Castelo de Cinzas - Capítulo 5

Nota da autora (CarolMunhoz6): Bom dia minhas flores!

Poje é o grande dia, despedidas, lembranças que vão ficar para sempre.

Primeiramente, gostaria de agradecer a vocês por lerem e comentarem. Sério, vocês são demais! sem vocês eu não teria força pra continuar. Vou avisar que, para quem se interessar, irei reescrever essa historia, com os detalhes que pulei, mas no enredo original - QUE NÃO É ESSE - começarei as postagens em Julho.

Em segundo lugar eu agradeço a @Kailandra e @Booh_Rogue por terem me chamado para fazer parte deste projeto, meninas eu amo vocês! alem de termos feito o projeto criamos laços que ficarão para sempre!

Agradeço também a Milena Freitas que me ajudou com a correção de alguns capitulos, aguentou meus desabafos e me deu força para continuar.

Obrigada de coração!

agora chega de lenga lenga e vamos ao que interessa!

boa leitura!



A escuridão era tudo que eu via, e aquela náusea não passava. Queria continuar no escuro, sobre tudo, e apenas cair na inconsciência novamente, mas a voz de Rick me chamando alarmada e pedindo para que eu falasse algo me trouxe a margem da consciência e lentamente comecei a abrir meus olhos. A claridade me incomodava, era como se o sol estivesse bem a minha frente, e como que por instinto, fechei meus olhos novamente. Senti algo gelado em meu rosto enquanto eu lutava para abrir os olhos.

- Vamos Naty, acorde. - falava Rick, desesperado, me abraçando forte. - Por favor, acorda amor.

- Henrique, de espaço para que ela possa respirar. - escutei a voz do Sr. Alberto.

- Não me diga o que fazer! Isso é culpa sua! - Rick falou entredentes.

Gostaria de continuar em seus braços, mas precisava acabar logo com isso, precisava abrir meus olhos e mostrar que estava bem, que fora apenas um leve desmaio.

- Rick. -chamei baixinho, e senti-o me apertando ainda mais. Abri os olhos e o encontrei me encarando. Sorri fracamente e o envolvi com os braços, que me apertou ainda mais contra seu corpo. Ele entendeu o recado. Estava tudo bem.

- Naty, você me assustou. - disse Rick, me erguendo do chão. - não faça mais isso, ok? - ele pediu me olhando seriamente. Concordei com a cabeça e pedi que me ajudasse a levantar. Sentei-me novamente na cadeira, enquanto Rick sentava na cadeira ao lado da minha e segurava fortemente a minha mão por debaixo da mesa. Eu suava frio, meu estômago revirava, essa sensação estava me consumindo. Minha vontade era ir ao banheiro mais próximo e jogar privada a baixo tudo o que estava me fazendo mal. Minha boca tinha gosto de bile o que agravava ainda mais minha situação, mas forcei-me a aguentar firme, nós precisávamos terminar essa conversa. Eu já não podia ser a criança, eu tinha que ser diferente, eu precisava enfrentar tudo isso de cabeça erguida. Olhei para Rick, e apertei sua mão e virei-me para encarar o fim dessa conversa olhando nos olhos do delegado.

- Então quer dizer que tudo foi armado? Que eu não tinha que ter ido para casa da Tia Ana e que meus pais foram assassinados? Essas acusações são muito graves, delegado Alberto - disse seriamente - tem absoluta certeza do que esta dizendo? - questionei.

- Sim, eu tenho, e como você mesma ouviu, tenho provas. Eu sinto muito, de verdade, mas precisava aproveitar sua estadia aqui. É necessário que vocês fiquem mais alguns dias, para prestar depoimentos e que sejam cumpridos todos os tramites legais do acidente, as auditorias da empresa, e também, se a senhorita quiser pode processar os familiares do Sr. Marcus pelos crimes por ele cometidos. - ele me disse seriamente. - isso incluiria sua estadia aqui por alguns dias, ou meses.

- Certo, eu não estou em condições de responder nada agora. - disse olhando para ele, e senti Rick apertando minha mão, concordando com a decisão - E eu não pretendo decidir isso sozinha. Preciso de um tempo para pensar. - comecei a me levantar, mas a tontura continuava e me apoiei em Rick, que me puxou contra si.

- Tudo bem, nos veremos em breve. Este é o meu numero - ele disse tirando um pequeno cartão do bolso da sua camisa e me entregando - ligue quando se sentir a vontade para conversarmos.

Rick pegou o cartão dizendo que ligaria quando eu quisesse. Saímos do restaurante e caminhamos para o outro lado da rua. Fui em direção ao carro, e Rick abriu a porta para mim. Ao que tudo indicava nossa estadia aqui iria ser maior que o esperado.

Sabia que teria que conversar com o Rick sobre a nossa estadia em Florianópolis, e o que ele gostaria de fazer agora que ficara claro que ele não era meu responsável legal. Mas tinha medo do que ele pudesse escolher, porque apesar de tudo essa historia toda fez com que nos aproximássemos, fez com que ficássemos juntos, eu não queria sequer pensar na possibilidade de ele me deixar. Eu o queria por perto, se possível para sempre. Mas essa decisão não cabe a mim não é? Eu teria que conversar com ele, mas não agora, eu simplesmente não podia falar sobre isso agora, e ainda tinha a construtora... Eu precisava me atualizar nos assuntos da construtora. Teria de ligar para o Júlio e ver a questão sobre um novo administrador... mas eu já tinha um não tinha?

A viagem de volta para casa foi calma e silenciosa, eu estava tão absorta em meus pensamentos que nem ao menos percebi quando o carro parou na garagem da casa, só me dei conta quando Rick abriu a porta do carona para mim.

Ele estendeu a mão que eu peguei prontamente, o que acabou sendo bom, já que aquela maldita tontura havia voltado. Ele me amparou em seus braços e nos dirigimos à entrada da casa. Durante todo o dia não falamos muito, ficamos apenas abraçados, um apoiando o outro, assistindo filmes que eu não consigo me lembrar, adormeci em seus braços sentindo seu cheiro, me sentia segura desta forma. Ele era a minha casa agora.

Acordei no meio da madrugada correndo para o banheiro, a náusea me consumia, ajoelhei-me em frente ao vaso sanitário antes mesmo que eu conseguisse fechar a porta para não acordar o Rick, mas assim que me ajoelhei senti que lá se foi a minha refeição, todo o esforço que fiz para ser silenciosa foi em vão, percebi que logo em seguida ele estava atrás de mim, segurando meu cabelo e dizendo que tudo ficaria bem enquanto eu terminava de colocar tudo para fora.

Quando terminei, Rick me ajudou a levantar e me apoiou para que eu conseguisse lavar a boca e voltar à cama, perguntou como eu me sentia, e por mais que pareça estranho, afinal eu havia acabado de despejar todo o meu jantar naquele banheiro, eu me sentia bem. E muito sonolenta. Ele riu e me aninhou em seus braços, onde adormeci instantaneamente.

(..)

Os dias passaram rápido, havia conversado com Rick dois dias após o funeral, e ele havia concordado com a mudança de cidade. Júlio, agora o advogado principal da construtora, cuidou de tudo para a nossa mudança, afinal o que iriamos fazer em São Paulo? Ele também estava cuidando do processo que a empresa estava movendo contra a família do Sr. Marcus, eu não era a favor deste processo, porem a quantia desviada era muito alta. Quatro semanas depois do funeral, Rick e eu voltamos a São Paulo para buscar algumas coisas, ele escolheu trazer as roupas e as fotos, e eu apenas trouxe o que havia levado comigo. Roupas e objetos pessoais, nosso relacionamento ainda não tinha um titulo de namoro, mas vivíamos como um casal. Nesse tempo nós havíamos amadurecido muito, agora eu tinha uma empresa para cuidar, uma casa, e estava estudando para o vestibular que seria em algumas semanas. Rick, depois de muito eu insistir, aceitou assumir a administração geral e presidência da construtora. A presidência passaria para mim depois que eu concluísse a faculdade de arquitetura, que sempre foi meu grande sonho.

Só uma coisa me preocupava, as náuseas e tonturas não cessaram, quando elas começaram imaginei que fosse por conta do stress que estava enfrentando, mas um mês depois, e com tudo se resolvendo, se fosse stress elas teriam parado não?

Não queria preocupar o Rick com isso, ele já tinha muito com que se preocupar ultimamente. Então não mencionei minha recente visita ao medico esta tarde. A Dra. Shirley me fez diversas perguntas sobre a minha atual rotina, mas quando ela fez a pergunta crucial, eu não soube responder. Eu simplesmente não me recordava de ter menstruado desde que iniciei meu relacionamento com o Rick, e também não me lembrava de termos usado qualquer tipo de proteção. Ela disse que as possibilidades de eu estar grávida eram grandes, e pediu um exame de sangue, o qual eu estava esperando o resultado neste momento.

Eu estava confusa. Eu queria? O que o Rick iria pensar disso? Eu sentia como se tudo dependesse dos próximos minutos. Minha vida toda dependia agora de um pedaço de papel. Eu estava com medo, não posso negar, mas apenas de imaginar que eu teria em meus braços um filho meu e dele, um pequeno pacotinho de amor, era uma imagem que eu não queria me desfazer. Estava com medo de estar gravida e com medo de não estar. Fui tirada de meus pensamentos pelo meu estomago revirado. Se a Doutora demorasse mais um pouco acho que meu almoço seria despejado no cesto de lixo que estava ao lado do meu banco. Mas como se ela pudesse ler meus pensamentos, a porta se abriu e ela saiu colocando a cabeça para fora e olhando a ficha que segurava em uma mão, com a outra mão ela ajeitou os óculos e chamou:

- Senhorita Natalie Johnson? - disse olhando ao redor.

- Sou eu. - falei me levantando.

- Me acompanhe, por favor - ela disse virando de costas e entrando na sala. A segui e me sentei na cadeira que ela apontava. Ela deu a volta na mesa, sentou e me olhou enquanto pegava o envelope que decidiria a minha vida.

- Preparada? - ela perguntou sorrindo.

- Nem um pouco. - eu respondi nervosa.

- Vamos descobrir o que tem te causado tanto incomodo ultimamente - ela disse piscando para mim.

Enquanto ela abria o envelope branco, eu estava torcendo a barra da minha camiseta nervosamente, torcendo para que seja lá qual fosse o resultado, Deus soubesse exatamente o que estava fazendo. Ela leu toda a papelada, ergueu seu rosto me olhando seriamente, já estava ficando nervosa quando ela abriu um sorriso gigantesco dizendo:

- Parabéns Mamãe! Você esta de quatro semanas pelos níveis hormonais, mas preciso que você venha ate meu consultório na próxima semana para realizarmos o primeiro ultrassom. - ela dizia tudo, mas o torpor me consumia. Eu estava anestesiada. Mãe, eu seria mãe. Eu estava carregando um filho do Rick. Rick, ai meu Deus, como vou contar isso a ele?

- Sua mãe ficaria orgulhosa. - ela disse, me olhando ternamente, tirando-me de meus pensamentos.

- Minha mãe, a senhora a conhecia? - perguntei.

- Sim, meu ex-marido era cliente da construtora, e sua mãe e eu nos tornamos amigas. Estava no exterior quando soube do ocorrido. Eu sinto muito. - ela disse

- Obrigada - eu disse me levantando e estendendo a mão para apertar a dela, que me ignorou e me puxou para um abraço.

- Não se esqueça, hein, na terça que vem às dez da manhã você fará o seu primeiro ultrassom. Traga o pai da criança, se possível. - ela disse enquanto me acompanhava ate a porta da sala e me entregava meu exame com o resultado.

Apenas balancei a cabeça, concordando e segui meu caminho ate a porta da clinica, onde o motorista da empresa me esperava no carro.

Entrei e pedi que me levasse para casa. Precisava me preparar para falar com o Rick. O caminho todo ficou tentando pensar em uma maneira de fazê-lo entender que eu não tive culpa, que aconteceu.

Quando o carro parou na porta de casa, vi Rick entrando. Não havia percebido que já era tão tarde. Perdi a noção do tempo enquanto estava no consultório. Desci do carro e respirei profundamente. Estava enjoada por conta da viajem, mas nada que eu não pudesse lidar no momento. Caminhei lentamente ate Rick, que estava parado na porta me observando enquanto eu me aproximava. Meu coração martelava no peito, eu estava nervosa e ansiosa, sabia que tinha que contar, mas estava com medo da sua reação. Era tudo tão recente.

Seus olhos brilharam quando cheguei perto dele, e pousaram questionadores no envelope que estava na minha mão, que rapidamente guardei. Logo ele saberia do que se tratava.

- Oi meu amor -disse me abraçando - não sabia que havia saído. - em seguida me beijou. De inicio um beijo casto, mas logo foi se aprofundando, sua boca travava uma batalha com a minha, uma batalha que eu não queria perder, mas o ar se fez necessário e me afastei brevemente encostando minha testa na sua.

- Vamos entrar. - eu disse simplesmente, sem o olhar nos olhos. E sai na sua frente.

Rick segurou minha mão, e me olhou profunda e diretamente nos olhos. Ele me conhecia tão bem.

- Ei, Naty, o que foi? - ele perguntou acariciando meu pulso com o polegar direito.

-Não foi nada Rick, só estou cansada hoje. - disse ainda sem o olhar nos olhos.

- Eu te conheço Natalie, sei que tem algo errado. Vamos amor, me diga o que esta acontecendo? - ele perguntou mais uma vez.

- Mais tarde. - eu disse simplesmente, e virei-me entrando em casa. Fui direto para o quarto e enchi a minha banheira. Precisava de um banho relaxante antes de soltar essa bomba em cima dele. Quando a banheira estava cheia, fechei a porta do banheiro e retirei minha roupa, coloquei-a no cesto de roupa suja e entrei na banheira, a agua estava quente como eu gostava, despejei um pouco de sabonete liquido para que a hidromassagem formasse a espuma que eu tanto gostava. Apoiei minha cabeça na tolha que havia deixado ao lado da banheira quando a liguei e fechei meus olhos pensando em como tudo havia mudado, como ambos amadurecemos, pouco tempo antes eu me considerava uma menina perdida, sozinha e sem rumo. Sem uma família para me guiar, agora estou aqui, junto com a pessoa mais improvável, e ao mesmo tempo mais certa para mim, vivendo um amor que eu não sonhei que pudesse existir e esperando um filho dele. Um filho não planejado. Mas que eu já amava muito. Lentamente levei minhas mãos ao meu ventre e as deixei ali. Fiquei imaginando quando minha barriga começasse a crescer, e quando o bebê começasse a se mexer ou quando ele nascesse com quem ele iria parecer que acabei não percebendo que estava chorando.

Enxuguei minhas lagrimas, levantei e me enrolei na toalha que eu havia apoiado a cabeça, estava saindo da banheira quando olhei para a porta. Rick estava sentado no chão em frente à porta, olhando-me atônito. Ele ergueu a cabeça, me olhando. Seu olhar estava indecifrável, cravado em meu ventre.

- Você... Você esta...? - ele não conseguiu terminar a palavra.

Apenas concordei com a cabeça, era melhor ele saber logo.

- Quando você soube? - ele questionou.

- Soube essa tarde. Olha Rick, eu não sei o que houve, apenas... Aconteceu. Eu vou entender se você não estiver preparado para isso e. - não consegui terminar a frase, Rick se aproximou tão rápido que eu só percebi quando sua boca invadiu a minha, sugando-me com fervor. Depois de alguns minutos nesse beijo selvagem, ele se afastou e seu olhar era maravilhado, seus olhos estavam marejados.

- Eu te amo - ele disse docemente - e amo essa criança que vai vir. É a nossa família, meu amor. Nós perdemos tanto, e essa criança é um presente de Deus. Um sinal de que tudo vai se encaixar, que tudo vai dar certo- ele falava e me abraçava ao mesmo tempo, as lagrimas de ambos escorrendo.

- Eu.. Eu pensei.. Pensei que você não fosse aceitar. - eu dizia entre lagrimas, meu medo se mostrou tão desnecessário, que eu chorava de alivio e felicidade, enquanto ele me abraçava e beijava meu rosto.

- Amor, como não iria aceitar? Você esta me fazendo o homem mais feliz do mundo! - ele disse segurando minhas mãos e se ajoelhou encostando seu rosto em meu ventre. Puxou a toalha que envolvia meu corpo, beijando levemente a pele exposta. Eu acariciei seus cabelos enquanto lagrimas escorriam.

- Naty, eu sei que estamos juntos há pouco tempo, e não sei ao certo como eu sei disso, mas eu tenho certeza de que é você que eu quero para ser minha, é com você que eu quero acordar todos os dias, é o seu sorriso que eu espero ver todas as manhas, você é pra mim como a luz do sol, como o meu ar, e eu não saberia viver sem você - ele olhou intensamente em meus olhos e emendou - Natalie Johnson, quer casar comigo?

- Sim! - respondi ajoelhando também - Sim! Sim! Sim! -cada sim era um beijo. Estava me preparando para uma rejeição, mas um pedido de casamento é muito melhor. Inesperado? Com certeza. Mas essa era a minha vida, foi tudo inesperado, nosso relacionamento, tudo o que nos levou ao momento que estamos agora. Tudo foi inesperado. Nossos beijos ficaram mais intensos e aos poucos me vi na banheira novamente, onde fizemos amor como nunca fizemos. Lento, calmo, puro em adoração um ao outro.

Os dias que se seguiram foram lindos, os planos, todo aquele encantamento e a espera para o primeiro ultrassom foi torturante. Mas quando a Dra. Shirley nos chamou para entra em sua sala, meu coração estava palpitando de alegria. Rick e eu entramos juntos e ela me indicou uma saleta ao fundo do consultório, onde eu troquei meu vestido florido por aquela camisola azul de hospital, mas aquela era diferente. Tinha uma abertura na frente para realizarmos o primeiro ultra.

Deitei-me na maca e Rick logo veio ficar ao meu lado, segurou minha mão esquerda enquanto trocávamos olhares cumplices e sorrisos bobos.

- Vamos lá, preparada? - preguntou a doutora passando um gel pegajoso no aparelho que iria usar. Eu assenti, e ela sorriu enquanto baixava o aparelho ate meu ventre. Primeiramente a sensação era de algo gelado, mas enquanto ela procurava algo na tela me acostumei com aquela sensação.

- Uau! - ela exclamou - Olhem isso - disse mostrando a tela em frente - Veja aqui -apontou para um borrão branco, seguido de outros dois - Aqui e aqui. Reparem que estão circulados, separados um do outro. Parabéns, vocês terão trigêmeos.

Senti a mão de Rick tremendo, olhei para ele que tinha um olhar assustado, assim como eu provavelmente estava, mas um som começou a soar, um som lindo que me fez chorar. Olhei para a Doutora, para confirmar que eu já imaginava.

- Esse som que estão escutando, são os corações dos seus filhos. - ela disse com um sorriso no rosto, olhei para Rick que chorava e ria ao mesmo tempo. Ele se abaixou, ficando com o rosto na altura do meu e me beijou.

- Você me faz o homem mais feliz do mundo meu amor. - ele disse me beijando novamente - Eu te amo.

- Eu também te amo. - eu disse

Assim que o exame terminou a Dra. Pediu que eu me trocasse, quando voltei para perto deles ela me entregou uma receita e alguns frascos com vitaminas as quais eu deveria tomar para o fortalecimento do feto. Passou-me também uma lista coma alimentação adequada para a gravidez e marcou consulta para duas semanas depois, explicou-me que seria assim ate os bebes nascerem, e que por ser trigêmea talvez a gravidez não se estendesse muito além da trigésima sexta semana. Pelas informações da ultrassonografia eu estava com cinco semanas e um dia.

Os dias que se seguiram passaram rapidamente, Rick e eu decidi que a cerimonia de nosso casamento seria simples e com poucas pessoas. Um casamento na praia, ao por do Sol. Júlio e a namorada, Bruna, Seriam nossos padrinhos. Conheci Bruna poucas semanas depois do primeiro ultrassom, Rick e eu decidimos que faríamos uma reforma na casa, passaríamos a dormir no quarto que era dos meus pais e o meu quarto e outros dois seriam transformados em quartos para as crianças. Primeiramente eles ficariam em um quarto só quando ficassem maiores, cada um iria para seu quarto. Bruna trabalha na construtora, e além de arquiteta é designer de interiores, e durante o trabalho acabamos criando uma grande amizade, descobri que ela e Júlio estavam juntos há alguns meses.

Quando estava no quarto mês de gestação descobrimos que os bebês não seriam idênticos, e que esperávamos duas meninas e um menino. Já tínhamos escolhidos algumas opções de nome combinando os nomes de nossos pais. O menino se chamaria João Pedro, e as meninas seriam Ana Beatriz e Cristal. João e Ana eram os pais do Rick e Pedro e Beatriz os meus pais, era uma forma de homenageá-los, e de uma forma manter as raízes da nossa família. Porque é isso que agora somos uma família.

E hoje, com seis meses de gestação, eu realizaria o sonho de toda garota. Hoje é o grande dia. Meu vestido era branco e fluido, com decote em coração e alças largas, logo abaixo de meus seios vinha uma pequena fita de cetim azul, imitando um cinto, marcando a barriga proeminente, usava uma tiara simples de pedras azuis e um véu pequeno. Este era o meu algo azul significando a fidelidade do casal, a fé nesse amor e o desejo de prosperidade. O meu algo velho era o relicário de prata em meu pescoço, que pertencera a minha mãe, para lembrar-me sempre da minha vida antes de tudo isso acontecer, da minha família que se foi e do quanto eles foram felizes. Dentro do relicário agora estava uma foto dos meus pais comigo. O meu algo emprestado significava os laços que eu jamais perderia com aqueles que nos queriam bem, e eram brincos de diamante que Bruna fez questão que eu usasse, pois o diamante significa a segurança, o Algo novo era minha pulseira de prata, com três pequenos pingentes em forma de bebê, que Rick havia me dado na semana anterior.

A praia ao por do sol era o cenário perfeito para nossa união. Poucos amigos estavam presentes, o que tornava tudo ainda mais especial. A musica que escolhi começou a soar e todos estavam esperando pela minha entrada, não podia ser diferente, "I Thousand Years" traduzia exatamente aquilo que eu queria. Eu queria que esse amor durasse mais de mil anos. Estava de braços dados com Júlio, que me levaria até o amor da minha vida, o pai dos meus filhos. O homem que eu amaria por mil anos e muito mais. Minhas pernas tremiam quando dei o primeiro passo e olhei para ele, tão lindo em seu terno branco e sorriso radiante. Lagrimas de felicidade brilhavam em seus olhos, toda a minha vida fez sentido. Tudo o que aconteceu nos levou a esse momento. A emoção era tão intensa que eu tive medo de cair. Mas Júlio me segurou firme me levando ao encontro da felicidade.

Quando cheguei próximo a Rick, ele encurtou o espaço entre nós, apertou a mão de Júlio agradecendo por tudo, e enquanto Júlio tomava seu lugar ao lado de Bruna, Rick beijava minha testa, sussurrando que me amava em seguida ele ajoelhou-se e beijou três vezes minha barriga, dizendo que amava cada um dos nossos filhos. As lagrimas que já rolavam soltas se intensificaram quando chegou a hora de declararmos nossos votos.

"Natalie, eu pensei muito no que dizer hoje a você, mas não existem palavras suficientes que possam expressar tudo o que eu sinto por você. Você chegou de mansinho na minha vida, no começo eu lutei com isso, eu tentei te afastar, mas a única coisa que eu realmente queria era trazer você para cada vez mais perto. E aqui estamos. Depois de tudo que houve, você se tornou meu santuário. A partir de hoje dividiremos as alegrias e as tristezas, as conquistas e as dificuldades .Eu prometo, meu amor, me esforçar para ser o melhor. O melhor marido, o melhor pai. Sempre o melhor para vocês, e peço a Deus a graça de nos manter sempre apaixonados um pelo outro, sempre felizes, e eu prometo que vou cuidar de vocês com todo amor do mundo, com toda a devoção que vocês três merecem. Natalie, você mudou a minha vida, e eu espero mudar a sua. De hoje em diante será só felicidade e paz. Eu te amo, princesa."

Ele terminou seus votos chorando, assim como eu estava. Ele era a minha vida.

"Rick, eu tentei encontrar as palavras certas para esse momento, mas não existem palavras para descrever toda a felicidade que eu estou sentindo. Quando nos conhecemos, eu te odiei você me tratava tão mal, me provocava quando via as minhas dificuldades, zombava da minha dor, e eu não entendia porque, mas com o tempo isso de te odiar acabou se transformando em amor, e você se tornou outro homem, e me deixou ser outra mulher. Nós amadurecemos juntos, nós perdemos tanto em tão pouco tempo, mas ganhamos tanto também. Às vezes me pergunto se estaríamos juntos se nossos pais estivessem aqui, todas as dificuldades, tudo, será que teria acontecido? - fiz uma pausa para enxugar as lagrimas e vi que não era a única chorando, os bebês se mexiam muito, mesmo com as nossas mãos acariciando minha barriga eles estavam em festa, assim como nossos corações- Eu gostaria que eles estivessem aqui, para ver a família linda que estamos formando, o amor forte e incontrolável eu sentimos, você foi o meu anjo Rick, me tirou da escuridão e me trouxa para a luz. Você se tornou aminha vida, e eu não gostaria de viver ela sem você. Hoje, diante de todo eu te prometo ser a melhor mãe, a melhor esposa, ser fiel, e te amar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, ate o fim, e por mais mil anos se Deus permitir."

Rick chorava de alegria e emoção, uma olhada a nossa volta mostrava que todos também estavam emocionados, o padre abençoou as alianças que trocamos, dizendo que Deus nos conservasse no amor e na fé, e que nossa família fosse sempre símbolo do amor e da união, que nossos filhos crescessem sabendo valor da família.

"O que Deus uniu o homem não separa. Perante a lei de Deus e dos Homens, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva".

E então era como se o mundo se resumisse a esse toque, a esse beijo. Seriamos um de hoje em diante e para sempre, Rick se aproximou tocando minha cintura com uma mão, a outra estava em meu ombro, o olhar que trocamos selava esse compromisso, e no espaço de uma respiração ele me tomou nos braços e me beijou com total adoração. E seria sempre assim. Nos adorando e nos amando ate o fim.


Nota final da autora: é isso gente, eu chorei escrevendo esse cap, me emocionou muito! mas esse ainda não é o fim. temos o Epilogo semana que vem e eu conto com vocês!

beijos!

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