Capítulo 26 | Nada Além de Nós

E agora todo o seu amor será exorcizado
E veremos você dizer que é como estar no paraíso
E é uma quantia exata
É uma melodia
É um grito de guerra
É uma sinfonia
[...]
E eu levo sua alma

Seven Devils | Florence And The Machine

Seus olhos escureceram diante do meu pedido, aqueles olhos enigmáticos que sempre me prendiam. Eram possuidores de tamanha intensidade, mesmo que gélidos. Eu não queria mais correr daquela armadilha em que eles me lançavam. Era o limite. Derek espalmou suas mãos em minhas costas, fazendo um impulso para que eu ficasse ainda mais sobre ele. Ali, sentados e interligados sobre o colchão, só havia nós dois e nossos demônios. Meu coração batia forte ao compasso em que a angustia ainda fazia morada em meu peito. Eu não queria tirar os olhos dos seus, o medo de me ver de volta àquele inferno não me permitia.

    — Você tem noção a que isso implica? — ele indagou, agora sério. Engoli em seco. — Quer ser minha, Magan? Realmente quer isso?

    Inclinei meu rosto até ele. Toquei meu nariz no seu, fechei os olhos — após segurá-lo mais forte para sentir que não estava sozinha — e suspirei pesadamente.

    — Eu quero você — sussurrei. — Me possua, Derek.

    Ele grunhiu baixo, se inclinou e inalou o ar sobre meu pescoço. O temor em mim ia se dissipando enquanto sua presença me embriagava, me deixando anestesiada naquela madrugada silenciosa.

    — Não sou um homem de boa índole. — Voltou a me encarar. — Outro poderia não aceitar esse pedido em razão do seu trauma, de sua vulnerabilidade. Mas meus princípios são tortuosos, eu sou um egoísta e nesse momento não consigo pensar em nada além de ter você. — Hesitante, desenhei seu maxilar com meus dedos, sua barba rala causando um atrito sobre os mesmos. Ele não dizia nada que eu já não soubesse. O que talvez ele não soubesse era que meu pedido não era derivado apenas do medo, ele havia sido apenas o estopim. Meu corpo ansiava por ele, cada parte insensata de mim pedia para se libertar e queimar no ardente desejo. — Se quiser seguir isso, eu não vou hesitar, Magan.

    Era uma pergunta, e acreditei que ele leu a resposta através dos meus olhos. Nossos lábios se chocaram com necessidade. A chama que crepitava entre nós se expandiu para um fogo que se alastrou em nosso meio. As línguas dançavam sem hesitação, o prazer palpável regia os movimentos. Ergui-me mais, sentando-me nele, seus cabelos sedosos estavam entre meus dedos. Arfei sobre seus deliciosos lábios no momento em que sua mão espalmou minha bunda, subindo minha roupa de dormir, e fez pressão em minha pele. Mordi seu lábio inferior em um ato movido pela lasciva, a provocação crescente.

    — Você é uma perdição — ele murmurou, a voz estava mais rouca que o normal. — Uma deliciosa perdição.

    Em um movimento repentino, Derek nos girou e deitou minhas costas na cama. Ele ficou entre minhas pernas, sua ereção fazendo pressão sobre minha intimidade. Eu também sentia a pulsação que vinha de mim, meu ponto feminino latejava ansiando por ele.

    Mitchell começou a trilhar beijos em meu queixo, para depois fazer um rastro com seus lábios até meu pescoço. Gemi baixinho e cravei minhas unhas em suas costas encobertas por sua camisa quando Derek segurou meus cabelos e os puxou com força na medida certa para me despertar mais prazer enquanto deixava meu pescoço livre para seu acesso.

    — Oh... — outro gemido escapou por minha garganta quando sua mão foi depositada em meu seio, massageando-o. O movimento atrevido de seu polegar teve efeito em meu sexo, era uma sensação enervante e maravilhosa. Eu não conseguia raciocinar com lucidez, porque ele me fazia ficar entorpecida através de cada movimento que exercia sobre mim.

    Sua atenção foi descendo. Minha respiração já estava mais que irregular no quando senti suas mãos incessantes erguerem a lateral de minha camisola, ergui meu corpo para facilitar a ação. Fiquei surpreendida comigo mesma por não sentir constrangimento ao ter seu olhar faminto em meus seios expostos.

    — Perfeitos — sussurrou ao beijar meu mamilo já rijo. Derek o soprou em uma tortura deliciosa, sua boca o tomou logo em seguida, sugando-o com vontade, a língua quente fazendo movimentos instigantes. — Deliciosos — grunhiu e voltou a me levar a loucura. Segurei seus braços rijos com força, ele era tão forte, musculoso.

    Senti seus dedos subirem por minha coxa, o rastro que fazia queimava sobre minha pele. Ainda de olhos fechados, eu de repente fiquei rígida. E isso não passou despercebido por ele, que cessou a sensação deliciosa que ele me proporcionava através do trabalho de sua boca.

    — Abra os olhos, Magan — ordenou. Assim o fiz, tentando não visualizar cenas indesejadas, tentando não ser capturada pelas dores. Derek me mediu com atenção, sua feição estava desgrenhada e tomada pela luxúria, mas a seriedade também estava envolta nela. — Sou eu — continuou, ainda com nossos olhares presos — somos nós dois. Você desejou isso, não permita que nada além de nós adentre aqui. — Uma lágrima solitária escorreu em meu rosto.

    — Continue. — Fui capaz de instruir.

    Ele não está aqui, não há nada a que se temer.

    Derek traçou o dedo sobre minha barriga, todos os pelos de meu corpo se ouriçaram, eu voltava a ficar mais ansiosa a cada segundo.

    Não tive medo quando de súbito ele pegou as laterais de minha calcinha e a partiu em pedaços. Não quando eu sabia quem o fazia.

    — Cacete — ele xingou quando seus olhos azuis nublados e vorazes observaram-me, totalmente exposta. Meu gemido ecoou no quarto no momento em que seus dedos me tocaram. — Você linda, e está tão molhada para mim, tão pronta, porra — rosnou. Eu me sentia adorada com seu olhar predatório.

    — Ah, Derek... — Ele adentrou um dedo em meu sexo, devagar e provocativo, e manipulou meu clitóris com o polegar. Tombei minha cabeça sobre o travesseiro, sua boca se colou à minha quando sons incompreensíveis eram murmurados por mim. Era tão difícil me controlar. Eu sentia que a qualquer momento poderia entrar em combustão. Aquilo era único, cada átomo do meu ser se contorcia em uma fodida apreciação a atenção que ele me dava.

    Tão logo como veio, Mitchell afastou os lábios dos meus e os levou em uma trilha de beijos ardentes até onde seus dedos brincavam, antes apenas me lançou um sorriso devasso e desejoso, puramente carregado de malícia.

    — Oh, céus. — Cravei minhas unhas em seus cabelos ao sentir sua língua me sugando, penetrando, ávida, o dedo ainda acariciando meu ponto sensível. — Por favor... — implorei pelo o que eu nem sabia que era possível. Puta merda, poderia haver algo mais intenso que isso? Parecia impossível.

    Agarrou minha coxa ao me abrir mais para seu deleite, sem cessar a dança em círculos que sua língua fazia. Eu estava tão perto, chegando no limite, no ápice. E supus que ele percebeu, pois aumentou o ritmo.

    Os espasmos vieram sem piedade, levando qualquer resquício da sanidade que me restava naquele momento. Meu corpo tremulou, extasiado. Eu gozei com tamanha intensidade enquanto chamava seu nome, a ladainha era a única coisa que se formulava em meus sentidos. Não tinha dúvidas que aquele orgasmo tinha sido o mais intenso que eu já tive.

    Ele degustou a prova do meu prazer, sugando-me em demora. Quando veio até mim, senti meu gosto em minha boca.

    — Você é deliciosa em todos os sentidos. Seu sabor é sublime. — Pressionou a pélvis sobre mim. — O tanto que eu te quero chega a doer. Tem ideia do tamanho da vontade que estou de foder você, Magan? sussurrou em meu ouvido, mordiscando-o.É uma prova ao meu juízo, você me deixa louco.

    Eu não tinha forças, ainda estava entorpecida. 

    Derek se afastou de mim e saiu da cama. Meus olhos assistiram ele retirar a camisa, seus músculos tão perfeitamente definidos se contorcendo com o movimento, o peitoral firme o qual já tive o prazer de tocar, os gominhos em sua barriga. Belo, quente e letal — era isso que eu enxergava.

    — Vou guardar essa imagem. Você, exposta para meu deleite, ofegante e saciada, prestes a ser fodida por mim. — Talvez eu fosse louca por me sentir enaltecida ao receber aquele olhar penetrante de fome e admiração e ao ouvir sua confissão.

    — Cretino — consegui dizer, o desafio indo além de onde eu me sentia capaz de ir.

    Ele riu, maldoso. Captei cada movimento dele enquanto Derek retirava o restante de sua roupa. Arfei. Eu sabia que ele era grande, mas, puta merda, seu pau fazia de fato jus a palavra grande. Sua excitação era muito mais que explícita. Eu deveria estar assustada pensando em como ele encaixaria em mim, mas diante daquela visão só consegui salivar e ansiar por tê-lo dentro de mim.

    — Algo interessante em vista, querida? — Foi irônico ao se aproximar novamente, repetindo a indagação que fez no jato há um dia atrás.

    Pus as mãos em seu pescoço e o puxei para perto, a ponto de um beijo, enquanto sentia seu corpo quente sobre o meu. Nenhuma barreira presente entre nós.

    — Talvez eu possa acrescentar mais algumas coisas à lista. — Ouvi sua risada rouca. A minha foi suspensa ao sentir ele em minha entrada, fazendo pressão e me instigando. Eu o queria tanto dentro de mim, e, novamente, meu sangue fervia nas veias.

    Beijando-me arduamente, ele se encaixou em mim, lenta e gradativamente. Um gemido sôfrego e intenso saiu por sua boca que estava sobre a minha. Eu também gemi, porque, porra, aquela merda doía como o inferno, a sensação era de estar sendo rasgada ao meio, mesmo ele me penetrando tão devagar.

    — Puta merda — ele rosnou.

    Após chegar ao meu núcleo e ter rompido qualquer barreira que havia em mim, ele me fitou, ofegante, e, depois de alguns segundos que usufruí para me acostumar com seu tamanho, maneei a cabeça, incentivando-o a se mover. Suas estocadas se iniciaram em uma sincronia lenta e envolvente, anestesiando o desconforto gradativamente. Aos poucos, quando a sensação de ser preenchida por ele se oscilou para uma onda crescente de prazer, sons desconexos começaram a ser murmurados por mim. Cravei minhas unhas em suas costas firmes, meus lábios se abriram, meus olhos lagrimejaram. Era como uma avalanche em meus sentidos, uma explosão de calor. Agarrando meus pulsos e os prendendo acima de minha cabeça, ele começou a me foder com vontade. Devasso. Ardente. Implacável. E, totalmente entregue a ele, cruzei minhas pernas em sua cintura, uma súplica para que ele fosse mais fundo.

    — Derek... — O ritmo aumentava, eu mal senti minhas pernas, que, eu tinha certeza, estavam trêmulas. — Mais forte — As palavras mal se formulavam em minha língua.

    Eu estava chegando no ápice, no entanto, ele cessou seus movimentos e se retirou de dentro de mim. Abri os olhos, confusa. Mas, antes que eu pudesse dizer algo, ele me girou com mestria e me deixou de quatro.

    — O que você... — Fui interrompida ao sentir ele entrar em mim novamente, impiedoso, e continuou o que antes fazia após dar um tapa estalado em minha bunda. Minha boca se abriu em um perfeito O.

    — Vou foder você com força, Magan. — Grunhi em prazer ao sentir um puxão em meus cabelos. Seus lábios estavam rentes ao meu ouvido enquanto ele murmurava, sua mão possessiva em minha cintura: — Quero ouvir você chamar o meu nome. Vou exorcizar cada resquício de vontade que você despertou em mim, a tortura que era desejar te tomar para mim. Amanhã, quando se mexer, quero que lembre. De cada segundo em que estive. Dentro. De. Você. — Só pude choramingar em reposta.

    E ele cumpriu o que disse. Foi tão intenso. Foi calor que se expandiu para o fogo. Foi suor, corpo contra corpo. Carne em brasa. Gemidos e anseios.

    — Venha comigo, baby. — Ali estava o meu limite novamente, o mesmo que naquele momento eu estava descobrindo que poderia ir mais longe. — Goza para mim.

    Foi muito mais que arrebatador, veio me devastando, levando toda e qualquer força que eu tinha, porque éramos nós.

    — Eu estou... — Arqueei minhas costas e gozei. O quarto foi preenchido por minhas lamúrias sôfregos, a única melodia que saía por mim enquanto meus espasmos eram liberados, minha respiração entrecortada. — Porra.

    Ele continuava a estocar fundo, e senti que também chegava ao seu ápice no momento em que liberou o aperto em meu cabelo. Mas, antes que gozasse, ele saiu de dentro de mim. Sons pesados escaparam por sua garganta enquanto ele se liberava com auxílio da mão sobre o lençol.

    Meu corpo simplesmente se desfaleceu no colchão, tive apenas forças para me virar com a barriga para cima. Senti o peso dele cair sobre mim poucos segundos depois. Aquela fora o nosso primeiro momento de muitos outros naquela madrugada.

    Horas depois, nossos corpos ainda estavam nus e suados, um sobre o outro, ambos sem fôlego. Derek se mexeu na cama, imitando minha posição, e me puxou para si com seus braços fortes. Exausta, apenas deixei sua mão levar minha coxa para cima dele e depositei minha mão em seu abdômen.

    Sua respiração foi a última coisa que ouvi antes de ser levada pela exaustão.

Mexi-me sobre a superfície macia e aconchegante. Aospoucos meus olhos se abriram, tendo como saudação a luz da manhã que adentravapela janela. Quando visualizei trapos de um tecido negro de renda, umaavalanche de memórias foram projetados em minha cabeça sem que eu ao menos aforçasse. Suspirei pesadamente, perdida.

    — Caralho, Magan — murmurei, ao puxar o lençol para cobrir meus seios desnudos.

    Quando fiz um impulso para me sentar, senti um desconforto entre minhas pernas que me fez soltar um leve grunhido. O maldito realmente deixou sua marca. As roupas de cama eram a representação do caos, notei ao vagar os olhos pelo espaço vazio. Estava aliviada por estar sozinha, inclusive, não fazia ideia de como iria lidar com essa situação.

    No momento em que encarei seus olhos na noite passada, não consegui mais lutar contra meus anseios e fobias. Parecia tão certo me libertar, seja das amarras do passado ou das vontades as quais eu inibia a todo momento. Fiquei surpresa por não ter entrado em pânico, como achei que aconteceria ao permitir que outro homem me tocasse, o pavor não se fez presente. E eu deveria, sei que deveria me sentir suja por ter me entregado a ele, mas não foi isso que aconteceu. Não me arrependia por ter cedido, nem de ter experimentado a volúpia que protagonizamos com tanta intensidade, mesmo tendo me traído. Traído a Magan que tinha como objetivo repudiar Derek, o homem que a comprou como um objeto.

    — São muitos pensamentos. — A voz ontem esteve tão próxima a meu ouvido ditando vontades me tirou de minha confusão, sarcástica. — Não quer compartilha-los?

    — Talvez o Diabo não seja um bom ouvinte para desabafos — rebati, no mesmo tom, depositando meus olhos na porta do banheiro, onde jazia um dos principais motivos dos meus tormentos.

    Derek estava com seus braços cruzados, encostado da soleira da porta, encarando-me com um olhar impassível. Os cabelos negros os quais tive por entre meus dedos horas atrás estavam molhados e bagunçados de um jeito que o deixava tão atraente. Para azar de minha sanidade, a única coisa que cobria seu corpo enorme e definido era uma toalha em sua cintura. Levando meu olhar até seu rosto recém-barbeado, lutei contra o ímpeto de apreciar as gotículas de água que escorriam por seu abdômen.

    Ele me encarou em demora, e assim passaram-se segundos, ou até mesmo minutos. E, por fim, ao franzir o cenho brevemente, ele umedeceu os lábios e falou:

    — Tenho uma proposta para você.

    Segurei seu olhar, tentado decifrar o que passava por trás dele, qual ato maquiavélico viria do mesmo.

    — É um milagre ser uma proposta, uma vez que você gosta de impor as coisas com sua mente narcisista — discorri, apertando o lençol ainda mais em meu corpo. Ele assistiu meu movimento, mas nada mudou em seu rosto.

    — Seja minha. — Foi breve.

    Ri, descrente. Que merda era aquela?

    — O quê? — pedi, ao erguer uma sobrancelha.

    Não acreditava no que estava ouvindo.

    — É exatamente isso. Eu quero você, nós dois sabemos que você não se sente diferente em relação a isso. — Derek estava totalmente sério enquanto discorria as palavras, ignorando minha reação descrente e perdida. Seu polegar girava o anel de prata que estava em seu dedo, a aliança que simbolizava nossa falsa união estava próxima ao mesmo. — Estou propondo um acordo. Aceite ser minha, Magan. — Novamente ele manipulava seus lances.

    Quando vender minha alma ao Diabo se tornou uma opção?

Oi, oi!

Depois de provocar um surto em vocês no capítulo anterior, essa autora que vos fala trouxe as respostas que queriam. Gostaram? 

Gente, esse é o primeiro hot real oficial que escrevo aqui ksjdksdjskk (rindo de nervoso) então tenham paciência comigo.

Ah, queria esclarecer um ponto sobre a obra:  o nome "Diabo" é muito citado ao decorrer da história. Quero deixar claro que em que todas as vezes que uso esse termo aqui (nos trechos das músicas e no corpo dos capítulos) me refiro unicamente ao Derek, fazendo uma analogia ao seu codinome no submundo do crime, que é Diabo. Não há nenhuma ligação com nada de cunho satânico, o termo aqui é usado com outro sentido.

Obrigada por ler! Deixe seu voto se gostou, e se não gostou também deixe ksjjskjks enfim, a caridade. 

©K. Lacerda  


Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top