Incomodada

- Aaah Heloísa eu não posso usar isso assim. - ele reclamou após dar uma volta para vermos como ele tinha ficado.

Suas calças, que na verdade eram de Miguel, estavam certamente abotoadas na cintura. Com um cinto.

E pelo Miguel obviamente ser menor que o Justin, estavam nas suas canelas, mas dobramos para parecer que isso era próprio da calça.

E a blusa que ele usava era quadriculada. Uma de botão do Miguel.

E nos pés, calçava um chinelo marrom que parecia mais uma sandália.

Ele estava mais do que brega.

Colocamos nele uma touca, parecida com a de um ladrão, só com o buraco dos olhos para enxergar e dois furinhos imperceptíveis no nariz para respirar. Mas ainda por cima, tinham os óculos escuros. Sem falar no boné velho do Superman virado para frente, e não era de aba reta.

Resumindo, ele está numa situação tão lastimável que estou quase fazendo xixi nas calças de tanto rir.

As pessoas nunca achariam que essa coisa toda sem swag - mais do que quando ele tinha crises e usava roupas estranhas - era o Justin. Ainda mais que ele estava todo coberto.

- Para de rir Heloísa! - ele reclamou por baixo daquilo tudo.

Mas eu não conseguia.

- Só tem um problema. - disse Miguel e eu fui parando de rir para olhá-lo.

Ele apontou para o Justin, para o seu maldito braço fechado de tatuagens.

- Tinham que ser essas desgraças. - dei um tapa em cima da sua tatuagem, ou melhor, das suas.

- Ai. - ele murmurou.

- Aqui.- Miguel estendeu uma blusa de frio azul escuro , que só deixava tudo pior.

Justin colocou e eu e Miguel começamos a rir.

- Eu estou assassinando meu Swag. Isso é um pecado. - falou horrorizado.

- Dentre seus pecados costumeiros, esse não faz nem cócegas.

Justin me encarou. Eu acho. Não dava pra saber com aquela coisa toda coberta.

Comecei a rir de novo da cara dele e não conseguia mais parar.

Justin se sentou na cama e Miguel se sentou ao seu lado, enquanto os dois me olhavam me agachar no chão de tanto rir.

O Justin olhar pra mim só piorava, com aquela cara de manolo.

- Ai vamos sair logo daqui, isso não vai prestar. - me levantei, me apoiando no guarda-roupa.

Miguel já tinha acostumado a ficar boiando enquanto só conversávamos em inglês, mas acho que ele começava a entender mais algumas coisas agora.

Do mesmo jeito, traduzi para ele.

- Só tem um problema, vamos andando? - ele perguntou.

Pensei um pouco.

- Vai ter que ser. Kenny está com o carro alugado e nós não temos carro em casa agora.

- Vamos andando??? Mesmo? - ele perguntou de olhos arregalados.

- Uhum, vamos. - e me virando para o Justin - Vamos andando.

Um milhão de queixas em duas línguas foi o que eu ouvia pelo caminho, eu até chamei eles de mariquinhas.

Quase borrei minhas calças ao ver a reação das pessoas ao verem Justin. Eles se afastavam dele assustados, pensando que ele fosse algum bandido, e vários deles riam pra valer, tentando disfarçar.

Mas o negócio era que: todo mundo olhava.

- Eu estou acostumado a ser olhado, mas de outra maneira. - Justin disse ao chegarmos no parque e sentarmos de frente para o lago. Mas do lado mais vazio, onde tinham mais árvores e as pessoas tinham mais receio de vir.

O parque estava mais vazio do que o habitual, por ser dia da semana e ser férias só para algumas escolas.

Podíamos ver crianças correndo ao longe, adolescentes conversando em um canto. Mas cada um no seu canto, tinham os costumeiros casaizinhos. Só as crianças ultrapassavam a linha de cada um em seu canto, correndo por todos os lugares.

Eu ri.

- Isso foi divertido.

Ele deu uma risadinha.

- É. Foi.

Peguei meu celular e soltei na musica que tocava.

Apenas mais uma de amor, Nx Zero. Seus lindos.

- Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixa assim ficar subentendido...

- O que você tá cantando? - ele perguntou confuso.

Eu ri um pouco e comecei a traduzir a musica toda pra ele.

Ele olhava pra mim e assentia.

- Muito bonita. - elogiou quando estava no refrão pela ultima vez.

- É, lindo.

Olhei a frente, olhando o lago. "Eu gosto tanto de você que até prefiro esconder." Hmm, interessante...

Depois olhei pra ele risonha, pra me distrair.

- E aí, tá muito quente? - brinquei.

- Coloca você uma touca, uma blusa de frio e um boné. Nesse calor de Brasil ainda.

Eu ri.

- Não sou eu que sou famosa, e nossa, deve tá suando muito né? - perguntei com cara de nojo e ele riu.

- Está sim. Tem nojo?

- Depende... - se você for Justin Bieber - mas deve feder.

Ele me encarou e eu ri de novo.

- Vai sentir o cheiro agora. - e falando isso, se levantou e me deitou no chão se deitando em cima de mim.

Sem dó, deixou todo seu peso em mim.

Ele em cima de mim, socorro. Acalme coração.

- E aí? Fede? - ele falou balançando o pescoço na direção do meu nariz.

Tinha cheiro de colônia, misturado com suor. Ou seja, colônia estragada.

Sim, fede.

- Nossa, e como. - tapei meu nariz e boca com as duas mãos.

Ele tirou os óculos e o boné e os colocou de lado. Fazendo seus olhos encararem os meus.

E estavam indecifráveis.

- Palhaça você né?

Assenti, sem a menor vergonha e ele riu.

- When I was youger i saw... ~~~coloquem essa musica pra ouvir >< ~~

- Essa música nos persegue. - disse Justin ao ouvir The only Exception sair da minha lista aleatória no celular.

- Sim. Mas é linda.

- É. Heloísa acho que está escorrendo um pingo de suor pela minha bochecha.

Fiz careta.

- Credo.

- Olha. - ele levantou um pouco a touca, só até acima dos lábios, pra eu olhar o tal suor.

- Tá bem certinho você ser loiro né, a gota vai ser absorvida pelo pano da touca seu esperto.

- Pode até ser. Aaaah liberdade! - ele disse mexendo a boca exageradamente. Ele a mexia de um lado para o outro e eu caí na risada.

- Deixa de ser exagerado.

Ele riu e olhou pra mim com os olhos brincalhões.

- Tem um pelinho de touca aqui.- eu ri e coloquei os dedos em seus lábios, para tirar a pequena bolinha preta.

Mas após passar os dedos e tirá-la, comecei a fazer contornos involuntários por sua boca, que tem um formato muito bonito. E a textura é inacreditavelmente beijável. Essa palavras não existe, mas tudo bem.

Eu não conseguia parar de fazer contornos ao redor dos seus lábios e passar os dedos em cima deles levemente.

Que coisa idiota e maníaca Heloísa. Eu devo estar assustando o menino.

Quando olhei pra cima, para encontrar seus olhos, eles já estavam nos meus, e estavam... muito secretos, mas de uma intensidade que pareceu me amolecer.

De repente, eu estava super consciente da pouca distância da sua boca da minha.

Era estranho como meu coração começou a bater mais forte, e desagradavelmente constrangedor, já que ele estava com o corpo junto do meu, podia sentir o aumento das batidas.

Ele aproximou um pouco mais o rosto do meu e minhas reações ficaram descontroladas dentro de mim, mas por fora, minha cabeça se inclinou para a dele, como se estivéssemos conectados por imãs.

Eu só queria sentir sua boca na minha. E não conseguia pensar em mais nada, simplesmente não conseguia.

- Heloísa, o que é isso? - ouvi a voz do Miguel e olhei para o lado.

Ele estava de pé ao nosso lado com os braços cruzados. Antes ele estava deitado na grama, com seus fones e jogando algum jogo no celular.

- Nada. - empurrei Justin para o lado - Só estávamos brincando.

Ele nos analisou desconfiado.

- Abre seus olhos menina. - me repreendeu e se deitou de novo no seu mundinho.

Fiquei olhando para o céu, pensando realmente no que estava acontecendo.

A gente... não ia se beijar, ia?

Se ia, era um erro.

- Hmm... o... a... - Justin gaguejou, tentando quebrar o silencio.

Nesse momento, seu celular tocou.

Ele suspirou e o atendeu.

- Alô?... Oi mamacita..

Minha barriga se revirou de um jeito insuportável e eu fiquei com um aperto no coração.

- Por aqui tudo bem... Estou no parque conversando... é, a Heloísa e o irmão dela. E você meu amor?

Meu amor.

Me sentei incomodada, e meu movimento fez ele olhar pra mim.

- Sim, muitas saudades também... Sinto falta dos seus beijos, sabe que eu te amo.

Chega.

Me levantei dali e comecei a correr para longe. Só um canto onde eu pudesse ficar sozinha e pensar com os meus botões.

Me sentei embaixo de uma árvore e encostei minha cabeça nela.

Nem lembro há quanto tempo eu não "conversava" comigo mesma, que eu não pensava sobre as coisas.

A verdade é que ele entrou e bagunçou tudo. Quando eu virei belieber, ele mudou tudo. Mas agora que converso com ele, que sou amiga dele, ele mudou mais ainda.

Só que esse sentimento estava tão forte que eu estava começando a suspeitar dele.

A única coisa que eu sei agora, é que ver ele falando daquele jeito com a Selena, me fez mal, muito mal. E agora... não acredito que estou chorando.

Ele balançou tanto as coisas que minhas críticas sobre a sociedade totalmente irritante, caíram para zero, porque eu não tenho mais tempo para pensar, não tenho mais pensamentos sem ser relacionados ao Justin.

Sobre que horas ele chegaria, uma reflexão sobre o que fizemos no nosso dia juntos... Era totalmente um absurdo. Como belieber eu já não conseguia me afastar dele. Só saí agora por...dor. Não devia ter doído tanto, era errado doer tanto.

- Ei? Heloísa? - ouvi a voz do Justin atrás de mim e me virei por instinto.

A touca já estava certa, ele estava de óculos e boné de novo, e eu ri um pouco pelo fato de estar engraçado.

Virei pra frente de novo e limpei meu rosto. Droga, ele não podia me ver assim.

Ele se sentou ao meu lado e tirou os óculos e o boné de novo.

- Tudo bem? - ele virou meu rosto com a sua mão para eu olhar pra ele.

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