Capítulo 04
Capítulo 04
Rabeck olhou para doutora e soltou um sorriso amarelado, ela parecia uma chaleira prestes a explodir. Haila já estava se preparando para sair junto de uma mãe bem irritada que iria falar do quanto aquela médica era desumana e insensível por exigir que uma mãe saísse da consulta de sua própria filha.
Porém foi aí que tudo ficou mais entranho. Uma Rabeck de rosto avermelhado levantou-se e disse.
—Se assim deseja, doutora esperarei lá fora, qualquer coisa basta me chamar que terei o prazer de ajudar. —Sorriu para as duas e saiu da sala deixando uma Haila sem palavras literalmente com sua ação.
A médica respirou profundamente e voltou a sentar-se, sorriu carinhosa para Haila.
—Ela e implacável, não é? —Arrumou os papeis sobre a mesa para poder retomar a consulta.
—Ela e muito protetora, por isso age dessa maneira comigo. Não a leve a mal. —Tentou ponderar.
—Eu estou nessa área a muito tempo para saber o que é proteção e dominação. Mas não vamos falar sobre isso agora, me diga quais curiosidades você tem e dúvidas sobre os exames. Temos muito tempo para falar.
—Não tenho dúvidas, confesso que já sei sobre a maioria. —Sentiu-se sem graça.
—Muito bem. —Sorriu. —Agora vou pedir para uma enfermeira levá-la a sala de coleta para colher seu sangue. Vamos preparar os exames pré-nupciais que sua mãe tanto deseja. —Anotou em seu prontuário. — Creio que você nunca tenha feito sexo, não é?
—Não. —Haila quase gritou o não. Depois sentiu-se estupida por isso.
—Tudo bem, eu já imaginava. Porém tenho que fazer algumas perguntas a você sobre sua saúde. E de praxe para esses exames. Entende?
—Está bem. —A cadeira parecia desconfortável naquele momento.
—Você sente dores abdominais, cólicas muito fortes, sua menstruação e regular?
—Não sinto dor, as cólicas são leves e sim, vem regularmente todos os meses.
—Muito bem. —Anotou. — Sua família tem algum caso de câncer colo-uterino ou de mama? A casos de câncer em sua família?
—Que eu saiba não. Mas um tio teve câncer na próstata.
—Certo. — Anotou. —Você deseja tomar algum método contraceptivo, iniciar agora talvez.
Haila ponderou, se tomasse remédios para evitar filhos por enquanto seria muito bom, mas sua mãe abominaria esse tipo de coisa. Ela desejava ser avó o mais rápido possível.
—Melhor não.
—O que você me disser aqui nessa sala está no sigilo médico e paciente, o que você me pedir para fazer eu farei e ninguém saberá. —A doutora amorosa a olhou. —Haila eu já vi muitas meninas como você aqui, esse casamento para você parece ser algo que você não deseja, seu rosto mostra que você não deseja estar aqui. Só desejo a ajudar, fique ciente disso.
—Eu sei, doutora. Mas é melhor não tomar nada. Obrigada.
—Muito bem. Se é assim, eu não posso fazer muito. —Anotou os exames que ela faria em um papel e levantou-se. —Aqui, a secretaria vai conduzi-la até a sala de coleta. Eles devem ficar prontos em três dias. A clínica liga para virem buscar o resultado e com eles em mãos você volta para falar comigo. Okay. — Desviou a mesa e ficou ao seu lado.
—Sim senhora, obrigada doutora. —Haila agarrou os papeis e caminhou até a porta onde Candice abriu e chamou a secretaria.
—Loren, leve a senhorita para sala de coleta. —Acenou para Rabeck que já estava ao lado da filha e fechou a porta.
Haila junto de sua mãe seguiu o corredor para uma sala no fim do corredor. Uma mulher abriu a porta e pediu que entrasse, Haila sentou-se na cadeira e estendeu o braço no estribo, a enfermeira calçou as luvas, agarrou duas bolas de algodão embebidas no álcool 70%, o garrote foi preso ao seu braço e com maestria a enfermeira buscou uma veia que fosse de fácil acesso para retirada do sangue, e com isso colheu dois pequenos tubos cheios de sangue. Os deixou dentro de uma pequena caixa, o segundo algodão foi pressionado contra o pequeno furo até que ela colou um adesivo transparente.
—Pronto. Resultados em três dias estão disponíveis. —Ela agarrou novamente os tubos e assinalou com os números do pedido HMD9352020. Deixando dentro de outra caixa com outras amostras que logo viriam buscar para serem levadas ao laboratório.
Haila e Rabeck saíram da clínica direto para uma das lojas que sua mãe era frequentadora assídua, Rabeck quase toda semana comprava roupas novas para ela a filha e o marido, por estarem sempre pregando na GAL e viajando ministrando a palavra ela sempre estava impecável.
O mais incrível daquilo foi que sua mãe no caminho não lhe fez perguntas sobre a consulta e nem nada relacionado a elas. Parecia estar mais interessada nas roupas que a filha usaria no jantar daquela a noite com a família e Elijah.
A boutique chique ficava bem no centro de Paris, a dona do lugar era uma das fiéis da igreja. Sempre fazia muita questão de atendê-las pessoalmente.
Assim que o carro parou na porta de entrada da loja a mulher já estava as esperando com as portas abertas.
Haila caminhou logo atras de sua mãe como um cordeiro para o abate. Foram horas experimentando vestidos, até que sua mãe escolheu três deles. Já estava exausta quando finalmente foram para casa.
Clínica...
A enfermeira depois de armazenar todos os tubos de ensaio com sangue coletados naquele dia em uma maleta própria para o transporte e assim enviá-los para a clínica que faria as análises deixou as anotações sobre a mesa e saiu. Um funcionário da clínica que faria a análise logo viria buscar as amostras. E assim foi feito, as amostras de sangue foram levadas para o laboratório e analisadas pelo especialista.
A amostra HMD9352020 foi a primeira a ir para centrifugação e ser analisada, em seguida várias outras passaram pelo mesmo processo.
Porém naquele dia uma sucessão de erros e coisas diferentes estava acontecendo, o rapaz que as analisava não havia feito todos os procedimentos necessários para iniciar os processos com as amostras, não havia limpado as lâminas como deveria, as luvas estavam rasgadas e seu computador estava sofrendo uma pane por um vírus que ele mesmo deixou entrar ao acessar sites pornográficos. Ele também estava cansado, havia discutido com a esposa, o chefe havia o deixado cheio de trabalho e ele não se sentia bem nas últimas semanas pelo cansaço físico e mental que o sobrecarregou.
Naquele momento as estatísticas diziam que aqueles exames tinham uma imensa chance de darem resultados incoerentes, isso era uma chance de 99,9% de certeza. E quais fossem ele com toda certeza iria mudar a vida de algumas pessoas.
Aspen saiu do tribunal com o sentimento de vitória estampado no seu sorriso largo que exibia. Depois de uma árdua batalha judicial onde estava defendendo um homem que foi enganado pela esposa que transferiu todos os seus bens para o amante e isso o levou à bancarrota. E com uma jogada de mestre ele não só conseguiu que o juiz devolvesse todos os bens ao marido traído, como a esposa devera pagar uma multa por danos morais. Os dois estavam felizes quando foram para um restaurante próximo ao tribunal comemorar aquela magnifica vitória.
—Agora entendo por que dizem que você esmaga tudo no tribunal, Aspen. — O homem sorria para o vento quando entrava no restaurante.
—Eu disse a você que iria conseguir não disse. —Sorriu. —Ela não tinha chance alguma, deixou muitas pistas dos seus erros, e foi prazeroso arrancar o sorriso de vitória do rosto do Antoine, ele sempre se gabou por ter me derrotado nos tribunais anos atras, mas eu era novo e não era o que sou hoje. —Animado sentou-se.
—Eu nem sei o que dizer. —Ele agora estava emocionado olhando-o. —Achei que estava tudo perdido. Deveria ter ido até você antes de ir em busca de outros advogados que só tiravam meu dinheiro. Achei que havia perdido tudo que batalhei durante anos para conquistar. Muito obrigado. Você valeu cada centavo que investi, e ainda vou te dar um extra por isso.
—Não se preocupe com isso, vamos comemorar essa batalha ganha. Falamos de dinheiro depois. —Ele animado pediu bebidas.
E com isso comemorou mais uma de suas vitorias, contudo essa tinha um gosto diferente. Antoine era um advogado muito bom, no entanto sua rivalidade com ele vinha de longa data, desde que ele lhe ganhou em um processo o sujeito se gabava de ter derrotado o tubarão branco, ele mesmo se intitulou de tubarão martelo, sendo que Aspen ganhou o apelido de tubarão branco por juízes e promotores quando era conciso nas lutas judiciais. Antoine por inveja se denominou de tubarão martelo por ter o derrotado quando ainda era muito jovem e não sabia muito sobre as leis como sabe hoje em dia. Era um bom advogado, mas era arrogante, metido, mau perdedor e adorava se gabar. Foi bom quebrar a sua crista.
Ele quase nunca pegava processos como esse, os seus sempre eram na escala criminal, mas saber que poderia ter sua revanche lhe inspirou a aceitar ajudar aquele pobre homem.
Para seu dia ficar melhor só lhe faltava uma bela submissa em sua cama para aquecer seu corpo. Uma pena que Cassandra tenha tido a necessidade de viajar as pressas sobre seus negócios, se não sua noite seria magnifica.
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