Faded

A luz penetram meus olhos e quase me cega, era como se eu fosse um bebê e nascesse novamente. Meus olhos começam a se adaptar ao local e sinto meus batimentos cardíacos acelerarem. Olho para a porta e vejo três figuras correndo em minha direção.

– Filho – uma mulher fala e me abraça bem apertado.

Se ela me chamou de filho então eu devia ser filho dela, mas eu não a reconhecia ou me lembrava dela.

– Mãe? – falo confuso quando ela me libera do abraço.

– Sim, sou eu – ela sorri.

– Acho que eu não me lembro de você, por que? – falo um pouco assustado e ela segura minha mão.

– Vou chamar o doutor – a outra mulher presente sai, provavelmente era a enfermeira.

– Escuta filho, o doutor falou que talvez você não se lembrasse de tudo o que aconteceu antes do acidente – o homem fala pela primeira, meu pai.

Fixo o olhar no rosto dos dois tentando extrair alguma memória, mas é como se houvesse um vácuo na minha cabeça, nada vinha.

Um outro homem entra no quarto.

– Como vai nosso lutador? – era o médico – Sou o Dr. Connor, fico muito feliz por finalmente ter acordado, Josh.

– Josh – repito baixo, então esse era meu nome.

– Como se sente? – Dr. Connor pergunta.

– Perdido – ao levar a mão a cabeça, percebo que há uma faixa em volta dela – O que aconteceu?

– Você levou um tiro, por pouco sobreviveu, porém suas memórias foram afetadas, não tem como saber se você vai conseguir lembrar das coisas – o doutor fala calmamente – Faremos exercícios para tentar recuperá-la.

As lágrimas escorrem pelo meu rosto. Pessoas haviam sido esquecidas, lembranças, memórias, emoções. Era como nascer novamente, eu não precisaria aprender andar ou falar, mas precisaria aprender a amar e criar laços com as pessoas que já me amavam.

– E por quanto tempo eu fiquei desacordado? – pergunto de cabeça baixa enquanto enxugo as lágrimas.

– 6 meses – meu pai fala e eu respiro fundo – Nós sentimos muito, filho, mas o importante é que você está vivo, você pode criar novas memórias, mas não pode criar uma nova vida.

– Sem minhas memórias quem eu sou? – falo um pouco bravo.

– Você é o nosso filho e vai poder construir uma nova vida – minha mãe sorri fraco.

– Eu posso ficar sozinho por um momento? – olho para meus pais e o médico.

– Querido... – minha mãe começa a falar.

– Por favor – mordo os lábios e antes de saírem, minha acaricia meu rosto.

Eu queria gritar e quebrar qualquer coisa, mas ao invés disso, cerro os punhos e fico olhando para o teto, me esforçando para tentar lembrar de qualquer coisa.

Fico por mais um mês no hospital fazendo terapia, mas não ajuda muito, tenho flashs porém coisas tão rápidas que não consigo identificar. Finalmente, volto para Edmonton com meus pais.

Ao entrar em casa, reparo muito nos retratos nas paredes, lembranças das quais eu não me lembrava. Eu e com algumas pessoas, provavelmente parentes, eu com meus pais, eu na pista de hockey e por aí vai.

Subo para o meu quarto e dou uma volta completa tentando me fixar em qualquer detalhe. Me deito na cama, minha cabeça doía, e fechos os olhos.

Acordo com minha mãe me chamando.

– Querido, vamos comer – ela sorri.

E eu me levanto e desço as escadas. Durante o jantar fico pensando no que perguntar, eu precisava conhecer a mim mesmo.

– O que eu fazia? – pergunto.

– Como assim? – meu pai me olha confuso.

– Eu trabalhava?

– Bom – meu pai encara minha mãe por alguns segundos – Você dava aulas de danças em um estúdio aqui na cidade, fazia algumas conferências e por aí vai, a dança sempre foi a sua paixão – ele sorri para mim.

– Por isso, as fotos minhas no palco.

Será que eu conseguia dançar ainda, ainda continuaria sendo a minha paixão?

– E eu namorava? – pergunto de cabeça baixa.

Minha mãe morde os lábios, se vira para o meu pai, respira fundo e se volta para mim novamente.

– Não, você estava bem empenhado na sua carreira – minha mãe sorri.

– Bom, se você namorava, nunca contou para nós, poderia ser escondido – meu pai ri e eu sorrio fraco.

Termino o jantar, volto para meu quarto, sento em minha escrivaninha e tento pesquisar meu nome no Google, nenhum resultado sobre mim. Não tinha nenhuma rede social instalada no aparelho, era novo, minha mãe tinha dito que eu tinha sido roubado e que eu estava em Los Angeles para um Workshop.

Escuto algumas músicas de uma playlist aleatória do Spotify. Me levanto e tomo um banho, já não precisava mais de curativo, mas tinha uma cicatriz no topo da minha cabeça.

Tento dançar alguma coisa, mas minha cabeça doía muito devido a movimentação, então pesquiso diversas coisas sobre o mundo e depois de 3 horas quando meus olhos começam a coçar, resolvo ir dormir.

No dia seguinte sou acordado pela minha mãe bem cedo. Mais e mais parentes vieram a minha casa para poder me ver e bom, se apresentarem. Pelo menos, as visitas haviam sido boas para eles poderem compartilhar memórias comigo e bom acho que eu tinha sido alguém bem feliz.

Às 20h, a campainha toca e como estava na sala vendo TV, me levanto e vou até ela, a abro e me deparo com um garoto moreno, de olhos escuros, cabelo curto quase raspado e quando ele me vê, sorri.

– Te conheço? – pergunto confuso e desconfiado.

– Bom, a gente costumava se conhecer – ele sorri fraco e sem jeito.

– Oi, Rafael – minha mãe aparece na porta.

– Oi, Úrsula, tudo bem? – ele sorri.

– Tudo sim, entre – minha mãe e eu damos passagem para ele entrar – Josh, esse é o nosso vizinho.

– Bom, acho que prazer, então – sorrio e estendo a mão e ele faz o mesmo.

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Surprise! Não quer dizer que eu tenha voltado a escrever, isso ainda tenho que decidir, mas é bom acabar com a agonia de vocês e deixá-los descobrir o que aconteceu com o nosso Josh.

Espero que gostem, favoritem, compartilhem, comentem. Beijos.



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