Só sabem Jogar
As histórias não tiveram nada demais nos capítulos que eu li. Em alguns, eles ainda eram amigos. Em outra, ainda não se conheciam. Em outra já eram namorados, mas não estavam de melação.
- São bem legais. Elas escrevem super bem. Fiquei orgulhoso.
Gostaria de poder dizer isso a elas. Imagina a alegria dessas garotas!
- Mas... por que a maioria eu sou traficante ou criminoso ou alguma coisa assim? - ele levantou a cabeça do meu ombro e me olhou de sobrancelha arqueada.
Eu ri.
- Não sei.
- Elas gostariam que eu fosse criminoso?
Franzi a testa.
- Acho que não.
- Então...?
- Hmmm... acho que é que acham que fica sexy, não sei.
Ele riu dessa vez e eu ri com ele.
- Ok, vou virar criminoso para ser sexy.
Dei um tapa fraco no braço dele.
- Não não, parou a viagem já.
Ele riu de novo e olhou o relógio.
- Seis horas, tenho que ir. - se levantou.
Deixei o netbook do lado e me levantei também.
- Por que? - tentei não fazer da minha pergunta uma súplica.
Mas não de certo, porque ele riu e sorriu.
- Tenho que dar um passeio social.
- Hm.... - assenti como se tivesse entendido o que ele tinha dito.
Ele não se deixou enganar.
- É uma aparição em algum lugar, já que estou aqui no Brasil, tenho que dar as caras. Então vou fazer uma visita ao Cristo Redentor e depois jantar no Porcão. Você poderia vir comigo.- ele disse esperançoso.
- Mas, isso vai acabar tarde?
- Provavelmente. Vamos?
- Meus pais não deixarão, provavelmente, ainda mais assim em cima da hora. E também que isso envolve um passeio de avião.
- Você não sabe, eles podem deixar.
- Talvez.
- Olha, então eu vou lá me arrumar, você fala com eles e me liga pra me falar a resposta. Ou eu te ligo.
- Uhum. - assenti.
Ele sorriu, e eu sorri também, mesmo sem entender.
- Por que tá sorrindo?
- Você falando "uhum".
Isso me fez rir e ele riu comigo.
- Que besta gente.
Ele beijou minha testa.
- Até depois.
- Até.
Fui com ele até a porta esperar o Kenny e os garotos, que já veio reclamando que ele estava atrasado e os dois saíram discutindo de um jeito engraçado.
Agora é falar com meus velhos.
♡ ♡ ♡ ♡
- Não sei porque está tão estressada, Heloísa. - minha mãe disse.
Olhei pra ela com descrença.
- Heloísa você está vendo ele todos os dias!
- Eu sei mãe, mas poxa, além de ser meu amigo, ele é o Justin!
Ela revirou os olhos.
- Seu pai não vai mudar de ideia.
- Claro que não. - bufei e revirei os olhos.
Ela respirou fundo.
- É melhor você desmanchar essa cara antes que ele proíba ele de vir aqui.
Eu arfei.
- Mãe, ele não faria isso. Eu tô vivendo meu sonho e ele vai embora sabe-se lá quando.
- Então é melhor você ficar quieta.
Fervi de raiva e fui para o meu quarto, antes que eu acabasse falando algo que me prejudicasse.
Escrever IB é sempre o que me salva, e como tenho deixado um pouco de lado, é melhor aproveitar.
" Ela passou a mão pelo retrato ainda sem me olhar.
- Ele é lindo não é?- falou ainda encarando o retrato sorrindo.
Fiquei muda. O que eu responderia a uma psicopata que estava chamando MEU namorado de lindo?
Ela então me olhou.
- E vai ser meu.- seu sorriso se alargou.
Parecia que estava me provocando. Não aguentei e bufei revirando os olhos.
- Você pode conseguir me separar dele, mas não vai ficar com ele.
Ela riu maleficamente, o que me deu medo."
Bocejei pela milésima vez e fechei o caderno. Hoje me adiantei a vida. Estava inspirada. Mesmo que eles estivessem com problemas e eu em um momento borboleta.
Falado na minha pessoa no momento...
Estou encrencada.
Muito encrencada.
O sentimento está evoluindo.
Isso é fácil de perceber.
Me sinto uma idiota.
Isso aqui é vida real, não posso me apaixonar simplesmente por ele. Isso resultaria em desastre.
Me preparei para dormir e dei boa noite aos meus pais, que ficaram me olhando estranho. Vou ter que aguentar bronca ainda.
Após me deitar, comecei a conversar com Deus. Já disse como amo esse cara?
Ele é tudo.
Fiquei tagarelando com Ele pela cabeça feito doida sobre o Justin, é claro.
E agradeci. Por tudo isso estar acontecendo. Não aconteceria sem a graça dEle.
Quem diria que eu ia conhecer o Justin e me tornar tão próxima a ele?
Só Deus mesmo.
♡ ♡ ♡ ♡
Toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc...
Infinitos "toc's" na minha porta.
O pior ainda, é que era na porta do meu quarto.
Mas que jeito mais horrível de se acordar!
- Oi, oi, calma merda. - pulei da cama.
Aposto que era o Miguel.
Quem mais seria?
O bozo né.
Abri a maldita porta enquanto os toques continuavam e quase soltei lindos elogios, mas mordi a língua ao ver Justin na porta.
Sabe aquele "OLA" que fazem em jogos? Aqueles que levantam os braços?
Isso que aconteceu e acontece comigo ao vê-lo. Mas não faço "OLA", isso acontece internamente. Um friozinho e um quente que sobe, e faz o coração acelerar.
Ai caramba.
- Ah! - tapei meu rosto com as mãos.
- Oooi Heloísa, estou tão horrível assim, shawty? - ele pegou minhas mãos e tentou puxá-las, mas eu as mantive onde estavam, indo para trás.
- Oi, Jus, não, tu tá gatão como sempre.
Ele riu e eu prendi a risada.
Mas ele estava gato mesmo, com uma calça preta, e uma regata branca.
Caspita.
Ele sabe como fica... agradável?
Lindo?
Maravilhoso?
Olhável?
Tocável?
E vamos parar por aqui.
- Mas, o que foi então, bobinha?
- Jus, deixa eu ir no banheiro por favor. - implorei.
- Serio?
- Uhum.
Eu podia saber que ele estava sorrindo. Não sei como, mas sabia. E era por causa do "uhum".
- Então olha pra mim.
- Nããão. - eu fiz manha.
- Por favooor. - ele disse no mesmo tom.
- Serio, me deixa ir no banheiro.
- Então olha pra mim.
Abaixei um pouco as mãos e olhei pra ele, só deixando os olhos de fora.
Ele sorriu pra mim e beijou minha testa., depois, olhou nos meus olhos.
Eu sorri.
- Bom dia.
Ampliei meu sorriso. Depois corri para o banheiro, ouvindo ele rir atrás de mim.
Eu tenho que escovar os dentes né pessoal. Que horror, imagina ele sentir meu bafo? Cai duro no chão.
Há ha sou piadista.
Porém, ele morreria mesmo.
Escovei os dentes, lavei o rosto e esvaziei a bexiga. Coitada.
Antes de sair, dei uma ajeitada no cabelo e aí vi.
Meu short é minúsculo, Senhor! Mas era pra dormir também, quer o que.
Abri a porta com as mãos na frente das pernas, me escondendo e andando de lado.
Ele estava sentado na minha cama e me olhou com a sobrancelha arqueada.
Abri um sorriso sem graça.
- Ér... pode sair pra eu me trocar?
- Pra que trocar? - ele olhou para as minhas pernas com um sorriso malicioso.
Eu mexi minhas mãos nela, tentando esconde-las mais. Minhas bochechas e rosto todo ficaram absolutamente quentes.
- Justin!
Ele riu e se levantou.
- Tô saindo, calma aí.
Fiquei de testa franzida, envergonhada.
Ele piscou pra mim e saiu do quarto, fechando a porta em seguida. Corri até ela e a tranquei.
Uou.
Não vou imaginar o jeito safado dele. Não vou.
Aaaah.
Coloquei uma camiseta e um shorts mais apresentável. Algo que me permitisse sair em público.
Terminei e destranquei a porta, abrindo-a em seguida.
Fui seguindo o som da TV até a sala. Justin jogava com Miguel um jogo de skate.
Nossa gente, esses meninos só sabem jogar.
Mas também, o que mais poderiam fazer juntos?
Hmmmm....
Me sentei na mesa - na cadeira, na verdade - e peguei um pão a minha frente, rindo dos meus pensamentos.
- Jus, quer alguma coisa? Já tomou café?
- Tomei no hotel, obrigado. Ai merda, pra lá seu burro. - ele disse pressionando forte o controle.
Eu ri e comecei a comer pão com manteiga.
Isso é vida jovens, é vida.
Depois de comer, organizei as coisas e fui me sentar no sofá para ver os dois jogarem. Já que eles não fazem mais nada.
Estava tão quieto que eu quase dormi.
Quase.
Se o Justin não estivesse ali tão perto, jogando, rindo, sendo perfeito. Sendo ele... Eu ficava olhando pra ele, mas ele nem percebeu. Imerso como estava no jogo.
E então começou a ficar frio. E escuro. Tempestade em pleno dia de sol? Só o que me faltava. Mas eles pareceram nem perceber e eu fui fazer o almoço. Estava tão preguiçosa que fiz um miojo. A salvação dos preguiçosos.
Chamei os dois, e após terminar a rodada, vieram. Justin se sentou do meu lado, e eles começaram a comer. Tadinho do Justin, deve estar sentindo falta de boa comida.
- É o seguinte, - Miguel disse se levantando, colocando o prato vazio na pia e voltou - estou indo.
- Pra onde moleque?
- Casa do Lucas, vai ter maratona de play's lá. Eu chamaria o Justin, mas seria muito escândalo e você reclamaria. Então tchau. - ele foi andando pra porta e acenou para o Justin, que ficou confuso.
- Vai ter tempestade garoto!
- Não sou de açúcar. E cuidado aí com ele Heloísa, se acontecer algo, mato os dois! - ele gritou e saiu fechando a porta.
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