Jimin acordou com uma dor de cabeça desgraçada após passar a noite chorando. Seus olhos estavam inchados e vermelhos como nunca. Lembrou do que a senhora estilista disse e um nó se formou na garganta novamente.

Pegou seu celular e viu que haviam dezenas de mensagens dos meninos. Nenhuma da sua mãe. Não estava surpreso então apenas largou o celular na cabeceira, suspirando e levantando.

Era cinco da manhã, ele estava disposto a mudar toda a sua vida para se sentir o suficiente e pronto para aquele desfile. Levantou a camisa, observando sua barriga por uns cinco minutos no espelho, apertando a cintura como se isso fosse fazê-la diminuir.

Sentiu sua barriga roncando mas ignorou, não poderia se dar ao luxo de comer uma banana se quer. Não conseguia acreditar que uma simples banana tinha 89 calorias. Um absurdo.

Decide malhar um pouco então coloca uma roupa mais confortável pois havia dormido de jeans. Ele estava no seu apartamento então desceu para a academia que havia no primeiro andar.

Lembrou do quanto Jungkook gostava de malhar, o que me o raiva. Raiva por pensar que ele havia um corpo tão perfeito perto do seu. Jimin o amaria de qualquer jeito, mas como poderia garantir o mesmo dele?

Após algumas duas horas correndo na esteira, ele senta no chão e se encara no espelho. Os cabelos estavam pingando de suor e as bochechas estavam tal qual a maçã da branca de neve.

Ele levantou e, quando chegou no quarto, ouvi o celular tocando. Era Jungkook. Doeu fazer aquilo mas ele apenas ignorou. Ele precisava se concentrar na dieta de uma maneira ou outra.

Deitou-se na banheira quentinha e começou a pensar no desfile, em como seria estar na tv, ao vivo com aquelas roupas luxuosas. Pensou no quanto ele tinha que estar perfeito, custe o que custar.

Jimin se abaixa um pouco e deixa a cabeça debaixo d'água por uns trinta segundos. Ele não ia se afogar, só queria se punir de alguma forma.

Quando saiu do banho, estava com um roupão branco e os cabelos bagunçados. Ouviu a campainha tocar às sete e meia da manhã. Estranhou mas foi atender.

Quando abriu a porta, deu de cara com ele.

- Jimin! - ele o abraça. - Eu estava preocupado... está tudo bem? - encarando, ele pergunta. Park deveria estar com uma cara de bunda pois não queria pensar na existência do Jeon agora.

- Entra. - deu espaço para que ele passasse pela porta. - O que aconteceu?

- O que aconteceu, Jimin?! - ele pareceu irritado com a pergunta. - O que aconteceu foi que eu e os meninos lhe mandamos milhões de mensagens, te liguei e você nem a merda nos mandou! Será que você pode, por favor, me falar o que está acontecendo?

- Olha Jungkook, não acho que eu te deva explicações. - ele franziu o cenho. - Eu estou bem, não está vendo? - pareceu maldição mas, assim que terminou de falar que estava bem, sentiu a pressão cair e a visão ficou toda escura. Sentiu os braços fortes de Jeon o segurando e o guiando até o sofá.

- Sim, estou vendo. - sem conseguir enxerga-lo apenas fechou seus olhos. Alguns minutos depois, quando a pressão subiu e minha visão clareou, ele pergunta: - Quantas horas faz desde a sua última refeição?

Jimin não soube explicar como mas aquela pergunta lhe irritou de uma forma que nem ele entendeu. Ele achava que o mais velho era o que, um bebê? Ele sabia o que estava fazendo e era justamente por isso que não queria vê-lo, iria atrapalhar todo o seu plano.

Ele levantou raivoso e abriu a porta para Jeon sair.

- Vai embora.

- O que? - ele franziu o cenho pela segunda vez naquela manhã.

- Isso mesmo que você ouviu, CAI FORA! - gritou e apenas encarou o chão para não ter que ver sua cara que, apesar de não enxergar, sabia que estava triste.

Ouviu a porta se fechar e se arrastou pela madeira branca até alcançar o chão. Seu choro aumenta e ele só conseguia pensar o quanto se odiava cada vez mais por tratar Jeon daquela maneira.

Ele não sabia se deveria se sentir aliviado por ele ter ido embora ou triste por não ter insistido em ficar. Ainda chorando, foi para a cama e pegou o celular. Foi ler as mensagens dos meninos.

Teteco: Hyung, onde você está? Estamos todos preocupados! Por favor, me liga assim que ver essa mensagem. Te amo infinitamente.

Namu: Garoto, a próxima vez que você sumir assim eu vou te dar um murro.

Ele riu pois tinha certeza que quem havia escrito aquilo era Jin. Pretendia ler todas mas, quando cheguei nas dele, os olhos se encheram de lágrimas novamente.

Jeonzito: Jimin, desde que saiu já estou sentindo a sua falta! Por favor, me liga quando der

Jimin?

Bebê, está tudo bem?

Por que não responde as mensagens dos meninos?

Estou ficando preocupado

LIGAÇÃO PERDIDA

Estou indo aí.

Alguns dias depois...

Fazia duas semanas que não ouvia falar de Jungkook. Nem mensagem, nem ligação. Os outros meninos continuaram tentando entrar em contato, mas ele deveria estar magoado e Park não iria mentir, também estava.

Havia acabado de chegar em Nova York para os ensaios do desfile já que faltavam apenas oito dias para o evento acontecer. Ele estava muito nervoso em não atingir as expectativas da estilista.

Nessas duas semanas ele sobreviveu de mamão, água e chiclete sem açúcar. Alguns quilos esperava ter perdido, pelo menos. Sem contar que eu se apaixonou pela academia, indo todos os dias e ficando pelo menos duas horas lá.

Foi recebido pelo recepcionista daquele mesmo prédio que havia ido alguns dias atrás para ver a senhora estilista. Subiu de elevador até o último andar e bateu na porta da mulher.

- Entra.

- Bom dia, Senhora. - entrei na sala.

- Bom dia, Jimin. - ela o olha da cabeça aos pés. - Hum, parece ter perdido alguns quilos. Sobe. - ela diz se referindo a balança que havia do seu lado. Quando subiu, preferiu ficar encarando a parede. Ouviu-a batendo palmas. - Você perdeu seis quilos em duas semanas, Jimin. Impressionante mas... ainda não é o suficiente.

Uma parte dele sabia, mas a outra estava decepcionada. Ficou com a cabeça nas nuvens até o momento de sair daquela sala. Ele estava com raiva. Não dela, mas de si mesmo por ter emagrecido tão pouco.

Pegou o carro sem olhar para trás e foi direto para uma loja de conveniência comprar milhões de salgadinhos e bolachas recheadas. Parou no estacionamento e começou a colocar tudo na boca ao mesmo tempo, desesperadamente como se a comida fosse acabar.

E, em um piscar de olhos, acabou.

Ele fez isso algumas vezes nessas duas semanas. Sabia que se tratava de compulsão alimentar. É algo que acontece quando o indivíduo está com raiva e come descontroladamente, descontando sua raiva na comida.

E depois vomitava tudo.

Foi isso que fez umas três vezes depois de jurar na casa dos Kim que aquela era a única vez. Ele perdeu o controle daquilo.

Então ele vomitou. Vomitou tudo num matinho que havia no estacionamento, ao lado do seu carro. Vomitou até não sair nada além de saliva. Os dedos e boca estavam sujos, os olhos encharcados.

Seguiu até o carro e dirigiu até o hotel em que estava ficando em Nova York. Quando desceu, as pessoas o olhavam preocupadas com seu choro. Ele apenas ignorou e foi direto para o quarto.

Nessas horas, ele sentia muita falta do Jeon. Era em momentos como esse que queria ligar, mandar uma mensagem, sinal de fumaça, pombo correio, qualquer coisa. Mas achava que ele não ia responder.

Mal sabia eu que ele encarava o celular todos os dias esperando por uma mensagem.

Estava distraído quando o celular tocou. Era uma ajudante que iria lhe guiar durante o desfile. Ela pediu para ele ir até o local onde aconteceria o evento com uma roupa confortável e preparado pois iria treinar até o amanhecer.

Trocou de roupa após tomar um banho rápido e foi para lá. Haviam corredores enormes, acabou se perdendo por uns cinco minutos até achá-la.

- Olá, Daisy. Prazer, sou Park Jimin. - a cumprimentou devidamente.

- Boa tarde senhor Park! Me siga, por favor. Irei te levar até a passarela para treinar seu andar e equilíbrio.

Ela o levou até um local cheio de cadeiras transparentes com um palco. Haviam cortinas azul bebê e alguns lustres pratas no teto. Colocaram uma bota com salto no seu pé e o mandaram atravessar a passarela.

E então ele atravessou. Sem cair, sem tropeçar, muito menos falhar. Ele havia ido perfeitamente como deveria. Sem saber que ela estava lá, a estilista o encarou quanto desceu do palco e o chamou.

Ela lhe disse que estava impressionada com o profissionalismo e que ele estava quase cem por cento pronto pra desfilar. Alguns quilos a menos e seria o mais novo modelo da marca.

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Chegou o dia. Park Jimin estava com cinco quilos a menos desde a última vez que viu Donatella. Ela o ligou super feliz dizendo que sua mãe estava orgulhosa dele por ter conseguido. Ele ficou confuso, então perguntou quando havia sido aceito.

"Eu vi suas fotos na internet, seu corpo está perfeito. Continue assim e você irá longe."

Aquilo o deixou mais confuso ainda então foi pesquisar seu nome no Google. Algumas fotos estavam nos trend topics do Twitter. Muitas pessoas lhe elogiando, dizendo que parecia um anjo.

Aquilo encheu seu coração de felicidade e agradeceu a senhora estilista pela oportunidade. Agora cá estava sendo maquiado para o desfile. Faltam duas horas para começar e ser apresentado para o mundo todo, ao vivo.

Mensagens e mais mensagens dos meninos entravam no seu celular. Jimin apenas ignorava. Estava ansioso demais e haviam quase quatro semanas que não falava com nenhum deles, não faria diferença esperar mais um pouco.

Seu estômago doía, ele não sabia se era fome ou ansiedade. O cabelo estava louro novamente, o rosto estava seco e as coxas grossas foram embora.

Ele iria desfilar sozinho e, por último, iria guiar a fila de todos os modelos da noite. Estava com uma calça elástica lilás, assim como seu casaco. A blusa branca tinha um furo no meio e o salto combinava com a roupa. Sua maquiagem era simples, apenas um preparamento na pele, um rosado nas bochechas e nos lábios.

Seu cabelo estava mais comprido, então fizeram uma colinha em cima, deixando um pouco de cabelo loiro na nuca. Suas mãos estavam tremendo e suando, mas se sentia melhor do que nunca. Se sentia preparado, poderoso.

Quando a maquiagem terminou, faltavam apenas trinta minutos para começar. Park seria o último.

Ele mal podia esperar para pisar naquele palco.

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