Never Forget You

Mais três meses de terapia se passam e o meu progresso ainda era lento, a terapeuta utilizava vídeos da minha infância e fotos minhas com meus parentes para estimular minha memória. Algumas memórias se desenrolavam, como algumas performances solo e em grupo em programas de TV, algumas viagens, alguns jogos de Hóquei, momentos com parentes, etc. Nada era muito concreto, às vezes elas vinham quando eu estava dormindo em forma de sonho, às vezes elas chegavam do nada e às vezes eu tinha que me esforçar para lembrar a partir dos vídeos.

Nos últimos dias, Rafael estava sendo bem presente para mim, nós saíamos, conversávamos e jogávamos videogame, segundo ele não éramos próximos e quase não nos vimos antes então acho que não me lembraria dele. As memórias mais marcantes eram mais suscetíveis de retornarem. Rafael até tinha conseguido um emprego em um estúdio em Edmonton para mim, eu dava aula para crianças e estava gostando daquilo, um novo começo.

– Você viu que a Ariana Grande lançou um novo álbum? – Layla, uma garota de cabelos loiros e cacheados e de olhos claros que trabalhava no mesmo estúdio que eu, pergunta depois de terminarmos nossas aulas e olho para ela desanimado

– Eu nem sei quem é Ariana Grande – falo sério para ela, mas depois rio para não deixá-la desconfortável.

– Foi mal... Enfim ela é uma cantora de pop, está bem em alta no momento – Layla diz enquanto acessa o álbum da tal cantora no Spotify – Vou colocar algumas músicas para você ouvir.

Então as músicas começam a tocar nas caixas de som da sala em que estávamos. Em geral, as músicas eram legais, o álbum se chamava Sweetener e ela tinha me mostrado as músicas No tears left to cry, R.E.M, God is a Woman. Dançávamos enquanto The light is coming tocava e como estava no aleatório, quando esta acaba, outra começa.

Me sento novamente e escuto a música distraidamente, mas quando o refrão dessa chega, me parecia que eu já tinha ouvido. Então minha expressão muda enquanto me concentro na música.

Oh, why'd you have to be so cute?
It's impossible to ignore you, ah
Why must you make me laugh so much?
It's bad enough we get along so well
Just say goodnight and go
Oh, oh, oh

(Oh, por que você tem que ser tão fofo?
É impossível ignorar você, ah
Por que você tem que me fazer rir tanto?
É ruim o suficiente nos darmos tão bem
Apenas diga boa noite e vá
Oh, oh, oh)

Então a imagem de um garoto nu sentado em uma poltrona tocando um violão surge em minha cabeça. Ele sorria e me olhava enquanto tocava. Não me lembrava quem ele era, mas eu sabia que devia descobrir.

Desde a perda de minha memória, eu sentia uma sensação de perda muito maior que só a da memória, é como se alguém bem mais importante tivesse sumido e aquilo me torturava, mas devido a imagem do garoto, meu coração batia mais forte e essa sensação de perda começava a fazer sentido.

Quando a música acaba, eu abro os olhos e olho para Layla, ela me olha confusa e depois ri.

– Acho que você gostou dessa, hein?

– Como é o nome? – digo me levantando e olhando sério para a garota, me sentia impaciente.

– Goodnight n Go, não gosto muito, mas é boa – ela fala.

– Eu tenho que ir – pego minhas coisas rapidamente e saio do estúdio, deixando a garota perplexa.

O estúdio ficava a 20 minutos de casa então durante esse tempo de caminhada, eu coloco a música no Spotify e escuto em looping. Eu me sentia ansioso e só pensava no garoto.

Chego em casa e largo minha mochila no sofá. Entro na cozinha e minha mãe estava fazendo o jantar, sento em um banquinho no balcão.

– Mãe – ela se vira para me escutar – Tem alguma que você não está me contando? Eu tinha alguém, não é? Tipo eu amava alguém... Eu me lembro de um garoto, eu lembro dele tocando violão sentado em minha poltrona, quem era ele? – digo sério para ela.

–  Como assim, filho? – minha mãe tinha uma expressão confusa – tem certeza que não foi apenas um sonho e...

– Não, mãe – interrompo ela – a doutora disse que quando as memórias chegassem eu saberia que seriam memórias e que não confundiria com sonhos porque elas são mais concretas que os sonhos e já tinham espaço em meu cérebro, por favor, me diga...

– Filho, eu não sei a quem você está se referindo – então eu me levanto e deixo ela ali.

Pego minha mochila e subo para o meu quarto. Abro meu notebook e pesquiso Goodnight n go. Tenho a ficha de dados da música, compositores e produtores. Começo a pesquisar o nome de cada um dos produtores, não me lembrava de nenhum rosto entre eles. Só havia um compositor, Noah Urrea, quando clico em seu nome uma tela se abre, mas dá erro, tento mais algumas vezes, pelo celular também, mas só dá erro, busco seu nome no Google e nada, só erro.

Saio de casa e atravesso a rua para a casa de Rafael. Bato na porta e sem muita demora ele abre e sorri, sorrio de volta.

– Foi para o estúdio hoje? – ele me pergunta quando eu me jogo em seu sofá.

– Fui sim – sorrio e ligo seu videogame – Vamos jogar – digo batendo no sofá para ele se sentar ao meu lado.

– Tá bom – ele dá de ombros e se senta.

Jogo a primeira partida e perco. Rafael me zoa e começa a jogar. Olho para o celular de Rafael que estava ao seu lado.

– Posso pesquisar um negócio no seu celular? – pergunto.

– Claro – ele pega digita a senha me entrega.

Pesquiso Noah Urrea no telefone de Rafael e sinto um baque quando a imagem do garoto aparece, meu coração acelera e eu fico tenso enquanto olho suas fotos. Procuro por nossos nomes juntos, mas sem resultados.

Na wikipédia havia informações como, sua idade, sua data de nascimento (que coincidia com a minha), redes sociais, aonde morava, que era cantor, compositor e dançarino, que era parte de um grupo chamado Now United...

O logo do grupo era o mesmo que estava estampado em um boné que eu tinha achado em uma caixa em meu quarto.

A informação dizia que era um grupo formado por 13 jovens de nacionalidades diferentes. Pesquiso mais sobre o grupo, mas a única coisa que acho de importante são fotos dos 13 juntos e elas me davam a sensação de que eu já conhecia aqueles jovens.

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Peço que me sigam, eu tenho algumas questões sobre a história e gostaria de perguntar coisas em forma de aviso.

Tá confuso, né minha filha? Mas vai fazer sentido em algum momento.


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