Capítulo 13

ENTRE A VIDA E A MORTE

O tempo parecia ter parado para João. As palavras que ele havia dito a Maria naquela noite, as palavras que a feriram profundamente, ecoavam em sua mente, como se o condenassem a um tormento sem fim. Ele sabia que havia cometido um erro, um erro irreparável. Sentia-se perdido, mas ao mesmo tempo, tentava desesperadamente encontrar uma maneira de se redimir.

Ele estava sentado no sofá, olhando para o celular, esperando uma resposta dela, que não chegava. Ele queria pedir desculpas, dizer que amava Maria com todas as forças que tinha, que ela era a razão de seu mundo funcionar, mas não sabia como. O medo de a perder o consumia, e a cada minuto que passava, a angústia de não saber o que estava acontecendo com ela o devorava.

Maria estava em casa, se sentindo quebrada, tanto fisicamente quanto emocionalmente. O incidente com João ainda martelava em sua cabeça, mas o que mais a machucava era o fato de ela não conseguir acreditar que ele havia se afastado. Ela o amava tanto, mas parecia que as palavras dele haviam colocado uma distância irreparável entre eles.

Naquela manhã, ela estava indo para a faculdade, tentando manter a rotina, mas algo parecia não estar certo. Ela sentia uma dor inexplicável, uma dor que não conseguia identificar. Talvez fosse apenas o cansaço, talvez fosse o estresse do que acontecia entre eles. No entanto, a dor logo se transformou em algo mais intenso, algo que a fez dobrar os joelhos.

Ela não conseguiu chegar ao hospital sozinha. Quando Maria chegou ao pronto-socorro, estava pálida, com dificuldade para respirar e uma sensação de desmaio iminente. Foi então que o pânico tomou conta de todos que estavam ao seu redor, incluindo João.

O Desespero de João

João estava no campo, treinando para o próximo jogo, quando recebeu a ligação. O nome de Maria na tela fez seu coração disparar. Sem pensar, ele atendeu, e a voz desesperada do médico do hospital o fez quase perder o equilíbrio.

"João, você precisa vir agora. Sua namorada está em estado grave. Ela sofreu um acidente e perdeu muito sangue. Estamos fazendo tudo o que podemos, mas..."

O resto da frase desapareceu na agonia que tomou conta de João. Ele não esperou mais, correu do campo sem nem trocar de roupa e entrou no carro, dirigindo em alta velocidade, as palavras do médico ecoando em sua mente como um pesadelo que ele não conseguia afastar.

No hospital, o ambiente estava sombrio. O rosto de Maria estava pálido, com tubos e monitores ao seu redor. João mal conseguia acreditar no que via. Ela parecia tão frágil, tão distante. O médico que a atendia o conduziu até a sala de espera e, com um olhar grave, explicou a situação.

"Ela sofreu um acidente e o bebê não resistiu. O que precisamos agora é decidir, João. Maria está entre a vida e a morte. Ela perdeu muito sangue, e precisamos de uma decisão rápida. O quadro dela é instável, e precisamos decidir o que fazer."

João olhou para o médico, sentindo que o chão estava se abrindo sob seus pés. A dor era insuportável, mas o dilema que ele enfrentava agora parecia ser ainda mais cruel.

A Decisão Impossível

"Eu... eu não entendo", João disse, com a voz trêmula. "Como assim? O que está acontecendo com ela? Como posso decidir?"

O médico respirou fundo. "Maria está lutando por sua vida. A perda do bebê foi muito grave, e ela está entre a vida e a morte. Se não tomarmos uma decisão rapidamente, ela pode não resistir. Você precisa escolher, João."

O que o médico disse a seguir foi o que mais o devastou: "Se continuarmos com os tratamentos, podemos salvar a vida dela, mas isso vai comprometer ainda mais sua saúde. Caso contrário, se decidirmos que ela deve ser desconectada dos aparelhos, ela pode partir."

João se sentiu como se estivesse sendo esmagado por uma enorme carga de culpa e amor. Como poderia tomar uma decisão dessas? Como poderia escolher entre salvar Maria e perder o bebê, ou deixá-la ir para salvar a sua vida?

Ele entrou no quarto de Maria, o coração pesado e a mente em pedaços. Ela estava inconsciente, mas ainda parecia estar lutando, ainda parecia estar esperando por ele, como sempre fizera. Ele segurou sua mão, beijou sua testa com lágrimas nos olhos, e sussurrou com a voz trêmula:

"Eu te amo, Maria. Eu te amo mais do que qualquer coisa neste mundo, e não sei o que seria de mim sem você. Por favor, não me deixe. Não me deixe sozinho. Mas se você realmente precisar ir, eu vou entender. Eu só quero que você fique bem. Se for para te salvar, eu vou fazer qualquer coisa, Maria."

O tempo parecia ter parado, e a decisão de João nunca foi tão difícil. Ele olhou para o monitor que mostrava o batimento cardíaco de Maria e, por um momento, sentiu que nada mais importava além de vê-la bem, feliz e ao seu lado.

O Caminho da Esperança

Horas depois, Maria acordou. Sua visão estava embaçada, e o som do hospital parecia distante, mas ela podia sentir a presença de João ao seu lado. Sua respiração estava leve e sua mente ainda atordoada. Ela olhou para ele, vendo seus olhos marejados e sua expressão de dor. Então ela sussurrou, com uma voz fraca:

"João... o que aconteceu? Eu... eu não consigo lembrar..."

Ele sorriu, mas seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas. "Você está bem, Maria. Você está aqui. Você vai ficar bem."

Ele beijou sua mão e a segurou forte. "Eu nunca mais vou te deixar, eu prometo. Eu só preciso que você fique bem. Eu não posso viver sem você."

Maria olhou para ele, seu coração batendo mais rápido. Ela sentiu a dor da perda, mas o olhar dele a fez sentir um alívio. Ele havia tomado a decisão certa, uma decisão de amor. E, apesar de tudo o que aconteceu, ela sabia que, juntos, eles poderiam superar qualquer coisa.

Continua..

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