Castelo de Vidro - Epílogo
Nota da autora (booh_Rogue): Nem acredito que esse dia chegou. Tenho muito a dizer, mas falarei nas notas finais.
Espero que gostem desse capítulo assim como eu gostei de escrever.
Enjoy :)
A festa estava muito bonita. Meu pai fechou o salão de um hotel para a cerimônia de comemoração de um ano que Victor e eu estamos no comando da DigZone. Não estou muito ansiosa, mas não vou acabar com o entusiasmo de Victor. Ele parece mais animado do que jamais vi.
Todos já estão espalhados pelo grande salão, bebendo e conversando enquanto eu estou aqui, escondida.
"Porque está escondida Georgia?", "Porque ainda não foi para uma festa em sua homenagem?", "Porque você está fazendo perguntas para você mesma?"
A musica tocando é tão chata, as pessoas estão provavelmente falando sobre coisas desinteressante. Eu nunca me imaginei atrás de uma mesa de escritório. Mas a minha sede de provar meu valor me fez esquecer isso.
- Georgia?
Olhei assustada na direção da voz de Victor. Ele me olhava com curiosidade. Alisei o vestido e sorri.
- Esta se escondendo porque motivo? - ele perguntou.
- Não estou.
- Ah, então vou fingir que acredito. Vamos?
Assenti e ele estendeu a mão para mim. Entramos no salão juntos, de mãos dadas. Não era novidade para ninguém que estávamos juntos. Nos sentamos em uma mesa, onde nossos pais conversávamos animadamente.
Melissa e Cristiano estavam logo ao lado, conversando tão perto um do outro, que me perguntou porque não pedem logo um quarto nesse hotel.
Como previ, assuntos desinteressantes. Eu sei que deveria estar feliz, Victor está feliz, meus projetos estão todos em prática e dando muito certo. Saímos em muitas revistas por nossas iniciativas e até abrimos uma ONG para restauração de patrimônios públicos abandonados por todo o país.
O mundo da arquitetura estava polvoroso por tudo o que tínhamos feito ao longo desse ano no comando. O numero de clientes dobrou e a lista de espera para participar de nosso programa de estágio está cada vez maior. Victor e eu estamos em um relacionamento sério, como eu nunca tive antes. Ou seja, está tudo perfeito demais.
Eu vejo isso tudo. Mas porque não me sinto feliz? Porque tenho a impressão de estar me perdendo desse novo eu que me tornei?
A noite foi passando. Madrugada entrando. E lá estava eu, sentada com meus pais, os ouvindo conversando. Muitas pessoas passaram pela gente para parabenizar e alguns até tentavam puxar assunto, mas minha falta de interesse estava tão nítida, que chegou ao ponto de Victor praticamente me arrastar para o jardim.
Acho que vamos brigar um pouco, considerando sua expressão. Ótimo. Quem sabe assim eu não me animo um pouco.
- Qual o seu problema? - ele perguntou, me virando para ele.
- Não estou animada nem para te responder Vic. Podemos ir embora?
- Nós somos os anfitriões Ge, não podemos sair.
- Ah.
- O que esta acontecendo? Você tem andando tão calada ultimamente.
- Não é nada. Será que podemos colocar uma música de verdade e dançar um pouco?
- Porque agora você pede permissão?
- Tem razão. Sou absoluta - falei, virando para ir embora.
Fui até a sala de som e entrei, sem pedir permissão. Os funcionários entediados me olharam.
- Chega dessa musica de velho - falei, cruzando os braços - se eu ouvir mais um minuto dessas musicas vão nascer cabelos brancos em mim.
- Graças a Deus - um deles falou, virando novamente para a o computador.
- Fácil demais. Minha vida não tem mais emoção? - perguntei, mas fui ignorada.
Assim que fechou a porta, a primeira musica boa começou a tocar. Observei o salão ganhar vida. O centro do salão logo se transformou em uma pista de dança. Um globo de luz e luzes coloridas surgiram no teto, e eu me perguntei por que estiveram escondidos durante tantas horas. A luz foi reduzida e finalmente eu me senti mais animada.
Victor estava me olhando do canto e sorriu para mim. Melissa levantou e correu até mim. Ela já chegou me puxando para dançar.
- Nossa, muito obrigada por isso - ela disse, já começando a dançar, não se importando nada com o fato de que éramos apenas duas ali no meio.
- Eu estava ficando com artrose só de ouvir aquilo durante tanto tempo - falei, a acompanhando.
Logo tinham mais pessoas ao nosso redor.
- Posso rouba-la de você? - Cristiano perguntou, puxando Melissa para ele.
- Como se eu tivesse escolha - falei, olhando em volta.
Procurei por Victor, mas ele não tinha vindo participar. Dançar sozinha? Não curto. Mas quanto comecei a me retirar, senti uma mão em minha cintura me puxando de volta. Virei, achando que seria Victor, mas me deparei com um par de olhos castanhos e cabelos de mesma cor. Ele me entregou um copo de mojito. Peguei a bebida, olhando desconfiada.
- Quem é você? - perguntei.
- Seu par nessa dança - ele disse.
- Sabe que estou acompanhada, não é?
- Não estou vendo seu acompanhante. Onde ele está?
- Por ai. Ele não curte dançar.
- Então não pode reclamar de você dançar com outro. Ninguém deveria dançar sozinho.
- Eu não acho que seja assim - falei.
Mas ele ignorou e me puxou mais para perto. De uma coisa eu tenho certeza, esse cara sabe dançar. Dava para perceber isso de cara. Acabei me deixando levar, e bebi o drink quase inteiro em um gole, mas logo fui puxada pelo braço e bati de frente em um peito forte. Olhei para cima e vi que era Victor. Mas ele não me olhava, e sim para o homem que dançava comigo.
- Vic?
- Vamos - ele disse, me puxando para longe de todo mundo.
- Vic? O que foi? - perguntei, indo sem protestar.
Me vi novamente no jardim com Vic. Finalizei a bebida e coloquei o copo na mureta da varanda.
- O que você pensa que estava fazendo? - ele perguntou.
- Dançando.
- Com um estranho?
- O que tem?
- E aceitou uma bebida dele?
- Qual o problema Victor?
- Não é legal você fazer isso. Estamos juntos. Ou você esqueceu isso?
- Claro que não. Mas você não gosta de dançar.
- Então se eu não gosto de algo, você procura um substituto?
- Não. Eu só estava sozinha e ele apareceu. Não tem nada demais.
- Nada demais? Você é minha namorada, não pode dançar com mais ninguém.
- Por isso que nunca tive namorado. Não gosto que me digam o que posso ou não posso fazer.
- Está dizendo que não quer mais namorar comigo?
- O que? Não é isso. Eu só disse..
- Eu ouvi o que você disse. E quer saber?
Ele virou as costas e saiu andando.
- Victor! Espere.
- Não.
Victor! - gritei, correndo atrás dele com dificuldade.
Quando o alcancei, já estávamos dentro do salão. Não sei qual o problema e nem pensei duas vezes, o virei para mim e o beijei, agarrando seu paletó com força, impedindo que ele se afastasse.
Ele tentou lutar a principio, mas logo senti seus braços me envolvendo apertado. Suas mãos estavam em todo lugar, assim como as minhas, que bagunçavam seus cabelos, puxavam seu corpo para perto, apertavam seus braços.
Algumas das pessoas a nossa volta nos zuavam e diziam para irmos para o quarto, mas não dei ouvidos.
Meu corpo chegou a inclinar para trás, de tamanha violência que ele usava. Não estou reclamando. Na verdade queria muito estar em um dos tais quartos que nossos observadores tanto falavam.
Claro que foi Victor que parou o beijo. Ele afastou o rosto e me olhou demoradamente. Suas pupilas estavam dilatadas e sua respiração acelerada.
- Oh Deus - ele disse, antes de fechar os olhos de novo - não me solte.
- Figurativamente ou literalmente? - perguntei, com a voz falhada.
- Os dois.
- Vamos morrer a míngua.
- Ah Georgia. Não corta o clima.
- Porque não vamos lá fora conversar?
- Depois desse beijo? Preciso de um minuto. Será que é pedir muito?
Sorri e argui a sobrancelha. Ele rolou os olhos e me puxou apressado novamente para o jardim. Dessa vez, ficamos na varanda mesmo, já que lá tinha onde sentar.
- O que tem de errado? - ele perguntou.
- Porque você acha que tem algo errado?
- Você não é mais a mesma Ge. Anda desanimada e calada. Nunca foi assim. Você sempre teve energia para uma boa briga, mas ultimamente nem brigar comigo mais você tem feito. E olha que estou te provocando a dias.
- Ah Vic, é melhor deixar para lá.
- Não Georgia. Fale. Sou seu namorado, quero te ajudar em tudo.
Suspirei e assenti.
- Me sinto incompleta - falei.
- Mas você tem feito tanta coisa ultimamente.
- Mas não é a vida que imaginei para mim Vic. Eu amava minha vida antes de tudo acontecer. Estou sentindo falta sabe?
- Não está feliz?
- Estou. Não é isso. Não é contigo. Não é o nosso relacionamento. Não é nada disso. Eu vejo que minha vida é boa, que é tudo o que muitos querem. Tenho um bom emprego, família, amigos, tenho você. Mas..
- Mas você não se sente você mesma.
- Isso. Eu precisei mudar do dia para a noite, precisava provar meu valor. E agora que já fiz isso. Estou sentindo aquela animação com a causa passar. Sinto falta da espontaneidade de ir para um lugar desconhecido. Conhecer pessoas novas, culturas novas.
- Não sei como eu não percebi que isso aconteceria - ele disse, sorrindo sem humor.
- O que você quer dizer?
- Você nasceu para ser livre, e foi confinada em um escritório. Sei que logo você vai surtar. E quando isso acontecer, não quero estar do lado. Não quero que caia sobre o que nós temos.
- O que você está sugerindo?
- Que você vá. Desde que prometa voltar para mim.
- Espera. O que?
- Vá. Viaje. Volte a ser aquela Georgia sem juízo de sempre. Se ainda assim, você quiser voltar para a DigZone, saiba que seu lugar sempre vai estar ali, para você.
- Mas, e você?
- Eu não sou igual a você Ge. Eu gosto de trabalhar em escritório.
- Você não queria que eu dançasse com um estranho, mas está sugerindo que eu vá viajar sem destino para algum lugar desconhecido?
- Não posso te dizer o que fazer Georgia. Quero te ver feliz.
- Isso quer dizer que.. - me interrompi, colocando os pensamentos em ordem - que você está terminando comigo?
- Só se você quiser. Mas saiba que mesmo contigo longe, ainda serei seu. Sempre serei seu, quando você me quiser. Quando você estiver pronta para mim. Estarei sempre te esperando, como faço desde sempre.
- Victor - falei, com lágrimas os olhos.
O puxei para meus braços, o abraçando com força. Ele me puxou para seu colo, acariciando meus cabelos enquanto eu arruinava minha maquiagem.
- Porque não vamos para casa e fazemos sua mala? - ele disse, ainda me abraçando.
- Tudo bem.
Levantei devagar e me deixei ser levada de carro até em casa. Fomos direto para o meu quarto. Estávamos sozinhos em casa. Victor sorriu para mim e tirou o paletó antes de sentar na minha cama.
- Ainda temos essa noite - falei, pegando sua mão.
Ele levantou e me beijou delicadamente. Envolvi seu pescoço com meus braços. Senti suas mãos em meus cabelos, tirando os poucos grampos que o prendiam daquela forma irregular que eu tanto gostava. Deslizei minhas mãos por seu peito, tirando sua gravata, em seguida sua blusa, enquanto ele abria meu vestido.
Victor me ergueu e me deitou na cama, deitando sobre mim. Me perdi em seus beijos, sentindo seu corpo no meu, sua pele na minha. Logo estávamos perdidos um no outro, ofegantes. Somente nós dois importávamos ali, e não havia nada entre nós. Não havia estresse, não havia preocupações, não havia minhas neuroses, nada. Apenas nós dois.
Victor relaxou o corpo sobre o meu, recuperando o fôlego. Acariciei seus cabelos, suas costas, até adormecermos.
Na manha seguinte, Victor estava lá, dormindo tranquilamente ao meu lado. Pensei em tudo o que ele havia me dito. Em tudo o que tinha aberto mão apenas para me ver feliz. Eu não podia pedir nada melhor para minha vida. Levantei devagar, para não acorda-lo.
- Vai embora? - ele perguntou, me assustando.
- Estava indo tomar um banho - falei.
Ele assentiu e sentou na cama. Me aproximei, sentando sem seu colo e envolvendo seu pescoço. Ele sorriu para mim.
Por mais que eu não goste de admitir, eu tenho o coração dele e ele tem o meu. Totalmente. Por inteiro.
- Eu te amo - sussurrei, incapaz de falar isso alto.
Ele pareceu surpreso e franziu o cenho.
- Não precisa falar nada. Não preciso ouvir. Seria até mais fácil assim. Mas eu preciso que você saiba como eu me sinto, para não pensar que foi tudo em vão.
Ele assentiu, com a expressão neutra. O beijei e levantei. Tomei banho e, enquanto ele tomava o dele, fiz minha pequena mala.
- Já sabe para onde vai? - ele perguntou, atrás de mim, me dando o milésimo susto.
- Ainda não. Mas eu agradeceria se não me assustasse mais assim.
- Desculpe.
- Tudo bem.
- Posso te ajudar a escolher?
- Ficaria decepcionada se não fizesse isso.
Ele sorriu e pegou minha mala. Claro que não falei com meus pais, eu nunca falo. Eles sempre ficam sabendo depois que já estou longe. Seria difícil demais explicar para minha mãe.
Victor me levou para o aeroporto e escolheu a Irlanda, já que sua família é descendente de lá. E lá estava eu, na sala de espera da primeira classe. Victor ao meu lado, acariciando minha mão. Fiz uma mala pequena, para não precisar despachar ela e perder tempo em filas.
- Tem certeza? - perguntei.
- Do que? - ele perguntou, me olhando.
- De que está tudo bem de eu ir.
- Não quero que você fique presa a mim. Quero você comigo por opção. Sem nenhuma sombra de dúvida ou remorso.
- Mas e se eu não voltar?
- Pelo menos saberei que vai estar feliz.
- E você?
- Sou um homem bonito, se você não notou.
- Ah, não tinha percebido que por trás daquelas palavras duras existiam um ser humano.
Ele riu e me beijou. Ouvi meu voo ser chamado e Victor interrompeu o beijo.
- É o seu. Não é?
- Sim.
Ele levantou e pegou minha mala. Levantei, peguei minha bolsa e o segui até a porta de embarque.
- Bom, é aqui que nos separamos - falei, olhando para baixo.
- Ei - ele disse, levantando meu rosto para olhar em seus olhos - eu te amo.
O que senti ali, foi diferente do que qualquer coisa que já senti. Meu corpo ficou gelado. A aeromoça me chamou, pedindo para eu entrar. Victor sorriu e deu um passo para trás, me entregando minha mala. Eu me sentia fora do corpo, me vendo agir em piloto automático.
Ele me deu um ultimo beijo antes de eu entrar. Quando voltei para meu corpo, eu estava sentada em minha poltrona e a aeromoça dizia que as portas estavam fechadas. Ali, senti um estalo, como se o vidro que me separava dos meus sentimentos tivesse sido quebrado.
Já estávamos andando pela pista de pouso, quase decolando.
- Ele me ama - falei, para ninguém.
- Perdão? - a senhora ao meu lado disse.
- Ele me ama - repeti.
- Quem menina?
- Meu namorado. Ele me disse agora.
- E onde ele está?
- Lá fora.
- Não virá contigo?
- Não. Ele abriu mão de mim para que eu fosse feliz em minha vida desajuizada e sem regras.
- E você só percebeu isso agora?
- O que estou fazendo?
- Deixando seu amor para trás.
- Porque?
- Não tenho ideia.
- Eu o amo. Preciso ficar com ele. Eu amo minhas aventuras, mas não quero perde-lo por causa delas. Ele me tornou alguém melhor, sabe?
- Sei. Entendo perfeitamente.
- E se ele encontrar outra? Ele é muito bonito. Não vai demorar para outra se aproveitar da minha ausência e dar a ele tudo o que eu não posso.
- Isso é verdade.
- O que eu estou fazendo?
- Ele abriu mão de você menina. Não faça o mesmo.
- Preciso descer do avião.
- Se quer fazer isso ainda nesse país, precisa ser agora.
Arregalei os olhos e comecei a apertar o botão que chama a aeromoça. Ela veio correndo em minha direção, pedindo para que eu sentasse, mas eu já estava de pé e pegando minha mala no compartimento.
- Senhorita, preciso pedir que se sente e coloque o cinto de segurança.
- Não. Eu preciso descer do avião.
- Creio que não será possível. Por favor, sente-se. O piloto já vai decolar.
- Não me deixe sair. Eu não posso ir.
- O que está acontecendo aqui - outra aeromoça se juntou a nós - senhorita sente-se, por favor.
- Não. Me deixe sair.
- Não podemos fazer isso.
- Mas..
- Ai meu Deus - a senhora ao meu lado gritou, levando a mão ao peito - meu coração. Estou enfartando.
- Senhora, respire - a aeromoça numero um disse - vá avisar ao piloto.
A aeromoça numero dois saiu correndo, enquanto todos a nossa volta murmuravam. Logo o avião estava andando novamente, enquanto a senhora era acalmada pela aeromoça. Eu andava de um lado para o outro, dizendo que queria descer.
Quando olhei pela janela, vi que estávamos aproximando novamente da área de embarque. Meu coração acelerou a ponto de doer no peito.
Minutos depois as portas estavam abrindo e um grupo de médicos, levava a senhora para fora do avião. Ela virou para mim e apontou para a bolsa dela.
- Querida, traga minha bolsa e minha mala, por favor - ela disse.
Assenti e corri para pegar suas coisas. Corri para fora junto com a equipe de médicos. Eu era uma confusão de braços e malas. Eles a levaram em uma cadeira de rodas de volta para o aeroporto pela pista. Eu não sabia se me preocupava com a senhora ou em encontrar Victor.
Quando precisei escolher entre acompanha-la ou correr para onde vim, escolhi acompanha-la. Era o que o Victor faria.
- O que está fazendo? - ela perguntou, quando me viu entrando na sala de emergência.
- A senhora precisa..
- Eu preciso que você vá encontrar seu namorado - ela disse, me puxando pelo pulso para baixo, se forma que só eu ouviria o que ela diria em seguida - eu não forjei um infarto e atrasei o voo de diversas pessoas para você desperdiçar a oportunidade.
- A senhora..
- Sim menina. Agora vá.
- Meu Deus.
- Aqui - ela disse, pegando um cartão em sua bolsa - me ligue.
Peguei o cartão e sorri.
- Vai! - ela gritou.
Assenti e sai correndo. Não acredito em tudo que acabou de acontecer. Eu parecia uma louca, mas logo estava novamente dentro do aeroporto. Não era a mesma área que sai, mas eu conheço tudo aqui. Corri para o segundo andar, onde eu esperava que Victor estivesse. Quando cheguei a sala de espera, mesmo contra a vontade dos seguranças que precisei driblar, Victor estava colado ao vidro, igual a uma ventosa, olhando para a pista de decolagem, onde meu avião não estava mais.
- Vic? - chamei, ofegante.
Ele tomou um susto e olhou apressado na minha direção. Seus olhos estavam marejados, mas como ele esperou eu sair para chorar, fingi que não vi. Corri para seus braços e me joguei neles.
- O que faz aqui? - ele perguntou, me apertando contra si.
- Não vou abrir mão de você - falei, sentindo as lágrimas descerem.
- Graças a Deus - ele sussurrou antes de me beijar.
- Senhores? - o segurança chamou, nos interrompendo.
Victor se afastou, sorrindo e pegou minha mão. Ele abaixou e pegou minha mala. Fomos para o carro.
- Porquê você voltou? - ele perguntou, quando saímos do estacionamento.
- Percebi que não podia te abandonar.
- Porquê?
- Sua vida é muito chata sem mim.
Ele sorriu e negou com a cabeça.
- Você não consegue falar sério nunca?
- Não suporto a ideia de ficar longe de você de novo. E nem adianta me encher de perguntas. Isso é tudo o que vou falar.
- Mas eu vi seu avião ir embora. Como você conseguiu fugir?
- Com uma pequena ajuda de uma senhora.
- Você está sendo muito vaga.
- Eu sei. Te explico mais tarde. Agora eu só quero ficar aqui, te olhando um pouco.
- Tudo bem.
Nosso silêncio durou apenas alguns minutos, mas por iniciativa minha.
- Estava pensando - falei - Por que não vamos à Irlanda?
- Com um pouco de planejamento, porque não?
- Deixe de ser certinho Vic. Eu digo de irmos sem planejamento mesmo. Acordar um dia e partir.
- Mas e o trabalho?
- Vai estar todo lá quando voltarmos, tenho certeza. Você precisa experimentar isso. Só por alguns dias.
- Se você quer ir, porque não aproveitou que já estava no avião?
- Por que eu quero ir com você, seu lerdo.
- Sem insultos, por favor.
- O que me diz? Vamos fazer uma viagem louca sem data de ida e volta?
- Tudo bem.
Debrucei em seu colo, o beijando em vários locais do rosto. Ele me mandava parar, mas estava sorrindo. Beijei seu pescoço, apertando sua coxa. Victor freou o carro com força, me assustando.
- O que foi isso? - perguntei.
- Me distrai. Quase bati no carro da frente.
- Tudo bem. Melhor mesmo eu parar.
- Você é louca.
Ele me levou de volta para casa em silêncio. Nem tinha muito que falar depois disso. Meus pais tinham saído, o que aliviou um mar de perguntas. Entrei no quarto e me joguei na cama.
- O que você estava pensando quando decidiu me beijar enquanto dirijo? - ele perguntou, elevando a voz.
- Não sabia que você era tão sensível.
- Um ano de namoro e você diz isso?
- Já fizemos isso antes, porque está assim tão nervoso?
- Foi diferente. Estávamos com o carro parado. Num estacionamento e.. Isso não vem ao caso.
- Relaxa Vic. Não aconteceu nada. Não vou mais te assediar no carro.
- Também não precisa ser drástica.
- Sabia que você tinha curtido.
Ele sorriu e se jogou ao meu lado na cama. Ficamos ali, olhando para o teto.
Senti a cama se mexer e virei o rosto para olha-lo. Ele estava virado para mim, com a cabeça apoiada na mão.
- O que? - perguntei, sorrindo.
- Estou feliz que você voltou - ele respondeu.
- Eu também.
Victor parecia agoniado. Claramente queria falar alguma coisa, mas não falava.
- Victor?
- Sim?
- Fale logo.
- É que nós. Bom, a gente avançou um passo agora. E ultimamente tenho pensado umas coisas. Eu sei que você não é muito tradicional e nem temos tanto tempo assim de relação. Mas pensei que, não sei, talvez.. Eu já cheguei a ver alguma coisa.
- Fale logo.
- Porque não alugamos um lugar só para nós?
- Morar junto?
- É. Não sei. Acho que seria bom. Já somos adultos e moramos com nossos pais. Dai eu, bom. Eu andei pensando nisso. Mas ai você ia embora. E agora não vai mais. E a gente se ama certo?
Aquele nervosismo dele chegava a ser adorável. Me peguei com um sorriso no rosto. O interrompi com um beijo rolando para cima dele. Segurei suas mãos, enroscando nossos dedos.
- Sim Vic. Eu quero morar com você.
Ele suspirou, parecendo aliviado e me beijou.
Eu senti falta de aventura? Bom, ai está ela. Não podia estar mais ansiosa. Minha aventura vai começar, e ao lado do que ninguém menos do que Victor.
Nota final da autora: Não sei nem dizer o quanto gostei desses personagens. Eu amei cada palavra, cada momento, cada personagem.
America cada comentário e cada quote que fizeram.
Obrigada a todos voces pela companhia. Obrigada pelo incentivo. Obrigada *--*
Espero ver voces em breve.
Bjoos :3
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