chegada

A noite estava chegando, o ar enevoado e ameaçava chover.   A cada passo do cavalo sua respiração se tornava mais difícil. Ela respirava fundo na tentativa de conter as lágrimas.   

   Crescera por ali. As lembranças dançavam em sua mente. Quem ela era se devia àquele lugar e a algumas pessoas que a cercaram e a amaram… Violet perdeu a batalha contra as lágrimas quando se lembrou que tiraram dela a oportunidade de se despedir e agora Everi e Comarc partiram…   

     As gotas de chuva começaram a cair devagar a princípio, depois o céu foi aberto. Para Violet parecia que o céu chorava com ela.   

Kyle passou a viagem inteira observando Violet. Foi uma viagem silenciosa, ambos presos em seus próprios pensamentos. Ele tinha muitas perguntas, como várias outras pessoas que não entenderam o sumiço dela, mas sabia que não era a hora certa fazer as perguntas.   

Quanto mais próximo eles chegavam do Clã, mas ele percebia o sofrimento dela. E quando ela quebrou o céu se abriu em água. Kyle queria dizer algo para consolá-la, contudo, não encontrou palavras. Ele fez uma rápida oração de agradecimento ao avistar a Vila.

Logo poderiam sair da chuva. Breve Hope teria ajuda.   

Eles aceleraram chegando rapidamente ao castelo, Kyle pediu a Senhora Deves que levasse Violet para um quarto próximo ao de Hope. Ela precisava se trocar. Pediu também que subisse uma bandeja com comida para ela. Ele também foi se trocar, precisava se aquecer.

Pouco tempo depois, saindo passou pela cozinha, comeu alguma coisa e foi ver Hian, que estava, como sempre, preso no escritório.   

— Você a trouxe? — perguntou sem nem se voltar para ele.  

  — Sim, a propósito a viagem foi ótima e estou bem apesar da chuva.   

— Você é um guerreiro, pare de reclamar de umas gotas ou vou começar duvidar. — falou se virando e estreitando os olhos. Era bom ver Hian um pouco mais relaxado.   

— Ela está no quarto, pedi a Senhora Davis que levasse uma bandeja com comida para ela. Vamos subir para ver a Hope? Se a conheço, ela deve estar impaciente para ver a pequena.   

— Não consigo! — kyle viu os ombros dele caírem. O olhar se voltou novamente para além da janela. — Leve ela ao quarto.  Afinal, Evelin está lá e ela sabe sobre a situação melhor que eu. — Kyle viu Hian se fechar novamente em culpa.  

  — Não concordo com você. Você é o pai! — Dito isso saiu do escritório e foi ver Violet.

   Violet Se trocou, comeu um pouco, pois seu estômago estava revirando. Ela se aqueceu próximo lareira. Esperando alguém para levá-la ao quarto de Hope, Já sem paciência andava de um lado para o outro, quando uma batida soou a porta. Era Kyle. Ele a acompanhou até o quarto.   

Ao entrar foi imediatamente atingida pelo calor do ambiente. Uma jovem estava sentada em uma poltrona. No meio do quarto um pequeno berço.

Ela andou na direção dele devagar, com certa hesitação. Estava tão concentrada que nem percebeu que Kyle e a moça conversavam.

" Aquilo estava errado, muito errado”.  

  Colocando a mão na testa daquele pequeno anjinho, se assustou com a temperatura, e começou a agir.  

  — Você quer matá-la! — Falou com um olhar de fúria dirigido a jovem que se encolheu.   

— Kyle! Abra todas as janelas agora! — praticamente gritou, enquanto retirava todos os cobertores que cobriam Hope.   

— Você não fica aí parada, encha a banheira dela com água.   

— Mas, não te… tem água quente. — respondeu retorcendo as mãos a frente do corpo, os olhos arregalados.   

— Eu não pedi água quente! Ande logo! — As lágrimas começaram a correr conforme ela tirava as roupas da pequena, ela estava pele e osso. “Meu Deus me ajuda só o senhor pode tudo, de saúde e forças a ela para suportar. Me de sabedoria para ajudar.” Ela orava baixinho chorando. Violet a pegou e a colocou na banheira, e imediatamente a pequena começou a tremer violentamente.   

— Kyle preciso da minha bolsa e de um bule de água fervendo. — pediu sem tirar os olhos da pequena em meio às orações. Ela percebeu que a criança mal abriu os olhos, mas foi o suficiente para ela perceber, aquilo estava errado.

— Você troque toda a roupa do berço o mais rápido possível e me traga uma toalha. — Ela percebeu que a moça tremia e a olhava com terror.   

— Você está fazendo mal a ela. Hope está com Frio! O que o Senhor Hian vai pensar? Meu Deus! — Violet mau ouviu as palavras, a jovem falava muito baixo, estava aterrorizada.   

— Só faça o que pedi, com o senhor Hian eu me entendo ."E ia… como ele deixou ela ficar assim.” Pensava.  

Poucos minutos depois ela notou que a temperatura cedia. Então tirou Hope da água e a envolveu com uma toalha. E se sentou com ela em seu colo. Viu um bule sobre a mesinha e perguntou.   

— O que você está dando para ela? E por quanto tempo? Violet tinha suas suspeitas.

   — Eu… Eeu…Eu é chá de camomila com erva-doce e algumas gotinhas de láudano. Dou o chá para Hope desde bebê, assim ela dorme bem e fica quieta sem o risco de se machucar. O láudano de vez em quando, se ela fica mais ativa. Tenho medo dela se machucar.   

“Que estranho” Pensou Violet, mas colocou o pensamento no fundo, de sua mente ao ver Kyle entrar com uma criada trazendo tudo que ela tinha pedido, contudo, ela não daria nada a Hope por hora.   

— Obrigada! Qual o seu nome?   

— Emma Senhora!   

— Me chame de Violeta, sim, poderia conseguir para mim um caldo de carne com verduras.   

— Já trago.   

— Como ela está? — Kyle Perguntou se aproximando.   

— A febre está cedendo agora, isso é tudo que importa.   

Violet estava fervendo, estava furiosa. Passara a noite toda cuidando de Hope. Ela aproveitou o tempo para obter informações enquanto tentava conversar com a amedrontada Evelin, apesar dela responder com monossílabas quase todas as suas perguntas.   

Suas suspeitas foram confirmadas.   

Não conseguiu tomar nem o café da manhã, sua mente não parava de pensar no que aquela criança estava passando. Ela a observava dormindo tranquilamente, tão inocente, tão carente…    Ela se virou a ouvir a porta se abrir, era Kyle. Violet se aproximou para não acordar a pequena, seus olhos procuraram atrás dele, mas ele estava só. Fechando os punhos perguntou.

— O Senhor Hian Não virá ver a filha? — Ela ouviu ele respirar fundo, seu olhar foi do berço para ela. Havia tristeza em seus olhos. Violet viu os seus ombros caírem quando ele respondeu.   

— Não, ele não virá.   

— Ele veio aqui alguma vez? — Sua voz não continha mais uma tonalidade neutra, expressava revolta.         

Durante a noite um afeto sem medida dominou o coração de Violet, enquanto acariciava o cabelo acobreado da pequena sentiu uma afinidade esmagadora. Apesar da diferença econômica, já que Hope tinha “tudo” e ela era uma órfã.   

Violet sentiu o peito apertado e os olhos arderem pelas lágrimas contidas.    — Sinceramente, não sei. Sempre que chego aqui ele está trancado naquele escritório. Ele me disse que não consegue, acho que Hian teme perdê-la. — Continuou Kyle sem perceber o tumulto no interior da curandeira.   

— Isso é um absurdo. Eu vou falar umas coisinhas a ele e vai ser agora. —   Violet entrou como um vendaval no corredor, encontrou uma criada e perguntou sobre o escritório, desceu as escadas quase marchando e se dirigiu para lá.    Ouviu Kyle chamar por ela, mas continuou sem se importar .     Abriu a porta com força batendo na parede sem nem se importar em bater.    — Como você pode ficar aqui cuidando da sua vida, enquanto sua filha definhava naquele quarto? E nem se dignou a visitá-la! Que espécie de monstro você é ?   

Em meio à nuvem de sua fúria, Violet começou a vislumbrar onde estava. O escritório estava um caos, livros por todos os lados. Pilhas de rolos ainda fechados na mesa. A poeira cobria tudo, as janelas fechadas deixavam o lugar abafado, mas o que mais a impactou foi o homem parado perto da lareira. Cabelos abaixo do ombro bagunçados, uma barba de meses, roupa toda amarrotada. E o olhar, vazio, ou melhor, repleto de sofrimento, angustia pura. Constrangida pela intensidade do olhar e por seu rompante, ela tentou se recompor.   

— Desculpe! Vim falar com o senhor Hian. Poderia me dizer onde posso encontrar ele. Ela ouviu Kyle rir atrás dela, estava envergonhada e ele ria, com isso Violet sentiu a raiva subir novamente, porém, não daria outro surto em frente aquele desconhecido. Precisava achar o senhor Hian.

Ola gente o que vcs estão achando?Quem vcs acham que estava na sala?
Parece que Violet perdeu a paciência kkkkk

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