Capítulo 19 - É difícil me afastar


Olá, meus amores. 

Consegui terminar o livro e graças a isso, vou postar mais capítulos durante a semana. Não é um livro longo, mas eu espero que vocês gostem do final tanto quanto gostei de escrever. Estou ansiosa para dividir essa história cheia de emoção com vocês.  Por isso, a próxima postagem será dia 29 de junho. Fortes emoções estão por vir. 

Não se esqueça de clicar na estrelinha para me ajudar a divulgar. 

Obrigada

Beijos

Lya

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Na boate, eu e João estávamos sentados em uma mesa em frente ao palco, bêbados, brindando à nossa amizade, enquanto esperávamos o show de stripper começar. Eu sabia que me arriscava ao extremo frequentar a boate em que Lúcia trabalhava, mas eu queria olhar em seus olhos pela última vez antes de colocar um ponto final em nossa história. Porém, eu era um cliente como outro qualquer. Pagaria a minha conta e queria ver o show. Se Yuri ou Black cismassem com minha presença ali, teriam que me tirar à força. O que eu duvidava que fariam, já que nós bebíamos o uísque mais caro da casa. Algumas garotas faziam um show de pole dance na pista de dança. João me pegou olhando para elas.

− Ah, não – disse ele, colocando uma das mãos em frente aos meus olhos, como se tentasse quebrar um transe. – Não vá se apaixonar, cara.

− O quê? – indaguei, ainda olhando para as dançarinas.

João colocou na mesa o seu uísque e se virou para me olhar, mastigando um cubo de gelo.

− Tenho uma regra sobre garotas – disse ele.

− Não, você não tem, não – respondi.

− Mas eu tenho.

− Duvido. Um cara que perdeu a virgindade com a vizinha de 40 anos – comentei, abafando o riso.

− Ela era muito gostosa – esclareceu João. – E estava se divorciando.

− Ah, lógico, então não tinha importância.

− Preste atenção – disse João. – É uma regra fundamental para homens solteiros.

− Certo – eu disse. – Diga qual é.

João tomou mais um gole de sua bebida.

− A regra é fique longe de uma stripper.

Recostei-me e tomei um gole do meu uísque. Eu balancei a cabeça concordando, como se tudo fosse novidade para mim.

− Brilhante – declarei.

− Pode fazer sua piada, Thomas – disse João, com ar de tristeza. – Mas, lembre-se desse momento, porque um dia você vai se arrepender de não ligar para o que eu estou te dizendo.

− Pode me explicar melhor? – pedi.

− Uma stripper é uma ilusão de ótica, ardente de excitação e repleta de promessas sexuais, uma versão idealizada da mulher perfeita escondida atrás do mistério. É uma propaganda enganosa que vai estraçalhar seu coração quando menos você esperar. Além disso – ele deu uma pausa e deu mais um gole em sua bebida −, provavelmente você já está bêbado.

Eu soltei uma gargalhada.

− É sério, Thomas – insistiu João. – Elas vão acabar com seu coração antes mesmo de você tentar se recompor.

João estava certo. Eu havia me envolvido com uma stripper e ela estraçalhou meu coração de uma maneira que talvez eu nunca mais irei consertar o estrago. Desde o dia em que nos conhecemos no aeroporto, sempre fiquei com a impressão de que seríamos muito felizes juntos, mas ela não era para mim e eu nunca aceitei esse fato. Ao longo desses dias, fiquei ocupado demais tentando encontrar uma solução para seu problema que acabei me esquecendo que ela poderia acabar com o meu coração como meu amigo havia dito. E eu tinha que admitir que meu amigo estava certo.

Foi quando as luzes apagaram, a música agitada começou a tocar e Lúcia apareceu no palco, que meu coração disparou. Enquanto dançava, reflexos coloridos cintilavam como estrelas nos olhos dela. Linda! Usava um biquíni preto minúsculo e uma bota vermelha até os joelhos. Uma máscara brilhante tampava seus olhos, como da primeira vez, mas eu a reconheceria até mesmo com a máscara do Pânico.

Até que Lúcia parou de dançar e olhou fixamente para mim, os olhos bem abertos e resolutos. A respiração ofegante balançava seu peito rapidamente. Aos poucos ela voltou a dançar, mas eu sabia que minha presença ali a incomodava.

Um sentimento intenso de perda tomou conta de mim. Mas logo João cutucou meu braço e o sentimento desapareceu.

− Pare de babar, Thomas – declarou meu amigo, rindo com vontade.

− Não se apaixone por uma stripper – repeti sem tirar os olhos de Lúcia.

− Faça o favor, cara. Para não se foder.

− Tem certeza que disso?

− Tenho.

− Por quê? – perguntei, sem tirar os olhos dela.

− Porque a gente sempre se esquece e acaba se fodendo de qualquer jeito.

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Assim que a música parou, Lúcia me surpreendeu vindo ao nosso encontro. Ela desceu as escadas com passos firmes, desviando o corpo de um ou outro cliente da boate.

− Thomas! – ela parou na minha frente, e eu quase me convenci de que imaginava coisas, até a luz branca me mostrar que realmente, Lúcia se postou diante de mim com seu lindo corpo cheio de curvas, seus cabelos pretos caídos em cascatas sobre o ombro e seu olhar expressivo atrás da máscara brilhosa.

− Thomas, fala comigo.

Eu bebi mais um gole do meu uísque sem tirar os olhos dos dela. Parecia assustada. Aguardava que eu fosse falar.

− O que você quer, Lúcia? – perguntei. Meu coração estava acelerado por causa da presença dela tão próxima a mim e por saber que João descobriria tudo sobre nós. Aliás, ele nem piscava ao olhar para mim e para Lúcia.

− Eu... – ela parecia não saber o que dizer. − O que está fazendo aqui?

− Bebendo meu uísque com meu melhor amigo. Por que? Não posso? – Dei mais um gole em minha bebida, com uma corrente elétrica passando pelo meu corpo todo.

− Desculpa, tá? – ela disse baixinho. Tirou a máscara, sentou-se na cadeira de frente a mim e olhou nos meus olhos sem piscar. João ficou com a boca aberta e eu sabia que sua surpresa seria inevitável, afinal, ele acabou de descobrir que ela era a irmã de Olívia. Mas, Lúcia não se abalou com a presença dele ali e estendeu a mão para pegar a minha. Eu me afastei. Ela ignorou minha reação.

− Desculpa? – minha voz saiu como se eu tivesse rindo. – Você me traiu com aquele crápula e é isso que me pede? Desculpa?

− Sim, desculpa.

− Vá para o inferno, Lúcia – ameacei levantar da mesa, mas ela agarrou meu braço e me puxou. Minha raiva aumentou. Levantei a mão e dei um tapa forte na mesa. Fiquei tão surpreso diante da minha violência quanto ela e João, e senti vontade de pedir desculpas aos dois, mas a dor que me causou foi muito mais forte que esse tapa na mesa.

Ela levou a mão ao rosto e começou a chorar. Olhou para mim e seu olhar era uma mistura de medo e confusão.

− Eu beijei o Yuri para me livrar dos tapas dele. Essa é uma tática que uso desde que entrei aqui. Quando ele está muito nervoso, eu parto para o carinho. Desculpe, Thomas te contar assim, mas é o jeito que achei de rebater a violência dele. É minha arma. Eu odeio o Yuri.

− Não acredito que você se sujeita a isso! Por que não me contou antes?

− Porque eu sei o quanto isso te machuca. Mas, é a única maneira que tenho de me livrar dos tapas dele. Aliás, ele deve estar me procurando e não sei como ainda não me achou aqui. Preciso ir.

Ela ameaçou levantar da cadeira, mas agora quem a impediu fui eu. Empurrou sua cadeira para bem próximo da minha e sabia que estávamos perigosamente perto um do outro. Eu não me mexi e muito menos tirei os olhos dos seus.

− Me beija, Thomas.

Seus lábios tocaram os meus, e sua língua tentou entrar na minha boca, mas eu não deixei.

Ela se afastou um pouco, deixando seu rosto a centímetros do meu. Eu podia sentir o seu hálito quente em meu rosto. Tive que usar de todo meu autocontrole para não me entregar de vez àquela boca gostosa.

− Me perdoa – ela sussurrou, fazendo tudo dentro de mim se despedaçar.

Rapidamente, Lúcia se levantou e saiu.

Olhei para João, que sorria para mim.

− Que porra foi essa, cara? – ele praticamente gritou.

− Advinha quem acabou de se foder?


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