Capítulo 8- A Erudita Sem Rosto
"Agir como um líder é o primeiro passo para se tornar um"
Terras da Água- Cidade das Correntes Vivas
Após a guerra ascendente, os magos, bruxos e feiticeiros da ascendência da água que sobreviveram migraram para o litoral do oeste, em busca de segurança. Enfrentando a fome e a desolação, foram agraciados com a aparição de quatro criaturas marinhas: um Kraken, uma Hidra, um Leviatã e uma Sereia. Cada uma dessas criaturas deixou uma semente, que quando plantadas, deram origem a gigantescas árvores místicas.
A partir das raízes dessas árvores, a população desenvolveu uma civilização avançada nas profundezas oceânicas, protegidas pelas quatro criaturas, agora consideradas deuses. Suas terras em superfície são bem protegidas e conectadas aos vastos territórios subaquáticos, mantendo uma vigilância constante contra seus inimigos antes de alcançarem o litoral.
A cultura das Terras da Água é profundamente enraizada na reverência e adoração aos seus quatro deuses: Kraken, Hidra, Leviatã e Sereia.
Os títulos de poder são passados de acordo com a sucessão dentro das quatro famílias/casas guardiãs, com cada casa protegendo e governando uma das quatro regiões das profundezas do oceano. Cada guardião é responsável por manter a ordem, proteger os recursos, e liderar os rituais em sua respectiva região. As casas têm um poder supremo e são vistas como representantes diretos dos deuses.
A vida nas profundezas das Terras da Água é marcada por construções imponentes de um prisma marinho verde-azulado, que se entrelaçam com as raízes das árvores sagradas, criando uma arquitetura única e harmoniosa. Cada uma das quatro regiões é contornada por florestas subaquáticas exuberantes, cavernas e formações rochosas, proporcionando recursos abundantes para toda a vida. Os habitantes convivem em perfeita harmonia com as criaturas marinhas, como peixes, baleias, golfinhos, tubarões amistosos e polvos inteligentes, que são considerados amigos e não alimento. Eles possuem a capacidade de se comunicar com esses seres, estabelecendo laços profundos de amizade e cooperação.
Os habitantes das profundezas são naturalmente dotados de habilidades excepcionais de natação rápida e respiração aquática. As estruturas são iluminadas por corais bioluminescentes e vaga-lumes marinhos, criando uma atmosfera mágica e serena nas profundezas do oceano.
As árvores sagradas não apenas sustentam a vida nas profundezas, mas também servem como símbolos eternos da ligação entre o povo e seus deuses guardiões.
Na cidade das Correntes Vivas, localizada no coração das quatro regiões subaquáticas, a atmosfera estava carregada de uma tensão nunca antes vista.
A Celebração das Correntes, um evento de grande importância, estava prestes a acontecer. Esta cerimônia marcava a sucessão das grandes casas guardiãs, e seres de todas as regiões se reuniam para assistir. Contudo, este ano, a celebração estava envolta em uma aura de incerteza e apreensão. Rumores sobre o despertar da magia corriam entre a população, mas nenhuma das grandes casas havia se pronunciado oficialmente sobre o assunto.
No salão de reuniões da Fortaleza Cristal Azul, a maior e mais imponente estrutura da cidade, os líderes das quatro grandes casas guardiãs se encontravam reunidos com suas famílias em uma mesa circular. As paredes do salão eram adornadas com cristais luminosos que refletiam a luz, criando padrões hipnotizantes que dançavam ao longo das superfícies. Os guardiões, agora velhos e experientes, estavam preparados para passar suas responsabilidades para a próxima geração.
Os murmúrios entre os presentes cessaram quando Nereus, o guardião da casa Kraken, do alto de sua posição na mesa, levantou-se para falar. Seu olhar percorreu a multidão, detendo-se por um momento em cada líder das casas guardiãs, antes de se fixar nos presentes.
— Povo, nos reunimos aqui hoje para a Celebração das Correntes, um evento que marca nossa continuidade e nossa força. Mas, como todos sabem, há rumores inquietantes circulando entre nós. — Ele fez uma pausa, observando a reação dos presentes.
Ao concluir, alguns líderes se pronunciaram.
— Há rumores de que a magia voltou a Noakes, disso todos sabem. Precisamos discutir o que isso significa para nós, nosso povo, e nossas terras.
Nereus prosseguiu:
— Nossos maiores inimigos, a ascendência do fogo, vão usar magia contra nós. Precisamos estar preparados para uma possível guerra. Nossa reputação de povo quieto, que não busca batalhas, pode nos proteger ou nos condenar. Receio que seja o momento de um ataque.
Um dos líderes das casas, com uma expressão de ambição nos olhos, interveio:
— Realmente, talvez seja hora de mudarmos isso. Podemos usar essa magia para expandir nosso poder e território.
Outro líder, com uma expressão preocupada, perguntou:
— Mas onde está Mysaria afinal? Ela deveria estar aqui para essa discussão.
Um soldado, em resposta ao chamado, trouxe Mysaria ao salão. Ela entrou, com sua presença imponente e misteriosa se fazendo notar. Mysaria, a mulher que libertou Jaeris prometendo o devolver o Império Valcor e a mesma que andava pelo palácio do fogo, agora revelava uma de suas formas. Sua parte inferior era uma cauda que se misturava com tentáculos, enquanto a parte superior permanecia humanizada, sem roupas que escondessem sua natureza. O soldado a convocou como a Erudita.
Mysaria, com uma expressão séria, começou a falar:
— Ugar está ciente do despertar da magia. E ele está planejando usar isso a seu favor. Se não se prepararem, serão surpreendidos.
Os líderes das casas guardiãs a ouviram atentamente, cientes da dualidade que Mysaria representava, navegando entre os dois povos mais rivais de Noakes.
Mysaria, a Erudita Sem Rosto, é uma figura misteriosa que possui todas as Ascendências e habita as Terras da Água. Capaz de mudar sua aparência e identidade, ela se disfarça para se misturar entre os habitantes. Conhecida também como Mysar quando assume a forma masculina, ela usa suas habilidades para influenciar e manipular eventos das regiões diante a seus próprios conceitos a milênios sem revelar sua verdadeira identidade como Erudita.
Nereus, o tritão envelhecido da casa Kraken, com sua pele azulada e barba branca longa, olhou fixamente para Mysaria, que se destacava com seus curtos cabelos pretos e lisos, contornando seu rosto de forma a acentuar o ar enigmático que emanava. Ele, com voz grave e carregada de cansaço, perguntou:
— Mysaria, considerando que as ameaças à nossa segurança são agora iminentes, qual o papel que você desempenhará na próxima guerra mágica?
Mysaria, com sua expressão impassível e palavras cuidadosamente escolhidas, respondeu:
— O papel que eu desempenharei é tão fluido quanto a água que me rodeia, Nereus. Eu não sirvo a um povo ou a uma casa, mas sim ao equilíbrio que a magia busca restabelecer. A escolha de servir ou não é a minha, e não o resultado de um chamado seu .
A resposta deixou o ambiente ainda mais tenso. A presença de Mysaria, uma Erudita com vasto conhecimento e poder, era ambígua e gerava dúvidas. Nereus franziu a testa, diante a seu olhar carregado de preocupação e uma pitada de raiva contida.
— Você diz isso como se não se importasse com o destino de nossos povos. O que garante que você não usará seu conhecimento para favorecer aqueles que você escolher?
Mysaria inclinou ligeiramente a cabeça, com seus olhos fixos em Nereus.
— O destino dos povos de Noakes é moldado pelas escolhas que fazem e pelas alianças que formam. Não me preocupo em favorecer ninguém, mas sim em garantir que as correntes de poder se mantenham em movimento. A guerra que se aproxima será um reflexo das escolhas feitas por todos vocês, não apenas por mim.
O murmúrio entre os outros membros das grandes casas aumentou. O confronto entre Nereus e Mysaria deixou claro que, mesmo com o poder que ela possuía, sua lealdade estava longe de ser garantida. Ela continuou, sem se abalar pela tensão:
— Como Erudita, meu dever é obter e entender todas as ascendências, mas isso não significa que me vinculo a qualquer uma delas. Sou uma guardiã do conhecimento, e meu papel é assegurar que ele seja usado para o equilíbrio, e não para a dominação de um lado sobre o outro.
Nereus, com sua postura imponente e expressão de desconfiança, olhou diretamente para Mysaria. Seu tom era desafiador e carregado de frustração.
— Então, Mysaria, se você não serve a nenhuma das casas ou povos, qual é a sua utilidade para nós aqui? O que você fará em nossas terras que justifique sua presença?
— Se esse é o problema, talvez eu devesse considerar uma visita permanente às terras do Fogo. Isso não seria um problema maior para vocês?
A tensão no salão aumentou ainda mais. Nereus, agora claramente irritado, avançou:
— Você está aqui para oferecer ajuda ou apenas para semear discórdia? Suas palavras são vazias, e sua presença não é mais do que uma ameaça disfarçada. A verdade é que você é uma intrusa, e sua atitude não faz mais do que aumentar a incerteza e o caos entre nós!
Mysaria permaneceu impassível, mas suas palavras cortavam como lâminas afiadas.
— A única ameaça que você percebe é aquela que reflete suas próprias inseguranças. Estou aqui para cumprir um papel, e isso não significa que precise agradar a todos. A verdade é que vocês precisam lidar com suas próprias sombras antes de se preocupar com as minhas.
A tensão continuava a escalar. Nereus, perdido em sua frustração, lançou palavras cada vez mais agressivas.
— Você é uma traidora, uma vadia! E sua presença aqui só serve para revelar o quão incoerente você realmente é! Sua puta megera! Informe o povo do fogo que a nossa determinação é exterminá-los até o último sobrevivente!
Mysaria, com um leve e indiferente movimento de sua mão, desencadeou um poder devastador. A cabeça de Nereus explodiu em um spray de sangue que flutuou pelo salão, misturando-se com as águas ao redor. O choque e o horror tomaram conta do local.
Com todos os presentes em total atordoamento, Mysaria, com um sorriso sarcástico e a frieza de alguém que acabara de realizar uma tarefa trivial, concluiu:
— Parece que o processo de substituição e sucessão foi adiantado para a casa Kraken. Desejo a todos uma excelente celebração das correntes.
Com isso, ela se virou e deixou o salão, mergulhando na água com uma tranquilidade que contrastava com o caos deixado para trás.
A celebração das correntes, agora sem a presença de Nereus, prosseguia com uma atmosfera de incerteza e tensão. Os novos Guardiões assumiram seus papéis, cada um representando o legado de suas respectivas casas: Kraken, Leviatã, Hidra e Sereia.
Quando a cerimônia finalmente terminou, Mysaria se moveu com a graça de uma sombra, dirigindo-se aos canais subterrâneos que conduziam à superfície das Terras da Água. Usando magia de invisibilidade, ela se tornou um espectro indetectável, atravessando a fronteira com a velocidade da luz. Em um piscar de olhos, ela emergiu nas áridas e flamejantes Terras do Fogo, encontrando seu caminho até o imponente Palácio Valcor. Ao se aproximar da entrada oculta, Mysaria parou por um momento. Lentamente, suas caudas e tentáculos começaram a se transformar, retraindo-se e se moldando em pernas humanas, enquanto seu corpo mudava para a figura que costumava usar nas Terras do Fogo.
Dentro do palácio, o traidor Ugar Valcor estava absorto em seus pensamentos. De repente, ele sentiu uma presença atrás de si. Virando-se bruscamente, ele encontrou Mysaria, que apareceu como um fantasma silencioso. Com um sorriso enigmático e olhos brilhando, ela se aproximou, com sua voz suave e misteriosa ressoando pelo salão.
— Ugar... trago notícias.
— O que você está fazendo aqui? — Ugar perguntou, com sua voz grave, enquanto se aproximava da porta do cômodo e a fechava com um estrondo, certificando-se de que ninguém os visse.
Mysaria sorriu enigmaticamente.
— A ascendência da água está se preparando para uma guerra — ela começou, com sua voz suave.
Ugar franziu a testa, com sua expressão rapidamente se transformando de confusão para uma raiva fervorosa.
— Do que você está falando? — ele rosnou, impaciente. — Por que está aqui depois de tanto tempo, soltando enigmas? Explique-se! Onde está Jaeris? Sei que foi você que o ajudou a escapar!
Mysaria ergueu a mão, um gesto elegante e controlado
— Jaeris está morto — ela mentiu, com sua voz firme e carregada de uma convicção gelada. — Eu não o ajudei a escapar. Está morto como sempre desejou. Ele tentou lutar a fome e a isolação escapando, mas não conseguiu sobreviver.
A raiva de Ugar era palpável, mas havia uma sombra de dúvida em seus olhos. Ele sabia que Mysaria era uma mestre da manipulação, mas suas palavras diretas e convincentes plantaram uma semente de incerteza em sua mente.
— E quanto aos acontecimentos passados? Você desapareceu sem explicações e agora volta com histórias de guerras e ameaças!
Mysaria permaneceu calma, com sua expressão imperturbável como se nada pudesse abalá-la.
— Há outras coisas que você precisa saber — ela continuou. — Talindra, sua filha, sabe de tudo.
Ugar congelou, com a surpresa e o choque estampados em seu rosto endurecido.
— O quê? — ele sussurrou, sua voz falhava. — Talindra sabe de tudo? Como?
— Sim, ela sabe. E está agindo. Se você não tomar cuidado, ela será a sua ruína.
— Como ela descobriu? — ele perguntou, com cada palavra gotejando veneno. — Certeza que a prisão do imbecil do esposo dela influenciou isso.
Mysaria deu de ombros levemente, um gesto quase casual que contrastava com a longa capa que encobria sua figura.
— Ela sempre foi observadora, Ugar. Subestimá-la foi o seu maior erro. Agora, precisa agir rapidamente antes que seja tarde demais.
O silêncio pairou entre eles por um momento. Ugar sabia que estava diante de uma encruzilhada e que suas próximas ações poderiam determinar o futuro de seu domínio.
— Ela é mais inofensiva que uma mosca! — ele murmurou. — Se aquela vadia tentar dar qualquer passo, eu... eu juro que a enforco enquanto a faço encarar o imbecil do amante sangrando!
Mysaria se aproximou, colocando uma mão no ombro de Ugar.
— Você ainda tem uma chance de consertar as coisas, Ugar Valcor. Mas precisa agir agora. É hora da revolução.
— Eu farei o que eu achar necessário Mysaria — ele disse finalmente. — Mas como você sabe tanto? Como pode ter tanta certeza?
Mysaria inclinou-se mais perto, com seus lábios quase tocando o ouvido de Ugar enquanto sussurrava:
— Eu sei de tudo, Ugar. E você sempre soube disso.
Ugar recuou um passo, diante a surpresa e a raiva lutando por domínio em sua expressão. Antes que ele pudesse falar, Mysaria continuou:
— Conhece a grande fábula dos grandes líderes? Aqueles que desejam ser grandes devem agir como grandes, mesmo antes de serem reconhecidos como tal. É assim que os verdadeiros líderes emergem, Ugar. E se você deseja ser um, precisa começar a agir agora.
Ugar ficou imóvel, com a mente girando as palavras de Mysaria.
— Lembre-se, Valcor— sua voz agora parecia um sussurro quase imperceptível. — Agir como um líder é o primeiro passo para se tornar um.
Mysaria se transformou em sombras, dissipando-se na escuridão do cômodo. Enquanto ela se movia silenciosamente para fora do Palácio Valcor, sua mente já traçava um futuro importante em Noakes, manipulando todos que cruzavam seu caminho.
A escuridão engoliu sua figura, deixando Ugar sozinho com seus pensamentos, consciente de que o destino do império estava nas mãos de uma manipuladora imprevisível.
Terras da Alma
Elara despertou lentamente, sentindo um frio intenso que penetrava seus ossos. O cenário ao seu redor era assustador: uma masmorra profunda e úmida, encravada nas entranhas de uma caverna sombria. À sua frente, em duas outras prisões, estavam Kalista e Daelius, igualmente acorrentados e amordaçados. Suas mãos estavam presas a correntes que os mantinham atados às paredes da caverna. O coração de Elara acelerou, sua respiração tornou-se ofegante, e ela sentiu um medo avassalador. Os três jovens trocavam olhares desesperados, grunhindo sons abafados por suas mordaças.
Malfier, o centauro alucinado, desceu a escada rindo descontroladamente. Seu olhar insano percorreu a cena enquanto ele se aproximava.
— Calem a boca! — ele gritou, com sua voz ecoando nas paredes da caverna. — Coloquei essas mordaças para não ter que ouvir suas vozes irritantes!
Ele ria histericamente, quase dançando em sua loucura.
— Já acionei as forças maiores das Terras da Alma. Eles sabem o que vocês fizeram! — ele comemorava. — Vou receber uma fortuna por entregar vocês!
Os olhos de Elara se arregalaram, e pensamentos frenéticos passaram por sua mente. Ela nunca havia considerado qual era a força maior das Terras da Alma em termos de liderança. Quem eram esses seres? Malfier, ainda em sua euforia, pegou um recipiente com três parasitas grotescos.
— Antes de entregar vocês, quero experimentar o sangue de cada um! — ele declarou, com um brilho maníaco nos olhos.
Ele se aproximou de Elara, que se contorcia furiosamente em suas correntes, com os olhos ardendo de fúria. Ao abrir a prisão, ele começou a se aproximar dela com o parasita. De repente, Malfier foi arremessado para trás com uma força absurda, chocando-se violentamente contra a parede da caverna. Elara, em um ato de puro instinto, havia usado telecinese, magia derivada de sua ascendência da gravidade.
Todos, inclusive ela, ficaram atônitos com o que havia acontecido. Tentando recapturar o sentimento que a havia levado a conjurar a magia, Elara se concentrou. Com um esforço tremendo, ela repetiu o feito, levantando Malfier no ar e o arremessando para ainda mais longe, onde ele caiu inconsciente. Ela então olhou para trás, focando em suas correntes. Com um esforço concentrado, conseguiu desprender as correntes da parede com sua telecinese.
Rapidamente, Elara quebrou as correntes de seus punhos e se livrou da mordaça. Sem perder tempo, ela se apressou para libertar seus companheiros. Kalista e Daelius a observavam, ainda incrédulos, mas aliviados. Elara quebrou as correntes e removeu as mordaças deles.
Enquanto ajudava Kalista e Daelius a se levantarem, o som de passos e murmúrios crescia. Uma multidão, possivelmente um exército, estava se aproximando rapidamente.
— Temos que sair daqui, agora! — Elara sussurrou, com urgência.
Recuperando o fôlego e se libertando das últimas amarras, Elara, Kalista e Daelius começaram a se mover rapidamente pela caverna, buscando desesperadamente seus pertences. Daelius foi o primeiro a encontrar sua espada. Sem hesitar, ele correu em direção a Malfier, ainda inconsciente no chão, e cravou a lâmina em seu peito várias vezes, gritando de fúria.
— VAI PRO INFERNO FILHO DA PUTA! — Daelius rugiu, com sua voz reverberando nas paredes da caverna.
Kalista se aproximou dele com suavidade, colocando uma mão em seu ombro.
— Pimenta, precisamos ir. Agora! — ela disse com uma ternura que acalmou a fúria de Daelius.
Ofegantes, os três subiram a caverna pelas escadas, cada passo sendo uma luta contra o tempo e o medo. Enquanto corriam, Elara se virou para Kalista.
— Kalista, o que são essas forças supremas das Terras da Alma? — perguntou, com a ansiedade evidente em sua voz.
Kalista, tentando recuperar o fôlego enquanto corria, respondeu:
— Não seguimos um rei ou imperador. São forças maiores... anciões de longa data, espalhados pelas terras. Eles governam com sabedoria e poder antigos.
Antes que Elara pudesse fazer mais perguntas, chegaram à abertura da caverna. O que viram os fez parar bruscamente, com o coração disparado. Um exército colossal se estendia à frente deles, composto por humanos, criaturas de formas diversas e até mesmo gigantes. A visão era aterradora.
Elara, Kalista e Daelius se entreolharam, percebendo o pânico crescendo em seus olhos. Estavam encurralados, sem saída visível.
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