Poutine
- Aai Justin! - eu gritei correndo para o fundo da cozinha.
Ele começou a rir e correu também, depois me abraçou, me cobrindo da explosão de óleo.
Comecei a rir junto com ele. Se ele acabasse todo queimado de óleo, a culpa não seria minha.
- Ei! Eu que tenho que te proteger! - disse nos braços dele, ainda escondida.
Eu escondida nos braços do Justin.
Nos braços do Justin!
Nem preciso dizer que estava morrendo, coração a mil, segurando o choro, pernas bambas né?!
O barulho foi diminuindo, até ficar num ruído normal, e ele me soltou.
- Justin, você não sabe fritar coisas?
Ele riu.
- Fritar não muito, mas sei cozinhar.
Kenny, Scooter e os câmeras tinham saído, não sei pra onde foram, mas sei que voltariam às seis e quarenta e cinco, quinze minutos antes dos meus pais chegarem. Eles queriam que eu tivesse uma tarde especial com o Justin, sozinha, por isso nos deixaram.
Agora quero saber por que me escolheram? A honra que eu estava tendo. E eu ia fazê-lo pensar que ele não era só mais um garoto famoso, ia fazer dessa tarde não só especial pra mim, mas pra ele também. Eu sei que ele anda cansado e de saco cheio de tanto trabalho, e sempre quis ter a chance de poder ajudá-lo com isso. E hoje tenho a grande honra.
Ele será hoje como se fosse um dos meus melhores amigos. Vou tratar ele de acordo.
- Isso já serve. - brinquei com ele, lhe dando um soquinho no ombro.
- Ei, isso é de muito utilidade. - ele fez uma cara brincando que estava ofendido.
- Eu sei bobo. Agora olha essa batata se não queima.
Ele me mostrou a língua e eu ri.
O legal é que ele estava tentando me fazer bem, me tratando como se fosse uma amiga, e eu fazia o mesmo com ele.
Justin olhou as batatas e ficou mexendo, foi tirando as que estavam prontas e depois de colocar tudo no prato forrado com papel toalha, olhou pra mim.
Fiz cara de medo e ele assentiu com um sorriso.
- Se proteja madame!
- Ai meu Deus.
Ele riu, e encheu a espátula de batatas e jogou-as no óleo.
A explosão foi instantânea. Me agachei e me encolhi, ouvi sua risada gostosa e depois senti seu abraço protetor.
Eu amo esse garoto, já disse isso? Então, eu amo ele.
Quando o barulho de fritura diminuiu, ele me soltou. Eu queria que a explosão de óleo durasse para sempre.
- Pronto, vou olhar o molho. - ele correu novamente para o fogão e mexeu com a colher de pau o molho estranho que fazia.
- E então, como tá ficando? - perguntei curiosa.
Ele me olhou.
- Acho que está indo, quando estiver pronto você verá. Mas... quer me ajudar?
Assenti em prontidão e fui para o lado dele.
- O que precisa?
- Corta o queijo em pequenas fatias, por favor.
- Que lindo, sabe pedir por favor. - apertei a bochecha dele meio receosa.
Ele riu.
- É, eu sei.
Balancei a cabeça rindo e comecei a cortar o queijo.
Fiquei cortando-o com os pensamentos em Justin, que no momento, estava ao meu lado. Isso é tão surreal que me deixa pasma.
Mas não quero demonstrar isso, quero que ele esqueça por um instante essas coisas do mundo famoso, como se fossemos só velhos amigos, como disse anteriormente.
- A ultima leva de batatas. - ele avisou, empurrando meu ombro com o seu.
- Ai. - franzi a testa e larguei o queijo.
Ele riu enquanto eu corria para o canto da cozinha.
Batatas no óleo.
Explosão.
Abraço do Justin.
Morri.
Adeus.
Mentira, estou aqui morrendo nos braços dele enquanto ele tenta me proteger dos respingos de óleo.
A fritura diminuiu com seu barulho, mas ao invés de me soltar, ele me abraçou mais forte e beijou minha bochecha, enquanto eu ria maravilhada.
Ele não tem ideia de como esses pequenos detalhes são importantes pra mim não é?
- Heloísa. - ouvi Miguel me chamar e olhei.
Justin também olhou e Miguel cruzou os braços, nos encarando de cabeça erguida.
Ai meu pai.
- Hm? - perguntei e o encarei de volta.
Ele fez uma cara rabugenta e pigarreou.
Justin me soltou e se endireitou.
Fiz uma cara azeda para Miguel.
- O que foi Miguel? Perdeu alguma coisa aqui?
Justin olhou pra mim confuso.
Miguel revirou os olhos e saiu da cozinha.
Que garoto irritante.
- Então...? - Justin perguntou tentando se situar.
- Perguntei o que ele queria aqui, mas ele não respondeu. - suspirei - E aí, a comida. - o lembrei.
- É mesmo.
Voltamos os dois para o fogão e ele começou a mexer no molho e na batata. Terminei de cortar o queijo, Justin desligou o molho e terminou de tirar as batatas do óleo.
Ele jogou sal e...- pimenta do reino? - nas batatas, depois jogou o molho em cima e os queijos que eu havia cortado, que começavam a derreter em cima da batata. Observei tudo com curiosidade.
Justin viu que eu olhava e olhou pra mim sorrindo.
- É uma delícia, você vai ver.
- Batata é uma delícia.
Ele concordou e pegou o prato enorme de batatas indo para a copa. Peguei a coca que estava na geladeira e fui atrás dele.
Vi ele colocar o prato enorme na mesa e coloquei a coca atrás, depois voltei para a cozinha e peguei três copos.
- Não teria cerveja aí não é? - ele perguntou atrás de mim e eu quase me assustei. Virei-me para ele de cara seria - Eu sei que aqui no Brasil eu tenho idade para beber. - completou com um sorriso.
Como ele estava sorrindo, não consegui conter o meu sorriso, mesmo que eu quisesse parecer seria.
- Perto de mim, nem o cheiro você sentiria.
- Estraga prazeres. - ele fez uma careta engraçada, brincando comigo, e eu ri - Isso não é uma coisa legal de se fazer.
- Há há, vamos logo. - chamei-o e fui indo para a copa.
Me sentei em uma das cadeiras e ele se sentou na ponta a mesa ao meu lado.
- Vem Miguel. - chamei já de olho nas batatas.
Justin riu.
- Cuidado com a baba.
- Acho que vou babar em tudo e aí comerei sozinha.
- Pense bem mocinha, olha o tanto de calorias que ganharia!
Revirei os olhos.
- E você acha que eu me preocupo com isso?!
Ele sorriu, de um jeito satisfeito.
Miguel se sentou na minha frente.
- Parece ótimo. - ele comentou.
Traduzi para o Justin e ele deu um sorriso simpático à Miguel.
- Obrigado brow. - ele estendeu o punho e Miguel bateu o punho dele no de Justin.
O legal era o Justin sendo simpático com ele mesmo sabendo de tudo o que eu havia contado sobre os xingamentos.
- Hmm... acho melhor... - voltei para a cozinha e peguei os pratos e talheres, depois voltei.
Justin e Miguel me olhavam.
- Se sirvam, mas... - pigarreei e fechei os olhos - Obrigada Deus pela presença do Justin aqui e por esse alimento que iremos comer. Alimente os mais necessitados no mundo, em nome de Jesus. Amém.
Abri os olhos.
Eu precisava fazer isso. Não abrir os olhos, a oração.
Quando olhei adiante, os dois me encaravam de novo. Miguel me olhava confuso, pois não tinha entendido bulhufas como a oração foi em inglês. Justin me olhava com um sorriso.
Sorri também.
- O que?
Ele balançou a cabeça.
- Vamos lá.
Começamos a nos servir do Poutine com ótima aparência do meu marido, licença.
E não é que era bom? Ele ficou nos olhando comer enquanto também comia, e sorria com as nossas expressões. Porque, eu amo batatas, Miguel ama batatas, e aquela mistura havia ficado muito boa.
Justin até nos contou a história do Poutine. Grande Fernando La Chance com suas palavras '' ça va ruine maldite poutine!" - vamos fazer uma bagunça! - ao receber o pedido de batata e queijo em 1957.
É isso que dá almoçar com os canadenses.
- Justin, estava ótimo. Serio. Pode abrir seu restaurante. - elogiei após transmitir-lhe o agradecimento de Miguel - Só arranje alguém para fritar as coisas.
Nós dois começamos a rir.
- Pode ter certeza, alguém para fritar será o primeiro a ser contratado.
Eu ri.
- Palhaço. Espere. - corri para a sala e dei um dinheiro para Miguel comprar dois potes de sorvete.
Ele reclamou, mas foi. Ele sabia como era importante pra mim o Justin estar ali.
- Onde seu irmão foi? - ele perguntou curioso quando voltei para a copa.
- No mercado. - comecei a retirar as coisas da mesa e guardar.
Ele foi atrás de mim.
- E aí, o branquelinho também pega no pesado? - brinquei colocando as louças sujas na pia.
Ele riu.
- Trabalho todo dia pra te deixar feliz.
- Aw que fofo. - disse pegando a bucha e o ouvi rir.
Me segurei para não surtar.
- Mas...você quer ajuda?
- Imagina Jus. - o tranquilizei ensaboando um prato.
- Então você lava e eu enxugo, e você guarda, porque eu não sei onde é pra guardar. Mas você pode me falar também.
Eu ri.
- Sem grilo menino, está tudo sobre controle.
- Mas eu quero ajudar.
- Tudo bem. - me rendi ao enxaguar o prato - Faça as honras. - entreguei-lhe o prato e ele pegou o pano no compartimento do próprio.
Justin me ajudando na cozinha.
Quando eu ia arrumar as coisas, colocava musicas dele para tocar, e agora ele está aqui do meu lado me ajudando. É muito para um coração só.
- Então, não tem perguntas hoje? - ele disse enxugando.
Que coisa mais fofa.
- Tenho, mas vou deixá-las pra lá. Hoje não.
O silêncio reinou por alguns segundos. Ele devia estar se perguntando o porque não teria perguntas e eu me perguntando se ele tinha se sentido pressionado do "hoje não" como se eu fosse ingrata e quisesse ainda mais.
Eu sei que o que estou ganhando é o sonho de toda belieber, e não sou ingrata quanto a isso.
- Sabe Jus, quando falei pra minha mãe que estava falando com você no celular e que ia te passar meu endereço, ela achou que era algum pedófilo me enganando. E ninguém da escola acreditou que te conheci mesmo com a foto, quer dizer alguns.
Ele riu.
- Eles tem problemas.
- Estão me chamando de louca. - franzi a testa.
Ele riu pelo nariz sem humor.
- Se quiser, posso resolver isso.- ele fechou sua mão em punho.
Eu sorri, de orelha a orelha, e ele sorriu junto.
- Não precisa. Mas ia ser bem legal você acertar a cara de uns aí... - eu ri e ele riu comigo.
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