Capítulo 02
— Ufa, pensei que nós não terminaríamos nunca! — Claire disse, se jogando em cima do tapete felpudo.
— Enfim terminamos — Sophia sorriu satisfeita.
A mudança foi rápida e relativamente tranquila. Tinham se mudado há três dias para Nova Iorque e apenas agora conseguiram dar cabo da bagunça. O coração de Sophia estava a ponto de sair pela boca, mas a mulher tentava se controlar como podia.
— Ai, eu estou tão cansada — Claire choramingou. — Minhas costas doem.
— Coitadinha de você, trabalhou muito amiga, deveria ter me esperado — sorriu.
— Que nada, eu não via a hora de ver tudo isso aqui arrumado. Ficou tão lindo!
— Realmente — Sophia assentiu concordando. — Como será que a Liss está se saindo na escola nova?
— Ah, com certeza está muito feliz — Claire sorriu com os olhos brilhando. — Ah Sophia, não sei como te agradecer por estar pagando essa escola cara para a Lisa, mas eu juro que eu vou te pagar.
— Eu já disse que não precisa me pagar Claire, é um presente meu — deu de ombros.
O celular de Claire toca. Sophia fica organizando os pequenos detalhes da casa nova, tinha ficado melhor do que o que ela esperava. Olhou pela janela e observou a bela vista que tinha da cidade. Onde estaria sua garotinha de olhos verdes? E Oliver? Suspirou profundamente ao se lembrar do homem que amava, será que ele ainda pensava nela como ela pensava nele? Como será que ele estaria depois de quatorze anos? Saiu de seus pensamentos quando viu Claire chegar.
— Algum problema? — Sophia perguntou, erguendo a sobrancelha.
— Era do colégio novo da Lisa — Claire suspirou. — Falaram que ela andou se estranhando com uma garota — sem graça. — Ah meu Deus, que vergonha, a Liss mal chegou e já está arrumando confusão com essas riquinhas.
— Calma Claire, fica tranquila — despreocupada. — É coisa de adolescentes.
— Tinha que ser a Lisa mesmo — bufou. — O que eu mais queria agora era deitar um pouco e descansar as minhas costas.
— Sem problema amiga, deixe que eu resolva isso. — sorrindo.
— Ah não Sophia, isso já é demais, já não basta você estar pagando e...
— Eu quero ir! Quero ver o como está o lugar que eu estudei e que agora a minha "sobrinha" está estudando. Por favor, me deixa ir. — fez um biquinho.
— Tudo bem Soph — Claire sorriu. — Obrigada de verdade, qualquer coisa me liga — piscou e Sophia pegou a chave do carro. — Você sabe onde fica, não é?
— Claro, já falei que eu estudei lá quando era pirralha — piscou. — Bye — saiu rindo.
Ao chegar àquele lugar, Sophia sentiu o coração bater forte dentro da caixa. Ali tinha vivido os melhores momentos de sua vida, tinha conhecido Oliver naquele colégio, tinham se apaixonado naquele colégio, aquele lugar fazia parte dela e de um jeito ou de outro estava sentindo uma sensação estranha. Uma sensação de conforto. Resolveu ignorar e foi até e diretoria. Quando entrou na sala da direção, encontrou Lisa e uma menina que mantinha um bico enorme na cara.
— Tia — Lisa foi até ela e lhe abraçou.
— Oi querida — Sophia sorriu de leve. — O que andou aprontando hein? — olhando a diretora. — Bom dia — todos que estavam na sala lhe cumprimentaram, menos a mocinha mal humorada.
— Ai tia — Lisa começou. — Essa menina doida me fez pagar o maior mico da minha vida — pôs a mão no rosto.
— Ai tia — a menina encrenqueira a imitou. — Que idiota!
— O que aconteceu aqui? — Sophia perguntou para a diretora.
— Lisa e Emma tiveram um pequeno incidente, senhora.
— Senhorita — Sophia a corrigiu e virou o olhar para a menina que levava o mesmo nome de sua filha, sorriu de leve a ela e a menina virou a cara. — O que houve diretora?
— Então senhorita, o que aconteceu é que as duas estavam brigando por nada mais nada menos que uma carteira. — encarando uma, depois a outra.
— Ei espera aí Margot — Emma começou. — Essa loira oxigenada queria roubar a minha carteira! Quem ela pensa que é pra chegar se sentindo a dona do pedaço?
— Eu já disse que não sabia que era seu lugar, sua selvagem — Lisa se defendeu. — Eu pedi desculpas tia, mas ela ficou me maltratando na frente de todos os meus colegas.
— Menina, por algum acaso está escrito o seu nome na carteira? — Sophia se virou para a Emma.
— Olha aqui sua palhaça — xingou e Sophia arregalou os olhos com a insolência daquela menina. — Não precisa estar escrito o meu nome, todo o mundo sabe que aquele lugar é meu e pronto!
— Você é muito mal educada, sabia? — Sophia cruzou os braços, indignada.
— Você não vai falar assim com a minha tia Sophia, sua brega — Lisa se interpôs a defender a "tia".
— Ora, Sophia? — Emma fechou a cara ao ver que aquela mulher tinha o mesmo nome da sua mãe. — Só podia ser, toda Sophia é recalcada e imbecil — rolou os olhos.
— Por que está falando assim comigo garotinha? — Sophia ficou confusa e chateada, nunca tinha visto aquela pirralha em sua vida e a menina chega soltando os cachorros em cima dela, que situação desagradável. — Eu te fiz algo por acaso?
— Ai Margot, me dá logo a minha advertência que eu não aguento mais ficar perto dessa gente — bufou.
— Preciso esperar o seu pai Emma — explicou a diretora.
— Eu já estou cheia dessa escola idiota! — Emma berrou. — Estou cheia dessa porcaria! — chutou a cadeira e saiu da sala da diretoria como um raio.
— Que garotinha maluca — Sophia riu de leve. — Lembre-se de dizer aos pais dela que ela precisa de um tratamento de choque — olhou por onde a menina tinha saído.
— Sim — a diretora sorriu de lado. — Sem dúvidas a Emma MacMillan é uma das nossas ferinhas mais rebeldes. Mas é uma boa menina.
Sophia parou de sorrir imediatamente, como assim Emma MacMillan? Emma MacMillan era o nome de sua filha e... Oh meu Deus, não podia ser... Aquela menina.
— MacMillan? — perguntou branca.
— Sim, ela é filha única do publicitário Oliver MacMillan, é demasiada mimada. Enfim, ela é terrível — sorrindo e negando com a cabeça. — Mas como disse antes, é uma criança de bom coração.
Sophia não conseguia falar absolutamente nada, estava em choque, tinha acabado de discutir com a sua própria filha. Pôs a mão no rosto incrédula, sentindo a cabeça rodar e de repente tudo escureceu.
— Tia Sophia — ouviu Lisa. — Acorda, você está bem?
— O que aconteceu? — Sophia perguntou, notando que estava deitada no sofá da direção.
— Você caiu dura no chão — Lisa estava branca. — Desmaiou legal.
— Emma... — Sophia sussurrou.
— Emma já voltou para a sala, e você? Como se sente senhorita...?
— Collins — ela respondeu levantando-se rapidamente, precisava ver a sua filha. Emma era tão linda, definitivamente precisava vê-la outra vez. — Eu preciso ir embora — Sophia disse apressada.
— Espere senhorita Collins, assine aqui. — a diretora pediu, mostrando um papel e apontando um X.
— Claro, e como ficará a situação de Lisa? — disse assinando o papel.
— Ela tomou apenas uma advertência — explicou. — Obrigada por ter vindo e nos desculpe o inconveniente.
— Ainda terá aula Lisa? — perguntou e a menina assentiu. — Então mais tarde eu mando alguém te buscar, certo?
— Está bem tia, obrigada por ter vindo.
Sophia se despediu da diretora e saiu acompanhando Lisa. Foram até a sala de aula da menina e Lisa entrou. Sophia olhou pela enorme janela de vidro e viu Emma escrevendo algo no notebook, ficou olhando um pouquinho e viu-a rabiscar algo em um papel e lhe mostrar. Estava escrito: "perdeu alguma coisa, otária?". Sophia arregalou os olhos com a grosseria daquela criatura, Emma rolou os olhos e disfarçadamente mostrou o dedo do meio para Sophia, que ficou aborrecida.
— Que horror — sussurrou. — Minha filha, perdoe a mamãe, mas você merece umas boas palmadas — negou com a cabeça e saiu dali, deixando a menina satisfeita.
Ao atravessar o grande portão da entrada, Sophia ainda sorria sem acreditar, saiu de seus pensamentos avoados quando esbarrou em um acéfalo, que parecia apressado.
— Ah me desculpe moça, eu estava apressado — disse o desconhecido. — Você está bem? — perguntou preocupado.
— Sim, não se preocupe — Sophia disse se virando para olhá-lo e quando o viu arregalou os olhos, ele congelou. — Oliver? — perguntou quase um sussurro.
— Sophia — disse sem acreditar. Era Sophia! Puta merda. Era ela! Ela estava tão diferente, mas a reconheceria em qualquer lugar. Seus cabelos agora estavam vermelhos, não um vermelho escandaloso, mas sim um vermelho escuro, que a deixava com uma aparência esplêndida. Inclusive estava se vestindo muito melhor, estava usando um vestido branco com mangas bufantes, completamente diferente das saias que usava antes com aquele suéter surrado, ela estava magnífica, mas o que Sophia fazia ali? — O que está fazendo aqui? — indagou surpreso.
Ela o encarou e não conseguia sequer piscar, Oliver estava tão lindo, estava mais maduro, tinha uma aparência magnífica que fazia emanar sua virilidade masculina, o seu cheiro era o melhor de tudo. Ela estava boba, ele estava mais forte, seus músculos marcavam a roupa, uma blusa social com as mangas arregaçadas, ele levava o paletó nos ombros e sua calça social preta deixava em evidência seus dotes traseiros, que não tinha mudado em nada, estava grande como sempre.
— E-eu — ela começou a gaguejar, nervosa. — Eu vim resolver um assunto com a minha sobrinha postiça.
O silêncio pairou, ela já estava ficando envergonhada pelo modo que ele a olhava, ele não demonstrava expressão nenhuma, ele a olhava de forma normal. Ela definitivamente esperava que ele estivesse bem aborrecido ao vê-la, mas para sua surpresa, Oliver parecia normal. Ele não estava chateado com ela?
— Onde você estava Sophia? — foi o que conseguiu dizer depois de olhá-la por quase cinco minutos. Ela não se admirou com a pergunta, sabia que ele perguntaria isso mais cedo ou mais tarde.
— Bem — ela olhou para os lados, estava muito nervosa. — Podemos falar sobre isso em outro lugar?
— Eu preciso resolver um problema com... — Oliver suspirou. — Com Emma.
Sophia sorriu.
— Já está tudo esclarecido, você só assinará um papel — riu. — Eu vim pelo mesmo motivo que você, já disse que vim socorrer a minha sobrinha postiça, que brigou com a Emma.
— Você já a conhece?
— Sim — sorriu de leve. — Ela é linda. Eu fiquei louca da vida quando descobri quem ela era, até desmaiei — coçou a nuca, visivelmente sem graça.
— Se sente melhor? — ele se preocupou e ela assentiu de leve. — Como descobriu que era ela? — ele cruzou os braços.
— O sobrenome — contou e ele assentiu.
— Claro — coçou a nuca. — Eu vou assinar o que quer que seja e dessa vez espero que você não fuja enquanto eu falo com a diretora — ela sentiu o rosto queimar de embaraço. — Ou melhor, venha comigo! — a puxou de leve pelo braço.
— Mas — ela começou e ele apenas a encarou, ela sorriu sem graça. — Tudo bem.
♦♦♦
— Oi Oliver — a diretora o cumprimentou, assim que ele atravessou a porta. — Aqui estamos nós de novo — sorriu.
— O que ela fez agora, Margot? — perguntou, se acomodando na cadeira.
— Estava discutindo com uma aluna nova, sobrinha da senhorita Sophia — apontou Sophia. — Estavam brigando pela carteira, mas já está tudo esclarecido. Emma está cada dia mais agitada, se é que você me entende...
— Entendo — Oliver brincou com a chave do carro. — Eu vou resolver não se preocupe, não posso dizer que não vá se repetir, pois eu conheço minha filha, ela é muito imprevisível — Sophia olhou com um muito de inveja, parecia que Oliver conhecia a filha com a palma da mão. Totalmente o oposto dela. — Onde eu tenho que assinar? — ele perguntou e a mulher apontou um papel.
— Obrigada Oliver — a diretora sorriu enquanto ele terminava de assinar. — E mais uma vez, desculpe o inconveniente.
Oliver deu de ombros e logo saiu da direção junto com Sophia.
— Podemos conversar agora? — ele perguntou, enquanto saíam do colégio.
— Claro Olie... — ele a encarou. — Oliver. — se corrigiu, envergonhada.
— Pode me chamar de Olie, Sophia — ele deu de ombros. — Está dirigindo? — ela assentiu. — Vamos com o meu carro, depois eu trago você para pegar o seu. Pode ser?
— Certo, mas para onde você vai me levar? — curiosa.
— Eu conheço um café muito aconchegante e eu acho que não tem lugar melhor do que ele para conversarmos — ela assentiu. — Vamos?
— Vamos — respondeu com um frio na barriga, estava um pouco nervosa com a presença dele, estar tão perto assim de Oliver e não abraçá-lo, beijá-lo, era uma verdadeira tortura para ela.
O caminho também foi em absoluto silêncio, ela observava o veículo, era um lançamento, muito bonito e moderno, no banco de trás tinha um bichinho de pelúcia que ela deduziu ser de Emma. Era muito estranho estar tão perto assim deles como ela estava nesse momento, aquilo parecia um sonho. Jamais imaginou que em tão pouco tempo conseguiria tanto avanço. Logo Oliver estaciona no meio-fio da cafeteria, os dois saem do carro e adentram o recinto. Era um ambiente bastante agradável, tocava uma música leve e tinha algumas poucas pessoas, o local perfeito para conversarem. Oliver pediu uma mesa e os dois se acomodaram.
— Quer tomar alguma coisa? — ele perguntou.
— Um café expresso, por favor — ele assentiu e chamou o atendente.
— Me traga um cappuccino e um café expresso — disse a encarando. — Traz também uns biscoitinhos de chocolate — o atendente saiu. — Está nervosa ou é impressão? — sorrindo de leve.
— Estou sim, na verdade eu estou a ponto de desmaiar de novo e... — é interrompida.
— Não, por favor, Sophia, se acalme. Não pense que vou apontar o dedo pra você, eu sei o que estava acontecendo. Sei que a situação não era boa, eu jamais vou julgá-la.
Sophia deu um sorriso esperançoso. Por que Oliver tinha que ser tão maravilhoso? Teve vontade de tocar o rosto dele e fazer um carinho, assim como fazia quando estavam juntos. Era tão difícil não poder fazer isso.
— E então? Será que agora poderia me responder a razão pela qual você fugiu desse jeito, sem sequer me falar onde estava? — ele perguntou, tirando-a de seus devaneios e ela respirou fundo.
— Olie, como você falou, você sabe muito bem o que estava acontecendo comigo. Sabe o que eu estava passando, eu sei que nada, absolutamente nada justifica eu ter deixado a minha filha, mas eu estava enlouquecendo, você sabe muito bem — ela umedeceu os lábios. — Toda aquela confusão com a minha mãe, aquela situação toda... Eu achei que o melhor para ela era ficar longe de mim — desabando em lágrimas.
— Eu sei, imaginei que fosse por isso — ele assentiu pensativo. — E como eu falei, não sou ninguém para te julgar, Sophia. Nós dois éramos duas crianças, mas eu pelo menos tinha o apoio da minha mãe — suspirou e ela soluçou.
— Você contou sobre o meu problema para Emma? — ela perguntou aflita.
— Não — Oliver respondeu. Os pedidos chegam, o atendente os serve e se retira. — Eu acho que esse assunto é muito delicado, eu estava esperando o momento exato pra explicar a ela, ela ainda é muito imatura pra entender.
— Eu não queria Olie — Sophia enxugou os olhos. — Deus sabe que se eu tivesse em condições emocionais e psicológicas, eu jamais teria feito o que eu fiz. Eu sofro com essa culpa todos os dias.
— Sophia, fica calma — acariciou os cabelos dela. — Eu não quero que chore.
— Me perdoa? — pediu com a voz trêmula. — Por favor, me perdoa.
Oliver a olhou e umedeceu os lábios. Uma pequena parte de seu ser odiava Sophia e queria distância dela. Mas como ele bem disse era uma pequena parte. A grande parte de seu ser era completamente apaixonada por ela e entendia plenamente toda aquela situação que resultou em sua fuga. Não estava em uma guerra interior, longe disso. Estava bem certo de suas escolhas e ele escolheu não odiá-la.
— Eu não tenho nada o que te perdoar, eu senti muito a sua falta e quando você sumiu de repente eu sofri muito, te procurei como um louco... Onde você estava todo esse tempo?
— Estava em Los Angeles, mas só estou morando lá há quatro anos — bateu na testa, com um sorrisinho confuso. — Quer dizer, não moro mais, agora eu voltei para Nova Iorque — contou e ele a encarou.
— E o que pretende fazer agora? — ele tomou um pouco de seu cappuccino.
— Eu queria me aproximar dela — suspirou de cabeça baixa. — Mas ela me odiou.
Ele gargalhou e ela o olhou sem entender.
— O que ela fez para você pensar assim?
— Ela brigou com a Lisa e descontou em mim todas as frustrações, eu acho que foi isso, mas sei lá, eu não ligo se ela me odeia. Ela é minha filha e eu a amo mesmo que ela me apedreje em praça pública — comentou tomando sua bebida.
— Emma é um pouco difícil para se comunicar com as pessoas, ela é um pouco fechada — ele ergueu a sobrancelha.
— E com sua esposa, ela se dá bem? — perguntou o encarando, receosa.
— Perdão? — ele a encarou. — Minha esposa?
— Sim, eu imagino que seja casado — olhou as mãos e ele sorriu de lado.
— Não, eu não me casei — olhando ela, com vontade de rir. — E você? — perguntou e ela sorriu.
— Nem eu — deu de ombros. — Mas por que não se casou? Você é um homem... — Sophia engoliu o seco. — Muito interessante — bebeu mais um gole de sua bebida, completamente vermelha. Ele sorriu de toda aquela vergonha que ela demonstrava, Sophia continuava exatamente igual, seu jeito envergonhado não tinha mudado em nada.
— Digamos que a sua filha é um pouco possessiva — riu e ela encarou confusa.
— Como assim?
— Ela não deixa nenhuma mulher se aproximar de mim, sempre faz alguma brincadeirinha pesada, já colocou animais mortos nos pertences de algumas... — Oliver coçou a nuca e Sophia arregalou os olhos sem jeito. — Cola chicletes nos cabelos de outras, enfim... Fora as agressões verbais.
— Eu não sei o que dizer, eu fico sem graça com você, se não fosse por ela talvez já tivesse encontrado uma boa mulher e...
— Não Soph — negando com a cabeça. — Não fala assim, a minha filha é a coisa mais importante da minha vida e se ela não se sente bem, eu não vou forçá-la a aceitar o que ela não quer — Sophia sorriu.
— Dá pra vê que você a conhece como ninguém...
— Sim, nós somos muito ligados — suspirou. — Mas não sei se tentar se aproximar dela agora seria uma ideia muito boa, ela tem uma visão muito — passou a língua nos lábios procurando a palavra — amarga de você, ela acha que você a abandonou porque não a amava e não gostava dela.
Sophia abaixou a cabeça tristemente.
— Eu não a culpo — mordeu o lábio, olhando as mãos. — No lugar dela eu acho que sentiria exatamente o mesmo.
— Ela é muito novinha, ainda tem muito que aprender e muito que viver — Oliver explicou e Sophia assentiu. — Mas o que está fazendo?
— Estou no ramo da moda... Sou estilista — sorriu mais alegre. — E você?
— Sou publicitário — a encarando, ele procurava não olhá-la muito, mas estava meio que impossível, ela o hipnotizava de uma maneira que ele não tinha como combater. — Tenho uma agência de publicidade e estamos indo muito bem, graças a Deus e ao meu trabalho.
— Eu estou precisando de publicidade, minha boutique nova estreou há pouco tempo — mordeu o lábio. — Pode me dar o seu cartão?
— Claro que sim — pegando a carteira. — Não vai se arrepender — dando um cartãozinho. O celular dele tocou. — É ela — Sophia sorriu ansiosa, ele atendeu. — Oi filha — sorriu. — Faz tempo que você está esperando? — pôs a mão na testa. — Se acalma princesa, eu me distraí um pouquinho — riu. — Não, estou em um café, aquele que a gente sempre vem — pausa. — Ora, o que... O que se faz em uma cafeteria? — riu. — Certo — pausa. — Com baunilha ou sem? — ele franziu a testa. Sophia olhava tentando descobrir o que a filha estava falando. — Tudo bem, eu já estou chegando. Bye — desligou. — Ela já está esperando — se levantando. — É melhor nós irmos.
— Claro — levantando também. — O que mais ela queria? — curiosa.
— Queria que eu levasse alguns biscoitos com baunilha, ela adora esses biscoitos daqui. Vamos buscar — Sophia assentiu.
No caminho de volta os dois trocavam olhares rápidos, não dava para negar que eles ainda tinham um sentimento demasiado forte um pelo outro e estavam satisfeitos em saber que ambos eram livres e desimpedidos. Sophia olhava Oliver e sentia o coração acelerar e com ele era exatamente o mesmo, sentia coisas quando via a garota por qual se apaixonou perdidamente. Sophia fora o seu primeiro amor, sua primeira mulher, sua primeira desilusão amorosa. Em tudo ela chegou primeira em sua vida. E na dela também, Oliver sempre fora o primeiro em tudo.
— Está entregue — ele sorriu assim que chegaram ao colégio.
— Obrigada por tudo Oliver — sorriu sem graça. — Obrigada por não ter me julgado, eu me senti tão bem contigo.
— E você não quer tipo... — Oliver mordeu o lábio — Sair comigo, qualquer dia desses? — ela corou. — É claro, se não tiver problema pra você.
— Claro que não tem problema nenhum — sorriu de canto. — Está me convidando pra sair sozinhos? — ele assentiu.
— Estou — riu. — Mas se você quiser levar uma amiga para se sentir mais à vontade não tem problema algum, eu levo um amigo meu — ergueu a sobrancelha. — Podemos nos divertir um pouco, sei lá...
— Então se é assim, posso levar a Claire — disse animada.
— Claro, e eu levo o Alex, um amigo meu — se aproximou dela. — Pode me dar o seu telefone?
— Si... Sim — gaguejou nervosa pela aproximação — Me dá o seu celular — ele entregou e ela anotou o número. — Aqui está.
— Então eu te ligo para nós marcamos — ela assentiu prontamente e por dentro pulava de alegria. — Tchau — ele lhe dá um beijo no rosto.
— Tchau — ela saiu do carro dele com cuidado para que Emma não visse, encontrou Lisa saindo no portão e a menina sorriu ao vê-la. — Vamos querida?
— É claro tia, você ficou me esperando? — questionou, enquanto iam em direção ao carro. — Vi que seu carro estava estacionado.
— Sim, eu decidi esperar — sorrindo sem jeito. — Estava em uma cafeteria perto daqui — destravou o carro.
As duas entraram e passaram todo o caminho conversando. Sophia estava feliz por pelo menos já saber o paradeiro da filha e mais feliz ainda de saber que sairia com Oliver.
Assim que chegou, viu que Claire já estava com o almoço pronto e a mesa posta. Almoçaram em um clima agradável e Claire perguntou a Lisa o porquê de ela ter discutido, a menina se defendeu como pôde, dizendo que não sabia que o lugar tinha dono. Ao término do almoço Lisa foi tomar banho, Claire e Sophia tiraram a mesa.
— Que bicho te mordeu, Sophia? — perguntou. — Desde que chegaram você sorri, parece que está no mundo da lua.
— Claire — sorriu. — Você nem acredita o que aconteceu — encarou a amiga.
— O que aconteceu? — curiosa.
— Lisa estava discutindo com nada mais nada menos do que a Emma — disse abrindo um largo sorriso.
— Não! — arregalou os olhos e um sorriso espantado surgiu. Sophia assentiu. — Minha nossa! Sério, Sophia?
— Sim, e a menina tem um mau-humor dos diabos — pôs a mão no rosto. — Ela praticamente discutiu comigo.
— E como sabe que é ela?
— O sobrenome, e também por que... — pausa. — Eu o vi Claire.
Claire arregalou ainda mais os seus olhos verdes.
— Viu o Oliver? — Sophia assentiu. — Vocês conversaram? — ela assentiu novamente e Claire deu um gritinho. — Conta tudo! — Sophia contou tudo, desde o início quando chegou ao colégio até a hora que Oliver a convidou pra sair. — E você vai aceitar, não é? — perguntou. — Você tem que aceitar Sophia, quem me dera arrumar uma paquera...
— Eu já aceitei — contou e Claire a olhou maliciosamente. — E você também vai.
— Ah, e eu vou fazer o que lá? — cruzou os braços. — Eu não tenho vocação para vela, Sophia!
— Não seja bocó — rolou os olhos. — Oliver levará com ele um amigo gato — os olhos de Claire brilharam. — E você poderá aproveitar!
— Oh meu Deus — batendo palmas. — É claro que eu quero! E quando será?
— Vou ligar pra ele para confirmar, vamos nos divertir muito! — piscou.
— Com certeza!
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top