Capítulo 1
A caminho de sua cidade natal com junto aos seus 5 filhos mais novos, Vitória Vilar olhava pela janela do banco do passageiro do helicóptero modelo Bell 429 vermelho, um modelo grande para que todos pudessem fazer a viagem de uma vez só. Ao lado estavam os mais novos Mateus e Lucas, enquanto atrás iam seus meninos mais velhos, Tomásio e Tibério fizeram questão de ir ao lado de Tiago. Alegando que estavam grandes demais para que a mãe precisasse se preocupar. Os garotos ao seu lado tinham pequenas mochilas com alguns brinquedos sobre o colo, que foi a única bagagem que puderam levar na mão, mas não tiravam os olhos da janela. Vitória tinha certeza que os filhos sentados atrás dela também, afinal todos adoravam viajar de helicóptero.
Os viu ali, sentadinhos, com os cintos de segurança devidamente afivelados e usando os protetores de ouvido. Seguros, ela sabia. Por isso se permitiu olhar para a janela do seu lado e apoiar o cotovelo na porta da aeronave. Olhava para a cidade de Pernambuco que ia se distanciando e o tão conhecido areial ia aparecendo. Ela quase podia sentir o cheiro da areia de tão vivas as lembranças em sua memória. Não retornava aquele lugar tinha mais de 20 anos. A empresa era bem cuidada por Pedro. Ele e Felipa sempre falavam com ela por telefone. Apesar das saudades, dos filhos mais velhos e do pai, sempre evitou pisar ali novamente. Quando Felipa resolveu se tornar médica veterinária e Pedro foi passar um verão na cidade para conhecer o lugar, ela sabia que seus filhos ficariam lá. E foi exatamente isso que aconteceu. A terra de seus antepassados os chamou, e os dois resolveram acatar esse chamado se instalando definitivamente em Bole-Bole.
Ela respirou fundo conforme o helicóptero se aproximava e a cidade em que nasceu começava a se fazer presente em sua vista. Seguindo o percurso programado o piloto se encaminhou para fazenda Vilar. Após alguns minutos o mesmo avisou Vitória sobre uma chuva inesperada e um vento forte, ele disse que teriam que mudar o local de pouso. A mulher concordou imediatamente preocupada. O piloto a tranquilizou e eles seguiram para onde a força daquela tempestade os jogou, que foi para a praça da cidade. Eles avistaram uma multidão no local e o que antes era visível, foi tomado por várias cores vibrantes que surgiam de todos os lados. A corrente de vento provocada pelas hélices da aeronave espalhou mais ainda as cores e por alguns instantes ninguém mais viu nada.
A multidão que ali se encontrava ficou surpresa pela presença de um helicóptero na pequena cidade. Todos acompanharam o veículo pousar e de dentro dele sair uma mulher elegantíssima vista nas capas de revista de cunho empresarial. As cores haviam cessado e os mais antigos viam nitidamente Vitória Vilar tirar os óculos como uma verdadeira lady e encarar a multidão que a olhava parar no meio da praça. O dono dos pares de olhos mais hipnotizado sem dúvidas era Zico Rosado, que se encontrava no palanque da praça dando a ele uma visão privilegiada do que acontecia. Seu rosto surpreso ficou ainda mais surpreso quando ele viu ela com a ajuda de um jovem que devia ter a idade de Stela ajudar Vitória a tirar vários garotinhos da aeronave. Eram os filhos dela, ele presumiu. Evitava ter contato com qualquer notícia que a mídia publicava sobre ela, mas era inevitável ouvir sua neta comentando sobre a vida da empresária em certas ocasiões. Assim como também era inevitável procurar notícias dela na internet depois. Sempre que ouvia sobre ela era impossível não lembrar sobre eles dois e na vida que podiam ter tido juntos. Saber que ela engravidava do marido a cada ano que passava era só uma prova que ela dava a ele que seguiu em frente e que tinha se esquecido dele. A raiva o dominava nesses momentos, mas a tristeza e a melancólia sempre acabavam com ele que ficava insuportável sempre que esses sentimentos de perda e rejeição o assolavam.
Viu os quatro menininhos aos pés da mãe já fora do helicóptero e o mais velho próximo a ela também. A viu falar com o piloto rapidamente e em seguida o mesmo sobrevoar com a aeronave pelos céus indo embora, enquanto Vitória e seus filhos tinham tomado certa distância de onde estavam. Os meninos correram para Felipa e Pedro que estavam no meio da multidão de jovens com os rostos pintandos e Vitória olhou ao redor dando alguns passos se aproximando de Cazuza cujo o caixão tinha caído no chão e ele se levantou do mesmo com uma expressão muito confusa. Aparentemente a aparição de Vitória tinha feito com que esquecessem do morto. A recém chegada que estava alheia ao seu enterro se aproximou e o cumprimentou sorrindo. Momentos depois todo o encanto provacado pelas emoções do momento em Zico caíram por terra pelo grito estridente de dona Redonda, que fez até os vidros dos estabelecimentos dos carros e lojas próximas a eles se quebrarem.
Aparadeira e Marcina foram de encontro ao ex-defunto e o abraçaram alegres. Enquanto o povo festejava o desmorrimento do vereador, Victória foi de encontro aos filhos que estavam todos juntos. Mateus e Lucas estavam no colo de Felipa e Pedro, enquanto Tomásio e Tibério estavam ocupados observando as motos perto deles.
- E de repente o tempo fechou gente, mô doidera. - falou Tiago aos irmãos mais velhos.
- No boletim não tava previsto chuva, eu tinha que pousar logo, de qualquer jeito era um risco continuar. - Vitória disse ao lado de Tiago. - Agora eu não podia imaginar que tudo isso tava acontecendo, meu Deus do céu.
Depois do rápido diálogo que ela teve com os filhos mais velhos explicando o ocorrido todos os Vilar se encaminharam para a fazenda da família. Já no palanque da praça Zico Rosado saia do evento furibundo. Trocando rápidas palavras com o professor Aristóbulo ele se encaminhou de volta para sua fazenda, incomodado com a sensação de ver Vitória outra vez na cidade e em sua vida.
****
Pedro e Vitória caminhavam próximo a porta de entrada da mansão. Vitória olhava tudo nostálgica. Viu os flores coloridas plantadas na frente da casa formando um bonito jardim. Viu os pavões ciscando ao redor das plantas e deu uma risada ao ver quatro cachorros correndo e seus filhos menores correndo atrás deles. O lugar era lindo. Sua casa estava mais bonita do que ela se lembrava. Ela entendia o porquê de seus filhos mais velhos terem trocado São Paulo pela pacata Bole-Bole. As vezes ela também tinha vontade de voltar, mas após trinta anos longe, ela agora tinha vontade de colocar fim à aquela briga entre os Rosado e os Vilar. Mesmo que Pedro e Felipa parecessem mais engajados do que nunca em acabar com o reinado de Zico Rosado.
- Mãe eu já tô pedindo pro pessoal ir lá na cidade buscar a mala de vocês, tá? - Felipa falou dando uma pequena corrida ao redor da mãe e depois indo pra dentro de casa.
- Tá feliz, mãe? Feliz por ter voltado? - Pedro quis saber. O filho viu a mãe rir ao olhar os irmãos menores brincando com os cachorros.
- Tô feliz, de tá de volta com os meus filhos. Com todos eles. - respondeu o rapaz do seu lado e sorriu pra ele. Ela chamou Tiago e os menores para entrar dentro de casa e cumprimentar o avô.
Eles entraram na enorme residência e Vitória ouviu Cleide resmungar enquanto varria as folhas que tinham sido arrastadas pra dentro da casa pela ventania. Chamou pela mais velha que ficou exultante de felicidade ao rever-lâ. Se abraçaram com muita saudade e a senhorinha lagrimou ao ver os filhos mais novos de Vitória juntos a Pedro ainda na entrada da casa.
- Esses são? - Cleide perguntou apontando para eles com uma mão enquanto a outra cobria sua boca.
- São sim, meus pequeninos. - ela respondeu sorrindo fazendo sinal com a mão para que os meninos se aproximassem dela. - Cleide, esse aqui é o Tiago. - apontou para o jovem que tinha seu tamanho. - E esses são a raspa do taxo, Tomásio, Tibério, Mateus e Lucas. - falava colacando a mão na cabeça de cada menino conforme ditava seus nomes. Os pequenos olhavam para idosa meio acanhados, com vergonha.
- São tão lindos, dona Vitória. - Cleide disse com os olhos lagrimando e com as mãos juntas sob o peito. - Sabe, vai ser bom ter a família toda em casa. A gente só esperava a senhora pro casamento da Felipa.
- É, mas resolvi voltar antes. - Vitória sorriu. Mas só ela sabia porque havia resolvido vir mais cedo. Estava fugindo. Ou melhor, tentando deixar pra resolver depois a encrenca que tinha se metido.
- Doutor Tibério que mudou muito, viu? De tanto viver enfurnado nessa casa, tá até criando raiz.
Os mais velhos direcionaram o olhar para o homem sentado na poltrona no canto da sala. Um senhor imponente, já marcado pela idade, mas forte como um verdadeiro Vilar. Ele tinha os olhos fechados, um rosto sério mas uma aparência cansada. Ele carregava vários arrependimentos na vida. Alguns causados pelo ódio, outros pela dor e um deles, o que sem dúvidas mais lhe doía, era pela covardia de não ter lutado pelo amor de sua vida. Aos seus pés grossas raízes estavam presas ao chão. Isso, para os mais atentos, refletia muito sua personalidade, grossa como a casca de uma árvore. Endurecida pelo tempo.
- Os meninos me contaram, mas eu não imaginei que tivesse nesse ponto. - Vitória agora se encontrava próxima ao pai, ao lado de Cleide. Pedro e Tiago estavam mais atrás sentados sobre um baú que ficava atrás de um dos sofás da sala e os menores estavam circulando pelo cômodo, olhando tudo curiosos. - O médico já examinou? - Vitória tirou os olhos de seu pai um momento e se virou para que Cleide ou Pedro pudessem lhe responder.
- Já. - se adiantou Pedro. - O médico até queria fazer uns exames nele mas, o vovô não deixou.
A matriarca Vilar se aproximou de vagar do pai se ajoelhando ao lado dele, uma das mãos ela apoiou no braço da poltrona em que ele estava e a outra ela com cuidado aproximou do rosto do pai, tocando o mesmo fazendo um leve carinho.
- Pai. - ela chamou, enquanto os que estavam perto observavam atentos o homem na poltrona, buscando qualquer reação. O rosto de Vitória era de saudade junto à preocupação, uma expressão sofrida. Mas ela permaneceu com a mão onde estava mesmo quando sentiu ele virar o rosto para ela junto ao barulho semelhanto ao estalar de madeira. A expressão surpresa dele agora se deparava com um lindo sorriso da filha. - Sou eu pai. - ela continuava sorrindo para ele, os olhos dela olharam para baixo por uns instantes, buscando coragem para continuar. - Como é que cê tá?
- Ainda estou aqui. - Tibério a respondia, agora engrossando a voz. - Vivo. - ele disse de maneira áspera. A mão de Vitória deixou o rosto do pai e ela ficou sem jeito depois de todos aqueles anos sem aparecer. Mas trataria disso em outro momento.
- Tiago. - ela resolveu chamar pelo filho.
- Oi mãe. - ele levantou de onde estava e se aproximou da mãe e do avô.
- Fala aqui com seu avô, mas fala direito menino. - mandou Vitória ainda encarando o pai.
- Oi vô. - disse o jovem, ganhando a atenção do mais velho. - Beleza? - disse se ajoelhando centímetros a frente dele, até onde findavam as suas raízes. - Cara esse lugar é muito bizarro. - disse olhando para Pedro que se ajoelhou ao lado dele. Cleide estava no canto da sala sorrindo, esperava uma reação positiva de seu patrão ao rever a filha e os netos, mesmo que os menores estivessem mais interresados na mobília rústica do que em conhecer o avô.
- Quando cheguei de São Paulo eu também estranhei Tiago. - disse Pedro vendo o irmão mais novo mecher nas raízes do avô.
- Logo você se acostuma, nesse lugar acontece de tudo. - disse Vitória tomando coragem para falar com o pai novamente. - Pai, faz muito tempo que tudo aconteceu. Eu tô disposta a acertar os nossos desacertos. Mas não depende só de mim, você também tem que colaborar.
- Há feridas que o tempo não cura. Qualquer arranhãozinho faz sangrar de novo. - o velho expôs à filha sua mágoa ainda viva dentro de si. Os olhos de Vitória lagrimaram mas só uma lágrima desceu. Ela olhou Pedro e Tiago ajoelhados perto dela, que mostraram para mãe uma expressão triste, assim como a dela.
- Meninos. - a mãe chamou um pouco mais alto aos menores, que estavam espalhados pela sala. - Venham cá. - instantes depois os quatro menininhos estavam ao lado de Pedro e Tiago, foi até bonitinho, um ao lado do outro formando uma escadinha. Tibério que estava com o semblante meio dormente, deu um sorriso de canto ao ver os netos menores, as quais só conhecia por foto. - Pai, esses aqui são os seus netos. - levantou de onde estava e se colocou em frente ao pai e ao lado dos filhos. - Esse é o Tomásio, - apontou para o menino mais alto ao lado de Tiago. - esse aqui é o Tibério, - deu um sorriso ao ver a expressão do pai amolecida pela homenagem. - esse é o Mateus e esse o meu caçula, Lucas. - finalizou apontando para os meninos que estavam agarrados em suas pernas olhando o velho sério na frente deles. Os menores agaravam um cada perna da mãe com medo. Os dois do meio também estavam acanhados, mas eram os que mais tinham pose. Definitivamente Tomásio e Tibério eram os que mais se pareciam com avô mesmo com aquela tão pouca idade. A mãe riu, imaginando quanto tempo mais eles conseguiriam fingir que não estavam assustados também. Assim como o avô, os netos só o conheciam por fotos.
Tibério Vilar viu seus seis netos a sua frente, faltava apenas Felipa, que era a que mais se parecia com ele. Tibério se via em sua neta. Seus netos, seriam eles a perpetuarem seu legado. Ele sorriu vendo os homens fortes que sua filha tinha posto no mundo. Todos parecidos com a mãe. Com excessão de Tiago e Felipa, todos tinham os olhos azuis da mãe. Herança do pai de Tibério Vilar. Herança dos Vilar. Orgulho. Era isso que sentia de sua filha. Ela fez o negócio da família crescer e se tornar um dos principais do país, mas nada o enchia mais de orgulho do que saber que ela tinha lhe dado seis homens fortes que eram a continuação dele na terra. Os olhou bem, era a primeira vez que os via juntos. Sorriu ao ver sua família quase completa, mas logo estariam todos juntos ma mesa de jantar. A casa estava cheia. Em seu íntimo desejou que estivesse sempre assim.
- Vamos meninos, andem, falem com seu avô. - a mãe manda.
- Olá. - disse Tomásio olhando o avô com medo.
- Oi vovô, sou Tibério. Meu nome é igual ao seu. - disse o menino se aproximando dele curioso.
- É, sua mãe tinha que colocar meu nome em pelo menos um de vocês, não é mesmo? - sorriu para o menino e olhou Vitória, que tinha a expressão mais leve observando a interação do pai com seus filhos.
- De nada pai, de nada. - disse a mulher revirando os olhos.
- Meu nome é Tomásio, meu nome é igual ao do meu outro avô. Mamãe que disse. - o menininho se aproximou do irmão.
- Eu sei, sua mãe me avisou quando você nasceu. - Tibério passou a mão da cabeça dos dois meninos acariciando seus cabelos. - E vocês dois aí, não querem conhecer o vovô? - chamou os dois que ainda estavam agarrados as pernas da mãe. Os mais novos olharam para a mãe e viram a mesma mecher a cabeça, um sinal para que fossem para perto do avô. Eles largaram a barra da calça branca da mãe e se aproximaram.
- Oi vovô, sou o Mateus.
- E eu o Lucas.
- Também conheço vocês dois arruaceiros. - riu Tibério. Tinha muita coisa para ensinar a aqueles meninos. - Vocês conhecem a história da nossa família? - os meninos negaram. - Gostam de histórias? - os meninos confirmaram. - Então teremos muito para conversar. - fez com que dois deles sentassem em suas pernas e os outros dois sentarem no braço da poltrona.
- Pelo visto vão se dar bem. - disse Cleide. - Nunca mais tinha visto ele dar um sorriso desses. Só ficava aí parado igual uma árvore. Vai ser bom ter alguém pra escutar ele por perto.
- Vai mesmo, o vovô agora tem o que fazer. - concluiu Pedro vendo Tiago também se aproximar para ouvir o avô.
Vitória deixou a sala e voltou até a entrada da casa. Olhou para janela e começou a lembrar de coisas das quais não pensava a muito tempo. A guerra sangrenta entre os Vilar o os Rosado. Lembrou de seu do sangue que banhava as duas famílias em nome de uma guerra que acontecia desde a fundação da cidade. Aquelas memórias a entristeciam. Saiu dali rapidamente e foi até seu quarto. Ao entrar no mesmo foi vítima da própria nostalgia. Não entrava naquele lugar desde a adolescência. Tudo estava no mesmo lugar, ainda que cobertos por panos brancos, nada havia sido mudado. Começou a puxar os tecidos de cima dos móveis. Olhou seu espelho e seu guarda-roupas e com um olhar assustado abriu a porta. A areia branca que caia a seus pés a fez lembrar do areial da cidade. De quando cavalgava ao lado de Zico e de suas lembranças deles juntos. Ouviu Cleide entrar no quarto e fechou a porta do móvel, pernanecendo com as costas enconstadas no mesmo. Sua condição física a estava deixando melancólica. Seus olhos estavam lagrimando.
- Ô minha filha, eu tô te achando tão consumida. - a velha senhora falava olhando para Vitória.
- É, eu tô mesmo. A conta da indiferença, do todos esses anos afastada dessa cidade começaram a cobrar um preço assim que eu entrei no helicóptero pra vir pra cá. - disse sem sair da posição que se encontrava desde que a senhora chegou até seu quarto, mas agora com a cabeça voltada para o teto e com os olhos fechados.
- Menina, eu não queria falar nada não, mas... - disse enquanto mexia na mala de Vitória que estava aberta sobre a cama. - Agora que você tá viúva... você voltou por causa do Zico?
- Não. - disse sincera. - Eu adiantei a viagem porque estava querendo fugir. - olhou para senhora.
- Fugir? - Cleide não entendeu. - Fugir de que menina?
- É tão complicado. - disse andando pelo cômodo. - Não achei que à essa altura da vida eu teria que passar por tudo isso de novo.
- Por tudo o quê? Aí dona Vitória, eu não tô entendendo nada, mas a senhora tá me deixando preocupada!
- Não é nada assim tão grave Cleide. - pegou nos ombros da governanta. - Eu adiantei a viagem porque tava precisando esquecer um pouco dos meus problemas, da minha rotina. E porque depois de tanto tempo desde a morte do Felipe, eu finalmente vi que eu estava sozinha. As minhas escolhas de um meses pra cá não foram muitos inteligentes para uma mãe de família. - ela sentou na cama e relaxou os ombros. - Depois de tanta dor de cabeça, resolvi dar um tempo da minha vida em São Paulo e me refugiar aqui. Mas parece que eu vim pra cair no colo de outro problema. Eu não sabia que a Felipa e Pedro estavam nesse pé de guerra todo com os Rosado. - desabafou.
- Isso mexeu com você, não é Vitória?
- Mexeu, mexeu com coisas que eu nem sabia que ainda podia sentir.
- Sabe menina, eu não sou o seu Encolheu que consegue prevê o tempo mas, eu acho que a tempestade que vem por aí, vai mudar muita coisa nas nossas vidas. A sua chegada vai mexer com muita coisa adormecida.
- Pior que eu acho que vai mesmo. Mas eu não vim atrás de nada disso, eu juro. Eu quero colocar um fim nessa guerra sim, até porque já está mais do que na hora, mas eu não sei mais o que eu faço. - disse ela aflita.
- Ô Vitória, que santo Dias te ajude minha menina. Você vai precisar de força. - ela se aproximou de Vitória e a abraçou. Permaneceram as duas ali, naquele pequeno momento de paz.
*******
Longe dali, enquanto a cidade comemorava o retorno de Cazuza na casa ex-falecido e desejava muita saúde ao homem, Zico Rosado voltada para sua fazenda perturbado. Chegou e tomou um banho onde esfriou os ânimos e trocou de roupa. A antiga havia sido manchada de amarelo pela filha da mulher que não saía da sua cabeça. Momentos depois, bem mais calmo ele parou no meio da sala de casa e começou a relembrar dela. Ouviu a mãe chegar ao cômodo e soltar um suspiro inconformado, virou para trás rapidamente apenas para confirmar se era ela mesma, com quem não tinha segredos. Que sabia de seu passado com Vitória e que nunca havia conseguido esquecê-la naqueles trinta anos que haviam passado.
- Aconteceu alguma coisa pra desgovernar você, meu filho? - ela perguntava mesmo sabendo a resposta.
- A memória é truquenta mãe. As vezes faz a gente esquecer o ruim e só lembrar das coisas boas. - respondeu indo para porta, parando um pouco atrás da mãe. - Ela voltou. - disse simplesmente, viu a mãe passar a mão no rosto em sinal de aflição. A mais velha sabia o que vinha a seguir. - Eu pensei que isso nunca fosse acontecer. - nem mesmo ele acreditava de verdade no que tinha acabado de dizer.
- As feridas vão reabrir. Tudo tudo vai recomeçar. - Candinha sabia o que aconteceria. Ela permaneceu no mesmo cômodo e ouviu o filho seguindo seu rumo através do corredor.
Zico andou pelo corredor de sua casa e estranhamente se lembrou da morte de seu pai. Foi quando ele passou a tomar as rédeas da família e deixou se ser um jovenzinho. Abandou cedo sua mocidade para lutar junto a mãe pelos Rosado contra os Vilar.
- Eu não sou homem de aceitar desaforismo. Eu vou responder a essa provocação e vai ser agora. - saiu de onde estava e pegou o carro. Ele iria para delegacia. A mãe ficou encarando um espelho, também lembrando se seu passado. Zico Rosado não era o único da família que tinha pontas soltas com um Vilar.
*****
Na delegacia, momentos depois, Zico importunava o delegado.
- Eu acho que eu não entendi direito seu Zico Rosado. - o homem andava agoniado pelo seu gabinete.
- Pois eu repito, quero que o delegado cuide do trancafiamento da quadrilha Vilar. A mãe e os filhos. Bota os três no xilindró! - afirmava cirurgicamente. Mas ele não viu Vitória chegando acompanhada por outro policial e ficou surpreso ao ouvir a voz dela.
- "Bota os três no xilindró"? Que história é essa? - encarou o Rosado e quis saber.
- Você se esqueceu da própria terra esses anos todos e agora voltou pra me provocar. - ele dizia com uma voz grave e um olhar abobado por vê-la tão de perto após todos aqueles anos. Mais madura, mais corpulenta, elegante e desaforenta como ele lembrava. - Veio ajudar seus filhos a me desafiar. Mas as minhas custas, Vilar nenhum se cria. - afirmou apontando para ela, que não baixava a cabeça pra ele. - Principalmente você. - ele conclui. Ela olha pra ele com queixo erguido e os olhos ferinos, ela olhava para ele sem temer suas ameaças ou aceitar suas ordens.
Mas ela o deixou de lado e se pôs na frente do delegado para começar a dar explicações sobre o que tinha acontecido.
- Delegado, eu vim me desculpar pela confusão que eu causei. Eu ia pousar na fazenda, no pasto. Mas o tempo mudou, e o vento me soprou pra cidade. E pra defender a vida dos meus filhos e a minha vida, eu tive que pousar no meio do enterro. - explicou ela.
- No meio do meu comíssio. - afirmou Zico.
- De um comíssio que eu nem sabia que tava acontecendo. - rápida ela rebateu.
- Dona Vitória, infelizmente a nossa cidade não tá equipada pra lidar com essas mudanças de tempo apavorentas típicas daqui. - o delegado explicava educado enquanto Vitória passava a mão na testa e no queixo tirando o excesso de suor de sua pele que brilhava, mas balançava a cabeça entendendo o que o homem dizia.- A senhora me perdoa por não ter pudido evitar o que aconreceu?
- Tá pedindo desculpa por quê? - Zico disse incomodado. - Ela que foi a culpada por toda bandalice, - apontou pra ela. - e esse foi um aperitivo do que esses saramandistas podem fazer na nossa vida. - disse jogando pedras sob o grupo que constantemente lhe afrontava.
Vitória começou a pedir desculpas ao delegado pelas ações dos filhos e tentar amenizar a situação apelando para falta de juízo dos mais jovens. Enquanto defendia os filhos, ela continuava a tentar tirar o excesso de transpiração de sua pele. Zico olhou aquilo completamente encantado. Lembrando da juventude dos dois, em como ela se derretia quando estavam juntos se amando. Sorriu como um bobo. Aquelas lembranças tiraram dele qualquer raiva pelos atos dos saramandistas e ele sentiu a necessidade latente de ficar a sós com ela. Enxotou o delegado e o outro policial da sala grosseiramente. Finalmente a sós com ela, ele teve que agir rápido antes que ela resolvesse sair da sala.
- Que tipo de homem você se tornou Zico? - ela pegou a bolsa com a intenção de sair do gabinete, mas ele foi mais rápido.
- O delegado você engambela, mas a mim não. - a viu parada em sua frente e agarrou seus braços. - Eu quero saber porquê você voltou. - ele disse logo. Precisava saber. Ela se soltou dele e lhe deu as costas.
- Eu não tenho que te dar satisfação. - disse novamente passando a mão na testa, agora agoniada.
- Nem olhar direito pra mim você consegue. - falou convencido. - Continua falsa e traiçoenta como sempre foi.
- E você só piorou com o tempo. - tentou sair de novo mas ele agarrou seu braço a impedindo.
Os olhares, ah aqueles olhares, tão tensos na presença um do outro.
- Você ainda se derrete por mim. - aquilo era mais uma afirmação pra si mesmo.
- Não. - respondeu imediatamente livrando o braço do agarre dele. - Tá quente aqui, tá abafado. Não tá vendo? - tratou de explicar rapidamente. Seus hormônios não estavam facilitando de esconder o que sentia, mas de fato, ela ainda ficava nervosa na presença dele.
- Aquilo que acontecia com você quando a gente tava junto, - olhou pra ela intesamente. - Com seu marido também... - queria saber. Saber se era o único com quem ela ficava assim ou se ela se derreria daquele jeito pro marido. Mas antes de terminar foi interrompido.
- Claro. - ela responde rápido mudando a expressão. - E vamos parar por aqui. - mudou a feição para séria. - O que aconteceu entre nós, nunca ninguém soube. E eu quero que continue em segredo. E nós vamos tentar conviver com civilidade. - jogou tudo em cima dele, deixando claro.
- Você jogou no lixo os nossos planos. - ele falava rancoroso. Um rancor guardado dentro de si a anos. Desde a partida dela. - E agora volta como se nada tivesse acontecido.
- Eu tive os meus motivos, pra ir embora do jeito que eu fui.
- Você fugiu! - ele falou mais alto. - Sem dar nenhuma explicação. - seu tom agora era triste e magoado. - E não adianta explicar agora, porque eu não vou acreditar. - era mentira. Estava tão sufocado na presença dela. Sentia que precisava de mais. Era algo primitivo. Algo que gritava e esperneava dentro de si. Era o amor por aquela mulher que nunca tinha lhe abandonado.
- Você fala como se eu tivesse culpa. - ele olhou pra ela sem entender, mas não queria entender agora. Tudo que queria era colar seu corpo junto ao dela e nunca mais largar. Seu olhar era necessitado. Ele necessitava de Vitória. - A vítima aqui sou eu. E você nem tem a humildade de reconhecer isso. - ela balançou e cabeça e saiu do local. Deixando um Zico sem palavras para trás. Ele ficou olhando ela ir embora, e como pra trasmente, muitos anos atrás, ele não foi atrás dela.
Do lado de fora da delegacia Vitória parava no meio do caminho, olhando para trás lembrando das palavras de Zico e das suas também. Resolveu seguir seu caminho, não podia dar ouvidos ao seu coração duvidoso ou ao seu corpo traidor. Tinha que agir com a razão. Pegou o carro e voltou para fazenda, tinha que repreender os filhos por aquele mal comportamento.
Zico por outro lado ficou na delegacia por mais algum tempo e exigiu que o delegado fizesse algo para punir os saramandistas. Saiu da delegacia depois de receber uma garantia não tão convincente que algo seria feito a respeito, pegou sua caminhonete e seguiu para sua fazenda sem tirar Vitória da cabeca. Quase atropelou Risoleta. Ele se pôs mal humorado de novo e sem pedir desculpas continuou seu caminho.
Sua vida era infeliz desde que Vitória foi embora. Tinha casado com Helena por notar nela uma mulher submissa que cuidaria da sua casa, dos filhos e para que ela ajudasse a manter a imagem de boa família junto a ele. Uma realidade que estava bem longe da sua. Zico tinha seus casos fora do casamento, não foram muitos e nem eram frequentes, apenas uma distração para ele. Sua maior ambição na vida era ter mais e mais poder. Mantinha a imagem de boa família tradicionalista, mas era só uma capa para esconder seu fracasso e manter as aparências sobre a família fundadora da cidade.
Pai ausente, controlador e muito severo, viu seus dois únicos filhos quase lhe matarem de desgosto com suas escolhas na vida. Primeiro, se primogênito, Zé Mário. Zico o havia criado para que ele herdasse o legado político da família, para que ele lhe sucedesse. Mas, o filho casou escondido com uma prostituta e teve com ela uma filha. Mesmo Zico tendo dado chances ao filho de largar a mulher e voltar para o seio da família junto da filha, Zé Mário preferiu ser deserdado. Zico deu uma boa quantia para que fossem para longe e esquecessem dos Rosado. Zé Mário foi com Risoleta e Stela para a cidade natal da esposa, Porto dos Milagres. Mas o casamento não deu certo. Zé Mário voltou a Bole-Bole e deu a filha para que os pais criassem. Ele e Risoleta visitavam a menina de tempos em tempos escondidos dos moradores da cidade. Essa foi a única condição imposta por Zico para que criassem Stela. E assim foi feito. A cidade não sabia de um dos segredos mais bem guardados da família Rosado. Risoleta aceitou mais dinheiro oferecido pela família para refazer a vida em outro lugar e Zé Mário passou a viver de bicos nas cidades vizinhas, trabalho braçal e a lamentar o caminho que tinha seguido. Infelizmente ele achava que a família era responsável pela sua separação com Risoleta e nunca quis voltar para casa. Stela foi muito bem criada pelos seus avós e era uma menina doce, mas entristecida pela separação dos pais. Mesmo assim não culpava os avós.
E depois foi a vez de Laura quase matar a família de desgosto. Abandonando doutor Rochinha no altar da igreja no dia do casamento e seguir para o Rio de Janeiro atrás da tão sonhada liberdade. Zico nunca tinha ido atrás da filha. Para ele é como se ela estivesse morta. Ele não tinha mais herdeiros, visto que Stela era muito nova para escolher um caminho para vida, pelo menos por enquanto. Zico Rosado convivia diariamente com a falta que seus filhos lhe faziam e com Helena, que até era uma boa esposa, mas ela não chegava nem perto da sua Vitória. As vezes, a única coisa que consolava Zico era imaginar a vida dele junto a Vitória. O que eles teriam vivido, os filhos que teriam tido. Foi um tempo de relativa paz em sua vida, acostumou-se com as próprias dores. Isso até Felipa e Pedro Vilar resoverem se instalar definitivamente em Bole-bole. Ver aqueles dois desaforentos que eram exatamente como a mãe na idade deles. Era doloroso. Muito doloroso para Zico. Ver os filhos que a mulher da sua vida havia dado para outro homem. Vê-los na sua frente, sempre lhe afrontando, unidos contra ele. Ele sonhava com um mundo onde eles eram seus filhos com Vitória. Seus filhos com o amor da sua vida. Seu maior ódio por eles não era por estarem sempre lhe afrontando pela cidade. Seu ódio era que nenhum dos dois era filho dele. Eram filhos de outro. Aquilo acabava com ele.
Ele viu sua fazenda se aproximando de sua vista e tratou de espantar aqueles pensamentos pra longe. Momentos depois entrou em casa e viu a mãe sentada no sofá no canto da sala olhando pra ele de forma acusadora. Um diálogo foi trocado entre eles. Dona Candinha dizia ao filho para que não tropeçasse novamente em seu passado. Ele ouvia a mãe, mas não a escutava. Ver Vitória novamente, tê-la tão perto de si outra vez, tudo isso o fazia querer ter aquela mulher de novo. Fazia querer ter ao seu lado a mulher dos seus sonhos, a mulher da sua vida. Ele e a mãe foram interrompidos por Helena, que questionava a volta da Vitória Vilar.
Stela logo se aproximou deles com uma revista nas mãos, a capa estampava o rosto de Vitória e publicava sobre a ganhadora do prêmio de empresária do ano, um dos artigos dizia que ela tinha resolvido tirar férias na cidade natal com os filhos. Zico raivoso deixou as mulheres onde estavam e foi ao escritório fazer uma vídeo chamada com Carlito. Ele contou da súbita aparição de Vitória na cidade e o afilhado estranhou, perguntando se ela tinha ido ajudar os filhos no plebiscito que teriam em poucos meses. Afinal, uma empresária como ela não tinha nada a lucrar ali. Zico não disse nem que sim e nem que não, apenas deu ordem para que o sobrinho aparecesse na cidade o quanto antes, alegando precisar da ajuda dele naquela guerra. Na sala onde a minutos Zico estava com Helena, Stela e Candinha, as mulheres foram cuidar de seus próprios afazeres, com excessão de Candinha, que voltou para buscar a revista que tinha ficado em cima da mesa.
Foi com a mesma até seu quarto onde fechou a porta e sentou na cama a revista no colo. Olhava atentamente a foto da mulher. Ela preferia ler no papel do que nas invencionices que Stela as vezes tentava mostrar a bisa sem sucesso. Candinha Rosado observava a foto da filha de Tibério. A filha de seu grande amor. Vitória era a cara do pai, desde de criança sempre foi. A única diferença era a cor dos olhos da menina que pertenciam ao pai de Tibério, e mesmo assim, ainda era uma característica dos Vilar. Lembrava bem da juventude da moça. Lembrava de seu jeito desaforado, da postura altiva, que não se deixava dominar por ninguém, tal como o pai dela. Riu a mais velha lembrando novamente de Tibério. Abriu a revista procurando a página da reportagem que tinha sobre ela. A velha senhora se deparou com uma foto dela junto a mais 5 garotos, seus filhos, todos parecidos com a mãe, todos netos de Tibério, todos Vilar. Algo que Candinha nunca havia dito a ninguém, nem mesmo a Zico, é que ela sabia que Vitória seria mãe de muitos filhos homens. Talvez tivesse aprendido com as mais velhas de seu tempo, mas Candinha lembrava da figura jovem de Vitória sobre um cavalo, o corpo forte, o quadril largo e firmeza de seus olhos diziam a Candinha desde a juventude de Vitória, que ela seria mãe de muitos filhos. Olhando aquela foto, mais uma vez a vida provava que sua intuição estava certa. Aqueles filhos poderiam ser seus netos se Vitória tivesse se casado com seu filho, visto que Helena era fraca para demais e só tinha tido Laura e Zé Mário depois de muito ela cobrar a nora. Sem saber, Candinha Rosado assim como o filho, se pegava pensando o quão diferente poderia ter sido a vida do todos eles, se os Vilar e os Rosado tivessem se unido pra trasmente. Ela já havia odiado muito Vitória, mas era inevitável pensar que aquela mulher poderia ter dado a ela muitos netos, como sempre quis ter. Mas no fundo, não eram só a quantidade de netos que importava para Candinha, mas sim uma criança que pudesse unir o seu sangue e o sangue de seu amado Tibério. Ficou ali, divagando, pensando. A vida teria sido bem melhor assim. Vitória diferente de Helena tinha fibra, não baixava a cabeça pra ninguém e hoje, mesmo que nunca admitisse pra ninguém, via que a Vilar teria sido uma melhor esposa para Zico. Mesmo a menor lembrança da mulher acalmava a alma atormentada e inquieta de seu filho.
Ah dona Candinha, nem mesmo João Gibão seria capaz de prever as surpresas que a senhora ainda teria na vida. Mas só o destino sabia, que Vitória ainda seria mãe de um neto seu. Mãe de um Vilar Rosado.
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Dias após o encontro de Zico e Vitória na delegacia, era realizada na igreja da cidade uma missa de sétimo dia em comemoração ao desmorrimento de Cazuza. Os Bole-bolences da cidade forma convidados em peso, além de agradecer a santos Dias, também fariam uma reunião política avivando o partido tradicionalista da cidade.
Vitória compareceu ao evento sendo a última a chegar, ouvindo poucos de dona Redonda, Maria Aparadeira e Zico Rosado. Ela explicou que não defendia lado nenhum naquela guerra, que compareceu somente pelos velhos tempos. Depois de ser defendida pelo próprio Cazuza, por Lua e Leocádia, foi que ela pôde assistir a missa em paz. Após o fim da reunião que ocorreu depois da missa, onde depois a mulher daria risadas pelo discurso de "fácil compreensão" do professor Aristóbulo, Vitória permaneceu no lugar para ouvir o discurso inflamado de ódio de Zico pelos saramandistas oferecendo a ele uma cara nada boa. Após o fim do evento, ela conheceu Lua e Leocádia pessoalmente, aceitando o convite que a futura sogra da filha lhe fazia para um café.
Acompanhadas por Lua e pelo padre Neves eles foram até a casa da família Viana. Eles encontraram Felipa que queria conversar com Lua, após o padre abençoar a conversa, pois era um dos fãs do casal, eles subiram para o quarto do prefeito. Vitória conheceu João Gibão e fez uma grande amizade com Leocádia, adorando os tecidos artesanais produzidos pela costureira e elogiando seu talento na cozinha. Todos os que estavam na mesa se alegraram ao ver o jovem casal descer do quarto de mãos dadas e com sorrisos no rosto. Após o agradável encontro cada um retornou aos seus afazeres.
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Já na fazenda Rosado a aparição de Laura enchia de alegria as mulheres da casa, principalmente a mãe, Helena. A felicidade durou até Zico chegar em casa, que tomado pelo orgulho renegou a mulher dizendo que a única que filha que tinha havia morrido. Mas dona Candinha, esperta como era, mandou a única pessoa naquela casa que ainda amolecia o coração de Zico, Stela tentar fazer o homem mudar de ideia. A moça convenceu o avô a deixar a tia morando com eles, não que ele tivesse aceitado sua presença ou a tivesse perdoado, mas a deixaria morando novemente sobre seu teto.
Na fazenda Rosado, Vitória convencia o pai a ser examinado por doutor Rochinha, alegando que o deixaria em paz após a consulta. Com muitas restrições o médico realizou uma rápida análise em Tibério. Sem achar nada preocupante e atestar aquilo como mais uma das esquisitices dos moradores da cidade, ele finalizou a análise. Depois que ele foi embora, Vitória foi atrás de Felipa no jardim. Queria conversar com a filha, apesar da menina ter mais afinidade com o pai desde a infância, ela e a mãe sempre se deram bem. Depois da morte súbita de Felipe, elas estreitaram os laços. Se unindo mais que antes.
Vitória caminhava pela área de trabalho de Felipa olhando a filha cuidar de uma ovelhinha. Era tão carinhosa, tinha tanto cuidado. A profissão que sua menina escolhera sem dúvidas foi a certa.
- Eu sempre soube que você escolheria trabalhar com algo que te deixasse perto dos animais. Desde bem pequenininha você adorava cuidar deles. - disse se aproximando da filha.
- É, eu sempre tive mais jeito com eles do que com administração. - disse ela acariciando o filhote que tinha no colo e caminhando até a mãe.
- Eu sei, Felipe achava que você ia herdar a empresa. Mas aí...
- Aí eu disse que queria ser veterinária.
- Eu lembro, você tremia tanto no dia. - Vitória e Felipa se sentaram e a menina olhova a mãe rir de seu desespero no passado.
- Eu tava apavorada, achando que ia decepcionar você e o papai.
- Eu sei, mas apesar dele não falar pra você na hora, ele teve muito orgulho da sua atitude de vir até nós e contar sua decisão. Ele sempre se orgulhou da sua coragem, dizia que você tinha puxado a mim. - mãe e filha riram lembrando dos velhos tempos ao lado de um homem tão amado pelas duas.
- Como cê tá mãe? A gente mal teve tempo de conversar desde que você chegou. - a mais nova via a mãe quieta desde que tinham chegado, sabia que algo estava errado, achava que ainda tinha relação com a morte do pai, que acontecera anos atrás. Mas ela nem imaginava a confusão que estava a vida da mãe em São Paulo e mais ainda agora que tinha voltado para Bole-bole.
- Bem, - suspirou cansada. - fisicamente, muito bem.
- Mas e esse coração, hein?
- Ah minha filha, são tantas coisas. Tantos os problemas, tantos sentimentos. Eu guardei tudo numa gaveta e agora essa gaveta explodiu. Tô cansada. - encarou a mais nova.
- Ô mãe, cê sabe que qualquer coisa eu tô aqui tá? Sou sua única filha mulher mãe, pode desabafar comigo quando precisar, viu? - abraçou a mãe com um braço, beijando sua cabeça.
- Eu sei meu amor, eu te amo tá? Só preciso de um tempo.
- O tempo que precisar, viu?
- Tá, mais agora, já que eu tô aqui quero saber como andam os preparativos do seu casamento com o Lua. Quero te adiantar que conheci a família toda do meu genro hoje e adorei todos eles.
- Aí mãe, sabia quale a senhora ia gostar deles. Bom quanto ao casamento a dona Leocádia ficou de olhar os preparativos pra mim e ...
- Você ainda não viu nada, Felipa ? Seu casamento é em poucas semanas. O que já está pronto? Olha, eu tava pensando, o que você acha de um dos seus irmãos levar as alianças? Eu acho que ia ficar tão bonitinho. - contou os planos para filha animada. Espantaria suas preocupações por algumas horas pelo menos.
- Acho que vai ser lindo mãe, e eu tenho certeza que o Lua vai adorar a ideia. Ele vive falando de ser pai.
- Ah meu amor, vocês vão descobrir que é a melhor coisa do mundo. Apresenta os seus irmãos pra ele e vê se ele aguenta o pique.
- Ele vem assim que a prefeitura der um tempo. Ele viu os meninos ontem e não fala de outra coisa. - dizia sorrindo.
- É, ele vai mudar de ideia assim que conhecer as aprontas deles. - as duas riram e viraram de lado por conta de uma gritaria. Tomásio, Tibério, Mateus e Lucas corriam pela fazenda descalços sujos de lama. - Mas o quê que eles... MENINOS, JÁ PARA O CHUVEIRO! - a mãe mandou já de pé ao lado da filha que ria pela farra que os irmãos menores faziam.
- NÃOOOOOOOOOOO!!!!! - gritaram os quatro indo em direção oposta a da mãe. Vitória andou até eles rápido e Felipa ficou olhando a cena. Não pretendia ter filhos com Lua tão cedo, mas se um dia fosse metade da mãe que Vitória era para ela e seus irmãos, sabia que faria um bom trabalho.
*****
Zico em sua fazenda não conseguia tirar Vitória da cabeça. Sentado na cama do própria quarto, no escuro ele não parava de pensar nas vezes que ele e Vitória fizeram amor. As lembranças o pertubavam, ver ela tão próxima a ele, sentir seu cheiro, tocar em sua pele macia e imaginar aquele corpo cheio de curvas sem todas aquelas roupas estavam tirando ele da órbita. Nem percebeu quando Helena acendeu a luz do cômodo e entrou no mesmo. Ela o agradeceu por deixar Laura ficar junto a eles e ele desconversou. Viu a mulher sair do cômodo sem contraria-ló. Helena era uma boa esposa, atendia suas necessidades e nunca se empunha perante ele. Não reclamava dela, mas era impossível não compara-lá a Vitória. A sua abusada e indomável Vitória.
Momentos depois ele atendia a ligação de Carlito e já o questionava por não estar na cidade. Após garantir que estaria lá no dia seguinte, Carlito explicava que tinha ouvido boatos que Vitória se afastava dos negócios sem ter data para voltar. O mais novo quis saber se o padrinho já tinha descoberto a razão para a mulher estar na cidade. Zico, mal humorado respondeu que era apenas um pretexto para terminar o serviço que ela tinha começado. Carlito confuso, questionou que serviço era esse. Zico apenas respondeu que acabaria com ela primeiro e desligou o telefone, jogando o mesmo sobre a cama e pensando em como faria isso, passando o lenço vermelho no nariz incomodado.
****
Na grande mesa de jantar dos Vilar, Vitória servia aos filhos menores uma pizza, já que Pedro e Felipa não estava em casa e seu pai que já tinha se recolhido. Os quatro pequenos estavam de banho tomado com lindos pijaminhas de mangas e calças compridas. Animados pelas férias da escola e felizes por terem tanto o que descobrir naquele novo mundo, brincaram tanto pelos arredores da fazenda, olhando tudo com curiosidade, comiam quietos com carinhas de sono. Eles dormiriam a noite toda sem nenhuma dificuldade. Dificuldade essa que Tiago tinha em achar o lugar tão interessante como os irmãos menores. Vitória ria e conversava com ele, incentivando-o a conhecer melhor o lugar e as pessoas. Mesmo vendo a pressa do filho em querer voltar para São Paulo, estava feliz em ter toda aquela pseudo paz.
*****
No dia seguinte, Vitória e Zico se encontravam cada um em suas devidas empresas. Cada um provando de ambas as cachaças produzidas por eles.
Vitória explicava a Tiago a origem da empresa. Contou sobre Benevides Vilar, o fundador da empresa e do nome da família. Falava sobre o passado e contava sobre as mudanças que tinha feito recentemente na empresa para um investimento secundário. Uma cachaça de qualidade superior a da maioria que eram consumidas em botecos e bares. Tomou dois tragos, com os filhos falando para ela não exagerar. Era óbvio que tomaria esse cuidado, nada lhe tirava da cabeça sua atual condição. Não podia exagerar na bebida, sabia bem disso. Duas doses foram suficiente para que ela ficasse com a mente mais leve e fosse envolvida por suas velhas lembranças, as que tentava inultilmente dar as costas, mas que sempre apareciam em sua frente. Resolveu dar uma volta enquanto os filhos tinham resolvido ir embora. Garantiu que estava bem e eles a deixaram em paz. Ela pegou seu carro e dirigiu para não muito longe dali. Direto para o casarão caindo em pedaços na praia.
Zico provava de sua cachaça em sua empresa ouvindo as ideias e as recentes descobertas feitas por Carlito. A ideia de uma nova bebida com o nome de Saramandaia parecia promissora até o afilhado contar que alguém havia tido a ideia antes deles. Ordenou que ele descobrisse quem foi o desaforento que teve a ideia antes deles e encerrou a conversa. Após mais do que dois tragos em sua cachaça Bolo-bolence ele finalmente deu ouvidos ao seu coração e foi até o local que visitava de tempos em tempos para recarregar as energias e acalmar sua alma aflita. Ele colocou o telefone no bolso da camisa e saiu da empresa, indo a um local muito bem conhecido por ele. O casarão da praia.
Vitória chegou no local sentindo que voltava no tempo. Andava por aquelas ruínas e era como se pudesse ver a si mesma mais nova andando junto a Zico por ali. Os dois juntos. Os dois construindo lembranças. Fazendo amor. Ela se encostou em uma parede e sentiu a leve brisa do oceano Atlântico balançar seus cabelos. Andando mais pelo local ela chegou até uma parede onde sua inicial e a de Zico dentro de um coração permaneciam gravadas. Lembrava nitidamente do momento em que ele as gravou na parede. Aproximou o rosto e após acariciar com a mão direita encostou sua face na parede gelada. O momento durou até ela ouvir a voz de Zico e saiu rápido de perto da parede o de estava.
- Quê que você tá fazendo aqui? - disse grosso chegando no local, observando o que ela fazia, indo até o local onde antes ela estava.
- Não tenho que te dar satisfação. - disse ela ainda sorrindo pelo momento.
- Deixa de ser desaforenta. - ele tocou com a mão direita a parede que ela antes tocava. - Foi isso que você veio procurar aqui? - disse se referindo a declaração dele eternizada na pedra. Ela não respondeu. - Eu também. - admitiu olhando para baixo. - Acho que eu bebi um pouco além da conta. Me peguei lembrando dos nossos momentos aqui, a onde a gente se escondia. No nosso canto.
- Também fiquei curiosa pra ver como é que tava isso aqui depois de tantos anos. - ela dizia se sentando na enorme janela. - Não sobrou nada das coisas que a gente trouxe aqui pra ficar mais aconchegante. - observou ela. - Lembra? Alguém roubou, o cupim comeu. - disse rindo tocando a madeira quebrada com o tempo. - Que besteira. Como é que eu podia imaginar que eu ainda ia encontrar alguma coisa aqui?
- Mas você encontrou. - afirmava ele com as mãos nos bolsos se aproximando dela. - Nossos nomes, nosso coração. - agora estava perigosamente perto dela.
- Acho que eu bebi além da conta, tá quente aqui. - ela dizia saindo do lugar. Vitória quase não acreditava no que tinha dito, não estava nem alta pela bebiba e mesmo assim a melhor saída que encontrou foi de colocar a culpa na cachaça. Quando ia passar por ele, o mesmo agarrou sua cintura firmemente.
- Na igreja você falou que voltou só por questões familiares. Que não tinha nada a ver com a disputa na cidade. - ele iniciou, ainda mantendo ela bem próxima a si.
- E daí? - disse afrontosa.
- Será que eu posso acreditar em você depois de... - foi bruscamente interrompido depois de solta-lá.
- Acredita no que você quiser eu não tô nem aí. - falou sem ligar para o que ele achava.
- Deixa de ser abusada. Responde direito! - disse grosso.
- Então fala direito! Cê pensa que tá falando com quem? - por conta da proximidade ela não tinha coragem de encara-ló.
- Com a mulher que um dia eu amei e que foi embora sem dar explicação! - falou ele alto e grosso. Ela permaneceu calada ainda sem olhar nos olhos dele. - E que voltou com o jeito sonceiro de que tá escondendo alguma coisa. Mas tem uma coisa que seu corpo não consegue esconder, quando eu chego perto, - a viu fechar os olhos e ficar com a respiração pesada conforme ele se aproximava mais e ela sentia o hálito quente dele próximo a seu rosto. Ela abriu os olhos e se virou de frente pra ele. - Quando eu olho assim, no seu olho. - estavam quase colados um no outro. Ela sem dizer nada baixou a cabeça tentando se controlar e quando ia se afastar dele, ele a girou colando seu corpo no dela. Seus peitos agora se encostavam, as respirações aceleradas eram sentidas um pelo outro. Ela olhava para ele rendida. Não queria fugir nem lutar, queria ser dele como um dia tinha sido naquele mesmo lugar. Ele a beijou, e ela retribuiu já agarrando a camisa dele.
Um beijo necessitado. Um necessitava do outro, como o ar que respiravam. Se queriam. O beijo era violento, suas línguas lutavam contra si em busca de controle, com saudades um do outro. Os corpos entravam em combustão juntos. O fogo circulava por suas veias, a necessidade que ambos tinham de se sentirem era latente. Ambos gemeram durante o beijo, não queriam se largar. Zico a sentia amolecida em seus braços, sentia a pele dela quente e todo seu corpo respondia ao corpo dela naquela dança erótica. O ar faltou e as bocas se separaram, mas os corpos não. Zico desceu beijos pelo pescoço dela que se segurava nele por não sentir direito as próprias pernas, eram os hormônios, ela sabia disso, mas nem ligava. Só queria satisfazer aquela necessidade, assim como ele.
- Zico.... Zico não... - ela dizia sem vontade, se redendo aos beijos molhados dele. - Não devemos... Não podemos... não... por fav... - gemeu alto quando sentiu ele beijar o vale de seus seios já desabotuando a blusa dela. Ele precisava sentir o corpo dela junto ao seu, como nos velhos tempos. Todos os sentimentos que o sufocavam se encontravam em Vitória. Queria ser um cavalheiro, dar à ela todo o conforto e romance que ela merecia. Mas a necessidade era tão latente que a faria dele naquele chão, ali mesmo, se assim ela permitisse. Mas do jeito que o corpo dela respondia às suas carícias, tinha certeza que ela também queria.
- Você quer tanto quanto eu. - ele não parava com os beijos. Queria ela entregue a ele, e não deixaria passar aquela oportunidade.
- Quero... mas não devemos...
- Não devemos negar o que sentimos Vitória... já faz tanto tempo... vem... matar as saudades... essa necessidade... comigo... vêm, meu amor, vêm....
Ela se entregou depois daquilo. O desejo parecia queimar seu corpo de dentro para fora. Esqueceu do mundo e se entregou a luxúria. Zico terminava de desabotoar a camisa dela que ia de encontro ao chão. Tirou o cinto da calça dela enquanto ele sentia as mãos dela puxarem o cachecol vermelho que sempre usava solto ao redor da camisa e ele sentiu ela tentar se livrar da camisa dele também. Ele ajudou no processo enquando ela desabotoava o sutiã. Quando as peles se encontraram foi como se tivessem tomado um choque. Tão perto um do outro eles se encararam por segundos até se beijarem novamente. As peles unidas, se arrepiavam com os toques. Zico deixou de beija-lá para tomar os seios dela em sua boca. Ela gemeu alto ao sentir a boca dele em seus mamilos sensíveis. Zico estranhou por ela estar tão sensível, deixou a carícia de lado e desceu as mãos pela cintura fina dela até chegar ao cós da calça, que logo estava no chão. Antes que ele pudesse descer a calcinha dela Vitória o levantou de onde estava e o beijou novamente necessitada das carícias dele. Ela se desfez do cinto dele logo da calça que fez companhia a dela no chão. Instantes após se livrarem dos próprios sapatos, apenas com peças íntimas eles se deitaram no chão daquele casarão velho por cima das próprias roupas. Ele por cima dela. Em instantes estavam nus como vieram ao mundo. As roupas já não eram mais uma barreira. Era pele na pele. As intimidades se enconstaram sem haver penetração e os corpos tremeram em antecipação. O contato visual foi mantido antes daquele toque tão íntimo. Com as mãos segurando a cabeça dela, olhando no fundo de seus olhos, ele a penetrou e eles novamente naquele lugar gemeram juntos. Alto.
Ela abraçou a cintura dele com as pernas sentindo ele ir mais fundo dentro de si. Sorriu com o gemido desesperado que ele deu. Mesmo após tantos anos, ainda enlouquecia aquele homem como antes. Ela passou a se mover embaixo dele incentivando ele a se mover, estava pronta. Ele firmou os joelhos no chão e as estocadas ganharam ritmo e força rapidamente. Eles gemiam juntos sem pudores naquele lugar. Os corpos se reencontrando, os sentimentos se alinhando. Haviam encontrado um ponto de paz em suas vidas. Principalmente Zico. Como negar? Como negar que ainda se amavam, que ainda se queriam? Que se completavam? Eles sentiam. Eles sabiam. Os movimentos frenéticos logo se tornaram desesperados, eles encontraram seu ápice juntos. Completamente extasiado, Zico estava sobre o corpo de Vitória tremendo pela força de seu orgasmo. Ele olhou pra ela que também estava ofegante e a beijou. Os corpos nem se recuperaram direito daquele orgasmo, mas a vontade que ambos tinham um do outro que não se contentaram apenas com uma só vez. Ela se pôs em cima dele, cavalgando bem devagarinho. Ainda aproveitando o prazer e o alívio.
Debaixo dela, ele a olhava absolutamente rendido. Estava preso aos seus encantos. Cativo daquele amor tão grande que trinta anos não foram capazes de apagar. Ele não deixaria aquela mulher ir à lugar nenhum sem ele. Ele a queria. Estava disposto a esquecer tudo se preciso fosse, mas não viveria mais sem ela. Ele não tirava os olhos dela, completamente hipnotizado. Seus movimentos eróticos sob ele ficariam em sua mente pra sempre. Os cabelos bagunçados, a boca vermelha e os olhos dilatados para ele. Ele segurou em sua cintura fina, observando admirado a barriga plana que já havia gerado sete filhos. Os quadris mais largos e as pernas torneadas e cumpridas estavam acabando com ele. Ela apoiou as mãos no peito dele para ter mais firmeza nos movimentos enquanto cavalgava sobre ele.
Novamente eles chegaram ao ápice juntos e ela desabou sobre ele. Zico acariciava as costas suadas de Vitória que tinha a cabeça na curva do pescoço dele. Quando os corpos se recuperaram, ela saiu de cima dele e ficou ao lado com apoiando a cabeça em seu ombro. Ele a abraçou com um dos braços e eles se beijaram.
-Eu não quero sair daqui nunca mais. - disse ele sincero, olhando nos olhos dela.
- Nem eu. - ela respondeu o encarando.
Ambos ficaram se encarando por mais algum tempo até se beijarem de novo. Lento, calmo e molhado. O ar faltou e ela fechou os olhos descansando sobre ele, acariciando seu peito, ainda entregue ao momento.
Mas a paz duraria pouco. Muito pouco...
************************************
ALGUNS DIÁLOGOS UTILIZADOS NESSE CAPÍTULO NÃO SÃO DA MINHA AUTORIA! SÃO CENAS DA PRÓPRIA NOVELA NARRADAS DO MEU PONTO DE VISTA E ALGUMAS ALTERAÇÕES FEITAS POR MIM.
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