- Mas é! - eu ri e bocejei outra vez.

- Não acredito que chamou ele de biba encubado por minha causa. - Justin riu.

- Ele é um saco, e por você eu faria tudo.

- Ow. Que fofa.

Ri de novo e bocejei.

- Sabe o que mais, acho que alguém tem aula amanhã.

- Alguém tem. - concordei risonha.

- Avisa para alguém que já são três horas da manhã.

- Alguém já sabe.

- Alguém não está com sono?

- Está me dispensando?

- Não. - ele riu pelo nariz - Estou preocupado com você, não quero ser a causa das suas notas baixas.

- Aw. - suspirei e limpei a lágrima que caiu - Mas você está atrasado meu filho, já foi a causa delas. - disse brincalhona.

- Hmm..desculpe.

Sorri boba.

- Não se preocupe. - bocejei de novo, que merda.

- Vai dormir Isa.

- Você me chamando pelo meu apelido, eu morro.

Ele riu.

- É serio, vai dormir.

- Não quero, não sei quando e se vou conseguir falar com você de novo. - disse sentindo um arrepio de medo.

- Olha, vai dar tudo certo. Nós vamos nos ver de novo.

Suspirei com um nó na garganta, eu tinha quase certeza de que não ia acontecer e eu não ia ter a cara de pau de pedir para ele me ligar de novo.

Mas espera... eu tenho o número dele!

- Tudo bem. Eu vou ouvir Be alright.

Ele riu.

- Bom, eu gostei muito de falar com você. É um prazer poder conversar com você melhor.

Apertei os olhos forte, tentando me controlar, eu não queria ficar chateando ele com os meus surtos.

- Eu também amei falar com você. - disse e ri em seguida, porque isso era óbvio. Ele deu uma risadinha.

- Eu acho que é isso. Se empenhe nos estudos moça.

Mordi o lábio.

- Tudo bem. Você...se empenhe na música. - rimos de novo - E ...ande com Deus, procure ser um bom exemplo para os seus fãs. Não que não seja... mas, você já sabe.

- É. - ele deu uma risadinha sem graça - Boa noite.

- Boa madrugada. - corrigi brincando - Boa vida. Eu te amo. - respirei fundo.

- Boa vida pra você também. E... everthing starts from something...where would i be, if you didn't believe. Eu te amo. - ele desligou.

Seu mongo!

Rolei de lado e abracei o celular como se fosse ele, chorando feito criança.

Não acredito que ficamos conversando desde onze horas! Eu...conversando com o Justin...por quatro horas!

Meu Deus!

Ele é tão fofo! Deve ter ficado conversando esse tempo todo comigo por pena, não é possível!

Isso foi mais do que incrível!

Acho até que me controlei bem nos surtos por estar falando com ele. Deve ser chato ficar o tempo todo ouvindo surtos, sem papo nenhum. Pelo menos conversei de verdade com ele.

Nem acredito que ele ficou me ouvindo falar para ele beber menos porque prejudicaria a saúde dele.

Claro que ele me disse que eu estava parecendo a Pattie - e isso foi uma honra -, mas pelo menos me escutou.

E agora não vou conseguir dormir!

Olhei no meu celular e fui nos registros de chamada.

Ai, o número dele.

Salvei na agenda e...

Espera.

Não vou mandar mensagem para ele. Assim posso virar um pé no saco.

Sentei na cama e peguei meu caderno de ib na minha bolsa. Eu tenho que escrever, as ideias estão pulando loucas aqui. Minha cabeça parece uma balada e eu tenho vontade de gritar.

Adrenalina.

Aaaah. Eu tenho que escrever e me acalmar já, porque como o Justin disse, preciso dormir... Aawn o Justin. Meu Deus.

Abri o caderno logo, antes que eu ficasse louca, e dobrei os joelhos após me encostar na cabeceira da cama. Apoiei o caderno nos joelhos, e vamos lá.

" Desculpa shawty mas você esta muito....tentadora.- continuei corada e ele me olhou de cima a baixo de novo mordendo os lábios.

- Seu idiota. Não é por isso. Você...!- parei irritada demais balançando a cabeça, mas me lembrei do horário.- Depois eu te falo. Argh."

Olhei no celular ao meu lado, cinco pras seis.

Isso. Não dormi.

Isso Justin, seu lindo. Mas sempre que quiser me ligue, seu gatão.

Ótimo, a ausência do descanso me deixou meio louca.

Fechei o caderno e o guardei na bolsa. Eu amo essa IB.

Levantei rígida e peguei uma roupa no guarda-roupa.

Vamos estudar! Eeee! Que grande merda.

Entrei no banheiro. Vou tentar relaxar nesse banho.

Quase caí de cara no chão com a água quente me relaxando.

Terminei de fazer tudo o que tinha que fazer lá, vocês não precisam saber o que. Tudo bem, estou palhaça.

Saí já vestida, cambaleando de cansaço.

Eu não costumo ficar sem dormir, só fiz uma vez no ano novo, e no dia seguinte dormi em cima do prato de comida. Agora vou morrer no meio da sala de aula.

Peguei minha mochila e fui com ela até a cozinha. Minha mãe estava lá, fazendo alguma coisa na frente do fogão, meus olhos cansados não distinguiram.

De sábado para domingo, eu dormi mais ou menos três horas, de domingo para segunda, quatro, e de segunda para terça, nem um pouco, então estou morrendo.

Coloquei minha bolsa em uma das cadeiras e dei um beijo na bochecha da minha mãe.

- Bom dia mãe.

- Bom dia. - ela me olhou - Menina o que é isso? - ela disse assustada e passou a mão embaixo dos meus olhos.

- O que?

- Você está parecendo um zumbi!

Tentei dar um sorrisinho e me sentei na cadeira.

- Heloísa, quando eu entrei no seu quarto e mandei você dormir às meia noite, a senhora foi?

- Hmmm... - deixei minha cabeça cair na mesa.

- Ai menina! Tá vendo! Depois fica aí morrendo!

- Desculpa. - falei embolado.

- Que hora você foi dormir? - ela perguntou após um suspiro irritado.

- Hmm...

Ela esperou.

Suspirei.

- Não dormi mãe.

- O que?! Por que?! - ela gritou nervosa.

Esse grito foi até os meus tímpanos e depois se perdeu.

- Heloísa?

- Hm? - murmurei como que ressuscitando.

- Dormiu foi?

- Não. O que?

- Por que não dormiu? - ela perguntou e me assustei ao ouvir algo sendo colocado perto da minha cabeça.

Levantei o rosto e vi que era uma tigela com cereal.

- Obrigada. - agradeci e peguei a colher, dando a primeira colherada. Após engolir, a vi na minha frente, me olhando - Fiquei falando com o Justin, e depois não consegui dormir.

Ela franziu a testa.

- Você teve alucinação?

Eu ri.

- Não, eu falei com ele no celular mãe! Ele me ligou. - arregalei os olhos e comecei a chorar.

Ela ficou me olhando assustada.

- Heloísa?

Enxuguei as lágrimas.

- É serio mãe, se quiser, olha no meu celular. É que ele ligou aquele dia no meu celular para saber onde você estava e aí sem querer, ele acabou clicando e me ligou.

- É serio?

Assenti e depois parei confusa.

- Acho que sim. Eu falei com ele até três horas da manhã.

- Você está delirando Heloísa? - ela perguntou preocupada.

- Não mãe, não se preocupe. - apoiei a cabeça na mão esquerda, onde meu cotovelo estava apoiado na mesa.

Fechei os olhos por um momento, dando uma piscada longa.

- Heloísa? - ouvi minha mãe me chamar.

♡ ♡ ♡ ♡

Me remexi inquieta na cama.

Rolei de lado e dei de cara com a parede gelada. Legal.

Me sentei na cama confusa. Olhei para mim, vestida com o uniforme.

Mas, não me lembro de ter ido a escola...

Me levantei grogue e calcei os chinelos. Abri a porta e olhei pelo corredor. Ouvi o barulho da televisão e fui até a sala.

Minha mãe estava sentada no sofá, assistindo a um programa religioso e fazendo oração.

Fui de mansinho ao lado dela e beijei sua bochecha.

- Oi mãe. - forcei um sorriso culpado.

Ela me olhou com olhos fuziladores.

- Oi moça que dormiu em cima da tigela de cereal e me fez faltar ao trabalho pra cuidar de você.

- He he. Sabe como te amo né? - abracei ela.

- Rum. Essa história de falar com o Justin é serio?

- É mãe, pode ver no meu celular! - dei pulinhos no chão - Lindo né? Ai vou morrer.

Ela riu.

- Parabéns filha. Hm...e aí, tem o numero dele agora...

- É, mas não vou ficar mandando mensagem nem nada, não quero atrapalhar e nem encher o saco dele.

Ela me olhou confusa.

- Mas você sempre manda várias mensagens pra ele nas redes sociais para ele ver. E agora...

- Agora eu sei que a mensagem vai chegar e ele vai ler e pode ficar com raiva de mim por ficar perturbando.

- Bom... - ela pensou um pouco - acho que tem razão.

- Eu sei que tenho.

- Senta aqui. - ela bateu a mão ao seu lado no sofá e eu me sentei - Vamos fazer oração comigo.

Assenti.

Fiquei uns quinze minutos orando com ela e depois acabou.

Deitei em seu colo e ela começou a mexer em meus cabelos.

- Que horas são? - perguntei.

- Dez pra meio dia.

- Hm. Mãe... será que vou falar com ele de novo? - olhei pra ela.

- Não sei filha.

- Falar com ele, foi uma das coisas mais incríveis que aconteceram comigo e eu quero muito falar com ele de novo, e virar amiga dele.

Mas eu não via como.