Castelo de Pedra - Capítulo 1
Nota da autora (kailandra):
Olá a todos,
Espero que gostem do primeiro capitulo de Castelo de Pedra, me diverti escrevendo.
Boa leitura.
E depois ainda perguntam "Como poderia piorar"?
Status: Sonolenta.
Horário: Mais cedo do que eu gostaria, muito longe do meio dia para meu péssimo humor!
Vestuário: A primeira peça que veio a mão, jeans, camiseta do uniforme horrível que a escola te obriga a usar, tênis preto porque eu morro de preguiça de limpar os brancos.
Cabelo: Preso como sempre.
Local: Indo para o meu inferno pessoal... Ops, quero dizer escola.
Aquela manhã eu caminhei de forma sonolenta e mal humorada para o ponto de ônibus e esperei, quando passou o ônibus que me levaria para um ponto próximo a escola nova, eu entrei e me dirigi para o fundo. Sabia que ficaria lotado, mas queria uma viagem tranquila.
Olhei pelo vidro do ônibus, o dia era cinzento combinando com meu humor. Estava chovendo e não era o dia mais quente do ano e de longe o mais frio. Sabe o problema da chuva? Ela tem o poder de deixar meu cabelo ainda mais alto, agora mesmo eu me concentrei no reflexo do vidro e tentei freneticamente arrumar os fios que estavam para cima.
Após uma batalha incessante contra os fios arrepiados eu finalmente arrumei os cabelos, em contra proposta eu quase perdi o ponto onde deveria descer, eu me levantei assustada e saí empurrando as pessoas enquanto pedia licença, nesse momento você me pergunta "Por que você pediu licença se ia empurrar?" e eu lhe respondo, primeiro: mesmo quando você pede "licença" as pessoas tem o péssimo habito de não se moverem, não colaborarem e segundo: eu não posso dizer "Se manda seu imbecil", seria muito mais grosseiro, porem eu gostaria de falar algo assim.
O motorista ficou impaciente enquanto eu tentava chegar a porta de saída e o cobrador me olhava entediado, quando finalmente desci um pingo gelado caiu na minha nuca e eu estremeci xingando baixinho. Olhei para cima eu estava na mira de uma goteira do telhado do ponto de ônibus. Ótimo! Perfeito! Teria como deixar esse dia mais "feliz"? Pensei com sarcasmo.
Puxei o capuz de minha blusa cobrindo minha cabeça e joguei minha mochila nas costas. A chuva dera espaço para uma garoa chata, eu rumei para a escola, andei olhando ao meu redor, era bem diferente estudar longe do bairro onde eu morava, agora eu estudava próximo ao centro da cidade. As pessoas eram diferentes a maior parte delas não prestava atenção ao seu redor, elas andavam olhando para seus celulares, quanto a mim, minha mãe me deu o celular usado da Sabrine, estava riscado e velho, nem tinha tantos recursos, ele servia como telefone e nada mais, enquanto todos falando de tudo que os novos celulares faziam, eu escondia o meu envergonhada.
Sempre que eu lia os livros do Harry Potter não podia deixar de me identificar com o Rony, mas a diferença entre nós é que a família enorme dele não tinha dinheiro, o meu era que minha mãe era uma pessoa um tanto quanto avarenta.
Parei na frente da escola e suspirei, lá vamos nós para mais um ano letivo, mais um ano Sarah, apenas mais um ano e então você será jogada na roda gigante do mundo corporativo, nesse mundo você poderá se dar bem ou você poderá ter um emprego de merda, ganhar pouco e não ter vida.
Esse ano eu já começava a enfrentar a pressão do "O que fazer?", quando se tem dezessete anos, eles acham que você precisa decidir sua vida em questão de minutos, assim começa a pressão "Qual curso você cursar na faculdade?", "Qual profissão você vai seguir?". Era muito para uma adolescente como eu, eu mal sabia a minha cor preferida, como saberia o que eu queria para o resto da minha vida?
Então vem o "dever": "Você deve escolher um curso na faculdade" eles diziam, "Deve escolher seu futuro". Mas como posso escolher uma coisa que eu não tenho ideia? Eu não sei o que quero fazer, não sei que caminho seguir. Parece que eles passam nossas vidas procrastinando com as informações e no último ano eles te jogam na selva das escolhas com um "se vira" anotado em um bilhete de papel laranja fluorescente, para que você não esqueça que deve fazer a escolha que poderá mudar o resto da sua vida. Olha que responsabilidade jogaram em minhas mãos, aliás acredito que todos da minha idade tinham esse mesmo problema. Mas sabem o que eu acho disso tudo? Eu não sei nem isso, não sei o que pensar sobre isso.
Entrei na escola e fui até as enormes listas fixadas na parede procurar meu nome, mas parei. Existiam pelo menos uns vinte alunos mais altos que eu e meio selvagens procurando. Sarah você é uma garota civilizada, uma dama! Pensei. Eu então estava esperando esvaziar o local para poder olhar, eu coloquei minha mochila para frente e abri para procurar algo onde eu pudesse anotar minha sala, quando eu fui bruscamente empurrada, eu quase caí, quanto a meu material, esse não teve tanta sorte, ele realmente caiu no chão.
- Mas que merda! — eu exclamei brava.
- Opa! Foi mal — disse uma voz masculina eu me abaixei para pegar minhas coisas, porque esse ogro não teve a decência de me ajudar. Quando me levantei eu quase ri histericamente do destino de merda, com quem dei de cara? O gato do supermercado!
Sabe a cena de cinema, que quando um garoto lindo derruba as suas coisas no chão ele abaixa e te ajuda? Então suas mãos se tocam e ocorre aquele momento mágico? Não aconteceu, esse imbecil ficou me olhando com cara de besta e nem sequer cogitou me ajudar.
Eu deveria ter xingado ele, deveria ter arrancado a mochila dele nas suas costas jogado no chão e dançado em cima dela, mas eu não fiz. Eu jamais faria algo assim, mesmo brava eu não faria. Eu olhei feio para esse lindo imbecil e apenas lhe dei as costas tendo convulsões internas de nervosismo. Fechei minha mochila e a segurei firmemente, eu queria sair logo desse lugar.
Empurrei dois garotos para procurar meu nome na lista, anotei os dados mentalmente e saí sem olhar para aquele imbecil. Ele não merecia minha atenção, aliás ele não merecia se quer que eu ficasse nervosa perto dele, mas isso estava fora de cogitação ele era bonito demais para eu ignorar.
Entrei na sala de aula e rumei para o fundo da sala, primeira atitude ousada, eu agora faria parte da "turma do fundão", eu estava me sentindo rebelde. Me encolhi em minha cadeira rezando para que ninguém percebesse que eu estava ali, abri um caderno e comecei a desenhar alguma coisa, eu gostava de desenhar garotas em estilo mangá, porque eu podia criar roupas fantásticas, loucas e não precisavam ser algo que eu usaria.
- Ei foi mal eu ter esbarrado em você — disse uma voz masculina, eu virei minha cabeça na direção da voz, e senti minha bochecha esquentar, eu não sabia o que dizer, ele era um otário sem dúvida, mas era um belo otário.
Eu travei o que eu diria? Optei por não dizer nada, parecia que eu não conseguiria falar, então eu fechei o cenho e acenei com a cabeça, não estava em minha zona de conforto. Assim eu voltei ao meu desenho.
- Legal, você curte desenhos? — ele perguntou parecendo interessado e sentando-se ao meu lado esquerdo. AIMEUDEUS ele sentou do meu lado? AIMEUDEUS!
- Gosto — eu respondi meio rouca, pronto! Estava feito agora ele me consideraria maluca, infantil, boba e todas essas coisas que os garotos normalmente pensam.
- Legal! Eu gosto desse tipo de desenho, aliás quais desenhos você gosta? — ele me perguntou interessado e eu fiquei chocada.
- Gosto dos clássicos, existe uma lista realmente grande dos que gosto — eu respondi ainda chocada, me mandaram para uma dimensão de pessoas bonitas e certas? Gostei!
- Oi Dani — ronronou uma loura de olhos claros, ela falava obviamente com ele. Ele virou-se para ela e sorriu, claro que ele iria sorrir, quem não iria sorrir? Loura, olhos claros, cabelos bonitos, pele bonita, magérrima como uma modelo. Ela começou a falar com ele, ele por sua vez esqueceu que estava falando comigo. Me encolhi de novo em meu canto e voltei a desenhar, eu não deveria me importar, quero dizer ela era obviamente mais bonita e mais atirada, que garoto a deixaria para conversar com uma desconhecida sem graça como eu?
- Nossa de qual animê é esse personagem? — perguntou um garoto muito alto que sentou-se na minha frente e virou-se na cadeira para olhar para mim impressionado.
- Nenhum em especial, gosto de criar novos personagens com roupas diferentes, cabelos essas coisas — eu disse evitando olhar para o lado, era fácil falar com esse rapaz, ele não era bonito e não me intimidava, ele tinha cabelos escuros, usava um boné vermelho, seus olhos eram escuros também, sua pele era bem clara, seu tipo físico era bem magro e seu rosto tinha sérios problemas com acne. Aliás acne era uma coisa que por sorte eu tinha pouca, sorte porque se eu tivesse problemas com acne eu estava completa e totalmente ferrada, jamais minha mãe iria liberar verba para um tratamento, pelo contrário ela viria com alguma receita caseira medonha, tipo um boato que escutei ela comentar com uma vizinha "Se passar maionese no rosto com bicarbonato e chá verde, limpa a pele que é uma beleza". Não obrigada.
- Você é nova não é? — perguntou ele e eu escutei a loura rir histericamente.
- Sim, eu mudei de escola este ano — eu disse.
- Prazer eu me chamo Fernando — ele disse estendendo sua mão enorme para mim e eu sorri, era bom ter com quem conversar logo no primeiro dia.
- Eu sou Sarah — eu disse sentindo-me um pouco menos desconfortável.
- Esse banana do nosso lado é o Daniel — ele disse indicando o meu sapo, porque para príncipe ela estava muito longe — Dani cadê o Rick? — perguntou Fernando para Daniel que deu de ombros — Bom parece que aquele vagabundo não virá hoje — disse Fernando mais para ele mesmo do que para mim.
Então Fernando me bombardeou com todo tipo de pergunta, ele perguntou se eu gostava de vídeo games, que tipo de desenhos que eu gostava, as músicas que eu gostava, ele me fez um interrogatório completo e para a minha sorte ele gostava de quase as mesmas coisas que eu, eu me vi rindo baixinho das bobagens que ele dizia enquanto o professor escrevia na lousa.
Era aula de história e era incrível que por mais sangrenta que a guerra parecesse, aquele professor tinha o dom de torna-la monótona e desinteressante. Mas Fernando me alertou que ele avaliava pelo caderno, organização e etc. Eu estava completamente ferrada nessa matéria, minha letra era medonha, eu poderia ser médica sem problemas, porque a letra horrível dos médicos eu já possuía.
A aula foi bem desinteressante, mas eu tomei nota quase até da quantidade de bocejos do professor. Era hora do intervalo e eu me senti apreensiva, eu não tinha para onde ir, ou com quem ficar.
- Ei Sarah, chega aí — disse Fernando me convidando para ficar com ele e seu amigo bonitão, eu sorri e corri para alcançar seu pequeno grupo.
- Obrigada, estou meio deslocada ainda — eu comentei e escutei Daniel rir.
- Ei nós vamos jogar vídeo game na minha casa depois da aula, quer ir? — perguntou Fernando, eu nunca havia sido convidada para algo assim, fiquei surpresa.
- Eu não sei, quero dizer. Eu acabei de conhecer você eu não sei se... — comecei a dizer é ele me cortou.
- Calma Sarah, não é um encontro nem nada do tipo, o bundão do Daniel estará lá, minha mãe, o trouxa do meu irmão mais novo, então relaxa — disse Fernando rindo. Eu hesitei e Daniel riu.
- Não se preocupe não somos psicopatas nem nada parecido, também não vamos machucar você — disse Daniel e eu me senti uma boba olhando para ele.
- Não fisicamente, mas podemos te estraçalhar no vídeo game — comentou Fernando rindo.
- Parece legal, mas vão jogar o que? — perguntei interessada e Fernando riu, ele era uma pessoa divertida fácil de lidar, eu evitava olhar para o Daniel que agora parecia bem mais interessado em olhar para os lados, provavelmente procura do aquela loira.
- Eu tenho vários jogos, deixo você escolher um — disse Fernando animado.
- Nossa, verdade? Tem algum de matar coisas? — perguntei animada.
- Você é algum tipo de psicopata? — brincou Fernando.
- Não! Claro que não, mas convenhamos que jogo de princesas não é legal — eu disse rolando os olhos.
- Mario é legal — respondeu Fernando pensativo.
- Fato! Mas o legal é a aventura não o fato de que ele sempre salva a princesa, que por sua vez sempre é sequestrada — eu disse.
- Entendida do assunto a garota nova — comentou Daniel e eu corei.
- Vamos lá pra casa e você escolhe um jogo — agitou Fernando.
- Preciso pedir para a minha mãe — eu disse me sentindo infeliz.
- Pede lá rapidão, sei que será legal, terá refrigerante, pão com mortadela e diversão — disse Fernando e eu gargalhei.
- Pão com mortadela Fernando? Sério? — perguntou Daniel e eu ri ainda mais.
- O que? Vai dizer que não gosta de uma mortadela? — perguntou Fernando para Daniel, Daniel deu um sorrisinho malicioso.
- Só se estiver inteira! — brincou Daniel e eu estava passando mal.
- Quer saber? Deixa para lá Sarah, hoje o Dani será meu, vem aqui seu "tesudo" — disse Fernando indo para cima do Daniel, eu parei de rir e os olhei erguendo uma sobrancelha.
- Vocês são gays mesmo? — perguntei a eles chocada, porque antes eu jamais imaginaria, eles não pareciam, os dois me olharam gargalhando.
- Nosso caso é algo que você não entenderia — respondeu Daniel rindo.
- Se foder Daniel, ela vai acreditar nessa merda — disse Fernando saindo de perto dele, Daniel se dobrou rindo.
- Não somos gays Sarah — disse Daniel quando recuperou-se.
- Eu não sou, mas o Daniel... - disse Fernando e eles gargalharam eu não estava mais entendendo nada.
- Opa! A Babi está acenando para mim, já volto — disse Daniel e saiu correndo na direção da loira, deixando-me sozinha com o Fernando.
- Ei me passa seu contato — pediu Fernando e eu corei, meu celular era quase da era jurássica!
- Eu não tenho nada muito moderno sabe — eu disse envergonhada e ele ficou me olhando como um bobo, acho que ele não entendeu, eu suspirei e mostrei a ele meu celular.
- Nossa! Já pensou em trocar de celular? — ele perguntou.
- Sim, mas eu não posso, vai me dar um? Não! Então não reclama — eu disse ele riu.
Passamos o restante do intervalo juntos, era impressionante a quantidade de merda que Fernando conseguia falar. Esse intervalo me mostrou que era muito mais divertido ter amigos homens do que eu pensei, pelo menos minhas amigas, ou as que eu pensava que eram minhas amigas, nunca tinham interesses em comum comigo, Fernando tinha, quanto a Daniel... Bem ele também gostava de quase tudo que eu gostava, mas ele era um sonho distante, ele estava mais interessado na loira alta do que em mim, mediana e sem graça demais para seu bom gosto.
O sinal tocou e fomos para nossas aulas, fiz o meu máximo para me concentrar nas aulas, mesmo sendo difícil, era o que eu precisava fazer. Fim das aulas, finalmente! Saí da sala e Fernando veio correndo em minha direção.
- Já ligou? Já pediu? Já podemos ir? — ele perguntou impaciente.
- Adivinha Fernando? O Rick vai aparecer lá depois — anunciou Daniel juntando-se a nós, olhando para seu celular.
Eu gostaria de entender o que o Daniel tinha com a tal "Babi", aliás o apelido "Babi" me soava engraçado, porque a minha tia, tinha uma cachorra que se chamava Babi, mas hoje em dia as pessoas colocam nome de pessoas em seus animais, minha vizinha tem um cachorro que se chama "Bernardo" então nada contra o apelido, é apenas um fato verídico, o que posso fazer se os nomes como "rex" não eram mais os preferidos?
- Vamos Sarah vai ser legal — disse Fernando me cutucando, eu não gostava de ser cutucada ou tocada, eu achava que essas coisas eram intimas demais e dava a entender coisas erradas, eu não queria que Fernando pensasse que eu queria algo com ele, ele seria um bom amigo e ponto final.
- Calma! — eu disse parando e sacando meu celular.
- Nossa, você roubou seu celular de algum museu? — perguntou Daniel e eu o olhei feio para ele que riu, fiz sinal para irem adiante, eles saíram rindo.
Eu fiz a ligação que eu temia, liguei em casa. Minha mãe atendeu com aquela voz de tédio.
- Mãe? Nossa que bom que atendeu — eu disse e ela fez um resmungo — Então eu fiz uns amigos, e eles me chamaram para ir a casa deles, vamos fazer um trabalho — eu menti.
"Não chega tarde" — ela respondeu.
- Beleza! Até mais tarde — eu disse feliz desligando o celular.
Eu menti! Sim eu iria para o inferno por isso, mas se eu falasse que eu iria com uns amigos jogar vídeo game, ela viria me dizer que não, que eu tinha que lavar a louça, que eu tinha que estudar, que eu nem os conhecia, que era perigoso, e todo esse blá-blá-blá minha mãe era aquele tipo de mulher que gostava de assistir aqueles programas sensacionalistas de tragédias e dizer que estava vendo "o repórter", então tudo para ela eu seria morta ou pior. Eu confiava na palavra deles de que não eram psicopatas.
Corri até onde Daniel estava com Fernando, parei diante deles e eles me olharam.
- Então? — perguntou Fernando.
- Tudo certo — eu disse arfando, olhei para fora e o tempo ainda estava cinzento, mas não chovia mais.
- Vão indo, vou dar tchau para a Babi — disse Daniel sorridente e eu saí com o Fernando.
- Então Fer, qual é a do Daniel e essa Babi? — perguntei tentando não parecer interessada.
- Sei lá! Por quê? Está no time que acha ele um gato? — perguntou Fernando enquanto andávamos e eu corei.
- Que? Claro que não! Ele é um babaca isso sim, sabe o que ele fez hoje? — eu perguntei fingindo que não me interessava pelo Daniel.
- Sou um babaca é? — perguntou Daniel atrás de mim. Podia ser pior? Queria que o mundo acabasse agora e a terra me engolisse, me senti envergonhada, mas eu não ia perder assim.
- Você derrubou minhas coisas no chão e disse "Foi mal"? — eu perguntei com sarcasmo tentando não retroceder.
- Daniel seu animal! Seu babaca! Seu traste! Se mata Daniel — agitou Fernando rindo.
- O que você queria? Que eu abaixasse e pegasse para você? — perguntou Daniel atônito.
- Quem derrubou? Eu ou você? — enfrentei ele, eu já o considerava em um nível de amizade aceitável para enfrenta-lo em uma discussão, até porque a teimosia sempre ganha a timidez no meu caso.
- Daniel seu merda, nem para pegar as coisas da menina, seu porcaria! — continuou instigando Fernando.
- Eram as suas coisas ou as minhas? — retrucou Daniel.
- Quem derrubou? — voltei a perguntar.
- Viu Daniel? Seu ogro! — disse Fernando e nessa hora eu e Daniel nos irritamos.
- Chega Fernando! — gritamos para Fernando ao mesmo tempo, nós três começamos a rir.
Caminhamos até o ponto de ônibus e eu e Daniel não estávamos mais falando sobre o incidente, eu descobri que eles moravam na mesma rua que eu, que eu poderia ter companhia para ir embora todos os dias, que eu poderia ter companhia para vir, também descobri que eles e o outro amigo deles o "Rick" como eles o chamavam, gostavam muito de basquete, Fernando estava jogando em um time semi-profissional, Daniel jogava apenas por esporte mesmo.
- Gosta de basquete? — perguntou Fernando animado.
- Não, na verdade eu não gosto de esportes, eu não nasci para eles, sou péssima que qualquer esporte que envolva uma bola — eu comentei e eles dois riram.
- Vamos ensinar você a jogar basquete — disse Fernando animado.
- Não sei se será uma boa ideia — eu comentei incerta, eu detestava jogos com bolas, eu já havia levado muitas boladas no rosto, agora eu tinha trauma.
- Relaxa Sarah, será legal — disse Daniel sorrindo, eu não respondi e me concentrei em ver Daniel e Fernando começarem a discutir sobre um jogo que eles estavam jogando.
Quando chegamos à casa do Fernando, fiquei feliz que a casa dele era parecida com a minha no quesito caos. Fiquei chocada como Fernando gostava de pentelhar seu irmão mais novo, mas eles eram muito parecidos. A mãe de Fernando era muito gentil, ela nos serviu suco, antes de irmos ao supermercado para comprar algo para comer, que foi realmente pão e mortadela, Fernando não estava brincando quando ele disse isso. Fernando me lembrava de minha mãe com sua mania de "é barato e bom", Daniel era do tipo fresco e isso os fazia discutir, eu me mantive neutra e sempre que perguntavam minha opinião eu me mantinha no "tanto faz".
Voltamos para casa e eles começaram a maratona de jogos, eu estava assistindo Fernando e Daniel se matarem em um jogo de luta, quando chegou o tal "Rick".
- Senta aí — disse Fernando para o novo convidado.
- Oi! Meu nome é Derick, eu não te conheço — me cumprimentou Derick.
- Apresenta a chatinha Fernando seu bundão — disse Daniel.
- Apresenta você seu ogro! — respondeu Fernando rindo e Derick ficou olhando com olhar perdido.
- Eu me apresento! — eu exclamei e apertei a mão de Derick — Me chamo Sarah, sou nova na escola e fui convidada para comer pão com mortadela e jogar vídeo game com vocês — eu anunciei alegremente.
- Bem a cara do Fernando convidar uma menina para algo assim — disse Derick rolando os olhos.
Derick era alto, mas não tão alto quanto o Fernando, tinha cabelos escuros, olhos escuros. Ele definitivamente não era bonito como o Daniel, mas ele ainda era bonito.
- Ela gosta seu animal — disse Fernando dando um golpe fatal em Daniel — Ganhei! Ah moleque! Chupa Daniel seu merda! Eu ganhei seu trouxa! — gritou Fernando fazendo uma dança de vitória.
Eu ri e Derick sentou-se ao meu lado, então ele começou a conversar comigo, como se eu fosse sua melhor amiga, ele me bombardeou com perguntas igual ao Fernando, logo Daniel era o único jogando, eu parecia algum tipo de novidade no grupo deles, eles pareciam mais interessados em saber sobre mim do que sobre o vídeo game.
Chegou minha vez de jogar, eu perdi miseravelmente de todos eles no jogo de luta, mas no jogo de corrida eu pelo menos não fui humilhada, eu não tinha a mesma versão de vídeo game deles então não estava habituada ao controle.
Mas pelo menos quando perdi do Fernando ele não ficou me xingando como fez com os outros, ele apenas me olhou rindo. Era incrível como eles faziam com que eu me sentisse em casa, eu nunca pensei que faria amigos como eles.
O tempo com eles passou realmente rápido, então eu fui embora, Derick morava duas casas depois da minha então ele caminhou pela rua comigo. Derick me deixava irritava as vezes, ele era aquele tipo de garoto que gosta de ficar tocando no seu braço, e eu não gostava disso, quando cheguei em casa ele rumou para a casa dele.
Sabrine não estava em casa, mas eu havia notado que existia um carro em frente a nossa casa, Samantha estava em casa conversando com minha mãe e o traste estava deitado no sofá vendo TV entediado. Em alguns dias Samantha faria aniversário, ela estava completando vinte e seis anos, e estava aqui para avisar da festa que ela faria no sábado. Festa essa que eu realmente não queria participar. Sabrine tinha apenas vinte e três, ela gostava dessas festas ou fingia gostar.
Eu os cumprimentei alegremente e rumei para meu quarto, eu pretendia tomar um banho, estudar um pouco, jantar e depois dormir, afinal amanhã ainda seria um longo dia.
Nota da autora:
Bom espero que tenham gostado, amanhã teremos Castelo de Cinzas não percam! Semana que vem nós autoras estaremos de novo aqui com o segundo capitulo de nossos contos.
Beijos até mais.
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