"Mamães"

Dia das mães...

Algo erroneamente interpretado pelas gerações atuais, onde acham que uma data tão especial é apenas um dia que tiram fotos com a mulher mais especial de suas vidas, postam em redes sociais e tudo está perfeito...

Também é um momento em que algumas mães, resolvem desenvolver esse papel, apenas para receberem presentes e outros agrados de filhos que, muitas vezes, são destratados e desprezados pelas mesmas.

Na realidade é aquele momento em que realçamos nossos verdadeiros sentimentos, cheios de carinho e afeto por uma pessoa que representou muito nem esse papel, sendo uma mãe de sangue, consideração ou apenas uma figura feminina, ou masculina, que tenha agido como tal.

Independente do que aconteça, sempre haverá interpretações erradas, sempre haverá comemorações indevidas...

Como há muitas crianças que não possuem essa figura, ou que não tem o prazer de comemorar com sua mamãe, muitas vezes por motivos financeiros ou mesmo por não ter oportunidade.

Vale lembrar, que nem todos possuem um final feliz e nem todas as mães atuam de maneira correta esse papel tão maravilhoso na pela da vida...

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A professora de música ensinava seus alunos com grande maestria, não havia uma reclamação sequer... Óbvio, era Helga Barreto ali, uma das melhores no ramo da música, todos queriam ter o prazer de ver seus filhos estudando com alguém tão bem entendida do assunto.

Aquele seria o último ensaio antes da apresentação de ano novo, seria mais uma apresentação bem feita, a qual trabalharam duro para conseguir.

— Professora Helga! – ouviu alguém a chamar da porta.

Se retirou da sala para falar com o coordenador, deixando os alunos ensaiando sozinhos um pouco.

— Sim?

— A diretora deseja falar com a senhora. – respondeu já se retirando.

Observando a sala de aula mais uma vez e percebendo a sincronia musical que os alunos alcançavam sem ajuda, decidiu que não faria mal se ausentar por um tempo.

Chegando a sala da diretoria, repassou mentalmente qual poderia ser o motivo de estar ali, afinal, estava no começo de sua carreira, mas já via os frutos, porém, qualquer erro podia desencadear uma grande queda.

Abriu a porta lentamente após bater e escutar a confirmação.

Na sala se encontrava a senhora de sorriso contagiante e uma criança sentada na cadeira em frente a sua mesa.

Não era qualquer criança, era Tatiana, sua filha mais nova, que deveria estar na escola nesse horário, ou pelo menos, não deveria estar naquela sala.

— Uma coordenadora veio deixá-lá aqui, infelizmente não está se sentindo bem. – a diretora informou – Já foi medicada no hospital, mas parece que ela pediu para vir ficar com a mãe.

Helga soltou um sorriso constrangido antes de agradecer a mulher. Tomou a filha pela mão e se encaminhou de volta para a sala de aula.

— Tatiana, não devia ter vindo para cá, era para ligar para seu pai nesse tipo de situação, já combinamos isso. – resmungou antes de abrir a porta da sala.

— Desculpa, mamãe, mas eu queria ficar com a senhora. – disse com voz de choro.

Helga respirou fundo e encarou a sala que estava quieta encarando a garotinha com curiosidade.

— VOLTEM A ENSAIAR! – gritou irritada – E você – abaixou a voz – fique quietinha no canto, depois conversamos sobre isso... e sem chorar.

Sem alternativa, Tatiana assentiu com a cabeça e sentou na cadeira da professora, bem longe de onde as outras crianças estavam.

Helga voltou ao que estava fazendo pedindo novamente que repetissem a melodia para verificar de estavam em harmonia ou se haviam falhas em algum trecho da música.

Já ao final da aula os alunos se despediram e restaram apenas Tatiana e ela.

— Na próxima vez, peça para ficar com seu pai, ou então com a sua avó. – resmungou impaciente para a menina que abaixava a cabeça tristonha.

— Mas... É que eu estava com dor, mamãe, e queria ficar aqui, a Senhora sempre fazia a dor parar.

— O seu pai é melhor do que eu... Levanta, temos que buscar seu irmão. – ordenou já saindo da sala.

Tatiana se segurava para não chorar na frente da mãe, sabia que ela odiava crianças choronas.

— A gente pode tomar sorvete depois? – perguntou enquanto colocava o cinto de segurança no Banco detrás.

— Não tenho tempo para isso! – respondeu sem dar importância – Peça para o seu pai depois.

Tatiana suspirou fundo, enquanto a mãe dirigia pelas ruas da cidade, rumo a escola de seu irmão.

Helga não se importava, na realidade nem queria ter filhos, foram "acidentes" como ela sempre dizia para Thomas, seu marido, quando estava muito irritada com ele ou com os filhos.

Ela não era uma pessoa de todo mal, ao menos não aparentava, apenas era do tipo que via outros objetivos como prioridades maiores, era assim que pensava...

Ela, na verdade, não se sentia como uma mãe, não levava jeito para isso, a música era a única coisa que sabia fazer melhor, era o seu dom tocar, era o seu dom ensinar a sua paixão para outras pessoas, era isso que a fazia feliz!

#830 palavras

Esse conto foi produzido especialmente para participar do 11° desafio do perfil RomanceBr, sobre o tema Dia das mães, como uma homenagem a essas guerreiras maravilhosas!

Caso tenha gostado e queria participar, corra logo lá no perfil e fique por dentro das regras, provavelmente desse desafio não tem mais como, porém haverão outros!

❤❤ Ketlin A. Barros ❤❤

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