Em águas calmas
Essa é uma att especial de aniversário para um leitore (que não me passou o user Kkkkkk), eu prometi uma att de presente não foi? Aqui está, feliz aniversário! (◍•ᴗ•◍)❤
Por favor dêem bastante carinho a essa att, ela demorou um pouquinho para sair pq tem coisas importantes aqui e não quis abordar de qualquer jeito :)
Aproveitem a leitura <3
(...)
Jeon Jungkook
O poder de domar um Deus celestial.
Isso não era somente uma benção, pois era um completo eufemismo chamar algo tão grande de benção, deram a uma criança o poder de controlar um Deus, isso era de fato algo extremamente difícil de digerir. Lembrava-se do Amélia havia contado sobre o nascimento dos dois irmãos, sabia que Ryan era uma dádiva concedida por um Deus benevolente, mas Jungkook se perguntou se os Deuses tinham algum critério para sair "presenteando" os mortais com dons tão importantes. E se realmente havia algum critério, por que eles foram ignorados com Eveline? Jungkook podia ver somente pela postura cabisbaixa da sucessora de Avír que a simples menção da profecia a abalava.
"Eveline, nascida em um eclipse lunar, detentora de uma maldição cruel, ela nasceu com o destino de trazer morte e caos por onde passa. Ela é a filha renegada, a criança que matou a própria mãe após seu parto e mergulhou o reino em uma escassez de chuva durante toda a gestação até seu nascimento".
Por que foram tão bons com Ryan e tão cruéis com Eveline? Sendo Deuses, não deveriam ser bons e justos com todos?
— Vejo que está questionando o porquê de eu ter recebido tamanho presente — Ryan disse encarando Jungkook com um sorriso pequeno. — Eu também não sei... todos dizem que eu tenho o dever de proteger aquilo que me foi dado, de compartilhar meu presente com todos..., Mas, como eu farei isso? É algo que eu também gostaria de descobrir, no entanto.
— Então, seu plano é ir atrás do dragão azul e conseguir uma gota de sangue? — Taehyung resumiu e Ryan assentiu.
— Depois que meu pai morreu e eu assumi o trono, percebi que não tinha muito tempo — Ryan suspirou, fazendo um carinho singelo na mão de Eveline. — Enquanto eu fosse apenas um príncipe, eu poderia focar em minha saúde e meus estudos, mas agora que assumi o trono, minha saúde acabou ficando em segundo plano. Eu preciso cuidar do meu reino, muitas pessoas dependem de mim e não terei muito tempo se eu não...
— Se não se cuidar? — Lia perguntou, fazendo Ryan assentir.
— Eu tenho uma dieta a seguir, não posso fazer esforços físicos e quando sou tomado pelas dores fico acamado por horas. Tenho um médico me vigiando vinte e quatro horas para saber se não peguei nenhuma infecção, não posso tocar em nada sem minhas luvas... Eu passei dezessete anos tentando sobreviver mais um dia e isso reflete no meu reino, que tipo de rei serei se eu sequer consigo visitar meus súditos — desviou seu olhar. — Por isso busquei aconselhamento com Cecília, ela é a única que pode me ajudar desde que Avír se foi.
— Vocês tinham um bom relacionamento com Avír? — Jayce perguntou curioso, fazendo o pequeno rei assentir.
— Ele era nosso professor desde que nascemos, nos ensinou tudo o que sabemos — Ryan explicou. — Partiu tem um pouco mais de um ano... Ele era a nossa figura paterna, pois nosso pai não estava muito preocupado em ser uma.
— Sinto muito — Jayce disse com delicadeza e Ryan sorriu fraco.
— Ele faz muita falta, mas abandonou muito conhecimento que pode nos ajudar — interrompeu sua fala quando o homem que estava no canto do salão anteriormente retornou com uma jarra de vinho. Ele serviu a todos e depois se afastou, voltando a ficar no canto da sala, ao lado da porta. — Avír documentava tudo, era muito estudioso, passava grande parte de seu tempo na biblioteca real, lendo e documentando o máximo de informações que conseguia.
— Sobre o que? — Jungkook perguntou.
— Sobre vocês principalmente, ele fala sobre os elementos na maior parte dos livros, mas também sobre a profecia e conhecimentos que ele adquiriu durante a vida. Posso disponibilizar seus livros, para que possam entender um pouco mais da origem de vocês — Ryan ofereceu e Jungkook assentiu, junto a Lia e Jayce. — Foi ele que descobriu sobre a localização do santuário, assim como colheu o máximo de informações sobre isso para que pudesse me ajudar.
— Então temos uma coordenada? — Taehyung perguntou e o pequeno rei assentiu. — Então por que me chamou para ajudar? Tenho certeza de que você tem navios e corsários para fazer essa busca.
— De fato, tenho um navio e uma tripulação — Ryan suspirou. — Mas Cecília disse que o Dinastia, meu navio guerrilheiro não suportaria a viagem, os homens que eu colocar no mar em busca do santuário não voltarão.
— Por quê? — Taehyung perguntou novamente.
— Primeiramente, porque as águas que banham a ilha ao qual se localiza o santuário, é dominada pela Capitã Ching Shih — o rei explicou, fazendo Taehyung cruzar os braços e se recostar na cadeira junto a um suspiro.
— Quem é ela? — Jungkook perguntou curioso.
— Minha maior concorrente — Taehyung revirou os olhos. — Enquanto eu domino as águas tropicais, ela domina as águas do oriente.
— Nós poderíamos acabar nos encontrando com ela durante a viagem e minha tripulação toda iria morrer — continuou Ryan. — E o santuário só pode ser acessado por Deuses, eu preciso da ajuda de vocês de uma maneira ou de outra.
— E porque especificamente eu — Taehyung perguntou, encarando-o de braços cruzados. — Há outros capitães piratas que poderiam te ajudar.
— Sendo sincero, você é a escolha mais óbvia e apita para minha busca, embora Ching Shih seja muito temida, não teve tanto êxito quanto você em desbravar tesouros. Além de que nunca perdeu nenhuma batalha e chegou aos meus ouvidos que você conseguiu "o tesouro que nenhum outro pirata teve êxito em conseguir".
— Esqueceu-se que eu matei o John Rackam e tomei posse das águas do Caribe — Taehyung listou com orgulho.
— Sim, graças a todos esses feitos você é minha melhor chance de sucesso — Ryan disse sorrindo. — Além de termos um objetivo em comum, que no caso é a cura de nossas doenças. Confesso que fiquei receoso, meu pai não era um amante do trabalho de vocês e a recíproca é verdadeira.
— Mas você não tinha boas opções — Jungkook deduziu e o pequeno rei assentiu.
— Minha melhor opção fora o Capitão Taehyung era o Vernon — Ryan suspirou, fazendo o olhar de Jungkook encontrar o de Taehyung rapidamente, este que não conteve o sorriso perverso. — Mas ele desapareceu no mar depois de sair a procura do Capitão Benjamin, meu pai estava bastante aflito com isso, o que prejudicou ainda mais sua saúde já debilitada pela idade.
— Eu os matei — Taehyung revelou com tranquilidade, fazendo todos na mesa arregalarem os olhos e o encararem com pavor. — Benjamin planejou uma emboscada no Atol das Orcas, que matou diversos companheiros meus e os que sobreviveram ficaram feridos, eu iria até o inferno se precisasse, mas eu o mataria. Ainda fui misericordioso e o deixei em uma ilha com uma bala no mosquete.
"Isso não foi misericórdia, apenas o deixou enlouquecer pela solidão e a fome antes de tirar a própria vida com a bala restante", Jungkook pensou, mas não verbalizou.
— E Vernon? — Ryan perguntou horrorizado.
— Tocou em algo que não o pertencia e usou daquela boca imunda para falar o que não deveria — a expressão de Taehyung se fechou. — Fiz questão de arrancar a língua dele antes de atravessar a lâmina da minha espada em sua garganta.
Apesar de saber que Taehyung era o responsável pela morte de Vernon, entender que as motivações para as suas ações não eram somente baseadas em seu ódio pelos corsários e pelo confronto com a Aurora, faziam as borboletas em seu estômago voarem com força. Talvez não fosse a maneira mais saudável de mostrar que ele já nutria um interesse por Jungkook desde aquela época, mas não conseguiu não ficar feliz por aquilo, até porque Vernon mereceu o que houve com ele. Os olhos de Taehyung encontraram os seus e ele sorriu, fazendo as bochechas de Jungkook corarem, por perceber que estava sorrindo em direção a ele.
— Ah... — Ryan respondeu com a expressão tensa. — Imagino que ele mereceu uma reação tão radical vindo de você.
— Sim, não saio saindo matando pessoas sem um motivo, sou um pirata, não um assassino — Taehyung respondeu.
— Certo, mas de qualquer forma — o rei suspirou. — Marinna era o navio principal da frota do meu pai, o Dinastia apesar de maior, não é tão rápido por conta do calado e da quantidade de canhões, ele é feito propriamente para batalhas, não para velejar. — Ele levantou o olhar e encarou o Capitão com certo nervosismo. — Sei que não tem motivos para aceitar essa proposta, mas eu estou disposto a qualquer coisa para conseguir sua ajuda... posso fornecer tudo o que precisar e aceitarei seus termos, mas por favor, me ajude!
— Qualquer coisa? — Taehyung perguntou com seriedade e Ryan assentiu.
— Posso oferecer a você um tratado de paz e um documento com selo real, dando-lhe passe livre para suas atividades no oceano sem interferência da coroa — o pequeno rei propôs, fazendo Jungkook arregalar os olhos. — Você seria o primeiro pirata a conseguir o apoio de um rei sobre a pirataria.
— E você pode fazer isso? — Jungkook questionou de maneira chocada.
— Há poucos limites sobre o que eu não posso fazer, isso definitivamente não seria um pedido difícil de atender — Ryan deu de ombros, com um sorriso pequeno. — Posso providenciar tudo o que o Capitão precisar para essa busca.
— Suas propostas realmente são muito boas — Taehyung disse encarando a mesa a sua frente, ele ainda estava de braços cruzados. — Mas essa decisão não depende só de mim, você precisa dos Deuses para entrar no santuário, tanto quanto precisa de mim para chegar até lá. Preciso que a minha tripulação concorde com isso.
— Sim claro, gostaria que eu providencie uma caravana para buscá-los? — Ryan ofereceu, fazendo com que Jungkook ficasse ainda mais chocado. — Durante o caminho deles até aqui, posso deixá-los aproveitando o banquete, e irei deixá-los a sós, para que conversem sobre minha proposta. Tudo bem, por vocês?
— Não há problema em trazer minha tripulação até seu palácio? — O Capitão perguntou de cenho franzido. — Somos inimigos da coroa há anos, não teme que minha tripulação possa lhe fazer algum mal?
"Isso não ajuda em nada a ganhar confiança" Jungkook quis revirar os olhos para a fala de Taehyung, pois era nítida a hesitação de Ryan em oferecer uma proposta ao inimigo. O pequeno rei estava tentando esconder, mas suas mãos não paravam de tremer e talvez fosse por isso que Eveline não havia soltado sua mão.
— Claro que temo, mas algo precisa ser feito, precisamos dar o primeiro passo em direção a mudança — Ryan explicou e respirou fundo em seguida, encarando-o com um sorriso tenso nos lábios. — Mas espero que não se sintam ofendidos por eu colocar mais guardas à minha volta... Continuo sendo um rei e talvez seus tripulantes não sejam tão compreensivos quanto você, pois algo que me ajudou bastante foi termos um objetivo em comum, talvez isso seja diferente com eles.
— Sendo sincero, acredito que mais segurança seja realmente necessária — Taehyung riu soprado. — Meus tripulantes, especialmente um entre eles, te odeia somente por ter essa coroa em sua cabeça. E meus marujos são conhecidos por suas performances em batalha.
— Bem, só há uma maneira de resolvermos essas diferenças, não é? — Ryan se levantou, sua mão em momento nenhum se separou da de Eveline, que também se levantou. — Oliver!
— Sim majestade — o guarda que os seguia entrou na sala assim que foi chamado.
— Providencie uma caravana para buscar os tripulantes do Capitão Taehyung, por favor — pediu e encarou Taehyung logo em seguida. — Você poderia escrever uma carta a próprio punho? Temo que eles não aceitem meu convite... — O Capitão assentiu, fazendo Ryan sorrir. — Chame guardas para guardar a sala de banquetes, os deixarei a sós e não quero que sejam perturbados, deverão levá-los a mim assim que estiverem prontos.
— Sim majestade — o tal Oliver se curvou e marchou para fora da sala novamente.
— Bom, os deixarei a sós — o pequeno rei disse oferecendo seu braço a Eveline, que desde que a viram, não disse sequer uma palavra. — Aproveitem o banquete, pedirei para que tragam a tripulação até esta sala, eles podem desfrutar do que quiserem. Quando quiserem me contatar novamente, basta chamar um dos servos que ele o levará até mim.
— Certo, obrigado — Jungkook respondeu, vendo Ryan sorrir.
O olhar do rei voltou-se para Lia, que o encarava também, antes de caminhar para fora da sala ao lado da irmã.
Jungkook observou os dois até que passassem pela porta, acabando por ver o momento em que Eveline virou-se para trás, para encará-lo com curiosidade, mas assim que notou que a encarava também suas bochechas coraram e ela rapidamente desfez o contato visual, o que fez um sorriso surgir nos lábios dele. Era estranho descrever o que sentia em relação aos outros Deuses dos elementos, era como se algo o fizesse sentir uma afeição fraternal inexplicável, como se fossem alguém de sua própria família, mas também tinha medo de confiar naquela sensação de conforto. Jayce e Lia eram pessoas boas, pode constatar isso por si próprio e porque apesar da primeira impressão, todos do Nevrine gostaram da companhia dos dois.
Mas não conhecia Eveline para tirar as mesmas conclusões.
— Isso é definitivamente estranho — Jayce disse com o cenho franzido. Atraindo a atenção de Jungkook e Taehyung.
— O que? — O Capitão perguntou.
— Ele é só uma criança — ele disse após cruzar os braços. — Como puderam jogar uma criança doente no trono?
— A linha de sucessão do trono funciona dessa forma — Jungkook explicou, por passar anos em navios corsários, sabia o básico sobre como funcionava a corte. — Quando o rei ou a rainha morre, se não houver cônjuge, o filho ou filha mais velha recebe a coroa, querendo ele ou não.
— Mesmo que os súditos não aprovem? — Lia perguntou e Jungkook assentiu.
— O herdeiro pode ser um bebê, iriam esperar ele chegar a uma certa idade e o coroariam, com o conselho atuando atrás dele até que tivesse idade para reger sozinho — Jungkook disse, cedendo a fome e pegando um pedaço de bolo. — Caso aconteça algo aos herdeiros, o trono passaria a alguém da família, como um tio ou um primo.
— Monarquia é um negócio assustador — Jayce disse bebendo um pouco do vinho e Jungkook assentiu.
— Então era sobre isso que Amélia tinha falado — Taehyung disse encarando-o. — Sobre ter uma chance de me salvar da doença.
— Sobre estarmos ligados a eles também — Jayce disse pegando outra sobremesa disposta na mesa. — Se Ryan precisa de nós para entrar no santuário, realmente não temos muita escolha. Se formos, pessoas morrem, se não formos, Taehyung e Ryan morrem.
— Iríamos começar uma guerra se não aceitássemos — Taehyung suspira. — Pensem nas possibilidades, Ryan pode parecer jovem, mas ainda é um rei, se ele tiver alianças, minha tripulação e eu seríamos caçados e mortos não importando o tamanho da nossa força ofensiva. Se Eveline assumir o trono, haverá uma revolta da população, ela é considerada uma bruxa por conta de seus poderes e maldição. E se acontecer o mesmo que aconteceu no bangalô. — O Capitão encarou Jungkook, que franziu o cenho confuso. — Pelo que percebi emoções fortes desencadeiam alguma coisa, não estou certo Jayce?
— Sim — o Deus do fogo respondeu com um olhar triste. — Somos uma fonte abundante de poder, somos o próprio elemento, as coisas à nossa volta podem acabar sendo afetadas por conta disso. Mesmo não sendo nossa intenção, às vezes nossos dons transbordam, emoções fortes como raiva, tristeza e medo podem acabar criando um pico de poder que não podemos conter.
— O mesmo poderia acontecer com Eveline certo? — Taehyung perguntou e Jayce assentiu. — Então idealizando uma revolta, os habitantes do reino dela iriam atacá-la, o que ocasionaria em medo excessivo em uma Deusa jovem com o poder de causar uma catástrofe, seria um desastre.
— Então como Jayce disse, não temos de fato uma escolha — Jungkook suspirou. — Teremos que aceitar a proposta e tentar evitar que Eveline ou Ryan tragam o caos para os seres viventes na terra.
— A pessoa que está escrevendo nossos destinos é uma sádica — Taehyung suspirou e todos concordaram com ele.
— Com licença — Oliver pediu ao adentrar a sala. — Vossa majestade pediu para que eu lhe entregasse um papiro e caneta tinteiro. — Referiu-se a Taehyung, estendendo-lhe os dois objetos.
— Entregue-me — o Capitão estendeu a mão, sem se mover do lugar, usando sua melhor feição soberba. Jungkook teve certeza de ter visto, mesmo de longe, a pálpebra de Oliver tremer antes dele caminhar a passos largos até Taehyung e entregar-lhe o que precisava para escrever a carta. — A ideia da monarquia não é tão ruim afinal, gostaria de ter servos como você Oliver. — Desdenhou com um sorriso.
— Não sou um servo — ele respondeu com o maxilar travado. — Sou o escudeiro do rei.
— Ah certo! Um servo com uma espada então — disse sem encará-lo, abrindo o papiro sobre a mesa para que pudesse escrever.
Oliver pareceu não gostar do desdém de Taehyung, pois sua feição contorceu-se em uma enraivecida em segundos. Jungkook viu o momento em que o escudeiro do rei segurou na bainha de sua espada e caminhou em direção ao Capitão, que estava tranquilamente ignorando a existência dele enquanto escrevia, por isso movido pela adrenalina em seu corpo levantou-se e se colocou à frente de Oliver, que recuou. Seus olhos se encontraram e o escudeiro pareceu receoso com o que viu, pois ao invés de soltar a espada ele a segurou com mais firmeza, mantendo os olhos fixos aos seus junto a postura defensiva.
— Para um servo do rei você é bem pretensioso, não é? — Jungkook questionou com a expressão banhada em seriedade. — Coloque-se em seu lugar e não ouse encostar em Taehyung se quiser que sua cabeça permaneça grudada no pescoço.
— Ryan ficará bastante feliz em saber que você atentou contra a vida daquele que ele está tentando formar uma aliança — ouviu Jayce dizer, mas não ousou desfazer o contato visual com o escudeiro, vendo-o morder o lábio inferior e soltar a espada, encarando-os com raiva.
— Se acalmem — Lia interveio com sua voz doce, dessa vez atraindo o olhar de Jungkook, que virou-se para trás para encará-la. A pequena Deusa sorria, bebendo o vinho de seu cálice. — Ele não seria estupido de fazer algo contra três Deuses, não é Oliver?
— Não, não seria — Taehyung respondeu pelo escudeiro, levantando-se e ficando ao lado de Jungkook antes de estender o papiro enrolado em direção a Oliver. — Essa carta deve ser entregue a Lisa ou vocês terão feito uma viagem em vão.
Oliver o encarou com a expressão desgostosa antes de tomar o papiro das mãos de Taehyung e caminhar para fora do salão, abandonando-os como se — novamente — eles não valessem seu tempo. Jungkook revirou os olhos e voltou a sentar-se, disposto a aproveitar a comida oferecida a eles, enquanto Taehyung sorria em sua direção e Jayce falava mal de Oliver de boca cheia, Lia ria das coisas que ele dizia enquanto também comia os doces dispostos na mesa. Esperava que não tivesse que lidar com Oliver e seu nítido desprezo por eles, pois aquela soberba ridícula o estressava.
(...)
— Onde está o restante? — Taehyung perguntou assim que a tripulação chegou ao palácio.
— Entramos em um consenso que não precisavam vir — Lisa explicou. — Apenas os pilares vieram Capitão.
— É melhor assim — Taehyung concordou, encarou a todos e indicou as cadeiras. — Sentem-se, nossa conversa será longa.
Jungkook ainda permanecia sentado ao lado de Taehyung, enquanto a tripulação do Nevrinhe se acomodava nas cadeiras, todos tinham expressões incomodadas, estava estampado no rosto de cada um o quanto estar no palácio os deixavam inquietos. Os presentes no salão eram os pilares do navio que Lisa o havia explicado quando estavam na Taça de Safira tempos atrás, Yoongi o artilheiro, Namjoon o navegador, Jimin o curandeiro, Hoseok o contramestre, Jin o cozinheiro, Jennie a negociante, Jisoo a estrategista, Rosé a edificadora e ela mesma, a imediata. Todos estavam sentados hesitando em comer a comida que estava sobre a mesa.
Yoongi era o que parecia mais incomodado com a situação, mas permaneceu em silêncio ouvindo Taehyung explicar tudo o que havia ouvido do rei e tudo o que Amélia havia contato sobre esse encontro, ele não tocou na comida, como depois de um tempo todos começaram a fazer. Jungkook também permaneceu quieto, apenas ouvindo tudo em silêncio, com sua mente viajando por entre as informações que recebeu e o que Jennie havia dito sobre o castigo de Amélia, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão do que poderia acontecer. Diversas vidas estavam em jogo, era um caminho perigoso e de qualquer lado da balança, ela pendia para a morte.
"Mas quem especificamente ela estava tentando salvar?" Jungkook perguntou a si mesmo silenciosamente, mas a única pessoa que vinha a sua mente era Taehyung.
— Então temos coordenadas, um destino e um objetivo — Namjoon resumiu e Taehyung assentiu. — Mas no caso, o rei e a princesa viriam conosco ou ele quer que nós vamos com ele?
— Não irei navegar em um navio corsário — Yoongi descartou a ideia imediatamente. — Isso é demais para mim.
— Não iremos — Taehyung garantiu. — Ele disse que está disposto a ouvir nossos termos se aceitarmos.
— Isso irá salvar sua vida? — Jimin perguntou e seu irmão assentiu.
— Mais que isso — Jungkook disse atraindo a atenção. — Se o que Ryan falou for verdade, além de curá-lo da doença, o deixará imortal, como Jayce, Lia e eu.
— E Eveline — Lia completou, fazendo-o sorrir.
— E Eveline — Jungkook corrigiu-se.
— E isso salvaria a vida do rei também — Jayce continuou fazendo Yoongi bufar junto a um revirar de olhos. — Não seja injusto Yoongi.
— Injusto? — O pirata o encarou com raiva. — Sabe quantas pessoas os corsários mataram? Quantos piratas foram mortos pelo pai dele? Quantos pais, filhos e irmãos foram mortos por conta deles?
— Então você está culpando uma criança pelos crimes do pai? — Jayce cruzou os braços, encarando-o com seriedade. Jungkook notou que ele tinha a rigidez de um Deus quando fechava a expressão daquela maneira. — Quem fez todas essas atrocidades foi o pai e não o filho, por que Ryan teria que herdar a sentença? Se fosse a pessoa que você perdeu no lugar dele, acharia justo ele ser culpado por um crime que não cometeu?
— É diferente — Yoongi desviou o olhar.
— O que é diferente? — O Deus do fogo ergueu uma sobrancelha. — A diferença é que ele não é um pirata? Ou por que ele nasceu um príncipe?
— Você não sabe... — Yoongi começou encarando-o com raiva, mas foi interrompido por Jayce.
— Está sendo tão preconceituoso quanto os corsários com vocês — sua voz saiu mais firme e grave que antes. — Ryan é apenas uma criança que está doente, ele não mandou sequestrá-los, não apontou espadas e carabinas na cabeça de vocês, ele enviou uma carta, um pedido. — Se possível sua expressão fechou-se ainda mais. — Ele pediu ajuda, tudo o que ele quer é viver, não o condene pelos erros dos outros, ele não tem culpa de ter nascido filho do rei.
Após aquilo o salão silenciou por completo, Yoongi pareceu envergonhado de ter sido repreendido, ele apenas juntou os lábios em uma linha rígida e desviou o olhar, mas não respondeu, como se tivesse aceitado as palavras de Jayce. Jungkook como nos últimos dias, estava quieto, assistindo o Deus do fogo mostrar o porquê fora escolhido por Esh, mostrando que Jennie estava certa e não tinha porque desconfiar de Jayce, pois apesar de esconder seu passado sombrio, não dava a Jungkook motivos para duvidar de sua índole. Todos os tripulantes da Aurora pareciam digerir suas palavras com cuidado.
— Não quero ser rude — Jayce pareceu incomodado com a atenção recebida. — Apenas não quero que tomem uma decisão baseada nos erros do pai dele.
— Odeio admitir... — Taehyung suspirou. — Mas o foguinho está certo.
— Foguinho? — Jayce franziu o cenho.
— Ele está disposto a permitir que pratiquemos a pirataria sem interferência dele e de seus soldadinhos — Taehyung disse ignorando a confusão de Jayce. O Capitão estava confortavelmente sentado na cadeira de maneira relaxada, bebendo algo em um cálice de prata.
— O que? — Rosé perguntou chocada. — Ele está querendo legalizar a pirataria só para conseguir a nossa ajuda?
— Isso mostra o quanto ele está desesperado — Lisa disse chocada.
— Sobre Ching Shih — Taehyung disse com um sorriso pequeno no rosto. — Qual tal tomarmos o domínio dos mares do oriente também? — Os tripulantes gritaram um "huh" em uníssono, concordando com o Capitão.
— Então todos estão de acordo? — Perguntou esperançoso e os tripulantes aceitaram, fazendo-o abrir um grande sorriso.
— Então vamos logo com isso? — Hoseok se levantou, colocando a mão na cintura junto a um sorriso. — Estou ansioso para mais uma aventura de vida ou morte.
Todos riram enquanto Taehyung chamou um dos servos do palácio, pedindo para levá-los até o rei. Vários guardas se puseram de prontidão assim que a porta foi aberta, Jungkook reparou que a concentração deles aumentou muito, mostrando que Ryan temia por sua vida apesar de tudo o que havia dito, o que o fez soltar um riso soprado, pois apesar das capas e da coroa em sua cabeça, ele era apenas um garoto. Quando chegaram novamente na sala do trono, o servo anunciou a chegada deles e a porta foi aberta após uma confirmação, do rei, mas diferente de quando haviam chegado, Ryan estava em pé e Eveline sentada. Porém, assim que os viram, a Deusa do ar se levantou e colocou-se ao lado do irmão, que manteve a postura ereta.
— Bem-vindos ao meu palácio, espero que tenham aproveitado o banquete — Ryan disse com um sorriso amigável.
— Estava tudo uma delícia! — Hoseok pronunciou-se, fazendo os tripulantes reviraram os olhos, junto a um sorriso.
— Fico contente que tenha gostado! — O pequeno rei abriu um sorriso maior, nitidamente contente por ter sido bem recebido por Hoseok.
Aquilo pareceu alegrar Eveline, que sorriu, atraindo todos os olhares para ela. Notou desde que a viu pela primeira vez que ela era uma garota quieta, mas não havia sorrido nem uma vez e desconfiou que não tinha motivos para tal durante a conversa que tiveram, mas Jungkook achou uma pena, porque seu sorriso era lindo. Eveline era linda, seu vestido era branco e tinha detalhes prateados, junto com as jóias e adornos em seu penteado, que consistia em pequenas tranças e cachos enfeitando seu cabelo solto. Ao contrário dos vestidos de outras mulheres, o dela a cobria por inteiro, deixando somente os ombros e os braços expostos, deixando-a com a aparência ainda mais jovem. Ao olhar em volta Jungkook percebeu que todos estavam encantados por ela.
— Temos uma resposta — Taehyung disse quebrando o silêncio que se formou na sala do trono, com a feição banhada em neutralidade. Ryan assentiu, o sorriso desapareceu de seu rosto, deixando a apreensão tomar seu lugar. — Meus tripulantes e eu aceitamos sua proposta. — Os olhos do rei brilharam antes de um sorriso imenso surgir em seus lábios, deixando ainda mais nítido os traços idênticos ao de sua irmã. — Mas claro, temos algumas exigências.
— Certo, estou disposto a cumpri-las — Ryan assentiu.
— Iremos viajar no Nevrine, mas precisamos abastecer e nos fortalecer antes da viagem, pois atravessaremos o oceano e isso levará muitos dias — Taehyung começou levantando o indicador direito para listar as exigências.
— De acordo, providenciarei tudo o que for necessário — o rei assentiu novamente.
— Permitiremos que nos acompanhe apenas você, sua irmã e mais uma única pessoa — Taehyung levantou o dedo médio também, listando a segunda exigência. Ryan arregalou os olhos.
— Apenas mais uma? — Perguntou chocado, seu olhar desceu até seus pés, o vinco em sua testa mostrou que estava imerso em seus pensamentos. — Mas... tenho guardas, escoltas, servos e médicos cuidando de mim.
— Meus tripulantes aceitarão apenas você, sua irmã e outra pessoa entre eles no navio, não encheremos um navio pirata de guardas e servos, não estamos fazendo uma viagem a lazer, esteja ciente que não temos luxos ou alguém para nos bajular — o Capitão disse com a feição séria. — Nos garantimos em guerrilhas com o que temos, não precisamos de guardas e temos um médico, passe o que precisa para ele que Jimin fará o que for necessário para lhe ajudar.
— Isso não é discutível, não é? — Ryan suspirou e Taehyung negou. — Não tenho muita escolha então, passarei todos os dados sobre minha doença ao seu médico e tudo o que preciso, levarei apenas meu escudeiro.
— O homem pretensioso? — Jungkook questionou cruzando os braços, direcionando seu olhar ao tal Oliver, que estava no canto da sala e arregalou os olhos ao ter a atenção voltada a ele.
— Pretencioso? — Ryan franziu o cenho e o encarou com confusão. — Por que diz isso?
— Seu escudeiro cede fácil a raiva — Jungkook respondeu, sem tirar os olhos de Oliver. — Ele costuma sempre ter atitudes agressivas quando as coisas não saem de acordo com seus desejos?
— Agressivas? — O rei o encarou em choque, antes de direcionar o olhar para seu escudeiro. — Oliver, o que fez?
— Partiu para cima de Taehyung após ser provocado — quem respondeu foi Jayce, que também encarava Oliver com sangue nos olhos. A tripulação do Nevrine também encarou o escudeiro, que pareceu tenso. — Foi impedido somente quando Jungkook se colocou em seu caminho.
— Oliver desculpe-se imediatamente — Ryan ordenou com a voz séria, mostrando que a coroa sobre sua cabeça não era um mero enfeite. O escudeiro rapidamente postou-se de maneira ereta antes de virar-se em direção a Taehyung, curvando-se em direção a ele.
— Sinto muito pela minha atitude impulsiva, eu...
— Quero desculpas Oliver, não justificativas — Ryan o cortou, o escudeiro assentiu e continuou.
— Peço desculpas Capitão Taehyung, tem minha palavra que isso não voltará a se repetir — disse com a voz mais firme. Jungkook viu que ele segurava a bainha de sua espada com força, mas gostou de ver Ryan colocando-o em seu lugar.
— Desculpe pela atitude insubordinada de meu escudeiro Capitão — o rei pediu. — Ele normalmente não age dessa maneira, porém ele também não tem muitos motivos para gostar de piratas. Seu irmão mais velho estava na Marinna. — Todos os tripulantes do Nevrine olharam uns para os outros, mas o olhar de Jungkook caiu sobre Yoongi, que tinha os lábios comprimidos e evitava a todo custo olhar para Jayce.
— Entendo sua dor — Taehyung falou, dirigindo-se a Oliver. — Mas espero que isso não se repita, pois seu irmão morreu em uma luta contra piratas, assim como meus companheiros também morreram pelas mãos de corsários.
— Apesar deste feito, Oliver é o melhor dos meus guardas, ele defendia o meu pai e agora defende a mim — Ryan explicou. — Por isso gostaria que ele fosse, ele poderia ajudar contra Ching Shih.
— Alguém contra? — Taehyung olhou para trás, perguntado aos tripulantes da Aurora, que negaram. Mas o olhar do Capitão dirigiu-se a um tripulante em específico. — Yoon?
Yoongi encarou Oliver, mas desviou o olhar e sem dizer nada, apenas negou com a cabeça, fazendo o Capitão sorrir.
— Estamos de acordo — Taehyung disse ao rei, que também sorriu.
— Há algo mais que eu possa fazer? — Ryan perguntou.
— Apenas que mantenha sua palavra sobre nos dar passe livre sobre os oceanos quando tudo isso acabar — o Capitão falou encarando o rei com seriedade.
— Podemos fazer o documento antes de nossa partida se preferir — o pequeno rei propôs junto a um sorriso.
— Perfeito — Taehyung também sorriu.
(...)
Dois dias depois...
Jungkook estava sentado na borda do Nevrine com o diário de seu pai nas mãos, com os pés em direção ao mar, enquanto os guardas e servos de Ryan carregavam o navio com suprimentos e tudo o que precisariam para aguentar a viagem até às águas orientais. Mas estranhamente Jungkook sentia um frio na barriga, um aperto no peito e a sensação de que as coisas dariam muito errado, olhando para Jayce, Lia e até mesmo Eveline, todos estavam com a mesma expressão de receio, como se pudessem pressentir algo ruim a caminho. O rei e a princesa não estavam vestindo capas longas e vestidos, estavam usando camisas e calças confortáveis, mas ainda assim, estavam estupidamente bonitos e formais com as roupas que vestiam.
Mas o que chamou a atenção de Jungkook foi a espada que Ryan carregava, apesar de Eveline carregar uma também, a dele tinha uma coloração escura, como se fosse feita de carvão.
Oliver estava ajudando no carregamento e apesar de todos os tripulantes lhe lançarem olhares tortos ocasionalmente, ninguém lhe dizia algo ou permanecia próximo por muito tempo, apenas ignoravam sua presença. Taehyung estava um pouco febril e pálido, mas mesmo estando indisposto ele ajudou no carregamento, que incluía comida, armas, munições e remédios. Jimin estava conversando com o médico de Ryan, assim como ele estava lhe entregando diversos livros sobre medicina e materiais que poderiam ser muito úteis caso alguém se ferisse gravemente. Mas apesar de estar vendo pela primeira vez piratas trabalhando junto a homens do rei, aquilo não lhe trazia conforto, seu peito ainda estava apertado, o mal pressentimento apenas aumentava.
Quando o navio estava completamente carregado, Ryan despediu-se de seus servos e do público que os assistia desde que o rei apareceu, todos gritavam e o ovacionaram, mas a reação deles foi diferente de quando Eveline subiu no Nevrine, todos a vaiaram. Jungkook deixou o diário de seu pai preso ao seu cinto, enquanto ajudava a tripulação a fazer o Nevrine navegar, Eveline e Ryan estavam sentados, tentando não atrapalhar. O mar estava calmo, sinais que não haveria tempestades mais a frente, o vento também estava a favor deles e por conta disso o Nevrine quase não balançava, o que era estranho, já que estavam no verão e tempestades eram comuns.
"Será que é a influência de Ryan no navio?" perguntou em sua própria mente.
Quando estavam bastante afastados de Vallone, Taehyung, Jungkook, Namjoon e Ryan se reuniram na cabine para conversarem sobre as rotas mais seguras e rápidas, concordando que cruzaram o oceano com o objetivo de evitar Ching Shih, mas que não iriam fugir caso a encontrasse. Taehyung estava medicado com um chá medicinal feito pelo médico real, que havia o deixado um pouco sonolento, mas que havia abaixado sua febre, por isso no final da tarde todos sentaram-se no convés para aproveitar a calmaria do oceano enquanto Lisa navegava o Nevrine. O Capitão adormeceu em seus braços, enquanto os dois estavam sentados, com ele sentado com as costas em seu peito e entre suas pernas, enquanto Jungkook cantarolava a música que sua mãe o ensinou.
Teriam ficado naquela calma, se não tivessem ouvido o som de algo caindo e um grito de Rosé, que fez Taehyung levantar às pressas e Jungkook encarar a cena confuso. Jisoo havia caído no chão e permaneceu ali até que Rosé e Jennie correram para ajudá-la.
— Você está bem?! — Rosé perguntou preocupada, ajudando-a a se sentar. Taehyung rapidamente se levantou e correu para ajudá-la, igualmente a Jungkook e quase todos os tripulantes.
— Estou bem... — Ela disse tentando sorrir, mas estava pálida e parecia não suportar o peso do próprio corpo. Hoseok que estava mais próximo a pegou nos braços e a sentou em uma cadeira, enquanto Taehyung corria para buscar um pouco de água.
— O que houve? — Jennie perguntou a ela, que negou a cabeça com uma expressão confusa.
— Eu não sei, estava quente demais e eu fiquei tonta — ela levantou a cabeça e respirou fundo, aceitando o cantil que Taehyung estendeu a ela.
— Você está pálida — Jennie disse tocando a palma em sua testa, mas gritou e afastou sua mão rapidamente, assustando todos que estavam próximos a ela. — AI MEU DEUS!
— O que foi?! — Taehyung perguntou assustado.
— VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA! — Jennie disse com um sorriso imenso, fazendo todos arregalarem os olhos. Jungkook também estava com os olhos arregalados, encarando Jisoo, que parecia em estado de choque com o que a amiga havia acabado de revelar, mas o mais cômico foi todos olhando uns para os outros com expressões perplexas. — Por isso você passou mal, você está esperando um bebê!
— Não, o que? — Jisoo franziu o cenho e depois riu incrédula. — Não, isso é impossível...
— E eu alguma vez já errei nas minhas previsões Soo? — Jennie perguntou sorrindo, deixando Jisoo ainda mais pálida.
— Isso não pode ser verdade... — Ela cobriu a boca com as mãos, ainda em choque com a notícia.
— A notícia que não quer calar é quem é o pai? — Rosé perguntou com um sorriso ladino. — Não tivemos tempo para namorar por conta das coisas que aconteceram e você passou os dias de descanso comigo, então é alguém daqui... Quem é o futuro papai?
Jisoo arregalou os olhos e seu olhar foi em direção a Hoseok, que estava tão pálido quanto ela. Não precisou de mais nada antes da tripulação começar a gritar e parabenizar Hoseok, que parecia estar prestes a desmaiar, enquanto Jisoo ainda permanecia em estado de choque, sentada na cadeira. Taehyung riu e caminhou até Hoseok, dando-lhe parabéns junto a algumas batidinhas em suas costas, enquanto ele abria e fechava a boca, sem saber o que dizer. Yoongi riu e o abraçou, fazendo piadas sobre sua falta de reação e deixando-o com as bochechas coradas, mas logo um sorriso singelo surgiu em seus lábios quando seu olhar encontrou o de Jisoo, que apesar de ainda assustada, sorriu pequeno também.
— Então era isso que vocês faziam quando estavam de vigia durante a noite? — Taehyung perguntou e Hoseok coçou a nuca.
— Foi apenas uma vez Capitão... — Ele disse envergonhado.
— Então vocês não estão namorando? — Jimin perguntou e os dois negaram.
— Concordamos que era apenas um caso — Jisoo respondeu com um sorriso pequeno. — Somos grandes amigos e naquela noite cedemos a atração, mas não mudou nada desde então.
— Ah, pois vai mudar bastante coisa agora — Jungkook riu de braços cruzados. — Vocês serão papais.
— Soo está tudo bem? — Hoseok perguntou se aproximando dela e ficando de joelhos em sua frente. — Isso foi algo inesperado, como está se sentindo sobre isso?
— Eu não sei? — Ela riu soprado, mas mordeu seu lábio inferior e o encarou em dúvida. — Nunca pensei sobre ser mãe, assim como eu acho que você também nunca pensou em ser pai. — Hoseok assentiu. — Mas acho que vamos ter que descobrir, não é?
— Eu prometo, que eu não serei como a maioria dos piratas idiotas e assumirei a responsabilidade — Hoseok segurou em sua mão e deixou um beijo delicado sobre ela, arrancando um sorriso de Jisoo, que assentiu. — Não temos nada definido além da amizade, mas se decidir deixar do jeito que está ou tentar algo mais sério, não irei recuar.
— Fofo — Jennie disse atrás dele, fazendo os dois rirem.
— Vamos manter as coisas como estão e deixemos que o futuro se encarregue do resto — ela respondeu, arrancando um grande sorriso de Hoseok, que assentiu. — Mas falando sobre outra coisa agora... Você está girando.
— Jimin ajuda aqui! — Hoseok pediu, segurando Jisoo quando ela pareceu perder a estabilidade novamente.
— Não há muito o que fazer além de tirá-la debaixo do sol, leve-a para a sombra — Jimin instruiu.
— Leve-a para minha cabine — Taehyung pediu e Hoseok assentiu, pegando Jisoo em seus braços.
Hoseok a carregou em direção a cabine do Capitão, enquanto todos abriam caminho para que eles passassem, assim que estavam dentro do pequeno cômodo ele a colocou deitada na cama. Jisoo ainda estava consciente, mas parecia estar mal a julgar pela testa franzida e pela palidez em seu rosto, ela suava frio e segurava na mão de Hoseok, que não havia saído do seu lado. Jimin havia pegado uma bandeja e tentava ventilá-la, para abrandar o calor e amenizar sua tontura, mas não parecia muito eficaz, porém, ele não parou de fazer vento. Os tripulantes haviam ficado do lado de fora a pedido de Taehyung, pois Jisoo estava mal e não precisava de uma plateia assistindo, por isso quando a porta da cabine foi aberta o olhar do Capitão logo encarou a pessoa que o desobedeceu.
— Com licença — Ryan disse colocando a cabeça para dentro. — Acredito que eu possa ajudá-la...
— Qualquer ajuda é bem-vinda — Jimin respondeu, fazendo o pequeno rei assentir e entrar na cabine, fechando a porta logo em seguida.
— O que fará? — Jungkook perguntou confuso, ao vê-lo tirar uma de suas luvas. Mas seus olhos ainda estavam focados em sua espada com a coloração estranha, fez um lembrete mental de perguntar sobre ela em um outro momento.
— Quando meu pai estava doente, mandava me chamar — Ryan explicou, caminhando até a cama e colocando a palma de sua mão na testa dela, fazendo a expressão de Jisoo suavizar e ela suspirar aliviada. — De alguma forma, meu toque alivia qualquer mal-estar, apesar de não curar o que esteja o causando.
— Caramba sua mão está geladinha — Jisoo disse sorrindo aliviada.
— Acho que vai ter bastante trabalho Ryan — Jimin disse rindo, fazendo o pequeno rei encará-lo com o cenho franzido.
— Por quê? — Ele perguntou.
— Jisoo está sob um navio em alto mar, a gravidez irá deixá-la bastante mareada — Jimin explicou, vendo um bico surgir nos lábios da pirata.
— Se meu toque irá aliviar seus enjoos, ajudarei com prazer — o pequeno rei sorriu. — Estava em agonia por não poder ajudar em nada por conta de minha saúde.
Antes que Jimin pudesse responder algo atraiu a atenção de todos, que no caso foi uma crise de tosses de Taehyung, que colocou a mão sobre a boca e virou-se de costas. As tosses eram secas e pareciam dolorosas, por isso Jungkook aproximou-se e acariciou suas costas, esperando que a crise passasse e quando finalmente pareceu cessar, em vez de sentir alívio o medo o tomou com força ao ver o sangue manchando a palma da mão de Taehyung. Jungkook em desespero segurou o rosto do Capitão e pode ver o sangue manchando seus lábios, o que fez o aperto em seu peito aumentar imensamente de intensidade.
— Meu tempo está acabando... — Taehyung disse encarando-o com pesar.
~🖤~
Eita :)
Uma dica que eu dou a vocês: se atentem aos detalhes.
Nada é colocado nessa fic sem razão ͡° ͜ʖ ͡°
Interajam comigo no twitter?
#dentesdodiabo
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