Capítulo 45 | Fique, Amor


Nós recebemos o que merecemos?
Oh, nós recebemos o que merecemos?
Ladeira abaixo nós vamos
[...]
Oh, antes da minha queda
Você teria coragem de olhá-los bem nos olhos?

Way Down We Go | KALEO

— Eu nunca fui sua — rugi.

     — Você foi minha antes mesmo de saber, Magan. E achou mesmo que eu esqueceria de você? Mesmo aqui, onde nunca deveria ter vindo, nem com quem nunca deveria estar. — Os olhos de Maison flamejaram, tamanha raiva transparecendo. — Você não deveria ser dele, princesa, eu fiquei louco quando descobri o que havia se tornado.

     — O que eu me tornei? — Meu tom era amargo. E eu estava ficando nervosa, e cada vez mais apertava a aliança de ouro sob meu dedo, tentando me controlar

     — Uma puta barata. Deveria estar ao meu lado, ser a minha esposa, não uma vadia que abre as pernas e esquenta a cama daquele desgraçado.

Então me recaiu que, se tivesse ficado lá, eu seria exatamente isso. Sua vadia. A mesma coisa se repetiria, meu destino seria também ser uma mulher acorrentada a um algoz. Mas teria sido tudo igual?

     — Todas as vezes em que esquentei a cama do Derek, todas vezes que abri minhas pernas para ele. Eu. Escolhi. Isso. ­— Temi que suas mãos acabassem em meu pescoço, essas que estravam serradas com tanta força. — Você sabe o que é isso? Ter uma mulher que deite com você pela própria vontade? — cuspi. Nunca iria esquecer dos boatos que cercavam Amaliro, sobre sua conduta quanto as garotas. Um estuprador de merda, para se dizer o mínimo.

     Ele riu como um sádico, e nesse sorriso existiam várias promessas doentias. Maison era frio, descontrolado, mas frio.

     — Ouviu mais do que devia, querida? Mas talvez tenha algo que você não saiba. — Ele deu mais dois passos para frente, mas não saí do lugar. Não seria o bichinho assustado que ele provavelmente esperou encontrar. — Também soube que enquanto eu estava com elas, enquanto elas gritavam para parar quando, eu sempre imaginei você? E, quer saber mais, princesa? Tudo o que aconteceu com cada uma delas é culpa sua. Era você quem deveria estar no lugar delas.

     Eu sabia que aquilo não era verdade, mas, ainda assim, não consegui tirar o gosto amargo que tomou minha boca. Senti dor por essas garotas, por terem caído nas mãos dele, em suas garras.

     — Você sempre foi um verme. E, como antes, eu não vou cair em suas mãos.

     Porra, Derek, onde você está?

     Mais uma vez eu estava ali, precisando de tempo.

    — Você já está. — Volveu o olhar para o relógio de ouro em seu pulso, rindo depois. — Sabe por que seu papai estava tão desesperado para que você casasse comigo? — Fiquei estática com o novo rumo que a conversa tomava. — Ele te vendeu, como um animal para o abate, para pagar as dívidas imensas que acumulou comigo ao longo dos anos, por empréstimos, dívidas de jogo. Ele chorou aos meus pés, implorando para que fizesse qualquer outra merda para que não precisasse entregar sua filhinha querida. Mas, ainda assim, você sabe o que aconteceu. — Pare. Pare. Pare! — Ele é um covarde, exatamente como você.

     Eu mal conseguia digerir suas palavras, a ânsia subindo cada vez mais por minhas entranhas enquanto eu começava a entender tudo que realmente aconteceu, todo o desastre.

     — Por que fez isso tudo comigo? Por que você é assim?

     Logo entendi o porquê, quando Maison puxou uma arma em minha direção.

     Maison era um sádico filho da puta.

     — Nossa conversa chegou ao fim. Em silêncio e passos lentos. — Sinalizou para a saída com o revólver engatilhado. E por um segundo pensei em alguma reação, mas ele foi mais rápido. — Não pense em bobagens, estou com a prostituta da sua amiga e a filhinha dela. Realmente vai arriscar isso?

    Anne.

    Mas... Filha?

    — Você pegou a pessoa errada, filho da puta! — Não podia ser, que se foda. — É um blefe.

     — Acha que eu seria estúpido, então. — Logo seu celular estava virado para mim, onde puder ver Anne amordaçada em uma sala escura e uma garotinha ao seu lado, chorando com uma mordaça.

     Não. Não. Não.

     Eu parei de enxergar o agora.

    — EU TE ODEIO! DESGRAÇADO! — O choque em meu rosto fez meu sangue ferver mais, e o aperto em meu queixo me fez enxergar sua face possessa enquanto ele o segurava com as mãos.

     — Você vai sair agora comigo. Calada e quieta, como a boa garota que deveria ter sido há muito tempo.

    Não havia escolhas. Derek iria chegar até mim logo, onde quer que eu fosse, eu sabia, mas me submeter a seguir Maison era demais para mim.

     Mas por Anne...

     Oh, Deus, no que eu havia a colocado?

     — Você vai se arrepender disso. — Minha voz era fria enquanto caminhei relutante até a porta. Encarei-o nos olhos de relance. — Eu vou ser a sua queda, Maison Reagan. Eu quero que você grave isso.

    — Estou ansioso para isso, querida.



Caminhava com os olhos na mesa onde o grupo estava. Mas meu pensamento não estava lá, longe disso. Estava unicamente em Magan, que estaria na minha sala agora, e que não saiu da minha cabeça um minuto sequer enquanto eu despejava palavras formais o mais cordialmente que eu conseguisse para as pessoas ao meu redor.

     Meu celular vibrou no bolso, de forma constante. Isso me deixou imediatamente em alerta, e quando olhei para frente e vi Muller e Sullivan com feições tensas enquanto pegavam seus aparelhos.

     Antes de ligar a tela e ver o alerta e o GPS em movimento, eu já sabia o que alguma coisa havia acontecido com ela.

     Não muito tempo após tudo o que aconteceu, eu me assegurei de implantar um dispositivo de rastreio para ela que também servisse como meio de comunicação em alguma situação de perigo. Mag me xingou de mil formas antes de, enfim cedendo, dar a ideia de implantar na aliança. Achei que seria uma garantia a mais que as pessoas a quem mais confio sua segurança também se assegurassem disso.

     — Estou em contato com os reforços. —Dante já estava ao meu lado.

     — Ela ainda está no prédio — Jacob também pontuou.

     — Feche todo o edifício, lacre todas as saídas. Ninguém entra ou sai mais desse lugar até eu encontrá-la.

     Não ouvi se eles confirmaram, apena saí dali, seguindo a direção indicada pelo seu GPS. Enquanto caminhava, suspirei duas vezes, me concentrando em não deixar as emoções me dominarem. Ela tinha sido forte mais uma vez, e fez muito para que eu pudesse chegar até ela, como minha boa garota. Não iria decepcioná-la. Eu mesmo atravessaria uma bala em meus miolos antes disso.

    Olhei paro o ponto vermelho na tela em minhas mãos. Estavam indo em direção à saída dos fundos. Mais idiota dessa vez o inimigo não poderia ser. Mas, embora aparentasse estar no controle da situação, quem quer que seja ainda estava com ela em mãos, então o que eu tinha agora era praticamente equivalente a nada.

    Dois homens passam por minha frente, armas de elite em punho, muitos outros passos atrás de mim. Jacob me acompanhou, seus olhos azuis reluzindo em prata.

     — Dante seguiu outra rota no prédio, com mais homens. Acha melhor ter um ponto chego.

     — Não podemos fazer algo estúpido. — Apertei a desert eagle. — Ela está refém.

     Ele riu sombriamente antes de falar o meu lado.

     — Que bom que temos uma boa mira. 

Ele estava me guiando sem nenhum mínimo toque sobre mim, apenas com o poder oculto da ameaça que cintilava em seus orbes. Pelo menos isso aconteceu até que chegássemos no estacionamento.

     — Você sabe que vai morrer hoje. — Eu estava curiosa. — Você sabe que esse lugar deve ser uma fortaleza, e também sabe que está em um número insignificante. Pode não saber absolutamente nada sobre Mitchell, mas ele vai trazer o próprio inferno para você. — Engoli em seco antes de terminar. — O que realmente te trouxe aqui, Maison?

     Isso estava me preocupando.

     — Você sempre foi esperta demais, princesa. — Ele riu baixo, próximo demais de mim, mais precisamente acima do meu ouvido. — Mas eu te garanto, iremos nos divertir hoje, amor.

     A percepção me atingiu.

     Ele nunca planejou que saíssemos daqui essa noite.

     Não vivos.

     — Maison, por favor...

     Sua mão se fechou contra meu pescoço, e gemi quanto ele me arremessou contra a parede, me mantendo encurralada contra seu corpo e o concreto frio enquanto destilou sua instabilidade em mim. Meu ar escapou e a dor cortou meus nervos.

     — Agora você está implorando, hã? Agora pede piedade? VOCÊ É UMA CADELA INGRATA, MAGAN. — Ele estava fora do controle, era agora uma tempestade. Sua violência era sentida até em meus ossos. — Eu quis te dar tudo, só precisava ser minha. APENAS MINHA. Mas você fugiu de mim, e agora você é dele. — Seu aperto aumentou, e eu estava sem ar. Minha mão tremia enquanto eu tentava puxar suas garras de mim, em uma tentativa vã de não desfalecer. — Ou ao menos era, só até essa noite.

     — Você não tem a porra desse direito. NÃO TEM. — Não quando hoje eu havia o escolhido. Quando eu confessaria que iria ficar ao seu lado. Você precisa vir, Derek. Por nós, amor.

     — Não faça alarde, querida. — Eu queria atravessar uma bala em seu rosto cínico. — Os espectadores estão chegando, não queremos preocupá-los.

     Ele me virou e colou seu peito contra minhas costas, enquanto o cano frio da arma estava rente à minha nuca.

     — Eu vou matar você — disse entredentes, uma promessa.

     Ele zombou. 

     Apenas zombou.

    Estávamos agora na lateral do estacionamento subterrâneo. As batidas no meu peito se sobressaltaram quando ouvi passos.

     Estavam chegando. Tinham enfim me achado graças ao dispositivo de rastreio que acionei pela aliança assim que percebi a presença de Maison. Mas eu ainda não estava aliviada, não totalmente.

     Tudo se passava em câmera lenta. Os homens chegando como um exército, armas em punho, passos firmes e determinação nos olhos insensíveis.

     Todo o armamento se ergueu. Eu era o centro do alvo, mas não senti medo, porque sabia que não queriam o meu sangue.

     Eles estavam sob comando do homem de olhos azuis e frios ao centro, cuja raiva — eu sabia — corria por cada fibra do seu corpo como toxina. Era letal. Mas eu amava aquele homem impiedoso. E talvez aquilo me tornasse tão insana quanto, mas eu já havia dado um foda-se a isso há muito tempo.

    — Derek — sibilei, nenhum som saindo dos meus lábios, mas ele podia ler meu chamado como um grito de alívio e desespero.

     — Agora temos uma plateia! Que maravilha, não? — Maison sussurrou, então, para mim. — Chegou nossa hora.

     Estava certa. Ele iria nos matar.

     Eu apenas conseguia olhar para Derek.

     — Você deveria liberá-la e aproveitar os minutos em que ainda poderá respirar, filho da puta! —Consegui ver a veia pulsando em seu pescoço, mas suas mãos nem ao menos tremiam, a mira perfeita. Ele reconheceu o homem atrás de mim, provavelmente por ver seu rosto em algum relatório, mas também porque eu contei minha história toda a ele, o que me motivou a estar aqui.

     Eu sei que tudo acabaria ali se ele ou algum desses homens atirassem em Maison. Eram assassinos treinados, não seria difícil matá-lo com uma bala na testa. Mas Mitchell não estava arriscando, eu via em seus olhos, a hesitação por trás do gelo de sua íris. Ele simplesmente não iria arriscar minha vida, mesmo que eu estivesse torcendo para que o fizesse agora.

     O toque familiar do medo estava acariciando meu âmago. Eu não queria morrer, não queria que esse fosse o meu fim. Estava assustada por dentro. Mas não iria transparecer isso.

     — Não preciso falar que você nem deve ousar se aproximar certo? — A pressão da arma contra minha cabeça se intensificou mais.

     — Ele também está com a Anne. — Mordi meu lábio, tentando me controlar. — Por favor não arrisque.

     — Estou esperando sair do centro dessas armas — o desgraçado exigiu. — Eu sei que não vai querer arriscar — debochou. — Ou estou enganado?

     Eu odiava que ele estivesse controlando o jogo. Odiava ser sua presa. E Derek parecia estar em um nível maior de ódio. Mas, ainda assim, ele acenou brevemente, a contragosto, para que baixassem as armas, assim como ele fizera lentamente, ficando vulnerável. Jacob, que chegara consigo, o imitou.

     — Quero elas no chão! Ou vou furar sua cabeça nesse momento. Seria algo bonito de se ver. 

     E ele assim o fez, obedecendo.

     Mas Derek ainda não sabia que isso seria em vão.

     Porque esse gatilho ainda iria ser puxado essa noite, e ele mal iria poder reagir quando meu corpo estivesse ao chão, e eu sei que o que cairia em seguida seria o de Maison, mas já seria tarde demais.

     E esse circo todo já iria acabar. Eu via o tempo escorrendo de nossas mãos.

     Eu me sentia como Sísifo. Não por sua astúcia ou esperteza ao enganar a morte, mas pelo seu castigo. Eu me via carregando uma pedra sobre uma montanha, carregando minha vida em direção ao do topo, da felicidade. Mas, quando enfim conseguia respirar a essência da vitória que já estava alcançando, quando vislumbrava a felicidade diante dos meus olhos, tudo desmoronava. O peso que carreguei durante toda a trajetória tinha sido em vão e eu estaria destinada a repetir tudo aquilo por toda a minha existência. Eu não conseguia encontrar a felicidade, não importava o quanto tentasse.

     Ele balançou a cabeça, como se quisesse dizer que não iria aceitar esse fim. E eu queria criar esperanças de que tudo iria se resolver, mas não sei se valeria a pena.

     — Eu te amo, querida, e vamos finalmente ficar juntos. Mas antes — Reagan falou mais baixo —, ele te tocou, pegou o que era meu, então ele merece isso.

     Meus olhos se arregalaram quando entendi o que ele queria dizer. E o nome de Derek rasgou em um grito nos meus pulmões no mesmo momento em que Maison moveu a arma em sua direção.

      Minha respiração travou.

     — NÃO!!! — eu gritei e tentei mover meu corpo, para impedi-lo, mas mesmo assim dois tiros soaram. — DEEEREK!!!

     Fui tão rápido.

     Assisti de camarote o pesadelo que se reproduzia por meus olhos. Vi seu corpo receber o projétil, assim como seus olhos me seguirem mesmo enquanto ele caiu de joelhos no chão, colocando a mão no peito, sem deixar de me encarar, derrotado.

     A força que estava sobre mim também sumiu, mas eu não olhei para trás para constatar nada.

     Eu corri o mais rápido que pude, meu coração se desmanchando em estilhaços enquanto eu chegava mais perto.

     Não. Não. Não.

     Quando eu o alcancei, ele já estava deitado sobre o concreto. Sangue e mais sangue começava rodeá-lo, eu só via vermelho.

     Sangue.

     Sangue.

     Sangue.

     — Derek! — Meu clamor era um zumbido em meio à confusão que estava em meus sentidos. Eu não ouvia nada, apenas o tiro ecoando e ecoando na minha cabeça.

     Ele inspirou fundo, o rosto se contorcendo em uma dor que mal pude imaginar.

     — Voc-cê está b-bem — lutou para falar, baixo. — Porra, você est-tá b-bem.

     Meus olhos estavam banhados em lágrimas que caiam violentamente.

     — Não fale nada, você não p-pode. Oh, Deus. — Peguei seu rosto entre minhas mãos, olhando para seu olhar desfalecido. — Você vai ficar bem, meu amor.

     Engolindo em seco, ele abriu a boca novamente, ainda lutando contra as dores.

     — Não, querida — sussurrou fraco. — É meu fim. — Uma tosse rompeu sua fala, um pouco de sangue manchou seu lábio. — E-eu nunca tive med-do da morte. Nunca temi esse momento, mas ele chegou. — Eu queria que ele se calasse, queria que o levassem até o hospital, queria que tampassem o buraco em seu peito e que não deixassem meu Derek ir. — Eu só estou p-puto que isso tenha acontecido quando eu encontrei você, Mag.

     — Derek...

— Quando eu d-descobri... Quando eu descobri o que é amar. — Ele fechou os olhos quando conseguiu dizer, para depois me fitar com calor os olhos. — Porque eu te amo, Magan. Eu d-descobri que te amo tanto que reduziria a terra em pó por você. Isso é a melhor coisa que aconteceu em minha vida. 

     Eu estava anestesiada, muitas coisas rondavam meu agora. Sua declaração intensificou tudo em meu coração.

     — Seu idiota — clamei em meio ao choro. — Você tem o direito de estar dizendo isso agora. Nem de estar se despedindo de mim. — Segurei sua mão com força, banhando a minha com o sangue que jorrava do ferimento. Estava doendo tanto no meu âmago, que eu queria gritar com ele. Para que não me deixasse, para que não saísse do meu lado nunca. Para que mostrasse o que ele havia acabado de declarar. — P-por favor.

     Seus olhos se fecharam brevemente, causando-me angústia, o temor de que eles não abrissem mais.

     — Eu sei que não m-mereço isso, não p-pelo o que te fiz. M-mas peço seu perdão, Magan. Perdão por trazê-la para esse inferno. — Sua voz era cada vez mais baixa, mais sôfrega. Mas distante. — Me perdoe, amor.

     — Não há mais nada a se perdoar. — Selei meus lábios aos seus, que estavam desfalecidos. Senti mãos sobre meus ombros, confortantes. Mas não o suficiente, já que o meu verdadeiro conforto e lar era o homem morrendo sob mim, o homem que eu amava. — POR FAVOR, FIQUE! — A súplica se reverberou entre nós.

     — Você é livre agora, querida. Viva. — Sua cabeça pendeu para o lado vagarosamente, e eu senti como se o baque de sua coroa sobre o chão ecoasse por todo o vácuo do silêncio que nos cobriu.

     O grito de negação que explodiu meus pulmões foi o prenúncio do pandemônio que se tornou aquele momento.

     Doía. Foda-se, doía tanto.

     Todos os meus ossos sentiram a perda. Mas minha mente só cintilava uma coisa: sangue por sangue.

     Minha visão se tornou um borrão, quase nada tinha sentido quando peguei a arma de Derek que estava sobre o chão, e me ergui para onde tinha estado um momento atrás.

     Dói.

     Dói.

      Dói tanto.

      Ninguém falou nenhuma palavra, soltou um suspiro ou ergueu um passo enquanto eu caminhava até Maison, com os olhos manchados em escarlate. Ele estava no chão, com uma bala fincada no ombro e também banho em sangue, mas o filho da puta riu, ciente do que o esperava.

     — Eu quero que você queime no inferno, verme desgraçado — rangi com o tom gotejando em nojo e repulsa.

     Maison Reagan ainda estava rindo quando apontei para sua cara ensanguentada. Quando eu apertei o gatilho.

     E não foi uma, mas seguidas vezes.

     Meu dedo puxava o gatilho, os disparos soavam e soavam nos meus ouvidos, mas eu mal enxergava nada.

    Eu queria sentir a dor indo embora. Eu queria que o que fosse que estivesse rasgando minhas entranhas saísse e fosse para o inferno com o homem que eu estava matando.

     Três, cinco, dez, quatorze tiros.

     Mas nada acontecia.

     Nada acontecia porque isso não ia trazer Derek de volta.

     Nada acontecia porque tudo ali havia acabado.

     Ruína.

     Nós caímos. Todos nós. 


dessa vez é sério. realmente tenho ciência de que vocês querem me caçar. mas é isso, gente, não abandonem a história, esse ápice foi o momento que mais aguardei chegar e acho que talvez nem deixei claro o quanto foi intenso pra mim e pros personagens. e ainda não é o fim de NA, pelo menos não nesse cap. 

amanhã eu vou postar outro cap (SIMMM, SEGUIDO DESSE SS!!!) e, sério, aguardem ele, eu garanto que vai valer a pena. após essa próxima postagem, acredito que virão apenas outros 3, e a história vai estar concluída. 

é isso. talvez eu e mag não tenhamos chorado sozinhas, mas eu quero deixar claro aqui que, como criadora e como quem mais conhece esse homem, eu sofri com a queda dessa coroa.

aah, e obrigada pelos 200k. até hoje eu olho e não acredito que foi possível.

de sua autora

K. L. Lawrence


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