26.
"She's not a saint and she's not what you think, she's an actress!"
Bruno e Rebecca
Bruno pediu a Carolina que entrasse e o esperasse lá dentro; ele tinha assuntos importantes a tratar com Eduardo e os meninos. Carolina primeiro fez cena, mas depois desistiu de tentar convencê-lo a entrarem juntos e foi para junto de suas amigas.
O loiro aproximou-se do baterista e o cumprimentou sem ânimo. Assim que eles soltaram as mãos, puderam ouvir Daniel gritar com Fabrízio na esquina do clube.
- Eu não vou colocar porra de flor nenhuma no seu pulso, Fabrízio!
Baixista e guitarrista juntaram-se aos outros dois e eles se cumprimentaram.
- Então está oficialmente aberta a sessão "nós somos um fracasso e não tivemos a capacidade de escrever uma música"? - Bruno perguntou, furtando um cigarro do maço que Daniel acabara de abrir. O loiro acendeu o cigarro um pouco trêmulo e o tragou profundamente, sem se importar com os olhares dos amigos da banda, que sabiam que ele havia parado de fumar. - Algum de vocês tem algo a dizer?
- Haverão outras oportunidades - Fabrízio tentou se auto confortar, girando a máscara azul no dedo indicador.
- Eu espero que sim - Daniel comentou, colocando a sua máscara vermelha no rosto antes que a perdesse. - Eu não quero morrer sendo balconista do Starbucks.
- Você não vai morrer sendo balconista do Starbucks - Eduardo comentou, dando tapinhas amigáveis nas costas do moreno -, mesmo porque, nem esse emprego você tem mais...
- Vai se foder, Edu.
- Bom, então é isso. O The Corleones está oficialmente fora do concurso - Bruno suspirou, colocando sua máscara preta e encaminhando-se para a entrada da balada.
- Nós somos ridículos - Eduardo deu de ombros, também colocando a máscara verde no rosto.
- Não tão ridículos quanto o fato de que Fabrízio e Daniel vieram como um casal para o baile de formatura, mas sim, nós somos - Bruno comentou, recebendo um soco no ombro de Daniel.
- Eu realmente não sei como vocês ainda são meus amigos - ele resmungou.
- Sabe sim - Fabrízio deu de ombros. - O Edu paga as suas baladas, eu te suporto quando você está carente e o Bruno melhora as músicas que você faz.
Daniel fechou a cara sob as risadas dos outros e eles chegaram na porta da balada. Fabrízio foi o último a se camuflar colocando a máscara, e os quatro entraram juntos no baile de formatura.
XXX
Rebecca já estava de saco cheio de ouvir Juliano comentar sobre o timbre de voz da Lady Gaga ou como Bruno Mars alcançava notas que muitas mulheres não alcançavam. Ela só queria beber até vomitar, usar qualquer droga que a fizesse voar e dançar até cansar em sua própria festa de formatura. Era pedir demais? Mas o seu acompanhante não parecia muito interessado naquilo...
Ela tentou algumas vezes arrastá-lo para a pista de dança, mas o menino negou.
- Das cantoras atuais, ela só perde para a Adele vocalmente, mas suas performances são um show a parte! - ele dizia, quando Rebecca revirou os olhos e o interrompeu, não suportando mais.
Chega!, ela pensou. Eu não vou ficar aqui ouvindo essas asneiras no meu baile de formatura! Eu colei muito nas provas para estar aqui e não vou desperdiçar esse dia!
- Eu acho tudo isso muito legal, Juliano, mas vou buscar alguma coisa para beber... - ela anunciou, levantando-se da mesa. - Você quer alguma coisa?
- Não, valeu.
A morena correu até o bar - queria desesperadamente se ver livre do acompanhante tedioso - e pediu uma cerveja. O barman logo a atendeu, apesar da fila gigantesca; às vezes era bom ser uma mulher bonita. Ele despejou todo o líquido da latinha em um copo plástico descartável e voltou a atender as outras pessoas, sempre fazendo força para que seus bíceps se destacassem.
Rebecca ficou encostada no balcão até terminar a sua cerveja. Pediu mais uma, e depois mais outra, sempre sendo atendida de prontidão pelo homem, que deveria ter no máximo 25 anos e era incrivelmente gato.
Mas então ela ficou de saco cheio de esperar alguém chamá-la para dançar e resolver ir sozinha.
Não espere dos outros o que pode fazer você mesma era o lema de Rebecca.
A morena não percebeu que Fabrízio e Eduardo estavam ao seu lado no bar, irreconhecíveis em suas máscaras. Ela também não viu quando Ana passou ao seu lado, nem quando Luíza e Raquel se trombaram - sem também se reconhecerem.
Totalmente camuflada, a morena começou a dançar sozinha.
E do outro lado da pista, alguém a observava.
XXX
- Ah, meu Deus, ela não veio com essa roupa! - Carolina exclamou, apontando para uma colega de classe que atravessava o salão ao encalço do namorado. - Que coisa terrível! Meu Deus, ninguém a impediu de sair assim de casa?
Bruno revirou os olhos, desejando um cigarro mais do que tudo no universo. Ele balançava a perna freneticamente.
Pare de mexer a perna desse jeito, Rebecca diria se o visse fazendo aquilo. Parece que você é doido!
- Bom, de que qualquer jeito... sobre o que nós estávamos falando mesmo? - Carolina quis saber, voltando-se para o ex-namorado.
- Até agora, sobre as roupas das suas amigas - o loiro disse, coçando o nariz por debaixo da máscara.
Malditas coisas incômodas... quem fora o idiota que dera a ideia de um baile de máscaras? Ele não sabia quem eram seus amigos no meio daquele mar de gente e seus olhos lacrimejavam de irritação.
- Ah, amor! Me desculpe! - Carolina exclamou, saindo da cadeira em que estava sentada e sentando-se no colo de Bruno. Ele sentiu a calça ficar mais apertada. - Eu estou sendo uma chata, não estou?
- Não, não está - ele mentiu, beijando o queixo de Carolina.
A garota se curvou e começou a beijar Bruno sem timidez. O loiro a princípio curtiu, mas ficou entediado depois de algum tempo; o beijo da ex-namorado não o fazia mais se sentir bem. Era só uma língua de encontro a sua, e nada mais... até a sua animação estava indo embora.
Constrangido por estar praticamente comendo a namorada no meio do salão, ele abriu os olhos para ver se alguém os encarava e acabou se interessando por uma menina linda dançando sozinha. Ela usava um vestido roxo e uma máscara preta.
Ela é linda, ele pensou, hipnotizado. Linda, linda, linda!
A menina dançava alheia ao fato de que todos os homens solteiros a observavam. Aliás, a menina parecia não saber que provavelmente era a mulher mais bonita do recinto.
Bruno apertou os olhos, ainda com os lábios colados aos de Carolina. Ele analisou a morena de cima a baixo, e a tatuagem de escorpião no calcanhar chamou a sua atenção.
Claro que era Rebecca... Rebecca, sempre Rebecca! Sempre chamando a sua atenção, sempre deixando o guitarrista maluco.
- Bruno, você está me beijando de olhos abertos! Que desagradável! - Carolina exclamou, tirando Bruno do transe em que ele se encontrava.
O loiro voltou-se para a ex-namorada e suspirou.
- Carol... - ele pensou em dizer o que estava pensando. Carol, isso não está mais dando certo, ou, Carol, quando foi que você ficou tão chata?, mas ele resolveu mentir. - Eu vou procurar os meninos... quero curtir um pouco a minha formatura com eles. Tudo bem?
Carolina ajeitou-se no colo de Bruno, retirando a máscara do rosto para olhá-lo melhor.
- Ah, tudo bem... - ela fez beicinho. - Nos encontramos mais tarde pelo menos?
- Claro - ele mentiu. - Claro que sim.
XXX
- Eu queria saber como eu faço para beijar uma menina linda como você? - um garoto mais baixo que Rebecca e com sérios problemas de seios masculinos dançava por perto, tirando a concentração da morena.
Ela só conseguia olhar para os seios do garoto. Eram provavelmente maiores que os dela!
A morena o ignorava teatralmente, mas teve de parar de dançar ao ouvir a última pérola do garoto. Respirando fundo ela olhou para baixo e colocou as mãos na cintura.
- Você quer me beijar?
O garoto, já acostumado a ser ignorado, arregalou os olhos e encarou Rebecca.
- Sim, eu quero - ele respondeu de súbito. - Muito!
- Eu te dou um beijo se você for lá fora e encontrar a Patrícia Nogueira para mim.
O garoto concordou com a cabeça e saiu correndo, atrapalhando-se nos próprios passos. Rebecca soltou uma risada maligna e voltou a dançar, até que ouviu uma voz sussurrar em seu ouvido.
- Patrícia Nogueira, a garota que não estuda mais no Colégio Vértice desde o ano passado?
Rebecca riu baixinho mas não se virou. Continuou a dançar, agora com o novo pretendente respirando em sua nuca. Ele cheirava a cigarro e perfume feminino.
- Você sabe que é a garota mais bonita da festa e se aproveita disso - ele continuou, fazendo-a rir mais um pouco. - É o seu tipo de mulher que destrói muitos corações de jovens espinhentos...
- Mas...? - Rebecca quis saber, porque pelo jeito que o garoto havia dito, deveria existir um "mas".
O garoto riu. Havia mesmo um "mas".
- Mas alguém também destruiu o seu coração.
Rebecca continuou dançando, sem dizer nada.
- Ele está destruído, e você sente que nunca vai se recuperar. Você, a mulher que poderia ter o garoto que quisesse, apaixonou-se justamente por aquele que não pode ter.
Rebecca virou-se rapidamente, encarando os olhos do garoto que falava com a voz grave, quase como se ele a quisesse camuflar. Os seus olhos eram escuros e o cabelo também, mas até o mais loiro dos loiros estaria com os cabelos escuros na luz negra da balada.
Algumas pessoas esbarravam nos dois enquanto dançavam, mas eles pareciam não sentir; os olhos estavam conectados uns aos outros.
- O que você quer, eim? - ela quis saber, entortando os lábios em uma careta. - Quem é você?
- Não interessa quem eu sou - ele sorriu, aproximando-se da morena. Enlaçou a sua cintura e embalou a garota na batida. - Eu só quero dançar com você.
- E quem disse que eu quero dançar com você?
- Você já está dançando, Rebecca - o garoto sorriu, apontando com a cabeça para os dois, que iam de um lado para o outro ao ritmo da música.
Rebecca ainda exitou, mas depois sorriu e continuou a dançar.
Será que aquele garoto misterioso a faria esquecer Bruno, Daniel e João?
Afinal, ela merecia um recomeço!
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