verdades, segredos e um pouco mais
Violet deixou Hope com Evelin, e se dirigia ao escritório. Em sua mente tentava encontrar razões para ele querer conversar com ela. "Será que não aprovou que eu a levasse para a cozinha". "Será que vai me mandar de volta já que Hope está bem." Esse pensamento deixou seu coração angustiado. Em pouco tempo havia se apegado à pequena. Ela se sentia bem ali. Ao encarar a porta, sua agitação aumentou. Se repreendendo pela covardia, bateu na porta. Ao entrar percebeu que Kyle estava ali também.
— Desculpe, se você estiver ocupado, eu volto depois.
— Não estou. Sente-se! — Respondeu indicando a outra cadeira ao lado de Kyle.
— Quero falar com os dois mesmo. Quero saber se vocês não têm nada para me contar?
— O quê? Como? — Responderam Kyle e Violet juntos.
— Vocês me acham idiota?
— Hian, não estou entendendo, pode se explicar. - Pediu Kyle.
— Bom, Por onde começar... - se inclina para frente, duas mãos sobre a mesa — Que tal por você Kyle, que troca o nome dela constantemente. Ou por você "Violeta"que vive falando coisas sem sentido. Como, por exemplo. "Deus me trouxe para cá de novo." Quem vai começar a explicar o que está acontecendo aqui. - exigiu olhando de um para o outro.
Violet estava paralisada. Essa possibilidade dele desconfiar dela ou ter percebido algo não tinha passado pela sua cabeça. Ela olhou para Kyle e nos olhos dele percebeu que ele pedia permissão para falar, ela assentiu e ele começou a dizer.
— Quando fui ao Neart buscar a curandeira não sabia quem era, até vê-la.
— Então estou certo, vocês se conheciam? - cruza os braços e se recosta na cadeira.
— Sim! — Responderam os dois novamente.
— Por razões que eu não conheço, ela me pediu para a apresentar com outro nome, ou não viria. Então fizemos um acordo.
— Quem é você, afinal? E porque todo esse segredo? — Questionou Hian desconfiado. Ele sabia que algo não estava certo, tinha pego alguns deslizes deles, mas depois de pensar e repensar, não tinha chegado a nenhuma conclusão.
— Ela é a Violet. - Respondeu Kyle, mas percebeu que Hian não tinha reconhecido o nome. Então completou.- Do clã Rooco. E viu o momento em que Hian soube quem ela era.
— A amiga de Everi? — Questionou em um tom frio e baixo.
— Sim! — respondeu com emoção, os olhos brilhando, suas mãos apertando a braço da cadeira.
— Você a abandonou! Ela precisou de você. — Gritou Hian dando um murro na mesa, assustando Violet. Ela chorava, lágrimas escorriam pelo seu rosto.
— Eu não abandonei ela! — Retrucou com raiva.
— Violet, acho que está na hora de nos contar o que aconteceu com você. — Kyle pediu gentilmente.
Violet levantou-se. As lembranças atropelando seus pensamentos. Ela queria fugir. Não poderia continuar ali. "Meu Deus!"
— Calma, Violet! Não vou deixar nada acontecer com você. Promessa de guerreiro. — Kyle jurou a segurando pelos braços.
Hian vendo o desespero dela. Se acalmou. Ele percebeu que tinha algo mais nessa história. E sabia que não ia gostar.
— Você tem minha palavra também. Mas preciso saber porque você sumiu. Você cuida da minha filha, como vou continuar confiando em você sem saber a verdade. Ao citar Hope percebeu que conseguiu convencer ela. Os ombros caíram em sinal de derrota.
Ela se sentou novamente enxugando as lágrimas. Arrumou a postura, respirou fundo.
— Tudo bem, vou contar o que aconteceu. — fechando os olhos, começou a falar. — Durante a festa de casamento a Senhora Davina se aproximou de mim, me entregou um rolo e um pequeno tecido amarrado. Ela me pediu para escondê-lo no bolso falso do meu vestido, até no outro dia. Não entendi, mas obedeci. Fiquei curiosa para saber o que era, mas na correria da recepção me esqueci.
Um tremor passa por seu corpo, ao reviver aquele dia. Sente Kyle ao seu lado. Umedece os lábios e se força a proceguir.
— Já de madrugada, depois que vocês foram embora, me dirigia para meu quarto, quando fui surpreendida por dois homens. Eles me amarraram, me amordaçaram e me tiraram pelos fundos. Por mais que eu tentasse lutar, eram mais fortes. Eles me levaram até uma carruagem que já aguardava, me colocaram dentro e fecharam a porta. A carruagem balançou quando eles subiram e logo estávamos em movimento. Foi quando eu entendi que estava sendo sequestrada, fiquei apavorada, não sabia o que fazer. Em desespero tentei me levantar, mas caí quando a carruagem passou por um buraco, bati a cabeça e desmaiei. Acordei não sei quanto tempo depois, mas respirei fundo e tentei pensar no que fazer. Me foquei em me soltar e com a ajuda do braço consegui tirar o pano da boca e com os dentes desamarrei minhas mãos. Eu estava com muita dor de cabeça, um líquido escorria por meu pescoço, mas não foquei nisso. Pedi ajuda a Deus. — De repente a carruagem quase tombou por sorte não me machuquei, pois estava sentada no chão. Eu ouvi os homens praguejando e logo depois ouvi eles falarem que a roda tinha quebrado. Vi que a porta com a bancada tinha empenado, devagar para não fazer barulho ou denunciar meus movimentos, engatinhei até a porta, empurrei devagar e ela se abriu. Então soltei o ar que nem sabia estar prendendo. Olhei ao redor e só vi mato. Lembro que pensei. "Ótimo, vários lugares para me esconder". Sem pensar, saltei e comecei a correr. Os ouvi praguejarem novamente e começarem a Correr atrás de mim. Corri em várias direções tentando despistá-los. Vi uma árvore enorme com muitas folhas e subi. Pouco tempo depois eles passaram correndo, sem me ver. Estava clareando, mas onde estava pela abundância de folhas, ainda estava envolvida pelas sombras. Algum tempo depois os houve voltando. Eles estavam chateados, falavam que a Senhora não poderia reclamar, pois cumpriram o combinado. E ouvir o outro dizer que já estava muito longe do castelo, e eu por ser uma mulher sozinha e sem dinheiro estaria perdida, eles gargalharam de uma forma tão cruel que gelei. Fiquei naquela árvore até o Sol estar no meio do céu, estava com medo de descer e eles estarem me esperando.
— Você agiu certo. Parabéns!— comentou Kyle. Ele era um bom estrategista e sabia que ela tinha tomado a decisão certa.
— Em determinado momento, enquanto pensava sobre a conversa deles, me lembrei das coisas que a Senhora Davina havia me entregado. Quase caí do galho ao abrir o tecido, era dinheiro, um bom dinheiro. Amarrei novamente e guardei e logo peguei o rolo, era duas folhas e comecei a ler. — A primeira era uma carta da Senhora Davina, onde ela dizia que temia pela minha segurança após o casamento de Everi. Ela dizia que estava orando, e torcia para estar errada, mas se não estivesse queria ter certeza de que eu poderia me virar sem voltar ao Clã. Lembro que chorei muito ao ler isso, pois enquanto esperava só pensava em um jeito de voltar. Agora essa possibilidade não existiria mais para mim. — Ela continuou falando que estaria sempre orando por mim e que no tempo certo tinha certeza que Deus me traria de volta. A outra era uma carta de recomendação, tão bem escrita que não seria difícil para mim encontrar um serviço. Estava assinada pela Senhora Davina e pôr Everi, o que me surpreendeu. A Senhora Davina tinha pensado em tudo. Ela salvou minha vida.
Ela alterna o olhar entre eles como se esperasse que entendessem a grandiosidade do gesto. Põe umaecha de cabelo atrás da orelha e continua.
— A sede me fez descer. Resolvi adentrar na mata ao invés de voltar para a estrada. Fiz uma rápida oração pedindo a Deus para me levar onde ele deseja-se. Pois sabia que apesar das circunstâncias ele teria sempre o que fosse melhor para mim.
— Mais uma vez você tomou a decisão certa. Eles realmente poderiam estar te esperando. Kyle elogiou de novo.
— Andei por tanto tempo que já estava perdendo a Esperança, logo iria anoitecer. Foi quando de repente me encontrei com o muro, comecei a correr rodeando ele, e logo comecei a ver algumas casinhas. Havia chegado em uma Vila. Não sei se pelo cansaço, pela fome, pela sede ou foi a ansiedade, não sei porque só sei que desmaiei. Quando acordei já era dia. Estava em uma cama, com uma criança me olhando desconfiada e ao perceber que eu estava acordada saio correndo. — Pouco tempo depois, Uma Linda mulher como avental amarrado a cintura e lindo sorriso entrou no quarto. Ela se chamava área e através dela descobri que estava no Clã Neart. Já tinha ouvido falar dele, pouco, mas o que vi era que o senhor e a Senhora eram pessoas boas para seu povo. E eu também sabia que era muito distante do Clã Rooco o que era bom para mim. Ela saiu e voltou com um pouco de sopa e pão, e enquanto comia contei a ela que eu era órfã, que precisava de um emprego, que estava começando uma nova vida em um novo lugar. Disse também que estava com problemas já que estava sem bagagem, pois a carruagem se foi com dois bandidos. Não menti, mas também não disse toda a verdade. Hian percebeu que suas bochechas ficaram vermelhas. "Ela era adorável." "Não, inteligente isso." — Ária me deu alguns vestidos antigos, mais limpos. Disse que os usava antes de ser mãe. Agradeci, eles ficaram ótimos, só tive que fazer a barra, já que Ária era mais alta. Conheci seu filho Quin, e descobri que foi ele quem me viu desmaiada e chamou sua mãe. Ele é uma criança carinhosa, lindo com o sorriso da mãe, mas também era agitado não parava. Ele é uma criança saudável e feliz. Depois de um banho, Aria me levou ao castelo. Enquanto caminhava percebi que as pessoas pareciam felizes, despreocupadas. — O muro era alto e largo a ponto de ver alguns guardas posicionados em cima dele. O pátio era imenso e bem cuidado, os servos cantavam enquanto trabalhavam. Conforme passávamos eles cumprimentavam Ária e me olhavam com curiosidade. Entramos pelos fundos em uma enorme cozinha que fervilhava em movimentos. O cheiro do lugar era divino. Havia risadas, cumplicidade entre o pessoal e isso me deu uma sensação de lar. Meus olhos se encheram de lágrimas ao me lembrar de Everi, da dona Davina e até do Senhor Comarc. Não sabia se ele ainda estava vivo.
Uma lágrima deslizou por seu rosto novamente. Sentindo um aperto na mão, abriu os olhos, era Kyle lhe dando apoio. — Ária perguntou pela Senhora Brenda, ela já havia me dito que era quem comandava a criadagem do castelo. Quando a Senhora Brenda entrou na cozinha, logo gostei dela. Cabelos grisalhos em um coque fofo, um corpo macio que dava vontade de abraçar. Ela me lembrava uma avó. Seu sorriso era acolhedor, seus olhos demonstravam uma sabedoria de muitos anos vividos. Ária a cumprimentou com um abraço e me apresentou. Recebi um abraço também, fato que me trouxe lágrimas novamente aos olhos, que pisquei para afastá-las. Não seria bom chorar na frente de quem conseguia me dar ou não um emprego.
Um pequeno sorriso apareceu em seu rosto, esse fez os homens relaxarem um pouco.
— Entreguei a carta de recomendação, o que deixou a Senhora Brenda admirada. Mais tarde ela me disse que o que viu em meus olhos a tinha feito lembrar de sua Juventude e já estava pensando onde podia me encaixar, mas ao ver as recomendações ela tinha o cargo certo para mim. Ela me contratou como ajudante da dona Eloise, a curandeira do clã. Uma idosa que tinha um gênio forte, as jovens que ela já tinha enviado como ajudantes, não aguentaram.
— A vi por pouco tempo, mas posso afirmar que tem uma língua perigosa também — Brinca kyle tentando amenizar o clima e ao ver o pequeno sorriso no rosto dela completa — Ela parece gostar muito de você.
A jovem assente e dá continuidade a história.
— A carta dizia que eu tinha muita paciência, viu, facilidade em aprender. Que eu gostava de cuidar das pessoas, cozinhava bem, sabia administrar qualquer situação… enfim foi o bastante para convencer a Senhora Brenda de que eu seria ajudante perfeita. E o melhor era que eu iria morar com a dona Eloise não precisava me preocupar com nada. Palavras dela. — Ária me acompanhou até a casa da dona Eloise, era um pouco mais afastada das demais. Havia canteiros e mais canteiros em volta da casa. Flores, ervas, temperos…
Violet fecha os olhos como se assim pudesse vidualizar e sentir. Os homens aguardavam pensativos.
— O aroma que permeava o lugar era agradável, uma mistura de essências. Tinha um galpão ao lado da casa, e foi para onde fomos. Saía fumaça da chaminé. Se ouvia também em seu interior uma suave melodia. Bati a porta e ouvimos a Senhora nos mandar entrar. O cheiro que nos recebeu era mais forte e concentrado do que lá fora. Vários feixes amarrados pendiam do teto e eram levemente balançados pelo vento. Prateleiras com potes e mais potes com líquidos, cascas, secas. Tudo estava muito bem organizado. Uma Senhora magra e grisalha amarrava feixes em uma mesa no fundo. — parando novamente respirou fundo, Violet sentia falta dela. — Ária a cumprimentou e me apresentou a ela como sua nova ajudante. Dona Eloise ergueu uma sobrancelha. Senti que seus olhos me avaliavam. Ela começou a fazer várias perguntas sobre plantas. O que eu sabia, se já tinha sido curandeira… Me mostrou alguns feixes e perguntou o nome de algumas ervas. Graças a dona Davina muitas eu conhecia. Depois de um tempo ela se virou para Ária e disse: — Ela vai servir! Simples assim, eu tinha passado no teste.
O silêncio no escritório após contar sua história a estava deixando nervosa. Será que eles acreditariam nela. Hiam se levantou. Ele andava de um lado para o outro.
— Mas por que Senhora Maísa faria isso? — Kyle deu voz ao seu pensamento.
— Não sei. Ela nunca gostou das pessoas abaixo dela. Ela odiava a minha amizade com a Everi.
— Ela disse a Everi, que você tinha ido por vontade própria. Que ela tinha mostrado que você era uma má influência para ela. Disse que te convenceu também de que Everi estava casada e não precisava mais de você. Disse que com o senhor Comarc doente e Evelyn longe, não tinha mais nada para você no Clã, e que você ia seguir sua vida. Contou Hian.
— Mentirosa, como pode uma mãe fazer tão mal assim a uma filha. Ele estava indignado. Mas algo ainda o incomodava.
— Por que você não voltou? — Mais uma vez é Kyle quem pergunta.
— Por medo. Eu não sabia o que ela poderia fazer se eu voltasse. Ou se as pessoas acreditariam em mim. E também por saber que Everi não estava mais sobre a influência dela. Eu sabia que você cuidaria dela Hian. E a Senhora Davina cuidaria do senhor Comarc. Desde pequena aprendi a sempre olhar para o lado positivo da situação. E foi o que fiz, decidi começar uma nova vida. — se põe de pé e vai até a janela — Tudo estava indo bem até Kyle aparecer. Foi por isso também que pedi a ele que me chamasse de Violeta. Eu não deixaria nada acontecer com a filha de Everi se eu pudesse evitar. — volta seu olhar para eles e ali eles podem ver a verdade em cada palavra. — Mas não queria que a senhora Maísa soubesse que eu estava de volta.
— Entendi. Pode sair obrigada por confiar em nós. — agradeceu Hian sem olhar para ela.
Assim que foi dispensada saiu rapidinho, sobrecarregada emocionante, por enquanto não queria pensar mais em nada.
#mais de 2000 palavras estou perdoada kkkkk
O que vcs estão achando?
#Neart =Força em gales
# DONALD= governa através de conselhos
# Rooco=Descanso ou rocha
# Brenda= chefe ou lider
# Davina=amada
#Violet= pequena flor
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