Parte IV

– O quê?

– É meu último aviso Matteu: vá embora!

– Mas e meus amigos?

– Esqueça-os! Não pode mais fazer nada por eles.

– Mas... Tem que haver alguma coisa! – Ela o fita antes de fechar novamente os olhos e dar um suspiro pesado – Você deve saber como me ajudar. Vamos! Por favor!

– Era 9 de outubro de 1958... – Ela começou – Ele veio me buscar com...

– Com as luzes apagadas. – Ele interrompe – É, eu li as cartas.

Ela dá um pequeno sorriso – Você realmente não deveria ficar lendo coisas a qual não lhe dizem respeito.

– Desculpe...

– Ele me levou a um lugar incrível. As estrelas refletiam em seus olhos verdes. Eu ainda lembro. Ele usava uma camisa branca e um casaco. Seus longos cabelos castanhos estavam penteados para trás. – Ela fala encantada – Ele era encantador.

– E o que aconteceu? – Ele se senta a sua frente.

– Por mais encantador que ele estivesse àquela noite, eu podia sentir que estava diferente. Ele já não me olhava da mesma forma. Não sorria da mesma forma. Era algo tão... Falso... – Ela faz uma pausa – Quando voltamos para casa estava chovendo. Ele dirigia rápido. As rodas do carro escorregavam com frequência. Eu estava com medo. – Ela mordeu o lábio – Ele insistiu em entrar, mesmo sabendo do perigo. Meus pais não gostavam dele, não aprovavam nosso namoro. Era uma típica história de "A Dama e o Vagabundo", embora isso não fosse tão comum 60 anos atrás. – Ela sorri com as próprias lembranças – Ele tinha elaborado um belíssimo plano. Deveria parecer suicídio. Mas tinha uma coisa na qual ele não contava: meu pai. – Ela suspira pesadamente – Eu ainda me lembro. Foi aqui. Nesse lugar. Esse espelho...

Então, os cacos do espelho começam a aparecer por todo o chão. O sangue. O sangue começa a escorrer pela cabeça dela. Logo ele já escorre por seus braços, já formando uma poça vermelha no chão.

– O que... – Matt começou, mas foi interrompido.

– Meu pai não confiava nele. Ele achou toda a história muito mal contada. E ele só precisou puxar o gatilho. Ele era muito rico. Não teria a mínima chance de ele ser preso. Era um homem muito influente naquela época, mas hoje, as coisas são diferentes.

– Então seu pai... O matou...?

– Ele achou ter "vingado a minha alma".

– Não aconteceu, né?

– Almas não podem ser vingadas...

– Por que estão aqui? – Ela ergue uma das sobrancelhas – Digo, vocês já morreram, então... Err... Vocês não deveriam, sei lá, ir para, err... Outro lugar? – Ela tentava formular a pergunta.

– Sinceramente... Eu também adoraria saber. – Ela se levanta. O sangue havia sumido por completo.

– Tá, e como isso me ajuda a salvar meus amigos?

Ela o encara mais uma vez, só que dessa última vez seus olhos, que brilhavam em um azul cintilante, perderam um pouco a cor, os deixando com um ar sombrio.

– Não ajuda... – Ela aproxima-se dele e sussurra em seu ouvido: – Eu te disse para ir embora, mas você não foi... Humanos, como sempre, teimosos... – Ela dá um pequeno sorriso – Fim de jogo Matteu... Você perdeu!

– O quê?

Foi tudo que ele conseguiu dizer antes de ela sumir. Pobre Matteu, sempre teimoso. Mas depois dessa aventura ele deixou de ser tão descrente. Quando ele se virou o viu. A alma mais perversa que habitava aquela casa. Ele não teve tempo de fugir, ou gritar. E então mais uma alma perturbada começa a habitar aquela casa. A antiga mansão assombrada da família Swift.

*

– Nossa! Esse com certeza é o melhor conto que você já escreveu! – Ele aclamava animado.

– Considerando que é o terceiro que eu faço, eu não me animaria muito. – Ela respondia, sorrindo timidamente.

– Seja como for, esse foi o melhor conto da noite. Acho que encerramos a "Noite das Histórias de Fantasmas " com chave de ouro.

– Obrigada.

– Você deveria escrever mais contos desse gênero. Eu adoro fantasmas. – Ele levantou-se, indo em direção à cozinha – Aliás, tomara que nunca parem de escrever sobre fantasmas. Eles são simplesmente incríveis!

– Não se preocupe... Nós nunca sairemos de moda.

~Fim~

Eeeeeeeeee ACABOU!!!

Palavras: 693

Total de palavras: 3874

Gente, eu espero que tenham gostado do conto. Eu sinceramente amei escrevê-lo! Votem e comentem o que acharam. E até a próxima!

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