Capítulo 6- A Peste Arcana
"Céu, floresta, chama"
Terras da Alma – Vilarejo
Elara, Kalista, e Daelius avançavam pela floresta após Valak. A paisagem ao redor deles era uma mistura de verdes profundos e sombras de animais de diferentes raças envoltos na folhagem das árvores. Estavam a caminho de um pequeno vilarejo, seguindo as indicações de Kalista sobre a travessia necessária para encontrar o centauro conhecido como "O Alucinado". Ele possuía o conhecimento necessário para ajudá-los a entender a explosão de magia que havia alterado suas vidas.
Quando finalmente chegaram ao vilarejo, uma cena desoladora se desdobrou diante de seus olhos. Construído entre as árvores, o lugar tinha um aspecto rústico e acolhedor, com casas de madeira e telhados de palha. As copas das árvores ofereciam uma sombra constante, dando ao vilarejo uma aparência encantadora e pacífica. Mas a tranquilidade era apenas superficial.
Pessoas corriam desesperadas, mães seguravam seus filhos desmaiados nos braços, e havia pessoas feridas no chão, gemendo de dor. O som dos gritos e do choro preenchia o ar, criando uma atmosfera de caos e desespero.
Elara franziu o cenho, com os olhos varrendo a cena tendo uma mistura de preocupação e horror. Kalista, ao seu lado, apertava suas mãos. Daelius, com sua pele avermelhada contrastando com o ambiente ao redor, observava tudo com uma expressão tensa e os punhos cerrados.
— O que está acontecendo aqui? — murmurou Elara, mais para si mesma do que para os outros.
— Isso é terrível — disse Kalista, com sua voz trêmula. — Algo muito grave aconteceu neste lugar.
Daelius deu um passo à frente, olhando ao redor com olhos atentos. Ele notou que todos os afetados pareciam compartilhar os mesmos sintomas horríveis: bolhas na pele, feridas enormes abertas em círculo, e olhos esbranquecidos.
— Elara, olhe para isso — disse Daelius, apontando para uma mulher falecida caída no chão. — Todos eles têm essas bolhas e feridas. Parece que estão sendo consumidos por alguma espécie de doença.
Elara se ajoelhou ao lado da mulher, examinando as feridas com cuidado. Kalista se aproximou, olhando de perto.
— Isso... isso é uma peste — disse Kalista, com a voz quase inaudível. — Uma peste arcana.
Elara, levantando o rosto da mulher com cuidado, revelou os olhos completamente esbranquiçados.
— Eu sei o que é isso. Estudei sobre a peste arcana nos meus anos de treinamento de combate. Sempre foi retratada como uma doença extinta, devido à selagem da magia pela maldição de Noakes. Uma peste na qual os sintomas se dão unicamente pela magia.
Kalista arregalou os olhos, surpresa.
— Então, isso quer dizer que...?
Elara assentiu, com a culpa pesando em suas palavras.
— Nós quebramos a maldição na explosão. Nós somos os culpados.
Daelius, que até então estava observando em silêncio, sentiu um aperto no coração. A lembrança de sua família morta invadiu sua mente, trazendo uma onda de dor e culpa.
— Eu... nunca pensei que a explosão poderia desencadear algo tão devastador. Não é nossa culpa... não é, não é.
Kalista olhou para os dois, sua expressão estava cheia de medo e incerteza.
— Se somos os responsáveis, então temos que encontrar uma maneira de consertar isso. Não podemos deixar essas pessoas sofrerem por nossa causa.
Elara respirou fundo, tentando manter a calma diante da situação.
— Precisamos encontrar o alucinado o mais rápido possível. Talvez ele saiba como conter essa peste. E temos que fazer isso antes que ela se espalhe ainda mais.
Kalista, tentando esconder o medo e as lágrimas contidas em seus olhos, tentou se recompor.
— Então, vamos. Não podemos perder mais tempo. Não estou suportando os ver sofrer dessa forma!
Atravessando o vilarejo devastado, Elara, Kalista e Daelius sentiram o peso do caos ao seu redor. O vilarejo, construído ao redor de antigas árvores que se erguiam como guardiãs silenciosas, estava mergulhado em um pesadelo vivo. As cabanas, feitas de madeira e argila, estavam desmoronando, e o cheiro de doença e desespero permeava o ar. Cada grito, cada gemido, cada rosto marcado pela peste arcana aumentava a pressão em seus corações.
De repente, Daelius parou abruptamente quando seus olhos fixaram em uma família morta no chão. Uma mãe, um pai e dois filhos pequenos, todos vitimados pela peste. O rosto de Daelius se contorceu de dor, e ele começou a se debater, gritando para as vozes que surgiram em sua cabeça pararem.
— NÃO! — ele gritou, levando as mãos à cabeça. — PAREM! SAIAM!
Elara e Kalista se voltaram rapidamente, correndo em sua direção.
— Daelius! — gritou Elara, desesperada. — O que está acontecendo?
Daelius caiu de joelhos, com os olhos fechados de forma brutal enquanto visões de sua família morta o assombravam. Ele via seus rostos, seus olhos acusadores, ouvindo suas vozes sussurrando seu nome e conversando com ele.
"Você nos matou, Daelius. Por quê?"
As vozes sussurravam em sua mente, cada palavra era como uma punhalada em sua alma. Ele não teve culpa, ele sabia disso. A rainha Caratra o havia obrigado a fazer aquilo, mas o trauma falava mais alto agora, consumindo sua sanidade.
— NÃO FUI EU! — ele gritava, tentando afastar as visões. — EU NÃO QUERIA... EU NÃO QUERIA!
Desesperado, Daelius se levantou de repente e correu em direção aos corpos da família morta. Com um movimento rápido, ele sacou sua espada e começou a golpeá-los de forma frenética, tentando conter a dor que o consumia.
— SAIAM! SAIAM DA MINHA CABEÇA! — ele gritava entre os golpes, com suas lágrimas misturando-se ao sangue que jorrava.
Elara e Kalista correram até ele, tentando segurá-lo.
— Daelius, pare! — Elara implorou, agarrando seu braço.
Kalista, com lágrimas nos olhos, segurou o outro braço de Daelius.
— Estamos aqui, Daelius!
Daelius caiu de joelhos novamente, com sua espada escorregando de suas mãos enquanto ele chorava. Elara e Kalista o seguraram firmemente, tentando acalmá-lo.
— Daelius, o que aconteceu? — perguntou Elara, com sua voz suave mas firme.
Daelius, ainda soluçando, olhou para elas com olhos cheios de dor.
— Foi Caratra, a rainha da Luz. Ela me obrigou a matar minha própria família. Eu... eu não queria fazer isso, mas ela me forçou. Agora, essas vozes... elas não me deixam em paz. Vejo os rostos deles em todos os lugares, sinto a dor deles como se fosse minha.
Elara apertou sua mão, tentando oferecer algum conforto.
— Daelius, isso não foi culpa sua. Você foi forçado a fazer algo horrível. Nós estamos aqui para você, e vamos encontrar uma maneira de superar isso. Tudo bem?
Kalista, ainda com lágrimas nos olhos, assentiu.
— Vamos ajudá-lo a encontrar paz, Daelius. Nós prometemos.
Daelius, ainda tremendo, olhou para suas antigas inimigas, e agora aliadas, sentindo uma leve onda de esperança entre a dor.
— Obrigado... eu... eu não sei. Obrigado!
Com esforço, Daelius se levantou, apoiado por Elara e Kalista. Eles seguiram em frente, cada passo pesado com o peso do trauma e da devastação ao seu redor.
— Daelius — começou Elara, com sua voz baixa e firme. — Eu sei que é difícil acreditar, mas eu também carrego um passado sombrio. Antes da batalha de Valak, descobri algo que mudou minha vida para sempre.
Daelius ergueu o olhar, diante a dor ainda evidente em seus olhos.
— O que aconteceu?
Ela respirou fundo, sentindo a velha dor retornar ao relembrar os acontecimentos.
— Eu descobri que minha mãe, em sua sede de poder, havia adoecido meu irmão mais novo deliberadamente. Ela queria me forçar a aceitar o trono, sabendo que eu nunca escolheria esse caminho por conta própria. Quando confrontada, ela confessou sem remorso. Naquele momento, algo dentro de mim quebrou. Eu matei minha própria mãe, sem piedade, para salvar meu irmão e, de certa forma, a mim mesma.
O silêncio se instalou entre eles, pesado com o peso das revelações. Kalista observava com olhos tristes.
— Sabe... Nunca superamos totalmente, Daelius. Mas aprendemos a viver com a dor. E mais importante, aprendemos a encontrar beleza mesmo em meio ao caos.
Ela parou, olhando ao redor, observando a natureza ao redor do vilarejo devastado.
— Precisamos de algo que nos lembre das coisas belas de Noakes, mesmo em tempos sombrios. Quero que tenhamos uma palavra de alerta, algo que possamos usar para nos entender durante essa viagem, mesmo sendo de ascendências inimigas acredito que tenhamos a mente aberta para isso. Céu, floresta, chama.
Daelius franziu a testa, confuso.
— O que quer dizer?
— Céu para os tons de azul vastos e intermináveis. Floresta para as majestosas vegetações que nos cercam. E chama... uma chama vermelha para sua pele avermelhada. Sei que muitos te veem como um filho do abismo, mas para mim, sua cor é linda e única. É um símbolo de sua força. Quando você sentir que as vozes estão voltando, quero que pense nesses três: céu, floresta, chama. E que repita essas palavras para se lembrar da beleza que ainda existe.
Daelius olhou para Elara, com seus olhos cheios de lágrimas.
— Céu, floresta, chama... eu vou tentar.
Kalista, tocada pelas palavras de Elara, se aproximou e segurou a mão de Daelius.
— Estamos juntos nisso, pimenta! — disse ela, envolvendo-o em um abraço acolhedor.
Daelius soltou um riso leve, um som raro em meio a tanto sofrimento.
— Pimenta?
— Sim, pimenta! — Kalista sorriu, com os olhos brilhando de carinho. — Você é vermelho como uma pimenta. Parece inofensivo, mas quando é colocado em ação, queima ferozmente! Você quase me matou, não se lembra?
Elara sorriu, olhando para ambos.
— Céu, floresta, chama.
— Céu, floresta, chama! — repetiu Daelius, sentindo um pouco de esperança retornar ao seu coração.
Terras da Luz – Fortaleza Real
Na capital das Terras da Luz, a majestosa rainha Caratra Laragaar se preparava para um discurso público de grande importância. As ruas da capital fervilhavam de expectativas, com estandartes dourados e brancos tremulando ao vento, refletindo a luz do sol de maneira resplandecente. Dentro do palácio, a rainha estava cercada por um ambiente de opulência e elegância, que refletia sua própria natureza ambiciosa e refinada.
Caratra, uma mulher de pele negra em um tom marrom escuro, possuía uma beleza imponente. Seus cabelos trançados em longas e espessas tranças negras, que caíam livremente, estavam sendo arrumados por duas criadas em um penteado elegante. Seus olhos brilhavam com determinação, enquanto seus lábios perfeitamente esculpidos traziam um leve sorriso de satisfação.
— Majestade, há algo em seu pescoço — uma das criadas disse, com a voz trêmula, ao perceber uma pequena ferida ali.
Caratra, sem se abalar, olhou-se brevemente e depois voltou os olhos para a criada.
— Continue com o seu trabalho. — ordenou ela, com sua voz firme.
A criada hesitou por um momento, mas logo continuou, respeitando a ordem da rainha.
Ela vestia um vestido dourado com detalhes brancos, que remetiam às cores dos mármores brilhantes da capital e à própria Ascendência da Luz, destacando sua figura esbelta e majestosa.
Ao seu lado, seu conselheiro leal, Caric Sell, aguardava pacientemente. Caric, um adulto de estatura baixa com cabelos curtos e loiros, sempre estava pronto para aconselhar sua rainha.
— Caric, você tem noção dos poderes mágicos da Ascendência da Luz? — perguntou Caratra, com sua voz formal e melodiosa enchendo a sala com uma presença quase tangível.
Caric, sempre meticuloso em suas respostas, ajustou seu manto antes de falar.
— Baseado nas escritas dos que detêm o conhecimento antigo, os poderes da Ascendência da Luz são vastos e impressionantes. Eles incluem habilidades curandeiras que podem até mesmo tocar a imortalidade, a criação de espadas, arcos e outras armas com as mãos, feitas de feixes de luz intensa, clarividência, a habilidade de correr na velocidade da luz e a manipulação da luz em todas as suas formas — explicou Caric, com sua voz carregada de reverência.
Caratra assentiu, seus olhos estavam brilhando com uma mistura de ambição e determinação.
— Um futuro onde vou dominar todas as Ascendências... isso é o que almejo, Caric. Imagine o poder e a glória que nosso reino alcançará — declarou Caratra, com a chama da ambição ardendo em seu olhar.
Caric, embora leal, sempre fora um conselheiro prudente e cauteloso.
— Minha rainha, embora esses poderes sejam extraordinários, também trazem consigo grandes perigos. O despertar da magia não é algo a ser tomado de ânimo leve. Os riscos são imensos, e a instabilidade que isso pode causar... devemos estar preparados para enfrentar as consequências — alertou ele, com sua voz firme.
Caratra, ainda que ambiciosa, era uma governante astuta e sabia que o conselho de Caric não deveria ser ignorado.
— Entendo seus temores, Caric. Mas não podemos deixar que o medo nos paralise. Devemos avançar com cautela, mas avançar, sim, nós iremos. A Ascendência da Luz está destinada a brilhar mais forte do que nunca — disse ela, finalizando sua preparação e se erguendo com a elegância e autoridade que lhe eram características.
O tempo para o discurso estava próximo, e Caratra, acompanhada por Caric, dirigiu-se para o grande salão onde o povo esperava por suas palavras.
Quando Caratra e Caric chegaram ao grande salão, um guarda soldado se aproximou rapidamente, seu rosto estava pálido e marcado pela urgência.
— Majestade, algo terrível está acontecendo... — ele começou a dizer, com a voz trêmula.
Caratra, no entanto, ignorou suas palavras e apenas correu em direção ao salão, com seu vestido dourado ondulando atrás dela. Caric seguiu de perto, sentindo a mesma tensão crescente.
Ao entrar no salão, Caratra foi confrontada com uma visão de caos e desespero. Dezenas de pessoas estavam deitadas no chão, gemendo de dor. Outras dezenas gritavam enfurecidas, clamando por ajuda. Todos eram nobres, pessoas ricas e elegantes da capital, mas agora muitos estavam misteriosamente doentes. Suas peles estavam cobertas de bolhas e feridas abertas em círculos, e seus olhos, embranquecidos, refletiam o medo.
A rainha parou por um momento, absorvendo a cena aterradora. O salão, que normalmente seria um local de ordem, agora era um cenário de agonia e pânico.
— Majestade, por favor! — gritou um nobre, com sua voz cheia de desespero. — Faça algo, qualquer coisa!
Caratra levantou a mão, exigindo silêncio. Sua voz ecoou firme pelo salão.
— Chamem e convoquem imediatamente o Erudita e Fardal Kobold, meu alquimista! — ordenou ela, com sua voz ressoando de autoridade. — Tragam-nos aqui agora!
A multidão murmurou, mas a ordem na voz da rainha trouxe um breve momento de calma. Caratra então voltou-se para a população reunida, com suas feições firmes e resolutas.
— Tranquilizem-se. Eu trarei uma solução rapidamente. Não abandonaremos vocês. Eu prometo! — declarou ela.
Caratra então se direcionou até o vasto jardim extenso ao ar livre, um espaço esplêndido e repleto de flores e plantas, todas de cores brancas que contrastavam maravilhosamente com as paredes douradas decoradas com os estandartes da Ascendência da Luz.
Ela se reuniu ali com o Erudita e Fardal Kobold, seu alquimista. Caric, sempre presente e atento, estava um passo atrás de Caratra, pronto para intervir se necessário. O ambiente idílico contrastava fortemente com a urgência e a gravidade da situação.
— Majestade — disse Caric, preocupado, ao perceber uma ferida atrás do pescoço de Caratra que parecia estar piorando. — A ferida em seu pescoço... está se alastrando.
Caratra sentiu um desconforto em suas mãos e, ao olhar para elas, percebeu que feridas se abriam de forma instantânea e misteriosa. Seu rosto endureceu de raiva e preocupação.
— O QUE ESTÁ ACONTECENDO? — gritou ela, furiosa, com sua voz reverberando pelas paredes douradas do jardim. — EXIJO UMA EXPLICAÇÃO AGORA!
O Erudita, sempre calmo e com um desprezo sutil em seu tom, não se dirigiu a ela com o título de rainha.
— Isto, Caratra, é o início da Peste Arcana — disse ele, com as palavras saindo de seus lábios com um toque de satisfação sombria. — Uma doença que existia nos tempos antigos, antes da maldição de Noakes. Adoecia aqueles de sangue mago que eram muito fracos para conjurar magia. Eles eram raros, mas agora, após séculos de evolução e proibição, muitos em Noakes não possuem resistência mágica suficiente em seus sangues.
Caratra tentou manter sua compostura, mas a dor era evidente em seu rosto.
— Explique melhor filho da puta! — ela exigiu.
— A resistência mágica — continuou o Erudita — é a capacidade de suportar a existência de partículas de magia na atmosfera de toda Noakes. Aqueles que não possuem essa resistência adoecem drasticamente, com feridas no corpo, olhos embranquecidos e uma dor intensa. A magia despertou, Caratra.
Fardal Kobold observava a cena com uma expressão de profunda preocupação. Ele sabia que a situação era terrível.
— Muitos em Noakes estão morrendo neste momento, e os adoecidos que sobreviverem à Peste Arcana nunca mais poderão conjurar magia. Serão impedidos de ter seus poderes e ascendências despertados, e muitos nem sequer sobreviverão.
O Erudita, com um sorriso sarcástico, olhou diretamente nos olhos trêmulos de Caratra.
— Você se lembra do dia do julgamento, não é? O jovem filho do abismo que você enviou para Valak? Lá aconteceu um despertar estrondoso. Esta é a consequência de suas ações. Apenas os mais possuidores de resistência mágica em seus corpos não sofrerão da Peste Arcana, mas como já fazem milênios desde a proibição da magia, a maioria de Noakes se tornou fraca.
Caratra estava tomada por uma fúria indescritível. Seus olhos, antes controlados e elegantes, estavam agora arregalados de raiva e desespero sendo embranquecidos lentamente.
— Você sabia, não é? — vociferou ela, avançando em direção ao Erudita, com a voz carregada de uma raiva que quase fazia a atmosfera vibrar. — Sabia que isso poderia acontecer e não me alertou! Como ousa brincar com a vida de todos nós? De sua rainha?
Os braços de Caric e Fardal Kobold tentaram conter Caratra, mas a rainha estava em um estado de frenesí. As feridas em seu corpo pareciam pulsar com cada batida de seu coração, e o medo misturado com a fúria era evidente em suas lágrimas que agora desciam livremente por seu rosto.
— Você está me dizendo que não há nada que possa ser feito? — ela gritou, com a voz embargada pelas lágrimas e pela raiva. — Você deve usar seus poderes de cura para me salvar! Faça algo! Agora, eu exijo... AGORA!
O Erudita, com um olhar frio e uma expressão de desdém, não se perturbou com a cena de desespero diante dele.
— Ah, Caratra, você realmente acha que eu tenho algum interesse em salvar a você? — disse ele com um tom de sarcasmo. — Lamento, mas a Peste Arcana não é algo que se possa curar com um simples feitiço. É uma consequência das suas próprias ações e escolhas. E, além disso, não sou seu curandeiro particular.
Caratra, em um surto de desespero, tentou avançar mais, mas Caric e Fardal a seguraram firmemente. As lágrimas de frustração misturavam-se com a raiva em seu rosto, e o desespero quase a paralisava, ela estava em um episódio de psicopatia.
— Quem você pensa que é? — ela soluçou. — Eu exijo que faça algo! Qual a sua utilidade vivendo em minhas terras se não for para isso?
O Erudita, com uma expressão de frieza e desinteresse, deu uma última olhada para a rainha.
— Parece que a tão poderosa rainha não tem tanto poder assim, não é? — disse ele, com sua voz impregnada de desprezo. — Boa sorte com sua doença.
Com essas palavras cortantes, o Erudita se virou e começou a se afastar, com sua postura flutuante e indiferente. Caratra, enfraquecida e consumida pelo desespero, sentiu as mãos de Caric e Fardal segurando-a com firmeza, impedindo que ela seguisse o Erudita.
— O que faremos agora, Vossa Alteza? — murmurou Caric, com sua voz em um lamento abafado.
O desespero e a dor foram demais para Caratra. As forças a abandonaram de vez, e ela desabou no chão do jardim, com o corpo inerte, e a cabeça tombada para o lado. O sangue e as lágrimas misturavam-se com as pétalas brancas das flores ao seu redor. O sol, implacável, brilhava sobre a cena de devastação que percorria toda Noakes.
Enquanto os gritos de ajuda e a angústia ecoavam pelo jardim, a rainha desmaiada no chão parecia ser um reflexo sombrio do que estava por vir.
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