Hora de Partir
- Deu maior rolo Fer.
- Ai Isa, mas menina!
Eu ri sem graça.
- Fer foi... nossa, não sei explicar.
- Faço ideia. Aw. - ela me abraçou sorrindo - Estou feliz por você.
Hoje era segunda, no domingo Justin não veio, óbvio, e mal nos falamos, porque eu estava sendo vigiada.
- Mas Fer... - desfiz o abraço e suspirei - Ele namora a Selena.
- Porque é bobo. Mas ele estava beijando você. E ele disse que pensaria.
- Aí é que tá, ele namora ela e eu beijei ele. Ele nem falou nada sobre o que se resolveu. Fer, eu sou uma... vadia? - eu sussurrei.
Ela riu e me deu um tapa.
- Ai Isa, não fala assim.
- Ele tem namorada Fer, eu não devia ter feito isso, por mais que eu o ame, é errado.
Ela suspirou.
- Fer, não precisa ser amigável comigo só porque sou sua amiga, me fale realmente o que você acha da situação.
Ela mordeu a boca e eu fiquei temorosa.
- Me colocando no lugar dela... - ela pensou e eu esperei - Foi errado. Mas se ele beijou você, quer dizer que sente algo por você, e que o sentimento dele por ela está ficando fraco.
- Mas Fer, faz tanto tempo que ele está com ela...
- Sim, mas ele beijou você.
- É. - tentei não sorrir e ela riu de mim.
- Que apaixonada...
Mostrei a língua pra ela.
- É tudo tão complicado Fer, eu não quero fazer isso com ela, você sabe que eu a respeito. E... será que ele vem hoje? - minha barriga se revirou.
- Você disse pra ele que seu pai proibiu ele de vir?
- Não, só disse que ele estava bravo.
- Mas como ficou isso?
- Minha mãe disse pra eu esperar as coisas se acalmarem.
- Mas...?
- Mas eu não vou falar pra ele não vir Fer. Eu amo ele, de todas as formas!
-Eu sei, mas e o Miguel?
- Vou implorar pra ele não contar. Eu sei que é errado, mas não quero ficar longe dele, Fer.
- Complicado esses apaixonados.
Revirei os olhos pro sorriso dela.
- É o amoooor que mexe com a minha cabeça e me deixa assim, que faz eu pensar em você e esquecer de miim...
- Para Fer! - bati nela e ela riu.
- Oh, se ele vir, eu vou embora vazada. - ela me avisou.
- Ok. Ai Fer, acho que o Miguel vai dedurar pro meu pai, porque ele levou maior bronca sábado por ter me deixado sozinha com o Justin.
- Suborna ele.
- Só se for com tapa na cara.
A gente riu.
- Ok, ele tá no quarto, aí você traz ele escondido pro seu quarto.
- Isso se ele vir né. - suspirei.
Nesse momento, escutei baterem na porta e Fernanda me olhou sugestivamente.
- Hora de partir.
- Para de graça, pode ser qualquer um.
Mas meu coração se acelerava.
- Claro, qualquer Justin.
- Fernanda.
Ela riu e eu me levantei, correndo em seguida para porta antes que Miguel resolvesse atender.
Fernanda estava vindo atrás, eu podia ouvi-la.
Quando abri a porta, quase caí.
- J-jus. - sorri abobada.
Ele me deu um meio sorriso.
- Oi Heloísa oi Fernanda.
Me virei para a Fernanda e ela sorria maliciosa.
- Oi. - acenou brevemente - Heloísa, vou indo pra casa, qualquer coisa liga.
Assenti e ela saiu correndo.
Acenei para o Kenny, Patrick e Robert atrás do Justin que retribuíram o aceno.
- Quer entrar?
Ele afirmou e eu dei passagem pra ele.
- Vou te causar problemas por estar aqui? - ele andou até o meio da sala e olhou pra mim.
- Hmm.. - desviei o rosto.
Pude ver Miguel aparecer na sala, e olhou direto do Justin pra mim.
Agora ferrou.
- Miguel...
- O que ele faz aqui Heloísa?
- Oi Miguel. - Justin acenou sem graça.
Miguel só fez um movimento rápido com a cabeça como cumprimento, e olhou pra mim, esperando explicações.
- Ele não quer que eu venha não é? - Justin adivinhou - Nem seus pais. - ele suspirou - Fala pra ele que eu peço desculpas e que vou ser rápido.
- Por que? Quer dizer, por que vai ser rápido? - perguntei meio em desespero, com a barriga revirada, mas agora por outro motivo.
- Eu... tenho que fazer algumas coisas.
- Ah. - assenti decepcionada - É negócio rápido Miguel, e ele te pede desculpas.
Miguel assentiu e então ficamos em silêncio, os três se olhando.
Pigarreei.
- Miguel, pode nos dar licença um segundo? É rápido.
Ele fez uma careta.
- Não vai ter nenhum problema, por favor.
Ele assentiu de mal gosto e me olhou como aviso.
- Cuidado.
Assenti e ele saiu. Olhei para Justin, esperando, e ele me deu um sorriso. Como se fosse um reconforto.
Eu gelei.
- Tudo bem? - perguntei para quebrar o clima.
Agora o sorriso foi verdadeiro, e ele estendeu a mão para pegar a minha. Dei a mão à ele e ele me puxou, me abraçando em seguida. Eu devo ter sumido no abraço.
Ele me abraçou como eu costumava abraçar meus ursinhos.
- E você, como tá? - seu queixo se apoiou na minha cabeça.
- Melhor agora. - confessei com o rosto escondido.
Ele riu pelo nariz e beijou o topo da minha cabeça.
- Sei como é.
Ele nos balançou de um lado para o outro e eu sorri. Depois me soltou, e pegou minha mão, me puxando até o sofá.
Aaah o sofá.
Me sentei de frente pra ele, olhando-o ansiosa.
Ele abaixou a cabeça e suspirou, depois pegou minha mão de novo, brincando com ela.
- Sobre sábado...
- Não, tudo bem Jus. Está tudo sob controle.
Ele mordeu a boca.
- Não, não está.
- Está sim.
Justin suspirou e largou minha mão, para olhar fixamente em meus olhos.
- Eu não sei como te falar isso.
Eu ri, começando a ficar nervosa de novo.
- Pode falar. É só falar.
Ele torceu a boca.
- Eu... preciso ir.
Parei de respirar.
- Não entendi. - soltei o ar após alguns segundos.
- Eu preciso ir embora Heloísa. Não vou ficar mais no Brasil.
- Por que? - perguntei com a voz falha e pigarreei em seguida.
Ele esperou um pouco, pensando no que responderia.
- Se foi algo que eu fiz... com certeza foi.. me desculpa. Eu não queria...
- A culpa não é sua. - ele me interrompeu - Isso não está me fazendo bem.
Processei as palavras que ele havia me dito e levei um choque ao entender o que ele dizia.
Meu coração começou a se apertar.
Vi sua expressão de agonia quando escorreu uma lágrima do meu olho direito, assim, do nada. Mas eu logo a sequei.
Ele pegou minha mãos.
- Não, não me entenda mal. Não é você que está me fazendo mal. Sou eu mesmo.Heloísa, eu te criei problemas...
- Eles não são nada! - interrompi e me surpreendi como minha voz parecia desesperada.
- São problemas de qualquer jeito, mas me deixe terminar. - ele se aproximou mais - Eu me criei problemas também. Você sabe quais. E me botei em uma enrascada, ao que parece, brincando com dois corações.
- Eu queria também, a culpa não foi só sua. - falei antes dele terminar, e dessa vez, senti quando meus olhos se encheram de lágrimas.
Ele colocou uma das mãos na minha bochecha, e seu dedão a afagou, limpando minha lágrima que caiu.
- Heloísa, está vendo? Eu brinquei demais com você, mas foi sem querer, porque eu fui envolvido por esse seu jeito incrível de ser. Me perdoa.
- Você não brincou Jus. A culpa é minha! - mais lágrimas.
- Chii, me deixa terminar, por favor, fica calma. Eu não podia ter feito isso, porque já tenho uma relação seria com a Selena há muito tempo.
- E é ela que você ama. - afirmei com a garganta apertada.
Ele só olhou pra baixo e depois pra mim de novo, e de repente, me abraçou, afagando minhas costas.
- Não fique assim. Isso está pior do que eu pensava. Não é que eu não tenha nenhum sentimento por você Heloísa... só é muita coisa pra arriscar. Você entende? Prefiro cortar antes que fique pior. Não quero te machucar. Por favor Isa, pare de chorar. - pediu agoniado.
Percebi que estava a ponto de soluçar de tanto chorar.
Me soltei dele e ele me olhou ansioso e agoniado.
- Não se preocupe. Está tudo bem. Eu entendo. Procurei não criar esperanças também, eu sabia desde o começo como ia ser isso. Peça desculpas a Selena, por mim.
- Eu sei que não está tudo bem. - ele colocou a mão no meu rosto de novo - Você tem que me perdoar.
- Não tem o que perdoar.
- Tem sim, por favor, diz que me perdoa.
Suspirei, me rendendo.
- Eu te perdoo.
Ele quase sorriu e eu também.
- Eu.. só não queria que você fosse embora... Mas sei que é necessário. - respirei fundo, para me controlar - Só me promete que vai se cuidar. - engoli em seco.
- Eu prometo.
- Mas do jeito certo, sem fazer promessas em vão.
Ele riu pelo nariz.
- Vai ser do jeito certo.
- E.. me perdoa também. Você veio aqui para eu cuidar de você, mas acabei.. estragando tudo. Piorando tudo... - minha voz se embargou e eu parei de falar.
- Não, Isa, você não fez nada disso. Pelo contrário, me proporcionou momentos incríveis.
Abaixei minha cabeça, limpando as lágrimas que recomeçavam a cair.
Ele levantou minha cabeça com a mão em minha bochecha e beijou embaixo do meu olho.
- Por favor, fica bem.
Eu assenti, forçando um sorriso e respirando fundo, tentando manter o controle.
- Vai quando? E pra onde?
Ele olhou o relógio na parede e me olhou de novo.
Não.
- Vou pro Canadá. Vou continuar minhas ferias, e por você, não vou me meter em encrencas, vou ficar junto dos meninos e da minha família.
Eu sorri de lado, com um pouco de esforço.
- Quando? - peguei-o por onde ele tentava escapar.
Ele mordeu a boca.
- Daqui a...
Escutamos baterem na porta, interrompendo ele.
Ele respirou fundo e olhou pra mim.
- Agora? - senti meu estômago desabar e um frio percorrer minha espinha.
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