megan. (coloquem Uncover - Zara Larsson)

A porta de vidro de sua sacada foi aberta, e de lá saiu Blake Gray. Ele tinha olheiras porém não tão profundas, e um rosto sonolento. 

O garoto pôs suas mãos dentro de sua calça de moletom e suspirou, encarando seus pés. Engulo á seco vendo minhas mãos suarem e coloco uma mecha de cabelo para trás, apertando o violão mais ainda contra meu peito.

— Eu sei que você disse que nenhuma música o faria menos arrependido. — começo, sentindo minha voz falhar. — E eu entendo. Eu te entendo, eu menti pra você e peço desculpas.

Blake não movia nenhum músculo, nem ao menos me encarava.

— E essa música não é para tirar seu arrependimento. — continuo. — É para mostrar que, merda, eu te amo.

Finalmente o loiro levantou seu rosto, me fitando com aqueles olhos que antes eram claros, agora estavam escuros. Ele continua sem dizer nada e ajeito o instrumento em meus braços, começando a dedilhar as cordas.

— Nobody sees, nobody knows. — começo a cantarolar. — We are a secret can't be exposed. That's how it is, that's how it goes, far from the others, close to each other...

❞— Agora sou um bad boy. — ele faz uma pose, me mandando uma piscadela.

— Não você não é. — gargalho. — Você está mais para Cinderela.

Gray me olha indignado e prende o riso.

— Eu te odeio, bad girl.

— Não minta pra mim, Cindy.❞

— In the daylight, in the daylight, when the sun is shining. On the late night, on the late night, when the moon is blinding.— fecho meus olhos. —In the plain sight, plain sight, like stars in hiding. You and I burn on, on.

  ❞ — Por que você é tão...assim. — ele diz, sem tirar os olhos do caderno. — Sei lá, rebelde. Toda pessoa assim sempre rem um motivo, e você nunca me conta o seu.

Me aproximo de seu ouvido e sussurro:

— Pra ser sua bad girl.❞

— Put two and to-gether, for-ever will never change. Two and to-gether will never change... — começo o refrão. — Nobody sees, nobody knows. We are a secret, can't be exposed. That's how it is, that's how it goes, far from the others, close to each other. That's when we uncover, cover, cover...

  ❞— V-você não pode ficar com o Hunter.

— Por que? — pergunto rindo.

— Ele é idiota, sei lá, não beija ele.

— Blake, você me cansa. — dou de costas ainda soltando alguns risos.

Ele segura no meu braço, e me puxa pra si.❞ 

— My asylum, my asylum is in your arms, when the world gives heavy burdens, I can bear a thousand times. On your shoulder, on your shoulder, I can reach an endless sky, feels like paradise.

❞Cindy dá de ombros e põe suas mãos na minha cintura. Começo a rir nervosa e automaticamente minhas mãos vão para seu ombro.

— O que você tá fazendo, seu idiota. — sussurro e ele sorri.

Ele começa a dançar comigo ao som da música e começo a balançar a cabeça negativamente.

— Eu não sei dançar. — admito.

— Eu também não. ❞

 
— Put two and to-gether, for-ever will never change. Two and to-gether will never change... — o refrão chega, novamente. — Nobody sees, nobody knows. We are a secret, can't be exposed. That's how it is, that's how it goes, far from the others, close to each other. That's when we uncover, cover, cover...

❞ Blake se encontrava por cima de mim, apoiando o peso de seu corpo com suas duas mãos no chão.

— Oops. — ele murmura.

Nossa respiração estava descompassada por causa da correria e nossos narizes se encostavam.

— Megan, eu...

— Cala a porra da boca e me beija logo!❞

— We could build a universe right here, all the world could disappear, wouldn't notice, wouldn't care. We could build a universe right here, all the world could disappear, I just need you here.

❞— Lucky I'm in love with my best friend. — tento me acalmar cantarolando.

— Você tá cantando Lucky? Sua voz é linda.

Olho para a pessoa que disse isso e vejo o garoto comendo um pacote de fini. Vou até o mesmo e pego o pacote, enfiando todas os doces na minha boca.

— Ahn, ok. — ele fala confuso. — Por que você está chorando? E tremendo?

Tudo o que fazia era comer as finis enquanto desabava em lágrimas.

— Lucky to have been where I have been. — ele canta a outra parte. — Minha voz é horrível. Ah, eu sou Blake❞

— Nobody sees, nobody knows.We are a secret, can't be exposed. That's how it is, that's how it goes, far from the others, close to each other. That's when we uncover, cover, cover.

Termino a música um pouco ofegante, e coloco meu violão na grama molhada do quintal de Blake. Subo meu olhar para a sacada e percebo que não havia ninguém lá. Ele tinha saído.

Sinto meus olhos arderem e passo a mão pelo meu rosto, tentando tirar todos os pensamentos de que eu nunca conseguiria ele de volta da minha cabeça. Grunho com raiva e quando fui pegar meu violão para voltar pra casa, sinto dois braços me envolverem como um abraço.

Meu coração desacelera aos pouco voltando ao normal e abro um sorriso nervoso e aliviado.

 — Eu te amo, Cinderela. — digo me virando pra ele. — Não vai ter mais mentiras, eu prometo.

— Eu também te amo, Úrsula.