Luz e Escuridão
Ficam as lembranças para contar como foi sua vida e restam as saudades para lembrar a falta que
você fará.
Entro no carro na parte de trás do carro com a Ana meu peito queima,e ouço Ana respirar com dificuldades Katia se vira no banco da frente na nossa direção com uma toalha branca.
—Pierre pressiona os ferimentos até chegaremos no hospital —me entrega a toalha e faço o que ela pede. —Ana olha pra mim —é interrompida por Diego.
—Irmão eu sei que a Ana é sua prioridade agora mas por favor não dorme,aguenta eu to indo o mais rápido que posso — ouço sua voz ficar embargada e pela primeira vez na minha vida vejo ele querer chorar.
—Ahhhhhhhhh,droga —Ana grita afundando seu corpo no assento do carro.
—Calma meu amor vai da tudo certo —não sei se vai dar mas mantenho a pose.
—Ana respira comigo,um dois três,vamos lá Ana força.
—Ta doendo Kátia eu não consigo mais—as lágrimas caem de seu rosto. —Pierre—vira seu rosto pra me olhar—eu nunca pensei que esse fosse o nosso fim eu sinto muito—encara a toalha manchada de sangue em meu peito,as dores e as lágrimas se misturam em sua face,mesmo com dor sua preocupação comigo é grande—Pierre pressiona isso aí por favor.
—Isso não é nada—digo colocando a mão sobre sua barriga,ouço a buzina do carro disparar Diego pede passagem para os carros que estão na avenida e mais um grito é solto da garganta dela.
—Diego rápido a Ana se está sangrando—Katia sempre tão calma perde o controle,põe a cabeça pra fora da janela gritando —saiam da frente, emergência, filhos da PU⚠ta é emergência sai da frente.
Se não fosse um caso sério eu iria rir nunca vi os dois tão atordoados como agora,ainda pressionando o ferimento no peito sinto que estou perdendo sangue além do que devo apoio minha cabeça no banco,a tontura e fraqueza querendo tomar conta de mim,seguro na mão da mulher da minha vida tentando passar força e segurança sei que é isso o que ela precisa agora não importa o que acontecer comigo só desejo que salvem as duas.
Diego faz uma curva brusca, no reflexo seguro o corpo de Ana que é jogado contra o meu,passo a mão em seus cabelos sentindo a umidade deles por conta de todo suor.
—Amor lembra das aulas?—Seus olhos encontram os meus—estou aqui com você.
—Estou com medo, estou sentindo um frio—aconchego seu corpo ainda mais no meu—Pierre você está gelado,Kátia o Pierre—A mesma se vira pra trás arregalando os olhos.
—Diego temos que chegar —Katia grita fazendo com que ele se vire pra trás e me olhe,seus olhos na hora enchem d'agua aperta o volante com mais força freia o carro com tudo e desce percebo que chegamos na entrada do hospital,Kátia faz a mesma coisa indo até a porta de trás abrindo e passando a mão no rosto de Ana.
—Uma grávida em trabalho de parto e meu irmão alvejado com arma de fogo,você não entendeu—os gritos de Diego com quem quer que seja está alto e firme,estou com dó do ser humano que esta levando essa chamada dele.—Você é burro você sabe quem está dentro daquela carro é Pierre Martine seu imbecil, e a esposa dele anda logo.
Vejo duas macas e varias pessoas de branco virem até o carro correndo,um deles ajudam a Ana a sair do carro com muito esforço eu saio do meu lugar.
—Não quero ajuda—estico o braço negando a ajuda de um dos homens,eles saem carregando a Ana com pressa.
—Senhor você precisa ir pra sala de cirurgia agora—uma mulher fala assim que atravesso as portas da entrada do hospital, Diego vem ao meu lado.
—A Kátia vai acompanhar ela você precisa de atendimento —a onde passo os rastros de sangue fica no porcelanato branco.
—Não,me deixa—me viro pra mulher que me acompanhou —onde está minha mulher e minha filha?—Grito com ela eu preciso ver elas,todos da recepção está nos olhando o segurança que estava parado olhando tudo vem até onde estamos,olho pra ele com ódio estou disposto a matar todos que entrarem em meu caminho.
—Deixem ele ir,vocês não vão querer ver o inferno que ele vai fazer aqui se alguém ficar no caminho dele—Diego se põe na minha frente.
—Se o senhor não for agora pra sala de cirurgia vai ter uma hemorragia interna e isso o levara a óbito senhor—a voz da enfermeira e leve e suave,seus cabelos estão presos em um coque bem arrumado com um lacinho branco, sua pele e negra e brilhante me lembra muito uma índia, mesmo eu nunca tendo visto uma, seus olhos são grandes as cores deles lembram a jabuticabas maduras,ela é muito bonita.
—Você quer que eu desenhe?—Uso o meu poder de persuasão—eu só quero saber onde está a minha mulher e a minha filha, agora—lanço o olhar mais frio que tenho e vejo ela engolir seco,olho pra seu jaleco e vejo que a mesma é a enfermeira chefe. —Onde ela está?—recebo seu silêncio em troca —não me faça repetir novamente enfermeira Adrewy,ou vocês irão se arrepender—vou até o balcão da recepção com dificuldades, apertando meu peito com a mão esquerda tentando aliviar a queimação, jogo o computador no chão e mais o que encontro pela frente—você está fazendo eu perder o meu precioso tempo,minha mulher pode estar dando a luz nesse momento e se eu não estiver lá,ela pode estar sentindo medo eu não estarei segurando a mão dela e nem apoiando e ajudando quando ela precisar —lágrimas caem dos meus olhos saber que posso morrer e não ver a mulher que amo pela última vez DOI.
—Siga-me senhor Martine—meu sorriso se alarga e ela sai andando na direção de um corredor branco e mal iluminado,meu coração vai apertando a cada passo que dou,acabo me desequilíbrando e me apoio na parede pra não cair.
Diego pega meu braço e passa pelo seu pescoço me segurando pela cintura.
—Vai sujar a sua roupa—sorrio sem graça.
—Se precisar te carregarei no colo irmão—seus olhos avermelhados se encontram com os meus—só me prometa que vai sair daquela sala vivo,eu não vou aceitar sua morte,tenha certeza que eu mesmo o matarei se você ter a ousadia de morrer.
Parando em frente a uma porta com algum tipo de plástico seco transparente, Kátia vem em nosso encontro,me olhando com fúria nos olhos.
—O que ele faz aqui?—pergunta pra Diego que retira meu braço de seu pescoço e continua me segurando pela cintura.
—Senhor vamos?—ela e interrompida pela enfermeira.
Me solto dos braços de Diego e tento andar mas sou interrompido por ele que me puxa e me abraça fortemente chorando.
—Volte vivo,traga as nossas princesas e não ouse morrer mano,você é importante pra mim, por favor me prometa isso—seus braços em volta do meu corpo,ouço o som do seu coração bater desenfreado no peito,uma promessa entre nos dois sempre foi motivo de dívida eterna jamais prometemos o que não iremos cumprir,mas agora não sei se serei capaz de fazer jus a minha palavra, me sinto fraco e zonzo.
—Eu prometo —me afasto dele adentrando a porta que da pra outro corredor a mesma vai se fechando demoradamente e antes do baque dela se fechar totalmente escuto sua voz gritar.
—Eu te amo irmão,eu tenho fé em você.—me viro para encara-lo e apenas profiro.
—Eu te amo também, obrigado—lhe dou o meu sorriso mais sincero e sigo atrás da enfermeira.
Ao adentrar uma sala vejo Ana deita sob a mesma com vários aparelhos ligado ao seu corpo,a enfermeira vai até os outros médicos e enfermeiros que estão no local e diz alguma coisa que não consigo ouvir,apenas vejo alguns que creio serem os responsáveis balançarem cabeça em concordância.
—O senhor fique do lado dela,assim que acabar a cirurgia dela estarei esperando o senhor lá fora—seu tom sério e profissional me faz balançar a cabeça em forma de sim.—Pode ficar ao lado dela.—E é isso o que faço com muita dificuldade chego ao seu lado,ela vira a cabeça e quando me vê seus olhos deixam rolar lágrimas grossas.
—Xii,estou aqui meu amor—ela balança a cabeça que sim.
—Obrigada—os médicos começam a fazer toda a preparação e a cirurgia começa.
—Sente dor?—pergunto alisando seu rosto pequeno.
—Não e você?—olha pra minha bermuda que um dia foi branca.
—Tambem não, o que importa é que comi todos os meus doces não é —ela sorri.—Eu te amo minha pequena nunca consegui te dizer,por favor me perdoe por ser alguém que um dia te feriu,minhas palavras saem roucas e baixa já não consigo me manter em pé direito.
—Isso não importa mais—seus olhos vão se fechando aos poucos e os barulhos que as máquinas emitem me deixa em pânico.
—O que esta acontecendo? —olho pra todos que não me respondem.
—Apenas não deixe ela dormir—um médico diz pra mim indo até um aparelho e injetando um líquido transparente na bolsa de soro.
—Ana,ana por favor amor acorda,não dorme a Liz está quase vindo acorda—aproximo meu rosto ainda mais do dela minhas lágrimas molhando seu rosto,seus olhos vão se abrindo com certa dificuldade.—Estou aqui não dorme amor.—Ela balança a cabeça em sim.
Nosso contato visual ainda está intacto passo toda a minha confiança a ela,pra que ela jamais se esqueça de que eu a amo de verdade e que por ela sou capaz de fazer qualquer coisa,errei tanto no passado por não ter maturidade alguma mas sempre soube o que eu sentia por ela as lágrimas nos olhos dos dois mostra que ambos estão com medo mas todo esse sentimento de medo se dissipa quando ouvimos o som estridente de um choro forte e agudo preencher a sala,olho na direção dos médicos e eles em movimentos rápidos corta o cordão umbilical, minha pequena nasceu banhada no sangue da sua mãe,esse foi o milagre mais lindo que presenciei na vida não consigo ter reação alguma,fico imóvel segurando a mão de Ana que esta com os olhos tão cheios de lágrimas quanto os meus.
—Amor minha mão —Ana me tira do meu momento paralisia,só daí me dou conta de que estou segurando sua mão forte demais.
—Me perdoa pequena —solto sua mão com toda delicadeza possível,a enfermeira vem com um pacotinho no tom azul pastel e dentro dele está minha pequena luz.
—Quem vai segurar primeiro? —pergunta alternando o olhar entre eu e Ana.
—Ele—Ana diz antes que eu consiga processar o que esta acontecendo, a enfermeira praticamente empurra Liz nos meus braços, a pego sem jeito segurando firme pra não deixar cair no chão, quando vejo seu rosto tão banquinho d redondo com os olhos puxados e inchados um sentimento sobrenatural se instala em meu coração nesse momento sinto como se eu pudesse encarar qualquer perigo por ela daria a minha vida pela dela e o mundo se preciso for.
Nesse momento eu conheci o verdadeiro significado de Amar.
Suas bochechas gordinhas e avermelhadas,boquinha pequena e bem alinhada seus cabelos são escuros como os meus está com o dedo na boca chupando o polegar,acho que esta com fome,mas uma tontura me pega ainda com ela no colo me controlo pra não cair coloco ela ao lado da mãe que chora sem parar.
—Ela é a nossa luz,eu amo vocês ta bom—passo a mão no rosto das duas mas sou interrompido pela enfermeira.
—O senhor tem que sair,faremos os procedimentos finais quando terminar tudo o senhor poderá ve-las,mas antes passe na enfermaria.—Concordo com a cabeça.
—O papai tem que ir meu amor,me perdoe ta bom —dou um beijo em sua testa quentinha e aspiro seu cheiro—Eu te amo meu amor—dou um selinho na Ana e me despeço.
Saio andando até a porta me segurando pra não desmaiar antes de tudo ouço Ana falar.
—Não se entregue,eu te amo!—seu rosto virado na minha direção, pisco o olho esquerdo e saio pela porta.
A tontura aumentou,não estou sentindo minhas pernas o meu sangue não para de jorrar pelo meu corpo tudo gira ao meu redor,não sei pra onde tenho que ir.
Ando me segurando pelas paredes, até que minhas forças acabam e meus olhos começam a ver a escuridão,sinto meu corpo amolecer e deslizar pela parede fria do corredor.
A única coisa que consigo pensar é ,que se eu morrer agora eu consegui fazer algo de bom na minha vida,eu vi as duas pessoas que amo pela última vez.
Meu corpo vai caindo,caindo lentamente até que sinto algo ou alguém me segurar.
—Pierre Irmão não dorme eu vou te levar calma,enfermeiros—ele grita e sinto tudo escurecer.
—Frio—é a única coisa que consigo pronunciar por último, até a escuridão e o frio da morte me abraçar.
Mais um capítulo, ou melhor o penúltimo capítulo nossa jornada está chegando ao fim.
Espero que tenham gostado,quero agradecer aqueles que leram até aqui,foram poucos mais sei que foi de coração.
Quero deixar o meu mais sincero obrigado,foi por vcs que continuei.
Até a próxima um bjo no coração de vocês, e se puderem leiam também Invisível,é emocionante. Vou deixar o link aqui ainda estou escrevendo então passem lá e deixem seus comentários e votos obrigada.
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