Egoísta
- Já vai! - gritei deixando o netbook de lado e correndo para abrir a porta.
Meu coração já estava na boca com a possibilidade de ser ele.
- Calma Heloísa. - minha mãe disse ao me ver de relance para a porta.
Hoje era sábado, consequentemente meus pais estavam em casa.
Abri a porta e tomei fôlego.
- Jus. - falei suspirando e ficando com um sorriso bobo nos lábios.
Ele sorriu e estendeu a mão para mim. Quando a peguei, ele me puxou e me abraçou forte.
- Como está shawty?
- Bem e você?
- Melhor. Seus pais estão?
- Sim. Entre. - me soltei dele e abri espaço pra ele entrar, acenei para Kenny, Patrick e Robert com um sorriso e Justin fez o mesmo, depois guiei-o até a cozinha.
- Mãe, o Justin.
Ela se virou e sorriu pra ele, lhe estendendo a mão.
- Oi. - ele disse em português.
- Oi. - ela sorriu pra ele.
- Mãe, o pai tá no quarto?
- Sim, ele está se arrumando.
- Vocês vão sair?
Me senti animada com a ideia. Nós dois ficávamos mais a vontade sem eles por perto.
Ela me olhou com a sobrancelha arqueada e de cara feia.
Ui, acho que minha animação na voz não foi sutil.
- Sim. Mas o Miguel vai ficar. - me disse rude, com a cara fechada.
- Credo mãe, fica calma. Não tem problema.
- Rum. - ela se virou para a louça que enxugava.
- Vão pra onde?
- Reunião na igreja.
- Aah sim.
Me virei e chamei Justin para vir comigo. Nos sentamos no sofá da sala. Ele em um e eu em outro. Era bom manter a distância quando meus pais estavam por perto, mesmo que não fosse acontecer nada.
- O que estavam falando? - ele perguntou curioso.
- Eles vão sair. Reunião na igreja.
- Hmmm... - ele tentou não sorrir, mas não conseguiu e eu ri.
- O Miguel vai ficar.
Ele assentiu e ouvimos alguém se aproximando.
Justin cumprimentou meu pai, que dessa vez estava com a cara fechada. Devia estar de mal humor. Ele me mandou ter cuidado e disse que qualquer coisa era só ligar pra ele. E mais uma vez: cuidado. Reparei que ao sair, ele olhava furtivamente com uma careta para o Justin.
E mais essa!
Eles saíram e Justin sorriu, me chamando com a mão. Me levantei do sofá com um sorriso bobo e me sentei ao lado dele. Fazendo meu coração disparar, ele enganchou a mão na minha cintura, me puxando para mais perto dele. Abaixei a cabeça pra ele não ver minha expressão e torci para ele não ouvir meu coração.
- Seu bobo, dali já te escuto.
A mão dele continuava na minha cintura.
- E quem te disse que eu te puxei pra você me ouvir melhor? - ele disse com a voz baixa, deixando-a rouca.
Minha barriga parecia uma nevasca.
- Para de besteira. - eu ri sem graça - Me puxou pra que? Pra te bater só se for.
Ele revirou os olhos, achando graça.
- A Selena não gostaria que ficássemos assim, Jus. - o lembrei.
- Você é minha amiga, isso não é errado. Pare de se preocupar.
- Eu só tento evitar situações.
- Que situações? - ele encarou meus olhos.
Desviei o rosto.
- Você sabe, não preciso dizer.
- E seu eu não quiser evitar essas situações? - ele pegou meu queixo para eu olhá-lo nos olhos e eu fiquei nervosa.
- Você estaria sendo bobo, porque você tem uma namorada.
Ele riu.
- Eu sei. Fica calma. De qualquer modo, andei pensando ontem, e conversei com ela.
Respirei fundo, nervosa.
- Em que andou pensando?
- Em tudo. É tudo muito confuso. Eu pedi pra ela me deixar pensar hoje.
- Tudo o que é muito confuso? Você pensar o que?
Ele esperou um momento.
- Heloísa, cadê o pai e mãe? - ouvi Miguel vindo.
Me afastei de Justin rápido.
- Não sei.
- Heloísa.
- Hm?
Olhei pra ele e ele me olhava descrente.
- Ah sim! Reunião na igreja.
Ele assentiu.
- Vou pra casa do Lucas.
Meu queixo caiu, sem ele aqui, complicaria as coisas.
- Está falando serio?!
- Sim. Algum problema? Só não faça coisas erradas. - ele disse indo em direção a porta.
- Miguel....
- Volto na hora do almoço, se eles não me chamarem para almoçar.- ele fechou a porta.
Cacetada.
Me virei para Justin com um sorriso sem graça.
- Ele foi pra casa do Lucas.
Ele tentou não sorrir, de novo.
- O que quer fazer? Ver um filme? Quer dizer, jogar vídeo game! A gente já viu filme ontem. - sugeri rápido.
- Vamos conversar. Algum problema em só conversar comigo? - ele arqueou a sobrancelha.
- Não bo-bobo.
Ele riu.
- Gaguejou por que?
- Vai te catar Justin.
Ele me mostrou a língua.
♡ ♡ ♡ ♡
- Não! Era brincadeira Jus!
- Nossa, você é muito má! - ele se afastou de mim enquanto eu ria e tentava segurar suas mãos pra ele não sair.
- Jus, seu lindo, eu tava brincando! - eu gargalhava e tentava me aproximar dele, enquanto ele me empurrava de leve.
- Não, Heloísa sai, você é muito mancada.
- Não Jus, vem cá, eu te amo. - falei rindo.
Quase parei de rir ao ver que a frase podia ser interpretada de dois jeitos.
Ele segurou o sorriso, mas não falou nada, por um segundo. Só me detendo com a mão, de me aproximar.
- Me chamou de gay por causa do meu carro de onça.
- Você me provocou, dizendo que eu cozinhava mal.
- Eu tava brincando.
- Eu também, estamos quites.
- Não, eu não ofendi sua sexualidade.
Revirei os olhos e parei de tentar de me aproximar dele.
Ele se virou pra mim, ao me ver quieta, mas eu o olhava com a sobrancelha arqueada e um sorriso.
- Vai parar de tentar de me fazer te perdoar? - ele disse sorrindo.
Suspirei e ri. Depois juntei as mãos com um biquinho.
- Jus... me perdoa?
Escapou uma risada pelos seus lábios pela minha cara de criança.
Ele abriu a boca, pensando no que responder.
- Não. - sorriu travesso e virou o rosto.
Eu arfei, indignada.
- Eu usei minha melhor cara de piedade!
Ele riu, mas não me olhou.
- Chato. Já sei! - falei e me inclinei para beijar sua bochecha.
Eu estava quase com os lábios nela, mas ele virou o rosto, para ver o que eu estava falando e acabei beijando seus lábios.
Me afastei rápido quando percebi, mas já deu pra me amolecer toda e fazer uma bagunça na minha barriga, e acelerar meu coração.
Coloquei a mão na boca, surpresa.
- Desculpa. - pedi rápido.
Ele olhou nos meus olhos e quase me derreti ao ver seu olhar intenso com o maxilar travado.
Justin pegou minha mão da boca, tirando-a da frente e se aproximou um pouco, colocando sua mão em meu rosto.
- Não Jus. - eu repreendi com um sussurro tão alto quanto a minha vontade de falar isso, e afastei um pouco o rosto.
Mas a sua mão continuou ali e seus olhos continuavam nos meus, me puxando. Era como se ele tentasse fazer hipnose, me encarando aquele jeito.
Fiquei tão perdida naquele momento, que só vi ele se aproximar de novo devagar e puxar meu rosto.
Sua boca se encostou na minha outra vez, fazendo eu me perder em fogo e gelo outra vez. Fechei meus olhos e senti seus lábios se moverem devagar nos meus, a mão em meu rosto indo mais para trás, por baixo dos meus cabelos, em minha nuca. Fiquei tão arrepiada que até me assustei.
Ele se aproximou mais de mim. Minha mão foi trêmula para seus cabelos.
Ai cacetada, como o cabelo dele é macio.
Sua língua passou pelos meus lábios, procurando uma brecha para entrar. Abri espaço para ela e senti o dobrou das reações quando se chocou com a minha. Sua outra mão foi para minha coxa, passando a acaricia-la. Agora era o triplo das reações. Seus lábios moldaram-se aos meus lentamente, de uma forma atordoante. E após um tempinho, ele os separou devagar.
Abri os olhos com a respiração ofegante e olhei pra ele.
A respiração dele estava igual a minha, e ele não tirou as mãos de mim, só passando a que estava na minha nuca para a minha bochecha, de modo que pudesse acaricia-la.
Minhas bochechas estavam ficando quentes a maneira que eu percebia o que tinha feito, e por estar sem graça. Eu estava tão atordoada que não conseguia pensar em nada, e para ajudar, ele voltou com os lábios nos meus, dessa vez, pressionando-os de forma leve, mas voltando a fazer o mesmo processo do outro beijo.
Ele ainda vai me matar.
Nos afastamos de novo e eu respirei fundo.
- Jus...
Ele colocou o dedo indicador sobre os meus lábios, me impedindo.
- Não fala nada. - e me puxou para outro beijo.
Eu estava perdida. Perdida dentro de mim. As emoções se misturavam e eu só sei que estava quase explodindo, de tão emocionada.
Dessa vez, eu me afastei, e mordi os lábios após abaixar a cabeça. Eu sabia que isso era errado, era egoísta eu querer ser feliz a custa da felicidade dos outros. Ele não é meu. Não é certo.
Justin levantou minha cabeça e já estava me puxando de novo quando me afastei.
- Isso não é...
- Esqueça, Heloísa, esqueça. Não pense em nada agora. - ele pediu e pegou minha mão, colocando-a por cima do seu peito. Pude sentir seu coração acelerado - Sente isso?
Assenti devagar e ele puxou meu queixo outra vez, levando sua outra mão para minha cintura, para me puxar para mais perto.
Continuamos nos beijando até acabar o ar e depois deitei a cabeça em seu colo, envergonhada. Ele colocou uma mão no meu cabelo, e a outra começou a fazer contornos em meus lábios.
Me virei pra ele e olhei em seus olhos.
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