Castelo de Cinzas - Epílogo

Nota da autora (CarolMunhoz6): Oi Gente!

Então é isso, o ultimo dos últimos!

Eu espero que gostem, eu fiz com muito carinho, e tem muito do que eu sinto nessa capitulo.

nos vemos la em baixo... :)


Muitas vezes o amor se esconde nos lugares mais improváveis. Comigo foi assim, quem diria que Henrique e eu ficaríamos juntos? Mas o que dói é saber que precisei perder muito para finalmente me encontrar. Precisei que meus pais partissem para encontrar o amor, e me tornar a mulher que sou hoje. Talvez tudo fosse diferente se eu os tivesse aqui, ao meu lado, ou talvez não. Uma das coisas que eu aprendi nesse um ano sem eles, é que a vida continua e a dor nunca passa. Você apenas se acostuma com ela.

Enxuguei minhas lagrimas e senti mais uma vez o perfume do buquê de rosas que segurava, antes de deposita-lo sobre o tumulo de meus pais, enquanto Rick colocava uma única rosa vermelha no de sua mãe, e vinha me amparar.

Já estava entrando no oitavo mês de gestação e os bebes poderiam nascer a qualquer momento, e como que para confirmar isso senti um leve chute no baixo ventre. Com uma mão em minha coluna, Rick me puxou para si, afagando meus cabelos com a outra mão, então beijou-me na têmpora. Lancei um ultimo olhar para o local onde meus pais estavam, virei e segui meu caminho. Chorei durante todo o trajeto ate nossa casa. Ainda era cedo, e Rick precisava almoçar com alguns americanos, para tratar de um novo projeto da construtora, que alias estava muito bem, graças ao trabalho de Rick.

Eu havia passado na faculdade, e estava em época de provas, não desisti do meu sonho por estar gravida, claro que eu sei que teria que ficar um bom tempo longe dos estudos, mas nós daremos um jeito de conciliar tudo. Decidi ocupar meu tempo com o estudo, já que hoje a Prudie estava de folga, e eu ficaria sozinha ate à tarde.

Subi as escadas e fui ate a pequena biblioteca para estudar um pouco, peguei meus cadernos e sentei-me na confortável cadeira de couro que ficava de frente para a janela que dava vista para o jardim. Tentei de todas as formas me concentrar, mas mesmo assim, duas horas depois tudo que eu tinha conseguido fora rabiscar meu caderno , e olhar interminavelmente para o jardim que guardava tantas lembranças de minha mãe. Que Saudade! Como eu a queria aqui, sentindo o chute dos netos, ouvindo o coração deles, acompanhando o crescimento deles e a nossa vida. Ela ficaria tão orgulhosa!

A saudade me consumia e eu precisava fazer o que não fazia há um bom tempo.

Levantei-me apressada e cruzei o corredor, entrei no terceiro quarto depois do dos bebes, eu ainda não havia tirado as coisas de meus pais da nossa casa, não era certo. Eles foram tirados de mim, mas eu não os tiraria dali. Nunca. Abri vagarosamente a porta e entrei, havia caixas espalhadas pelo quarto com roupas e objetos pessoais deles. Sem ao menos pensar no que estava fazendo, puxei o banquinho de madeira que estava ao lado esquerdo da janela e coloquei-o no meio do quarto puxando a primeira caixa que vi.

Era de coisas da minha mãe, dentro da enorme caixa de papelão tinha outra um pouco menor, branca e com um laço em cima. Puxei a tampa e descobri ali um vestido todo rendado e um pouco amarelado, um pequeno buque de flores já secas e eu soube que se tratava do vestido de noiva dela. Não tive forças para tirar aquele vestido dali, estava dobrado do jeito que minha mãe dobrava e não queria tirar do lugar algo que ela deixou milimetricamente arrumado. Tampei a caixa branca e delicada e a coloquei ao meu lado, no chão, voltando minha atenção para a caixa de papelão a minha frente. Retirei de dento alguns porta-retratos com fotos antigas deles, e minhas, lembranças que mexeram com as minhas emoções, mas nada se comparado com o que estava em minha mão. A pequena caixinha de cerâmica, que eu havia levado comigo para São Paulo. Como ela veio parar aqui, junto com todo o resto? Devo ter confundido as caixas e a colocado nesta antes de arrumar os quartos, é a única explicação. Abri a caixinha lentamente, revivendo cada momento em que vira ainda criança, minha mãe cuidar dela com tanto carinho. Mexi calmamente em seu conteúdo, os brincos, e anéis, um feito com meu primeiro dente de leite que caiu, ate que me deparei com um envelope endereçado a mim. Eu já havia visto esse envelope antes, no primeiro dia após a mudança para São Paulo, e depois havia esquecido sua existência ate este momento. Sem pestanejar abri o delicado envelope e retirei as folhas de papel perfeitamente dobradas de dentro e comecei a ler.

"Filha,

Talvez quando você estiver lendo essa carta, eu já não esteja tão perto de você. O tempo esta se encarregando de mudar algumas coisas, ainda ontem você era um bebê e hoje faz quinze anos desde que segurei você pela primeira vez em meus braços. A minha princesinha esta se tornando uma mulher linda!

Eu sei que um dia você ira para outros lugares, viver sua vida, mas filha, não esqueça nunca que nós te amamos muito. Você foi muito esperada!

Nunca contamos a você, mas antes de seu nascimento eu perdi dois bebês, estava desistindo quando você chegou para nos alegrar. Você foi à melhor coisa que me aconteceu Naty. Enquanto pudermos vamos proteger e cuidar de você. Sei que às vezes se sente sufocada, mas é para seu bem que a prendemos aqui, e não contamos tudo a você.

Mas você tem o direito de saber tudo meu bebê, seu pai não quer te contar, e eu ate entendo, a situação é complicada, talvez você não vá reagir bem, por isso estou escrevendo essa carta, eu só não sei quando vou entregá-la a você. Porque eu também tenho medo da sua reação filha. Sei que não deveria, que talvez você apenas entenda. Mas eu não posso arriscar assim, então escolhi escrever, é mais fácil.

Natalie, todas as vezes que começamos a falar deste assunto o seu pai nos interrompe, e eu acabo desistindo, mas não irei esconder isso à vida toda de você. O real motivo de você não conhecer nossa família, o real motivo que nos levou a cortar laços com todos, é que seu pai e eu não íamos nos casar. Veja bem, eu estudava fora filha, e estava voltando para o casamento da minha irmã, sua tia Ana, ia demorar alguns meses ainda, mas ela precisava de ajuda e eu não podia negar, a sua avó já estava com idade mais avançada e não podia fazer esforço. Estava envolvida com os preparativos, e Ana estava muito animada, falava do noivo o tempo todo, mas eu ainda não havia conhecido ele. Teve uma noite que uma antiga colega me chamou para sair à noite com um grupo de amigos, e fomos para uma discoteca que tinha na Liberdade em São Paulo, um bairro muito bonito e um pouco longe de onde morávamos talvez um dia você conheça, te garanto que é lindo! Mas voltando ao assunto, foi lá que eu conheci seu pai. E desde a primeira noite, desde o primeiro olhar, eu soube que era ele!

Nós começamos a nos encontrar sempre aos fins de semana e nasceu um amor lindo. Eu havia comentado que tinha conhecido um rapaz que me encantou, e tentava leva-lo para conhecer seus avós, mas nunca dava certo.

Passaram-se três meses e ainda não havia apresentado ele pra sua avó, e também não tinha conhecido o noivo da sua tia, eles estavam brigando e o casamento foi adiado. Sua tia estava péssima Naty, e eu me sentia tão bem em minha bolha de felicidade que me sentia culpada por isso, então decidi adiar a visita de seu pai ate a nossa casa.

Certo dia sua tia chegou dizendo que estava gravida, eu sabia que era mentira, pois as regras dela já tinham aparecido naquele mês. Mas então eu entendi, ela queria segurar o noivo, e não vou negar eu entendia o lado dela.

Mas isso não era certo. Então conversei com a sua tia, mas ela estava irredutível, eu percebi que ela não o amava, em nenhum momento ela citou sentimentos, apenas coisas ligadas ao dinheiro. Eu sabia que o noivo dela era bem de vida, mas nunca imaginei que minha irmã se casaria por interesse. Veja bem, naquela época se uma moça aparecesse gravida tinha que casar. Ainda mais na nossa família, então seu avô estava forçando as coisas para que o casamento saísse. Meus encontros com seu pai ficaram mais intensos nessa época, ele era meu confidente. Eu confiava plenamente nele. Ele queria casar comigo, só dizia que precisava resolver alguns assuntos antes. Duas semanas depois descobri que eu estava gravida do primeiro bebê que eu perdi. Contei ao seu pai e ele disse que resolveria tudo para nos casarmos, que eu não em preocupasse.

Naquela noite o noivo da Ana iria ate nossa casa, para conversar e resolver as coisas sobre o casamento. Eu e sua tia já não estávamos próximas, eu não concordava com a atitude dela. Demorei para sair do quarto, não estava me sentindo bem e precisava disfarçar a gravidez ate que eu pudesse anunciar meu noivado. Mas quando sua tia me puxou para a sala eu não pude acreditar no que estava acontecendo. Era seu pai naquela sala Natalie. Senti-me suja, usada. Uma única lagrima escorreu por meu rosto e senti uma dor muito forte. Eu só me lembro de depois ter acordado em um hospital, com seu pai do meu lado. Lavamos a roupa suja, como se diz hoje em dia. Eu disse tudo o que pensava. Sua tia entrou no quarto nos insultando, e eu a desmascarei. Não podia ficar quieta. E por mais que seu pai estivesse errado eu o amava.

Daquele dia em diante eu nunca mais coloquei os pés na casa de meus pais. Eles foram a favor da sua tia e queriam o casamento com ela, pois eles haviam assumido o compromisso há muito tempo. Tentei entender e aceitar, juro que tentei. Mas quando seu pai, uma semana antes da cerimonia, propôs que fugisse, eu não pensei em ninguém, apenas na minha felicidade. Eu fui egoísta Naty, eu sei disso. Mas eu não podia abrir mão dele. E hoje, eu sei que fiz a coisa certa. Eu tenho você meu amor, o meu tesouro mais precioso. E sou feliz.

Eu não me arrependo de ter feito o que fiz. Com o tempo voltei a falar com a minha família, menos com sua tia, que não quer contato. Espero que um dia ela me entenda, e me perdoe assim como eu espero que me perdoe por não ter contado antes. Filha, eu te amo.

Com carinho,

Mamãe"

Terminei de ler aquela carta com lagrimas nos olhos. Então era esse o motivo do afastamento e do desejo de vingança de tia Ana. Era por isso que meus pais nunca me deixaram ir a são Paulo. Levantei-me apressada, minha bexiga estava pesada, eu precisava sair dali logo. Mas quando estava na porta senti um forte puxão em meu ventre e escutei um "ploft", uma olhada para o chão e vi que minha bolsa havia rompido. Como que para confirmar que havia, realmente, chegado à hora, as contrações começaram. A primeira me fez curvar de dor. Comecei os exercícios de respiração e tentei caminhar lentamente ate o nosso quarto, precisava pegar meu celular e ligar pro Rick, também precisava pegar a bolsa dos bebês. Estava discando o numero do Rick e tentando respirar como a Doutora Shirley havia ensinado, quando outra contração, mais forte que a primeira, me pegou de surpresa.

Terminei de discar o numero, e ele atendeu no segundo toque.

"Oi amor, tu..."- ele começou a falar, mas eu o interrompi.

- Eles ..- respirei fundo por conta de outra contração - chegou a hora Rick. - disse entredentes.

"Naty, amor, chegou a hora do que? Não entendi..." - ele disse, visivelmente confuso. Homens, sempre lerdos!

- Nossos bebês. - outra contração - vão - outra contração - nascer! -gritei.

"Calma amor, em cinco minutos estou ai."- ele disse e eu caminhei ate o quarto dos bebês que ficavam em frente ao nosso, a bolsa estava perto do berço eu tentei me abaixar para pegar, mas só o que consegui foi gritar de dor.

Me apoiei no berço para tentar acalmar a dor e respirar. Escutei passos na escada, virei-me para traz e Rick estava esbaforido, nem falou nada, apenas pegou as bolsas dos bebês com um braço e o outro me apoiou, tentamos descer as escadas assim, mas não deu muito certo. Então ele deixou as malas no topo da escada e me pegou no colo, sob meus protestos carregou-me ate o carro, voltou correndo para dentro da casa enquanto outra contração me consumia. Rapidamente ele voltou e colocou as malas no banco traseiro do carro, e me entregou o celular dizendo que já havia comunicado a Dra. Shirley.

As dores aumentaram cada vez mais e dei graças a Deus quando entrei no centro cirúrgico. Como a gravidez era múltipla, o parto poderia ser demorado. Eu não prestava atenção a nada a minha volta, a única coisa que me mantinha sã era a mão de Rick na minha, incentivando que eu fizesse mais força, cada vez mais força. O espaço entre as contrações diminuiu, ficando apenas alguns segundos de diferença de uma para a outra. Eu me sentia rasgando por dentro, era como se eu estivesse sendo dilacerada de dentro para fora. Ate que eu escutei aquele som. Um som lindo. O choro do meu primeiro bebê.

- O primeiro foi o menino! - disse Dr. Shirley, entregando o João Pedro para Rick segurar.

Rick se aproximou de mim e mostrou-me nosso filho, nosso pequeno João Pedro, tão lindo, cabeludinho e delicado, as feições tão angelicais. Acariciei levemente seu rosto e ele instantaneamente segurou a minha mão. Uma lagrima escorreu dos meus olhos enquanto mais uma contração me acertava em cheio. Rick e eu trocamos um olhar cúmplice antes de eu fazer força mais uma vez. Não precisou de muito e logo Ana Beatriz estava em meus braços, assim como o irmão era linda. Um anjinho, pequenina e loira. Esta foi retirada dos meus braços mais rápido, já que Cristal estava com pressa. Menos de um minuto depois minha ruivinha linda veio para meus braços, Rick colocou João Pedro em meus braços e com Ana Beatriz em seu colo ficou ao meu lado. Olhando pra eles eu percebi o real sentido de eu ainda estar viva. A minha família.

Era como um imã me puxando para eles, eu não conseguia desgrudar os olhos desses seres tão pequeninos e tão perfeitos. Os meus anjinhos. Eu os amaria e protegeria para sempre. Eu faria qualquer coisa por eles. Hoje eu tenho plena certeza que as cinzas se foram, que não há mais tristeza, Rick e eu faríamos de tudo para que esses bebês tivesse toda a felicidade do mundo em seu castelo mágico de cristal.

"The End"


Nota final da autora: Bom é isso, acabou gente.

gostaria de agradecer primeiramente a vocês leitores, que são incríveis! eu amo vocês!

Em segundo lugar agradeço a Shirley e a Bruna por terem me convidado para esse projeto maravilhoso!

Shirley, obrigada por me incentivar a continuar, aguentar minhas neuras (rs) e sempre dizer "relaxa, vai dar certo".

Bruna, foi uma honra conhecer você, e tenho certeza que essa amizade que surgiu sera para vida toda.

Duas amigas virtuais, que para mim são mais que reais!

Laura, obrigada por me ensinar a ver a verdade nas pessoas, foi uma honra trabalhar com você.

Milena! sim você tinha que estar aqui! agradeço de coração minha flor, por me incentivar, ajudar, revisar, e me escutar quando eu precisava! espero sempre ter você ao meu lado!

Meninas, amo vocês!

Obrigada a todos!

Até a Proxima!

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top

Tags: