Ovos Coloridos
Escrito por: Co-Autor: PurpleGalaxy_ProjectCo-Autor: TKFlex_RotBetagem por: MegNovisDesign por:
Jeongguk virou o restante da cerveja em seu copo. Um pouco do líquido havia escorrido pelo canto dos seus lábios e passou pelo seu pomo de Adão, que mexia para cima e para baixo enquanto ele engolia a bebida tão gelada que poderia jurar que seu cérebro congelou de uma vez.
O líquido perdeu-se no colarinho de sua roupa cheia de poeira, aventurando-se pelo corpo bem trabalhado do Jeon. As mulheres que estavam naquele bar suspiraram, sentindo inveja daquela gotinha.
— Você bebe muito bem! — exclamou um dos marinheiros, Kim Namjoon.
— Sim, realmente — Baekhyun concordou, rindo.
Após limpar a boca com as costas de sua mão direita, Jeongguk pigarreou e colocou o copo grande de madeira em cima da mesa que estava cheia de petiscos do mar, coisa que o Jeon odiava comer, porém os marinheiros amavam muito.
— Vamos ao que realmente interessa — falou, cruzando sua perna esquerda. — Ouvi falar de uma lenda dos ovos de sereias, e eu sei que vocês, marinheiros, sabem disso melhor que um cidadão comum desta cidade — disse, indicando qual o assunto em que estava interessado desde o momento em que conheceu aqueles marinheiros naquele bar.
— Você veio falar com as pessoas certas — disse o Kim, animado. — Vou falar somente a verdade, porque eu realmente vi ovos de sereias — sussurrou a última parte, olhando ao redor.
Jeongguk estava um pouco cético quanto àquela afirmação do homem, porém não poderia demonstrar que não acreditava nele, por isso, como o ótimo ator que era, fez uma expressão como se dissesse que acreditava.
Em resumo, Kim Namjoon havia dito que, durante uma tempestade em que tentava controlar o grande navio e acalmar seus tripulantes, uma enorme onda surgiu e atingiu a embarcação com muita força. Alguns dos tripulantes, assim como Namjoon, foram jogados ao oceano, e a tempestade, com o mar furioso, levava-os para longe do navio cada vez mais.
O Kim, que tentava nadar desesperadamente para não se afogar, não percebeu a outra onda tempo o suficiente para entrar dentro d'água, por isso ela o levou com ele para o fundo do oceano.
Sem esperança de que pudesse sobreviver, Namjoon afundava cada vez mais naquele enorme oceano azul. Seu corpo começava a pedir por ar, porém o Kim sentia-se pesado demais para poder nadar. Olhando para cima, conseguia ver todo aquele oceano tão calmo e as luzes brilhantes dos relâmpagos que estavam muito além da superfície.
Ao olhar para o lado, viu uma enorme rocha cercada por peixes coloridos. Olhando melhor para ela, pôde ver algo extremamente brilhante e colorido. Eram ovos! Sim, ovos de tamanho médio (como os de ema) e coloridos, alguns azuis-claros, outros lilases e um verde-azulado. Eram quatro ovos de cores variadas.
Ele arregalou os olhos, não acreditando no que estava vendo.
Por estar vendo peixes e rochas, estava perto do chão daquele local, que não era tão longe da ilha em que estavam indo com o navio, por isso não era tão fundo assim quanto deveria ser.
Estava curioso, extremamente curioso. Movido pela curiosidade, Kim Namjoon virou um pouco o seu corpo, indicando que queria ir até lá ver aquelas peças que nunca havia visto em toda a sua vida. Queria tocá-los, levar à superfície e estudá-los (ou até mesmo vendê-los por uma boa quantia em dinheiro).
Entretanto, antes que pudesse fazer qualquer coisa, de trás da rocha saiu uma mulher diferente. Em vez de pernas, ela tinha uma cauda verde e seus cabelos eram vermelhos. Seus olhos azuis encontraram com os castanhos do Kim e ela nadou até ele, que estava muito assustado.
Por estar quase totalmente sem ar, o homem pensou que estava alucinando. Estava perto da morte, era compreensível que estivesse sonhando; contudo, quando ela tocou nele, percebeu que aquilo era mais real do que nunca.
Abriu a boca, como se quisesse falar algo, e acabou soltando o restante do ar que sobrava, então sua visão ficou turva e o Kim desmaiou de vez.
Quando acordou, estava na ilha que ia com seu navio, cercado pelos seus tripulantes (até mesmo aqueles que caíram no mar com ele). Ninguém sabia como o homem havia parado lá, apenas o encontraram deitado na areia sozinho.
Desde então, Namjoon passou a acreditar que sereias existiam e começou a procurar por aqueles ovos novamente e por aquela sereia ruiva que, com certeza, foi a responsável pelo seu salvamento.
— Isso foi há vinte anos. Supera, Kim! — Baekhyun disse, batendo no ombro do amigo.
— Isso não importa. — Bufou. — Essa história é real, eu realmente vi a sereia com os seus ovos coloridos.
— Desde aquele dia, você a procurou incessantemente, porém nunca mais a viu. Ela foi só uma alucinação, não é real. Você estava morrendo — o Byun continuou.
O Kim suspirou, parando de falar e ficando ereto na cadeira, afastando-se um pouco do Jeon, mostrando que não tocaria mais naquele assunto.
Após um silêncio incômodo na mesa do bar, o moreno decidiu que era hora de ir embora. Levantou-se e colocou algumas moedas de prata na mesa de madeira desgastada, acenando para seus novos amigos viajantes do mar e saiu, andando sem rumo pela pequena cidade em que havia retornado após um ano para descobrir mais sobre a origem daquela lenda.
Num mundo fantasioso, Jeongguk acreditaria em fadinhas e sereias que botavam ovos coloridos, porém, no mundo real, não existia esse tipo de diversão para ele. Não tinha motivos para acreditar na história de um marinheiro que morava no bar, que não tinha amigos próximos, nem família, e que contava a mesma história durante vinte anos.
O Jeon, sendo rico, aventureiro e jovem, chegando na casa dos 27 com muita energia, decidiu que não tinha nada a perder se "investigasse" essa lenda. Para isso, alugou uma pousada próxima ao mar. Deixou suas coisas em seu quarto e andou pela orla, vendo os píeres cheios e as pessoas.
Pensava em alugar um barco para que pudesse sair ao raiar do sol, e foi isso o que fez.
Pagou uma boa quantia a um senhorzinho que puxava uma rede de pesca cheia de peixes e garantiu que pagaria qualquer dano que fizesse ao seu barco futuramente.
Voltando para o seu quarto na pousada, Jeongguk arrumou suas coisas e guardou muito bem suas bolsas gordas de dinheiro debaixo do travesseiro ao seu lado, bem como colocou uma adaga super afiada debaixo do seu travesseiro e dormiu tranquilamente.
[...]
O mar estava calmo.
Jeongguk não estava muito longe da pequena cidade. O Sol estava mais forte naquele horário. Provavelmente já eram mais de dez horas.
Havia saído da pousada às seis horas da manhã. Desde então, não tinha visto nada de interessante naquele mar.
Por ter algumas habilidades com barcos de pesca em geral (havia ficado amigo de um pescador há alguns anos), o Jeon sentia-se tranquilo quanto à ideia de pegar um barco e navegar por aí. Saberia muito bem sobreviver com um mar calmo, por isso estava bem atento para não ser pego de surpresa caso uma tempestade chegasse.
— Verdade uma ova! — esbravejou o moreno, irritado e terminando de cortar e comer sua segunda manga. — Esse vovô com certeza estava delirando por causa de tanta água que havia inalado.
Ficando em pé e segurando o mastro, Jeongguk olhou para o horizonte, vendo as águas azuis e brilhantes por causa do sol. O céu estava limpo, não havia uma nuvem sequer à vista.
Desde criança, Jeongguk amava o mar. Nadava com seus pais todos os dias, indo para o mais fundo possível. Gostava da sensação de "voar", sentir-se totalmente livre naquele ambiente calmo e sem som algum. Amava o mar ainda mais por causa das aventuras que ele poderia oferecer. Sentia um enorme prazer naquele lugar.
Por isso, quando soube da tal lenda dos ovos coloridos das sereias, interessou-se rapidamente, decidindo que daria atenção àquele assunto.
Passou a mão pelos cabelos, levando-os para trás. Fechou os olhos e levantou a cabeça em direção ao céu, sentindo o sol quente em sua pele. Estava fazendo um enorme calor naquele dia, por isso a ideia de se jogar naquele mar não parecia tão ruim.
Sabia muito bem que aquela parte não era tão profunda assim, poderia durar cinco minutos debaixo d'água. Poderia pegar algumas conchas para tentar pegar suas pérolas e vendê-las durante suas viagens.
Não havia tubarões ou outros tipos de animais marinhos perigosos naquelas redondezas, por isso, apenas tirando suas botas surradas que tanto usava para suas viagens e deixando suas coisas escondidas num tipo de compartimento que havia no chão daquele barco de tamanho médio, Jeongguk, após soltar a âncora, respirou fundo cinco ou seis vezes, puxou todo o ar que podia na sétima vez e mergulhou na água.
Pelo o sol estar forte naquele dia, dentro da água estava bem iluminado e bonito. Nadou para o fundo cada vez mais, batendo seus braços com tranquilidade.
Girou o seu corpo, observando tudo ao redor. Os peixes se aproximavam curiosos, porém nadavam para longe quando o Jeon fazia qualquer movimento, o que o fazia rir em pensamentos.
Podia ver corais e anêmonas (que gostaria de tocar, mesmo sabendo que elas eram venenosas), plantinhas, conchas, rochas pequenas.
Havia se passado um minuto, tinha mais quatro para ficar lá embaixo.
Nadou um pouco mais, distanciando-se do barco e indo para o fundo. Sempre ouviu conselhos de que o ideal era ficar, no máximo, seis metros distante do barco e nadar somente onde estava sendo iluminado pelo sol, nada além disso.
Mais um minuto havia se passado. Faltavam três minutos.
Jeongguk colocou os pés na areia, mexendo um pouco os dedos e sentindo leves cócegas. Começou a andar e pular, divertindo-se. Parecia uma criança brincando com a água.
Segurou em algumas rochas, pegando impulso para frente. Olhava para o chão, caçando as conchas que continham as pérolas dentro delas.
O Jeon pegou impulso novamente e pulou, saindo do chão e ficando distante por alguns centímetros. O moreno, então, bateu os braços com rapidez e nadou em direção à superfície, olhando para baixo. Ao passar por uma anêmona vermelha, notou algo brilhante refletindo à luz do sol. Estavam escondidos bem debaixo da anêmona vermelha. Jeongguk nunca teria reparado ali se a luz do sol não estivesse tão forte naquele dia.
Mais um minuto. Faltavam dois minutos.
Poderia ser algum item de valor? Talvez, ou poderia não ser nada valoroso, porém o homem decidiu que iria conferir mesmo assim. Passaram-se só três minutos desde que havia entrado na água, poderia utilizar mais um minuto para olhar aquele objeto curioso antes de retornar à superfície.
Nadando até lá, ele tomou cuidado para não encostar naquela anêmona enquanto se aproximava do brilho desconhecido. Ao conseguir visualizar melhor o que era aquilo, arregalou seus olhos ao notar que eram três ovos coloridos que brilhavam.
Chegou mais perto deles. Eram os famosos ovos brilhantes que o Kim Namjoon havia mencionado no dia anterior. Então ele não estava mentindo.
Os três ovos possuíam cores diferentes. Um era azul-marinho, outro era verde-azulado e o último possuía duas cores misturadas, sendo uma o vermelho e a outra azul-escuro.
Os olhos do Jeon brilharam e um enorme sorriso surgiu. Havia encontrado os ovos da lenda que era falada há vinte anos pelos marinheiros. Poderia provar que eram reais e, assim, Namjoon não seria mais taxado de louco.
Jeongguk, meio incerto, esticou o braço, tocando no ovo azul-marinho. Sem mais o que temer, pois pareciam inofensivos. O moreno segurou aquele ovo em sua mão, olhando-o bem próximo do rosto. Era mais redondo que um ovo de galinha e tinha um aspecto que fazia o ovo parecer transparente, porém, por causa do brilho e das cores fortes, não era possível ver o serzinho que possivelmente estava lá dentro.
O ovo era macio de se tocar e parecia ser sensível. Então, com cuidado, pôs o ovo novamente em seu lugar e direcionou sua mão para pegar o de duas cores. Ele parecia brilhar mais que os outros dois, parecia ser mais especial que eles.
Era esse que ele levaria consigo. Não poderia deixar a mãe totalmente sem os filhotes, um ovo sumir não faria diferença quando outros dois estariam no mesmo lugar, em total segurança.
Antes mesmo que pudesse tocá-lo, ouviu algo atrás de suas costas.
Jeongguk tremeu, amedrontado.
Podia sentir uma presença estranha ali, consigo. Seu corpo todo entrou em estado de alerta.
Lentamente, olhando para baixo, virou-se. Os pés saíam um pouco do chão e voltavam conforme ele se virava.
Se fosse um tubarão, não poderia simplesmente nadar desesperado.
Levantou os olhos vagarosamente, percebendo um tipo de cauda verde-marinho a alguns centímetros do chão coberto de areia.
Fechou as mãos na tentativa de arrumar coragem para enfrentar o que quer que fosse.
Quando olhou a criatura por completo, notou uma forma humana da cintura para cima. Uma sereia!
Ao focar no rosto irritado daquele ser, Jeongguk ficou exasperado. Assustou-se tanto que acabou engolindo a água do mar.
Conhecia aquele rosto!
A criatura mudou sua expressão também. Agora ele estava surpreso, mas não tanto quanto o próprio Jeon.
Sentindo a água ir para os pulmões e seu fôlego ir embora por completo (quantos minutos haviam se passado desde que ele havia se aproximado dos ovos?), esqueceu toda aquela ladainha de não nadar desesperadamente para não parecer uma presa e virou-se, tentando nadar de volta para o barco.
Olhou para cima. Ele estava mais longe do barco do que deveria e estava se afogando.
"Merda, merda, merda, merda!", praguejou em pensamentos. O seu coração estava apertado pelo desespero que estava sentindo. Não queria morrer ali.
Jeon Jeongguk começou a perder as esperanças.
Quanto mais nadava, mais parecia que o barco se distanciava. O pior era que tinha uma sereia com o rosto parecido com alguém que Jeongguk conhecia, uma pessoa por quem o Jeon havia se apaixonado no passado, naquela mesma cidade pequena em que tinha surgido a lenda.
Antes que pudesse pensar em qualquer outra coisa (como se virar e olhar aquele ser), sentiu mãos agarrando sua cintura e, então, em uma velocidade incrível, o moreno foi levado com rapidez até a superfície.
Assim que saiu da água, foi praticamente jogado para dentro do barco alugado.
Sem dizer qualquer palavra, Jeongguk vomitou a água que estava em seus pulmões, respirando rapidamente, como se o ar estivesse acabando aos poucos.
— Você está bem, Jeongguk? — a criatura perguntou atrás de si.
Aquela era a mesma voz. O mesmo rosto, a mesma voz. Não podia ser verdade que era ele.
Quando Kim Taehyung sumiu de sua vida após ambos dormirem juntos pela primeira vez (e também após a confissão do Jeon), o moreno o procurou por todos os lugares, porém ninguém conhecia alguém chamado Kim Taehyung. Era como se ele nunca tivesse existido.
— Como... isso é possível? — falou ofegante, virando sua cabeça o máximo que podia para analisar aquele belo rosto tão conhecido por si.
Era ele mesmo.
Contudo, dessa vez, ele usava uma roupa branca aberta na parte do umbigo para cima, mostrando um pouco da sua barriga. Mesmo assim, poderia ver quase todo o corpo dele, pois, por causa da água, sua blusa estava transparente.
Seus cabelos eram da mesma cor de sua cauda e em seu pescoço havia colares de conchas e pérolas. Seus pulsos estavam repletos de pulseiras de conchas de todas as cores e formas, e no topo de sua cabeça havia um arco enfeitado com bolhas transparentes e peixinhos coloridos.
Ele estava mais lindo do que antes, quando Jeongguk o encontrou na praia, molhando seus pés na água e olhando para o pôr-do-sol.
Sua beleza era surreal e constatou ser verdade quando o viu naquela forma.
— Por que você sumiu? — Jeon perguntou, agora mais calmo.
Isso surpreendeu o Kim. Entre tantas perguntas, o moreno decidiu fazer logo aquela?
— Como? — indagou, confuso.
— Você simplesmente sumiu sem deixar nenhum recado para trás. Você desapareceu. Eu te procurei por meses — disse. O peso em seus ombros pareciam que tinham sido removidos e seu coração doeu com as lembranças passadas.
Após um tempo em silêncio, o tritão respondeu:
— Sinto muito.
Jeongguk esperava mais alguma palavra, talvez uma explicação dele, porém contentou-se com aquele simples pedido de desculpas.
Sentou-se de frente para ele, observando-o.
— Então você é uma sereia?
— Um tritão — corrigiu o moreno. — As sereias são fêmeas.
Novamente o silêncio antes do Jeon falar mais alguma coisa.
— Aqueles ovos eram seus? Você é o pai? — indagou.
— Bem, eu botei os ovos, então eu seria a "mãe", por assim dizer — respondeu calmamente.
— A mãe?! Mas você é um homem! — exaltou-se. — E como assim você botou os ovos?!
O Kim fez uma careta pela gritaria daquele homem. Era estranho e engraçado como os humanos se impressionavam com essas coisas do mundo aquático.
— Isso pode ser estranho para vocês, humanos, porém, tanto sereias quanto tritões podem botar ovos. Por isso eu seria a mãe, porque eu que botei os ovos. Eu ser homem não faz parte da questão aqui — explicou calmamente.
Jeongguk acenou. Ainda possuía muitas dúvidas em sua mente, queria muito saber como ele conseguiu pernas, pois o conheceu em sua forma humana.
— Se você é a mãe, quer dizer que há um pai — comentou e viu o tritão acenando com a cabeça lentamente.
Aquela afirmação doeu em seu coração. Então só ele pensava no Kim durante todo esse tempo após o sumiço dele.
— Então quer dizer que você se apaixonou por outra pessoa e decidiu formar uma família com ela após sumir por completo da minha vida? — Não queria ter perguntado aquilo, porém seus lábios simplesmente se abriram e a pergunta saiu, porém pareceu mais como uma acusação contra seu antigo amor.
— Como?
— Não se faça de bobo, Kim! — exclamou de repente, assustando o homem de cabelos esverdeados. — Você não correspondia aos meus sentimentos, então simplesmente foi embora sem me dizer o motivo ou pelo menos um adeus. Você brincou comigo — afirmou.
Sinceramente, Jeon esperava alguma explicação, seguida de uma resposta negativa quanto aquela afirmação e com uma pergunta "que tal tentarmos de novo?", porém nada disso veio. O Kim permaneceu em silêncio, olhando para a água calma daquele mar.
Jeongguk não sabia quanto tempo havia ficado naquele local desde o momento em que pegou o barco para procurar os tais ovos, porém, notava-se que estava começando a escurecer.
Levantando-se, puxou a âncora e soltou a vela. Iria aproveitar aquele vento para voltar ao píer e devolver o barco ao senhorzinho.
O barco lentamente começou a se afastar do tritão. O moreno olhou para trás uma vez para ver se ele ainda estava lá, porém Kim Taehyung havia simplesmente sumido, como havia feito da última vez, esmagando os sentimentos de Jeon Jeongguk.
No final, ele não esperava nada diferente daquele homem. Preferia nunca tê-lo encontrado.
[...]
Alguns dias haviam se passado.
Jeongguk ainda permanecia na mesma pousada, na mesma cidade pequena.
Desde o dia em que voltara e devolvera o barco ao senhorzinho, decidiu que era melhor pensar em tudo o que havia acontecido. Teve pouco tempo para raciocinar ao rever Taehyung e descobrir que ele era um tritão. Utilizou esse tempo para fazer as perguntas que estavam presas em seu coração e em sua mente desde o dia em que acordou e não encontrou o Kim ao seu lado.
Trancou-se no quarto, ficando lá o dia inteiro, saindo apenas para pegar algo para comer. Fez isso por vários dias seguidos, e a senhora Han, dona da pousada, ficou um pouco preocupada, pois o jeito alegre e aventureiro daquele garoto jovem parecia ter desaparecido num piscar de olhos desde o momento em que ele voltou de sua aventura marítima.
Diferente do que deveria ter feito, Jeongguk não foi falar com Namjoon, seu velho amigo, naquele barzinho para confirmar a história dele sobre os ovos que brilhavam e possuíam suas próprias cores. Na verdade, ele não teve nenhuma vontade de tocar naquele assunto com o homem mais velho.
— Querido, o jantar está pronto — a senhora Han avisou após dar duas batidas na porta do quarto.
— Tudo bem, senhora Han — respondeu sem vontade, fechando o seu diário de aventuras, no qual gostava de registrar todas as peripécias que tinha desde seus 23 anos.
— Ah, sim! — a mulher disse. O seu tom era de alguém que acabou de se lembrar de algo. — Veio um garoto muito bonito hoje mais cedo, ele disse que queria te ver, porém como você não estava, ele foi embora.
Ouvindo isso, jogou o diário para o lado e saiu da cama correndo, abrindo a porta com brutalidade, assustando a mais velha.
— Qual o nome dele? — indagou rapidamente.
— Ele não me disse, porém eu lembro dele. É aquele mesmo garoto que você trouxe para cá um ano atrás — respondeu após se acalmar um pouco depois do susto. — Ele parecia bem nervoso por não te encontrar. Já faz tanto tempo e ele só decidiu aparecer agora — a mulher divagou, pensativa.
O Jeon fez uma breve reverência, agradecendo a mais velha pelo aviso.
Após tanto tempo, impressionou-se ao saber que aquele garoto o procurou após tudo o que aconteceu no mar naquele fatídico dia.
Pensara que, por descobrir o segredo do Kim, ele nunca mais apareceria em sua vida, porém estava redondamente enganado.
Querendo ou não, sentiu em seu coração uma pitada de alegria, o que o causou um sorriso que não conseguiu desmanchar.
Mais alguns dias haviam passado, completando um mês desde que havia chegado naquela cidade. Taehyung não voltou a procurá-lo, o que causou certa preocupação no moreno.
Talvez ele tenha pensado que Jeongguk não queria vê-lo e por isso decidiu desistir?
Bufou.
Saindo da pousada, ele foi até aquele velho senhor e alugou novamente o seu barco. Iria atrás do tritão uma última vez. Jurou para si mesmo que se nada desse certo naquele dia, que se não o encontrasse, iria embora da cidade de uma vez por todas e nunca mais retornaria. Não iria parar a sua vida por causa de uma paixão que poderia passar (por mais que ela tenha durado um ano inteiro e voltou com força após reencontrá-lo).
O vento estava um pouco forte, o que era muito bom. O barco estava em uma boa velocidade, então, dentro de três minutos, chegaria finalmente ao destino de antes.
O mar estava um pouco agitado, mas isso não era um problema. Sempre gostou disso, para falar a verdade.
Ao chegar no local em que havia visto o Kim, soltou a âncora e olhou em volta. O que poderia fazer para que o garoto aparecesse? Deveria esperar? Será que os tritões sentiam a presença humana por perto?
— Kim Taehyung! — gritou, e sua voz sumiu com os ventos e as ondas do mar.
Esperou, esperou e esperou. Nada aconteceu.
Claro que não tinha possibilidade do tritão simplesmente aparecer por ter gritado seu nome, pensando que ele poderia estar ali por perto, que ele poderia ouvi-lo.
Os ovos estavam por ali, e Jeongguk sentia que o Kim também estaria por ali para protegê-los.
Socou a lateral da mão em formato de punho no mastro de madeira, suspirando.
Estava um pouco arrependido, e sabia do quê. Talvez devesse ter tentado manter a calma quando encontrou Taehyung e tentado conversar com ele? Talvez não devesse ter tirado conclusões precipitadas sobre ele estar casado? Talvez devesse ter ficado em vez de simplesmente ir embora com o barco?
Eram tantos "talvez" que o Jeon começou a sentir um aperto cada vez mais forte em seu coração. Estava arrependido pela atitude imatura que havia tomado no dia em que se reencontrou com o homem que havia sumido de sua vida de um dia para o outro.
— Acabou... — sussurrou, cabisbaixo.
— Jeongguk...
O moreno olhou para trás rapidamente ao ouvir aquela doce voz que tanto amava dizendo o seu nome. Olhou para a água e lá estava ele, com os ombros para cima na superfície, olhando-o calmamente.
— Que bom que chegou a tempo — disse.
— A tempo? — questionou, confuso.
Taehyung tirou a mão da água e esticou em direção ao homem. Jeongguk, meio desconfiado, segurou na mão do outro, sentindo sua maciez. Seu corpo tremeu.
Dando um sorrisinho divertido, Taehyung simplesmente puxou o Jeon para dentro do mar, e, mesmo assustado, automaticamente puxou uma boa quantidade de ar antes de entrar por completo dentro d'água.
Com rapidez, o tritão nadou para baixo. O sol não estava tão forte como no dia em que havia ido naquele local, há um mês, por isso estava um pouco mais escuro.
Quando Taehyung olhou para trás, para ver se Jeongguk estava bem, o Jeon notou que os olhos azuis do tritão estavam brilhando. Ficou hipnotizado. Sentia como se estivesse olhando para um céu limpo de nuvens e todo azul.
O Kim deu um sorriso antes de olhar para frente novamente e continuar nadando. A cauda balançava freneticamente, num movimento lindo e gracioso ao mesmo tempo. Agora que parava para admirar por mais tempo, o moreno ficou impressionado com a beleza daquela cauda e suas barbatanas transparentes que brilhavam, como se tivessem jogado pequenas estrelas lá para que brilhassem.
Jeongguk notou a anêmona vermelha e soube no exato momento que Taehyung estava o levando para o mesmo local dos ovos.
— Os bebês irão nascer agora — Taehyung falou ao ver uma expressão confusa no rosto do outro após se aproximarem dos ovos. — Esperei um ano por este momento. — Seu sorriso era enorme.
Jeongguk não teve tempo para impressionar-se com o quão bem ouvia o outro debaixo d'água, pois encontrou-se concentrado no sorriso quadrado daquele tritão por quem havia desenvolvido sentimentos há um ano.
Os ovos começaram a se mexer e suas cores pareciam mais fortes do que antes. Jeongguk ficou curioso e até mesmo um pouco ansioso com isso. Descobriria como era o nascimento dos filhotes das sereias.
— Nunca teve outro alguém... — Taehyung começou, desviando a atenção do moreno para ele. — Na verdade, você foi o primeiro humano com quem tive contato. — Seus olhos ainda miravam os ovos, concentrado neles. — Naquele dia em que nos encontramos pela primeira vez, eu estava completando meus dezenove anos. Por isso, eu fui permitido a conviver com os humanos por um dia inteiro. Era uma regra bem rígida que só os membros da família real tinham o privilégio de ter, por assim dizer.
Sua mão ainda segurava a do Jeon e não dava indícios de que a soltaria. Pelo contrário, ele a apertou mais. Era como se quisesse manter o homem ali, como se tivesse medo que ele simplesmente fosse embora, como da última vez.
Quando viu o moreno ir embora há um mês, após o reencontro deles, o tritão pensou em nadar atrás dele rapidamente e puxá-lo para debaixo d'água, porém não o fez. Não teve coragem.
Então, ele decidiu, pela primeira vez em um ano, voltar com sua forma humana e ir atrás do Jeon.
No começo, não sabia exatamente onde procurá-lo; contudo, andou, com certa dificuldade pela falta de prática, até a pousada em que haviam passado a noite juntos. A primeira vez em que o Kim havia dormido com alguém em toda a sua vida.
— Bem, meu pai, o rei na época, exigiu que eu retornasse ao amanhecer do dia após o meu aniversário, e foi isso o que eu fiz — continuou. — Pensei em voltar após ser coroado como o novo rei, porém eu sabia que você provavelmente não estava nada feliz com o meu sumiço, ou até mesmo tivesse ido embora e que nunca mais retornasse. — Suspirou. — De qualquer forma, não tive coragem e nem tempo de voltar. A coroação aconteceu seis meses após eu voltar ao mar.
Jeongguk mexeu a mão que era segurada pelo tritão e ele o encarou. Com a mão livre, apontou para cima, indicando que precisava retornar à superfície para respirar. Por um momento, Taehyung havia esquecido que aquele homem era apenas um humano, que não poderia respirar e muito menos falar debaixo d'água.
Com a outra mão, Taehyung fez um tipo de bolha de ar média e entregou ao Jeon, explicando:
— Uma bolha de ar. Você pode colocar o nariz dentro dela e respirar todo o ar que precisar. — Entregou-a cuidadosamente ao outro, que aproximou-a do nariz e respirou bem fundo por três ou quatro vezes, aliviado pelo ar entrando e saindo de seus pulmões mais uma vez.
A bolha de ar sumiu quando Jeongguk usou todo o ar necessário para ficar mais cinco minutos sem precisar respirar.
Mesmo quieto (e com razão), Jeongguk pensava nas palavras que o tritão havia dito a si. Ele não sumiu apenas por sumir, ele só não podia ficar mais tempo. E surpreendeu-se ao saber que ele era o atual rei daquele mundo aquático desconhecido por si até há um mês.
"Eu fui o primeiro e único, então isso quer dizer...!", concluiu em pensamento e olhou rapidamente para o rosto daquele lindo tritão, encontrando os seus belos olhos azuis.
Intercalava os olhos nos do Kim e nos ovos, confirmando seu pensamento quando o garoto com os belos cabelos esverdeados acenou positivamente, meio ansioso com o tipo de reação que o humano teria ao descobrir que se tornaria pai naquele momento.
Não sabia a duração da gestação de uma sereia (não sabia nem que botavam ovos, muito menos ovos coloridos), porém era fácil concluir que, durante aquele tempo de um ano, os filhotes estavam finalmente prontos para vir ao mundo, e Jeongguk chegou bem na hora de vê-los nascer — e soube na hora que eles tinham o mesmo sangue que o seu.
— Sereias e tritões são seres monogâmicos e bem fieis — comentou repentinamente. — Mesmo que elas se conheçam no mesmo dia, podem se apaixonar instantaneamente, ainda mais se elas passarem a noite juntas. — Deu um leve sorriso. — Mesmo que eu soubesse lá no fundo que havia uma enorme possibilidade de nunca mais te ver, mesmo assim eu teria permanecido fiel a ti até o fim.
Jeongguk abriu a boca, porém fechou-a novamente. Não podia falar nada ali embaixo.
— Olha, o primogênito já está vindo! — exclamou o tritão, animado.
O ovo azul-marinho começou a rachar lentamente. Ele se mexia bastante, provavelmente aquele filhote seria alguém bem agitado.
Mesmo com muitas dúvidas em sua cabeça, querendo mais explicações, Jeon decidiu se concentrar no nascimento daqueles bebês.
O ovo rachava cada vez mais e o coração de ambos os homens batiam mais e mais.
Então, uma perna pequena saiu do ovo, logo em seguida uma mão e mais outra. O ovo quebrou por completo. O primeiro bebê continha pernas. Seus cabelos eram da mesma cor que os do Taehyung: verde-azulado. Ao abrir seus olhos para olhar para seus pais, eles eram castanhos-escuros, como os de Jeongguk. Uma menina.
Antes que pudessem ter qualquer reação, o segundo ovo azul-marinho começou a rachar também. Do mesmo jeito que o primeiro, vieram as pernas e os braços, antes de quebrar por completo. Dessa vez, os cabelos do segundo bebê eram negros que nem os do Jeon, porém seus olhos eram de um azul forte, como os do tritão. Um menino.
Então, finalmente o terceiro ovo. Aquele com as duas cores.
— O herdeiro está vindo! — Taehyung disse. — O último bebê a nascer é quem herdará o trono, e quanto mais o ovo brilha, mais próspero seu reino poderá se tornar — explicou, ainda com os olhos fixos no terceiro ovo. — Ovos de duas cores são extremamente raros, nosso bebê será um ótimo rei no futuro.
Diferente dos outros dois ovos, as mãos saíram primeiro, então rachou em cima da cabeça, mostrando um pouco da cor do cabelo.
Assim que o bebê finalmente mostrou-se por completo, diferente dos outros bebês, aquele tinha uma cauda azul-escura. Seu cabelo era preto com pontas verdes, uma mistura das cores dos cabelos dos pais. Assim que abriu seus olhos, Taehyung pôde ver o olho direito com a cor azul igual a sua e o olho esquerdo com a cor azul e castanho-escuro misturados. Jeongguk, apesar de precisar respirar novamente, estava aguentando o suficiente para contemplar o nascimento daquele serzinho.
Seus olhinhos pareciam repletos de estrelas, pois eles brilhavam. Era a primeira vez em toda a história do mundo aquático que um bebê nascia com olhos de três cores diferentes, ainda mais com um olho contendo duas cores, e ambos brilhavam como se tivessem colocado pequenas estrelinhas ali.
Ele era tão lindo. Incrivelmente belo. Talvez o tritão mais belo que existiu em todo o reino. Sua beleza até superava a do próprio Taehyung, que era dito como o tritão mais belo atualmente.
Ainda admirando aquele pequeno tritão, Jeongguk assustou-se com os movimentos repentinos do tritão ao seu lado, que pegou os dois bebês sem caudas e os colocou nos braços do Jeon, que mesmo assustado, segurou-os com força. O Kim, então, pegou o herdeiro e segurou na cintura do humano, nadando o mais rápido que podia para cima.
Enquanto subiam à superfície, de relance, o Jeon viu os ovos perdendo suas lindas cores e brilhos e tornando-se transparentes, como ovos comuns de peixes.
Assim que saíram da água, estavam a mais de dez metros do barco do moreno. Eles se aproximaram de duas rochas.
Com uma força incrível, Taehyung, com a mão ainda na cintura do Jeon, sentou-o na rocha menor.
Então, ali, os dois bebês nos braços do moreno começaram a chorar, mas o terceiro estava calmo, dormindo.
— Lá embaixo eles não choraram, por que agora? — Encarava os bebês em seu colo, chorando desesperadamente, como se estivessem assustados.
— Eles não respiram debaixo d'água — Taehyung disse. Com o braço direito livre, ele se aproximou dos filhos e acariciou a cabeça de cada um, cantarolando alguma canção lenta e calma.
Eles começaram a se acalmar lentamente. O Kim pôde vê-los respirar com calma e dormirem no fim.
— Como podem não respirar? Eles são seus filhos.
— Eles são mestiços — respondeu. — Era o que eu temia.
— Nunca aconteceu isso? — indagou.
— São os primeiros mestiços existentes. Na verdade, isso era só uma história bem antiga de que em algum momento, durante o início do reino, a rainha teve filhos com um humano, porém todos os bebês nasceram com caudas, por isso, na lenda, diz que ela pôde esconder esse segredo — falou. — Não se sabe ao certo se essa história é verdadeira e nem como ela começou, porém, aparentemente, mestiços podem existir e há chances de não poderem ficar dentro d'água como nós.
— Então isso quer dizer...
— Sim, eles não poderão viver no mundo aquático. Não normalmente. — Suspirou. — Por terem o meu sangue, talvez eles durem debaixo d'água mais que um humano normalmente duraria, porém só saberemos quando eles ficarem mais velhos.
— Mas e ele? — Apontou para o pequeno tritão nos braços do Kim. — Ele terá de ficar lá e fingir que não tem irmãos humanos? — questionou.
Taehyung ficou um pouco em silêncio, pensativo.
— Antigamente, era inadmissível que um tritão ou sereia tivesse relacionamento com os humanos. — Encarou o herdeiro, ainda dormindo tranquilamente.
— Então, quer dizer que não devemos existir?
Após essa pergunta repentina do Jeon, Taehyung o encarou.
Jeon Jeongguk estava todo molhado. Alguns fios de seus cabelos estavam soltos em sua testa. Com os dois braços, ele segurava os dois bebês, agora acordados e o encarando.
O homem nunca havia pensado na possibilidade de ser pai. Nunca havia pensado em formar uma família com a mesma pessoa com quem passaria o resto de sua vida.
Porém, lá estava ele: segurando seus dois bebês humanos enquanto um rei tritão segurava o seu terceiro bebê, um mini tritão, em seus braços.
— Não nos conhecemos direito. Passamos uma noite juntos antes de eu sumir da sua vida — começou Taehyung. — E após um ano, eu te puxo para baixo d'água sem mais explicações, apenas para te mostrar o nascimento dos filhos que você poderia nem desejar.
Observou os três bebês. Eles eram tão pequenos, menores que um bebê normal de sereia. Talvez por terem uma parte humana, eles ficaram pequenos.
— Eu conheço uma sereia, uma velha amiga, que vive entre vocês, os humanos, desde muito nova. Talvez ela...
— Não — Jeongguk negou antes que o tritão pudesse concluir sua linha de raciocínio. — Eu nunca pensei nessa possibilidade de construir uma família, eu sou do tipo que gosta de aventuras, mas... — Passou a língua pelos lábios. — Quando eu os vi nascer, quando te reencontrei, quando descobri que eles eram nossos, eu não me importei com a possibilidade de parar e morar num mesmo lugar. Eu... — Respirou fundo. — Eu quero te conhecer mais. Posso não te amar de um jeito muito profundo agora, porém no dia em que te conheci, pensei seriamente em te chamar para sair de verdade.
O Kim, que estava preocupado em como criaria seus dois filhos humanos que não podiam respirar debaixo d'água, sentiu um alívio enorme tomar conta do seu coração e sorriu, feliz.
Não sabiam sobre o futuro, contudo, decidiram se preocupar com o presente e com sua nova família.
[...]
Jeon Dahyun, a primogênita da família, pulou do barco, caindo na água.
— Dahyun, você não deve ficar pulando em qualquer lugar. Pode ser perigoso — Jeon Sungjin, o do meio, disse assim que a irmã surgiu na superfície.
— Pare de ser chato, Sun — reclamou, revirando os olhos.
Naquele dia, os irmãos estavam completando doze anos. Eles haviam crescido bastante em comparação com o quão pequenos eram quando bebês.
— Como um bom irmão, é natural que Seungjin cuide de você, Dahyun — Jeongguk disse ao se aproximar dos filhos. — E você, Dahyun, é a mais velha. Seja um bom exemplo.
— Sou mais velha só por um minuto.
Bastante tempo havia se passado desde o dia em que conheceu seus filhos pela primeira vez. Quando afirmou ao Kim que assumiria a responsabilidade, Jeongguk decidiu comprar uma casa média e simples, um pouco longe daquela cidade pequena e próxima do mar.
Ninguém da pequena cidade sabia sobre seus filhos e Taehyung. Quando ia à cidade, ia sempre sozinho e nunca ficava por horas como faziam antes. Os moradores perceberam que desde o momento em que ele voltou de sua viagem ao mar, não falava muito com as pessoas e parecia meio desnorteado. Boatos começaram, dizendo que ele havia visto algo traumatizante durante sua viagem, outros diziam que ele sofreu algum dano ao cair na água e poderia ter enlouquecido.
Mesmo assim, ninguém tinha coragem de se aproximar dele para perguntar sobre a verdade, ninguém além de Kim Namjoon, que tornou-se muito próximo do Jeon, porque sabia muito bem que ele havia visto o mesmo que ele viu no passado.
— Molhou seu vestido novo, Dahyun — Jeongguk disse, suspirando.
— Eu molharia de qualquer forma, já que hoje nadaremos com a mamãe e o nosso irmão.
Encostando na borda do barco, a garota sentiu duas mãos em sua cintura, elevando-a e puxando-a para trás. Aquelas duas mãos a abraçaram.
— Mamãe! — os dois irmãos exclamaram juntos ao verem o Kim. Sungjin, que era o mais calmo dos irmãos, pulou dentro d'água para abraçar o tritão, que o segurou com o braço direito.
— Meus filhotes estão enormes. Cresceram tanto nessas últimas semanas? — brincou.
— Com certeza! — Dahyun afirmou, convicta.
— Não há como crescer em tão pouco tempo — Kim Taehyun, o herdeiro, disse ao sair de trás da mãe.
— Sempre o chato Hyunie — bufou Dahyun.
— Não fale assim com seu irmão, Jeon Dahyun — Jeongguk avisou a filha, que fez uma expressão arrependida. Taehyun apenas sorriu, não se importando em ser o chato, junto com o irmão mais velho.
Os três decidiram nadar juntos. Ambos os irmãos humanos seguraram cada um em um lado do outro do mais novo, prontos para mais uma nova aventura explorando o mar.
— Quanto tempo vocês podem durar lá embaixo? — perguntou aos filhos, que ficaram um pouco pensativos antes de responder.
— Na última contagem, durou uma hora inteira.
— Wow! É realmente incrível — o Kim elogiou. — Bem, tomem cuidado vocês três. Sabem muito bem que se virem Taehyun com humanos, podem...
— ...Exigir uma explicação de você, o rei, e ninguém pode saber que você teve filhos com um humano e blá, blá, blá — Dahyun disse.
Ambos os pais ficaram quietos e os trigêmeos (que não eram muito parecidos) mergulharam.
Taehyung encarou o Jeon. Ambos fixaram os olhos um no outro.
Não se viam há três semanas e a saudade estava enorme, como se tivessem passado dois anos separados.
— Você demorou dessa vez — Jeongguk observou.
— Começaram a desconfiar por eu estar sumindo, mesmo com muitos compromissos. — Respirou fundo. — Eles não se importaram tanto no início, quando eu era mais jovem e ficava fora a maior parte do tempo, pois quando eu cheguei com Taehyun lá, apenas festejaram por causa do mais novo herdeiro do trono. Nem chegaram a perguntar quem era o pai. Mas agora é diferente.
Cruzou os braços na borda do barco, encarando o homem que amava.
— Sei que você está tentando mudar tudo isso, Tae — Jeongguk disse, sentando-se na borda com os pés dentro da água.
— Alguns mais jovens estão aceitando a ideia de que nem todos os humanos são ruins, porém os mais velhos ainda possuem a mente fechada. — Levantando um braço, apoiou o queixo em sua mão. — Que bom que as crianças entendem e são pacientes. Espero conseguir mudar todo o reino antes delas completarem a maioridade.
Apoiando sua mão esquerda na borda, Jeongguk segurou o queixo do tritão e o puxou para mais próximo de seu rosto, beijando seus lábios. O começo era um selinho, porém o Kim aprofundou o beijo e, num impulso, sentou-se no colo do mais velho, que agarrou sua cintura com uma mão e com a outra pousou no início da cauda, acariciando o local propositalmente, sabendo que era uma região bem sensível do tritão.
— Não... — Taehyung reclamou.
— Sim — o Jeon afirmou. — Quando nossos novos bebês irão nascer?
— Dentro de dois meses — sussurrou, com os lábios ainda encostados nos do marido.
— Quero vê-los. Até hoje você não me levou onde os ovos estão. — Fez um bico ao afastar seu rosto do esposo.
— Só no dia em que nascerem, até os escondi em outro lugar bem mais seguro — gargalhou com a careta do moreno.
Em seguida, Jeongguk sorriu.
— Queria vê-lo gestante. Queria até mesmo vê-lo botando os ovos coloridos.
— O quê?! — Arregalou os olhos, envergonhado com aquelas frases do humano. — Nunca, é vergonhoso! — negou rapidamente.
Jeongguk aceitou aquela negação do esposo no momento. Futuramente, poderia ter o que tanto desejava.
— Faltam 50 minutos até as crianças retornarem. — Beijou o pescoço do tritão. Sentiu sua mão em cima de uma pele macia e apertou-a. Era a coxa do esposo, transformado por completo em humano.
— Os nossos bebês nem nasceram ainda e você quer colocar mais em mim? — Taehyung riu ao sentir o outro apertá-lo mais forte em seus braços.
— Quanto mais, melhor — sussurrou, próximo a orelha do esposo. — Dentro de um ano, talvez tenhamos mais de dez filhos. Não me importo com isso. Você mesmo disse que a quantidade de ovos de sereias aumentam após os primeiros filhos.
Taehyung não se importou com aquilo. Realmente não se importava em dar mais e mais filhos ao marido, se era isso o que ele desejava — assim como o próprio Kim também desejava uma família grande.
Eles já tinham mais cinco bebês à caminho e, nos próximos seis meses, esse número aumentaria ainda mais.
Taehyung sentia-se feliz.
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