalhados com o impacto, e então o braço ficou pendendo de maneira engraçada ao lado do corpo. Mas o sacrifício não foi em vão, com um chute que causou um estrondo ao acertar a armadura dourada, ele derrubou o homem careca, que grasnou ao ser arremessado ao chão com tanta virulência. Zelgle se aproximou do homem caído enquanto ele se debatia no chão, sua sombra surgiu acima do rosto de Trigun, fazendo-o ficar imóvel.
—Desiste?
Perguntou Zelgle de maneira fria.
—Bem... e que outra escolha eu teria?
—O vencedor é Zelgle!
A platéia gritou antes do apresentador terminar, a luta foi rápida mas incrivelmente disputada. E a brutalidade de ambos pareceu algo tão acirrado que tornou a luta algo incrível de se assistir.
—São apenas imbecís balançando pedaços de metal gigantes.
Sibilou Hylia ao pisar na arena. Era sua vez de lutar agora, seu adversário era um tal de Admaran, um homem aparentemente na casa dos quarenta, com a barba grisalha e mal feita, o cabelo também grisalho nas costeletas. Estava usando duas cimitarras. Era o mesmo homem que havia se juntando contra Zelgle na fase eliminatória. Diferente de quando estava na trama contra o gigante, o homem parecia extremamente confiante. O motivo era aparentemente Hylia ser uma maga. Se fosse rápido o suficiente para desviar dos ataques, a garota não teria chance, pensou. Mas ficou supreso ao vê-la afastando a capa branca para o lado, e desembainhando uma espada bastarda. Ele não foi o único a se surpreender, toda platéia parecia confusa e ansiosa. O sinal foi dado, e Admaran saiu correndo de sua posição primária, em direção à Hylia, girando as lâminas entre os dedos.
Ao se aproximar o bastante, ele deu um salto em direção a garota e fez um corte em formato de X, mas ela desviou facilmente para o lado, como se tivesse predito o movimento. Admaran girou para trás, se jogando para cima de Hylia em um movimento giratório, continuou atacando em sequências de movimentos fluídos com ambas as espadas na mesma altura. Hylia não parecia estar nem levando aquilo a sério, ela simplesmente andava na direção contrária do golpe, como se nem estivesse correndo perigo de ser cortada. Admaran fez um avanço com as espadas curvas na altura do joelho, e então fez um ataque vertical em direção ao pescoço da garota, que apenas ergueu a cabeça para trás e desviou tranquilamente. O queixo de Hylia ficou erguido a alguns centímetros de onde as espadas ficaram paradas. Então ela finalmente executou um movimento, acertando um chute na barriga do oponente, que recuou rapidamente ao receber o ataque.
—Urgh...
Ele se ajoelhou após a pancada. Hylia nem havia usado a espada ainda, e o homem já parecia estar sofrendo. Por um momento ela ficou com vontade de guardar a arma e lutar apenas com as mãos, mas achou melhor apenas acabar com aquilo rapidamente ao invés de humilhar o homem completamente.
Admaran saltou para o lado, e tentou avançar em direção a Hylia com outro salto reto, a garota se curvou para trás e se esquivou de ser acertada por um abraço de ambas as lâminas. Com giro e um ataque em arco ela quase arrancou a cabeça do homem, que por instinto recuou um pouco após o último ataque.
Sua confiança estava sumindo rapidamente. A garota foi em sua direção com a espada abaixada. Sua postura era extremamente arroganta. E isso estava fazendo Admaran perder a paciência. Cada movimento da garota ostentava superioridade. Correu na direção dela enquanto ela caminhava, girou o punho acima da cabeça, e desceu o braço, Hylia bloqueou a espada curva com a própria arma. Em seguida o homem usou a outra arma em um golpe vindo de baixo para cima, mas Hylia conseguiu defletir cruzando a espada a frente do rosto. A garota deslizou para trás de repente, como se tivesse sido puxada por algo, o homem não entendeu o que aconteceu e apenas ficou olhando na direção da garota abismado. Segurando a espada na altura da cintura e com apenas uma mão, Hylia fez um avanço na direção de Admaran em uma velocidade ainda maior do que quando recuou. Ele quase foi pego pela estocada. Mas conseguiu escapar, mas não previu o próximo movimento de Hylia, que foi um arco imenso com a espada, Admaran tentou bloquear com uma das lâminas curvas, mas a espada saiu voando de sua mão com a tentativa.
—Porra!
Gritou em ele em desespero. Ainda tinha uma espada, mas ela era curta demais para se lutar contra aquela espada longa. O jeito era diminuir a distância, mas isso seria difícil de fazer. Sua situação estava extremamente complicada.
"Talvez essa dai valha a pena também."
Pensou "ele" enquanto assistia a luta.
Não imaginou que a garota tivesse habilidades com uma espada, e estava impressionado com o quanto ela era hábil.
Hylia continuava pressionando Admaran com estocadas, e o mesmo não tinha chance de se aproximar e nem contra atacar com aquela espada curta. Desistiu de esperar um milagre e girou em direção a Hylia enquanto escapava de mais um golpe perfurante. Tentou acertar o rosto dela, mas ela curvou a cabeça para trás. Admaran girou mais uma vez, se ajoelhando, e então ele mirou a barriga de Hylia.
"Peguei ela! Não tem como escapar dis-"
E então Admaran saiu voando para trás, com uma cortina de poeira se formando.
"Ela realmente recorreu a isso? É o que dá subestimar demais o inimigo."
Pensou Tolfret assistindo a luta do mesmo portão pelo qual Hylia havia entrado na arena. Não conseguiu conter um sorriso, que penetrou as costas da garota como se ela já pudesse ouvi-lo falando "eu avisei..."
Ela olhou para trás e viu Tolfret encostado na parede ao lado das grades de ferro. Começou a andar em sua direção como se a luta já tivesse acabado. Todos na arquibancada estavam confusos, até mesmo o apresentador, que estava com a boca aberta sem saber o que dizer. Ao se aproximar da borda, Hylia se virou e falou alto em um tom firme:
—Vai demorar pra dizer que eu ganhei?
O apresentador voltou a si rapidamente, e observou Admaran jogado no chão da arena como um tapete estendido no chão de um salão requintado de inverno. Um guarda com armadura leve surgiu das sombras, passando pelo portão, ao lado de Tolfret. Ele invadiu o campo luminoso correndo à toda velocidade.
Se aproximou do competidor caído, colocou os dedos sobre o pescoço, ele estava respirando.
—Ele desmaiou!
Gritou lá de baixo para o homem de roupas vermelhos lá em cima.
—É... bem... então Kortia é a vencedora!
"Porra de nome ridículo."
Pensou ela ao ser anunciada vencedora pelo nome falso. Obviamente não podia colocar o nome verdadeiro em algo assim. A platéia permanecia confusa sobre sua vitória, tanto que não houve gritaria nem torcida. Só pode ouvir sussuros abafados sobre o que havia acontecido. Não foi nada natural, claro. O homem voou de repente, e caiu no chão como merda de pássaro sendo solta do alto das nuvens. Algo inacreditável. Que se dane a conclusão das pessoas. Ela deixou a arena, passou por Tolfret, não o olhou no rosto, como se fazê-lo fosse arrancar um pedaço de seu corpo, o grandalhão tinha um sorriso insolente como comprimento.
Logo esse sorriso sumiu, era sua vez de lutar. Caminhou até a arena, as botas de metal afundaram na areia quente. Mais alguns passos e finalmente poderia ver com quem ia lutar, e ficou surpreso ao ver seu oponente, o mesmo homem que havia atirado a lança contra ele na segunda fase. Ficaram a menos de dez passos um do outro, muito menos do que os outros participantes, como se estivessem prester a resolver uma rixa de gerações.
—Não pensei que fosse ter a chance de amassar sua cara tão cedo.
—Hum... tenho que admitir que você me fez perceber que minha habilidade no arremesso de lanças é bem... medíocre. Que tal me ensinar duas ou três coisas sobre isso?
—E por que não? Temos bastante tempo, não é?
Não precisava ver o rosto do outro competidor, abaixo daquela máscara, Tolfret sabia que, assim como era com ele, existia um enorme sorriso.
—Comecem!
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