Capítulo 30 | Predadores Implacáveis
Vou começar o que terminei
Não preciso hesitar
Vou tomar o controle desse tipo de situação
Estou travada e carregada, completamente focada
Minha mente está aberta
[...]
Todas as garotas querem ser desse jeito
Ser garotas más no fundo, assim
Você sabe como estou me sentindo por dentro
Dangerous Woman | Ariana Grande
Ao chegarmos na boate, Aust e Anne foram os primeiros rostos conhecidos que avistei. Jacob que havia me dado a ideia de convidá-los, e não aceitei a princípio. No entanto, ele me deu sua palavra ao afirmar que eles estariam totalmente seguros. E, após pedir para que prometesse milhares de vezes que não existiria nenhum risco, cedi ao aceitar. O moreno não pensou duas vezes ao confirmar sua presença, afirmando estar morrendo de saudades de sua gostosa preferida — não tive nenhuma surpresa quando Sullivan transmitiu sua resposta. E, bem, Anne, para minha real surpresa, disse que também viria.
Largando Derek ao lado do carro e passando pelos lacaios que sempre nos acompanhavam, corri até meus amigos e os abracei.
— Meu Deus, nunca mais fique tanto tempo sem dar notícias! — Ri de seu sermão sutil ao me afastar de seu abraço. — E, nossa, não estou conseguindo acreditar que você se produziu tão bem sozinha, estava certo que você chegaria aqui de jeans e suéter. — Analítico, ele sinalizou com o dedo indicador para que eu girasse. E o fiz, mesmo rolando os olhos. — Diva. Rainha. Uma vadia sortuda por tanta beleza.
— Aust! — A repreensão veio da garota ao meu lado, que, devo dizer, estava tão bela quanto meu amigo. Ela voltou seus olhos pra mim. — Por favor, você precisa me ajudar a enfiar filtro na cabeça dele. — Seu desespero me fez rir.
— Como pode ser tão cínica? Você só tem cara de santa, loira, mas é muito má. — Aust bufou. — E eu não disse nenhuma mentira; ela está jogando na cara de todas essas mulheres aqui que é dona de tudo. Olhe para a produção dessa mulher, olhe para marido delicioso que ela tem. Anne, não vê os olhares de inveja que as outras estão dando a ela? O trágico é não saberem que na verdade ela está em um inferno.
— O que ouve com ele? — pedi baixinho a Anne, implicando com a oscilação de humor de Austin Garret.
— Está assim desde que brigou com o namorado — ela sussurrou para mim, e logo recebeu um olhar raivoso do sujeito à sua frente. Isso era novidade.
— Namorado? O que eu perdi aqui? — Abri a boca, surpresa.
— Ele não é meu namorado! — rebateu, afirmando com propriedade. Cerrei os olhos em sua direção, exigindo a verdade. Nem fodendo que ele iria me esconder uma informação dessa. E, percebendo que não me enganaria, ele suspirou e respondeu baixo: — Depois te falo tudo, okay?
Apenas acenei, deixando claro que ele não fugiria do interrogatório.
Assisti Derek se aproximar de onde estávamos. Esse que tinha uma carranca no rosto, pois ainda não havia superado o fato de que eu não dava a mínima se ele aprovava minha vestimenta ou não. Jacob, que o acompanhava, ria em minha direção, nem parecia o cara que ficou ruborizado após eu afirmar que ainda lembrava de suas confissões insanas. E fiz uma nota mental daquela imagem, pois tinha a impressão de que não seria sempre que veria Jacob Sullivan com vergonha.
— Está pronta para conhecer meu lugar de trabalho?
— Ainda tenho medo de acabar encontrando uma casa de swing lá dentro — zombei, para receber um olhar sacana em resposta. Como ele mesmo tinha me dito alguns dias atrás, todas as casas noturnas e cassinos que Derek possuía eram gerenciadas por ele. E eu não podia negar que essa função caía bem a ele.
— Claro que não. Acredita que eu seria capaz de trazer um anjo como ela para um covil pecaminoso? — Apontou para Anne, que apenas ficou vou vermelha por ser inserida na conversa. — Isso me magoa.
Antes que eu o mandasse se foder, senti a mão de Derek sobre a minha, me guiando até a entrada da boate. Olhei para trás e vi que os três nós acompanhavam. Afastei para longe as lembranças daquela noite, pois prometi para mim mesma que não iria me abalar mais com os tormentos do passado. Nem do buraco em meu peito deixado pela conversa com Jack. Então foquei minha atenção nos detalhes ao meu redor. Diferente dos outros que aguardavam a entrada em uma fila gigantesca, fomos direto para uma entrada alternativa, onde um homem de praticamente dois metros guardava a porta, o rosto tomado por um semblante nada amigável. Ele acenou para o sujeito que puxava minha mão e abriu a porta que dava acesso ao interior do lugar. Fiquei deslumbrada com tudo, e tinha que admitir que Sullivan era bom no que fazia. Era diferente da boate onde eu havia ido meses atrás — okay, talvez diferente fosse um fodido eufemismo. Tudo era espetacular. Apesar de espaços assim não serem os meus preferidos no mundo, fiquei impressionada com a modernidade mesclada com o luxo que ali se faziam presentes.
Estávamos em uma escada, de onde eu podia perfeitamente vislumbrar o meio onde várias pessoas se aglomeravam em um emaranhado de corpos eufóricos. Luzes em neon vestiam o espaço lotado.
Senti um aperto em minha cintura. Nem havia percebido que Derek estava atrás de mim, com uma mão em casa lado de meu corpo.
— Vamos — falou rente ao meu ouvido, a voz grossa.
— Jacob não mentiu. Ele realmente fez um bom trabalho aqui — disse brevemente, ainda com os olhos presos na multidão enquanto dava passos sobre a escada.
— Isso é o que é esperado dele. — Curto e grosso.
Logo, chegamos a um outro recinto — a área VIP, supus. As coisas ali eram mais calmas, mas não menos divertida para os que lá residiam, observei. Fitei as mesas onde pessoas conversavam e bebiam, a pista de dança menos tumultuada, onde homens e mulheres bem vestidos jaziam, o balcão de bebidas onde bartenders atendiam pedidos dos que ansiavam por bebidas. E também toda a atenção que recebemos.
— Minha alma de vadia chique está em euforia aqui dentro — a voz de Aust chegou aos meus ouvidos. — Cacete, estou na área VIP da Outsider. — Ele aparentava estar desacreditado e impressionado, e eu não o julgava. Outra vez estávamos diante de uma realidade distante da nossa.
— Fique aqui com seus amigos, voltarei em breve — Mitchell me disse antes de se afastar até Sullivan.
— Se não voltasse eu agradeceria — murmurei, mas ele já estava longe o suficiente para não ouvir, infelizmente. Observei o mesmo se aproximar e falar algo no ouvido de Jacob, me fitando em seguida. Senti o olhar dos dois em mim.
Ótimo, havia ganhado um vigia provisório — que novidade.
Tão logo quanto mal pude perceber, Aust me puxou em direção ao bartender, a fim de pedir algo.
— E então, como o romance começou? Quem é o sortudo? — indaguei ao me encostar no balcão e fitar o moreno que me lançou um olhar raivoso.
— Não existe um romance! — ladrou, bufando em resposta. Sua carranca aumentou quando Anne sussurrou um "existe, sim". — Querido, traga-me três drinks com gin. — Ele se voltou para nós duas após pedir a bebida. — Foi só um lance, okay? Bom, pelo menos estava sendo. Éramos bons juntos, eu gostava muito do que tínhamos. Porra, ele fodia tão bem.
— Informação de mais — eu e Anne sussurramos juntas.
— Enfim, tudo ia bem até ele querer mais... — Garret bebeu um gole do líquido da taça depositada sobre o balcão. Seus olhos estavam tristonhos.
— E o que você queria? — Ele olhou para mim, mas não vi muito em seu olhar.
— Eu não sei. Estava bom para mim assim. E, então, ele propôs que déssemos um passo nisso tudo. Não me vejo em um relacionamento, isso me assustou para caralho.
— Antes de dar um fim em tudo... Sim, eu sei que foi você quem o fez — Anne esclareceu ao receber outra encarada aborrecida. — Você cogitou a possibilidade de tentar? Essas coisas nos assustam, sim, mas às vezes não pode ser tão ruim como imaginamos a princípio.
— Não. Fiquei paralisado demais para cogitar isso. Estamos falando de aposentar minha vida de solteiro! Eu, Austin Garret, namorando? Improvável demais, queridas. — Decidi não dizer nada, pois vi que não iria demorar muito para perceber qual escolha seria a certa.
— Não vai nos dizer quem é?
— Não. Informação de mais — cantarolou, maldoso. — E chega desse assunto; vamos falar de você, baby. Como foi o tour pela Itália?
— Nada demais. — Dei de ombros ao tomar minha bebida, tentando parecer indiferente. — Ele nos levou para Roma, ficamos hospedados em um hotel chique, fomos a um leilão e voltamos rapidamente por causa de um contratempo nós negócios dele. Apenas.
— Isso deve ser bom, então. — A loira me ofereceu um sorriso doce. — Pelo menos nada de ruim aconteceu.
— O que não está nos contando? — meu melhor amigo inqueriu ao erguer uma sobrancelha. — Você não sabe mentir para mim, então pode começar a falar o que está escondendo. — Senti minhas bochechas rubras, e me amaldiçoei internamente por ser tão transparente diante deles. — Por que diabos está corando? — ele riu, debochado. Mas, me analisando mais, algo se acendeu em seu semblante. Ele deduziu. — Magan?
— Alguém pode me explicar algo aqui? — Taylor parecia perdida.
— É...
— Maldição. Você sentou naquele homem?! Puta merda, Mag, como isso foi acontecer? — Estava cético. — E, bem, eu não sei se começo a explicar as mil razões que vão contra isso ou se sinto inveja por você ter fodido com aquele gostoso do caralho. — Levou sua mão até a boca, essa que estava aberta, demostrando o quão desacreditado ele estava. — Foi bom?
— Sempre tão discreto — resmunguei, mortificada. Agradecia aos céus pelo som alto que diminuiu o efeito de sua exclamação. Aparentemente ninguém ao nosso redor parecia ter ouvido, ou se importado. — Só aconteceu, é isso.
— Como assim "só aconteceu"? Você odeia aquele cara, e com total razão, devo dizer, então como diabos vocês acabaram fodendo?
— Ele te forçou? — Tremi só de imaginar a suposição de minha amiga.
— Não. Céus, não. — Busquei esclarecer, agora observando os dois que me olhavam confusos e, novamente, preocupados. — Foi consensual, okay? Eu também quis.
— Estou sem palavras. E eu nunca fico sem palavras.
— Não há muito o que dizer. Foi apenas sexo, Aust — Foi minha vez de tomar a bebida, só que inteira.
— E o filho que ele quer? Você pode estar grávida? Puta merda, o que vai acontecer de agora em diante?
— Fizemos um acordo. Para que isso fosse a diante, ele teria que abdicar desse filho que almeja. E ele aceitou, me poupou de, bem, vocês sabem, e quando chegamos da Itália tive uma consulta com uma ginecologista, onde ela me receitou um contraceptivo. — E eu não tinha nada mais do que sua palavra. E, pior ainda, poderia ser uma idiota, mas eu sentia que ela era verídica. Sim, eu era realmente uma idiota que não dava a devida importância aos riscos.
— Ainda não tenho palavras. Estou perplexo, chocado. — Ele permanecia cético.
— Devo dizer que isso é ótimo, querido. — Ri ao escutar Anne. — É uma escolha arriscada, Mag, e, consequentemente, perigosa, mas vou apoiar você no que decidir. Só fique bem, por favor, é o que te peço.
— Foi bom?
Rimos juntas dele, quebrando o clima tenso. Agora me restava formular uma resposta condescendente a um Aust curioso.
Movi meu corpo conforme o ritmo intenso da música me guiava. Eu era nova nisso, mas estava começando a entender por que os outros se divertiam tanto naquela bagunça.
Aust, persuasivo como só ele conseguia ser, me convenceu a vir para a pista de dança, apenas afirmando "leve esse traseiro delicioso até o centro desse negócio, vamos mostrar a essas pessoas que se acham superiores o quão espetaculares somos". Escolhendo não ficar sozinha e tentar aproveitar o tempo com meus amigos, acompanhei ele nessa. E me surpreendi ao gostar.
O suor já escorria por minha pele, minhas curvas se mesclavam às batidas vindas da mixagem que o Dj fazia. Segundo Aust, era um cara famoso — algo que o bastardo do Jacob tinha simplesmente omitido, assim disse ele.
Então eu me senti observada, realmente senti, porque, diferente dos homens que me fitaram com interesse durante a noite, esse olhar queimava sobre minha pele. Dessa vez não ignorei a sensação. Encontrei ele em meio as pessoas que nos rodeavam. Estava em um espaço afastado, com as mãos nos bolsos, a expressão predatória, olhos cravados em mim. Não esbocei reação, mas sabia que Derek conseguia ler meu semblante. Decidi ignorá-lo, voltando ao que antes fazia. Esquecendo de tudo. Ousada, me sentindo capaz do que eu quisesse, desejosa. Implacável.
Jacob apareceu e me envolveu em seu ritmo. Dançamos, demos risadas e nos divertimos muito, todo o grupo. Até que, quando novamente eu e Sullivan estávamos próximos, o mesmo ergueu o olhar e deu um riso maliciosamente maroto. Ele cessou seus movimentos.
— Demorou mais do que eu imaginei que o faria. — Eu sabia com quem Jacob falou antes de me deixar sozinha.
Não parei de dançar, decidindo ignorar novamente. Mas, no entanto, ficava difícil quando ele se aproximou de mim por trás. Não dançava, mas me provocava por estar tão perto. Sua respiração pesada ficou rente ao meu ouvido, me causando arrepios e tremores em lugares traiçoeiros.
— Está ofuscando todos aqui, Magan. Todos te observam, vários te desejam — falou, com a voz rouca de mais para minha sanidade. — E isso me deixa possesso.
Virei-me para ele, ficando muito próxima, percebi tarde demais. Seu rosto estava frio, mas, também, tomado por uma luxúria obscura.
Ri em sua direção.
— Não vejo nada de errado nisso.
— Falando assim você parece sádica. — Um pequeno arco se formou em seus lábios, era quase imperceptível, mas estava lá.
— Não é minha intenção. Nunca é. — Ri em lasciva. Suas mãos já estavam sobre mim, as minhas depositadas em seu peito firme. Ouvi uma parte da letra da música remixada Animals que preenchia a boate. — I'm preying on you tonight. — Algo se ascendeu em seus olhos diante da afronta sussurrada, seu aperto se intensificou, meu desejo se expandiu.
— Não. — Pôs seus lábios a poucos milímetros dos meus e disse com firmeza: — Hunt you down, eat you alive.
— Eu te desafio. — Ele não esperou tempo algum para responder, apenas deu meia volta e me levou consigo.
Meus amigos me assistiram sair, chocados. Não pude fazer nada além de observar e seguir o homem à minha frente.
Ele nos levou até uma porta afastada da multidão, esta que dava acesso a um escritório, dele ou de Jacob, imaginei.
O espaço era mudo.
— À prova de som — ele disse, como se lesse meus pensamentos.
Por estar de costas para ele, Derek foi hábil e logo colou seu corpo ao meu. Senti seus lábios quentes em meu pescoço, beijando, mordiscando, como ele sabia fazer tão bem. Arfei. Após esses dias, conhecendo mais um do outro, ele descobriu meu corpo. Como um mestre obscuro da volúpia, que sempre me envolvia em sua escuridão, Mitchell sabia diversas formas para me deixar em êxtase, tinha ciência disso e fazia uso de seu controle para ligar chamas em meu interior. Eu o odiava por isso. Mas também era, descaradamente, grata.
Quando me voltei para ele e tive novamente seu olhar preso ao meu, vesti a máscara que usei por todo esse tempo. Ignorando o fato de que ele ficou do meu lado quando me senti só. Fechando os olhos para a sensação que tive ao acordar ao seu lado na primeira e nas outras vezes que se sucederam a ela. Quis mostrar que era apenas uma mulher que gostava desafios em chamas, mas a verdade estava longe disso.
Sem esperar mais, nos beijamos, nos consumimos, fervendo. Ele me empurrou para trás, até que eu sentisse uma mesa contra minha bunda — mal vi quando fui erguida e depositada sobre ela, derrubando algumas coisas no chão enquanto o fazia. Estava ocupada de mais na necessidade que me tomava. No homem que varria meu juízo e incinerava meu corpo.
Entre minhas pernas que estavam abertas para seu deleite, Derek pegou a barra do meu vestido e a ergueu até minha cintura. Minha pele agora exposta só respondeu ao seu toque, não ao ar pesado do ambiente.
— Era isso que todos os bastardos que te secavam queriam fazer — um murmúrio sensual, a voz de um amante, mas, ainda assim, rústica. — Eles te desejavam, comiam seu corpo, suas curvas, com os olhos. Assim como também o fiz. Mas nenhum te tem, nenhum terá. — Mordeu meu lábio, gemi sob sua boca. — Só eu te tenho, Magan. — Apertou minhas nádegas. — Essa noite e nas outras, apenas eu tenho você para mim.
— Você não me tem.
— Não? — Abdicou minha boca, me puxou mais para si. Só pude deixar ser levada pela avalanche que sua possessão tinha. — Tem certeza?
— Hoje não — sussurrei enquanto separava nossos lábios e descia da mesa.
— Aonde vai?
Não o respondi com palavras, apenas contornei seu corpo e o deixei contra a mesa. Seus olhos se semicerraram.
— Pegar o controle que me pertence.
Não fitei seu olhar quando depositei beijos em seu maxilar, descendo pelo pescoço, e, desabotoando sua camisa social negra, fazendo um rastro com meu batom borrado em seu peito. Minhas unhas arranharam seu abdômen, um caminho perigoso.
E eu amava o perigo.
Ajoelhei-me diante dele, sem ao menos fazer questão de cobrir minha nudez. Com minha atenção fincada em seu desejo evidente, engoli em seco. Deixei minhas vontades comandarem as ações. Peguei o cós de sua calça e, ouvindo um som rouco vindo de cima, liberei sua excitação. Mordi o lábio. Era uma visão que deixava minha intimidade pulsando, minha boca ficou seca. O peguei entre minhas mãos, sentindo o quão rígido ele estava, e por mim. Meu polegar contornou sobre o pré-gozo que saía por seu membro. Mas, antes que meus lábios o tocassem, senti sua mão em meu queixo, erguendo-o.
— Você quer isso? — O tom que ele usou para proferir as palavras que o ouvi dizer mais vezes do que acharia possível era totalmente envolto por luxúria.
Sim, eu queria o foder com minha boca. Mas não lhe disse. Não. Só encarei seu rosto, com fome, quando beijei a cabeça do seu pau, sentindo sua pele macia, explorando seu comprimento com minha língua. Minha mão se movimentou na base do mesmo ao compasso em que o saboreie ainda mais, nunca quebrando nosso olhar. Ele lutou para se controlar, mas vi que não conseguiria, pois já estava entregue o suficiente. Sua expressão era um espelho da minha. Após os movimentos ritmados que minha palma realizava, eu o coloquei por completo em minha boca.
— Porra, Magan! — grunhiu, e sua resposta me instigou a continuar.
Não demorou muito para sentir seu pau delicioso no limite de minha garganta. Meus olhos lacrimejaram. Mas não cessei as investidas, o suguei como já vinha querendo há dias. Sua mão veio até meu cabelo, senti o perto dela na raiz dos mesmos. Sufoquei o gemido que queria se reverberar por minha garganta, a fim de controlar minha respiração e continuar o que fazia. Com minha mão livre, peguei suas bolas e fiz carícias em ambas, estimulando-o, como eu sabia exatamente com fazer — nunca havia sido uma virgem santa. Seus quadris se moviam de encontro a mim, estocadas ritmadas.
Ouvi um ou dois gemidos virem de Derek, ecoando pelo escritório, e aquele som teve tanto efeito em mim que o guardei em minha mente. Assim como ele, eu também estava em êxtase, assistindo seu deleite.
E, algum tempo depois, eu o senti mais tenso. Suor brilhava em sua pele sob a luz, a boca entreaberta. Sabia que estava vindo, iria gozar.
Bom, iria.
Parei as investidas.
Depositei um beijo em seu pau que estava prestes a explodir — o último contato que ele teve com os meus lábios — e me afastei dele, minhas mãos fazendo o mesmo. Rapidamente me ergui para cima, minha respiração quase inexistente, assim como a dele. Umedeci meus lábios, buscando fôlego, e me apoiei em seu peito.
— Sua boca é tão feroz quanto sua essência transmite ser — disse com a fala abafada. — Fodidamente atrevida.
Imaginando que isso se seguiria, ele se inclinou a me tocar e me colocar novamente sobre a mesa. Supôs que não o deixei gozar em minha boca porque queria que o fizesse enquanto me fodia — e eu realmente queria isso. Mas não seria o que iria acontecer.
— Ah, não — já tendo recuperado o fôlego, decretei para ele. — Isso acaba aqui.
— Está jogando novamente, Magan? — Ele ficou rígido, assim como seu sexo que estava imponente sobre minha barriga. — Está dizendo que não irei te foder?
Meu corpo se arrepiou na proposta oculta entre as palavras.
— Não vai, é isso. — Ri, me afastando e arrumando minha roupa. Inferno, estava toda amassada. — Isso foi um acerto de contas, estou pagando na mesma moeda o que fez comigo na Itália. E, ainda mais, mostrando que não é só você que dita as coisas aqui. — Aproximei-me novamente e sussurrei: — É bom se acostumar a perder, porque não estou mais para brincadeira.
— Se acha poderosa, senhora Mitchell? — ralhou.
— Não. Eu descobri que sou poderosa — retruquei, segura. — Capisce?
— Isso não vai ficar assim. — Lutei para não perder em sua imagem. Em sua boca vermelha por meu batom, no peito exposto, nos músculos firmes que me prendiam sempre a ele. Eu o queria tanto... — Ainda hoje vai descobrir isso.
— Será interessante ver você tentar.
E antes que voltasse e atrás e literalmente sentasse em Derek Mitchell, eu o dei as costas, pela segunda vez na noite. Um sorriso de lado em meu rosto.
Porra, isso era bom.
NOTAS
I'm preying on you tonight: serei seu predador essa noite (letra da música Animals, de Maroon Five).
Hunt you down, eat you alive: Te caçarei, te comerei viva (letra da música Animals, de Maroon Five).
Capisce?: é um empréstimo do italiano, geralmente usada como uma expressão que interroga o interlocutor se ele aceitou os termos ou se entendeu o que foi dito.
olá!
obrigada por ler, vocês são demais, e até breve. S2
©K. Lacerda
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