|| Capítulo 11 ||
Jimin on.
— Chegamos. — despertei dos meus pensamentos.
Saí do carro, ele tirou as sacolas e veio comigo até a porta, abriu já dando passagem para eu entrar primeiro, tirei o tênis para calçar a pantufa.
Entrei, ele me passou as duas sacolas que são minhas, coloquei no sofá.
— Eu já volto, pode sentar aí. — sentei no sofá e fiquei esperando, ouvi barulho de coisa quebrando, desastrado.
Apareceu com uma caixa, sentou ao meu lado.
"O que tem na caixa?" Perguntei.
— É seu, pode abrir. — presente, me entregou a caixa.
Deixei no meu colo, é preta e está com laço dourado, abri ela e não entendi.
"Você me deu uma taça quebrada? Obrigado, mas não entendi" falei.
— Nós vamos colar ela juntos. — para quê?
"Tudo bem, vai me explicar no final?" Confirmou.
Ele foi achando os pedaços que se completavam e eu colando, tentei enteder, mas nada veio na minha mente.
— Terminamos, essa aqui é uma igual a essa, mas sem quebrar e colar. — mostrou a taça perfeita. — A que está na sua mão já foi assim.
Coloquei ela com cuidado na caixa, "O que está tentando dizer com isso?".
— Quando eu estava com quinze anos, gostava de uma menina mais velha da escola, mas ela deixou bem claro que nunca iria ficar comigo. — tadinho! — Eu contei para a minha mãe, ela me ajudou superar aquilo, mas eu insisti que meu coração estava inteiro e ela disse algo que nunca vou esquecer "um coração partido, jamais será o mesmo novamente".
Isso doeu, no fundo da minha alma.
— E o exemplo é essa taça, mesmo colando ela parece com a taça que nunca foi quebrada? — neguei.
Estou começando a entender, e está doendo.
— Você é essa taça toquinho. — parei de olhar ele e olhei para ela. — Mesmo colando não vai ser como antes, então não espere que eu possa juntar seus pedacinhos que muitos ajudaram a quebrar.
Está me fazendo chorar, para.
— Única coisa que eu posso fazer, é após você confiar muito em mim para entregar seus pedacinhos, guardar eles para não se machucar, que mesmo tendo seus sentimentos quero que estejam seguros. — passei a costa da mão para limpar as lágrimas.
"Como sabia disso?" Perguntei olhando ele de novo.
— Você é fácil de ler, após falar de confiança você passou a pensar muito, se fechou na sua bolha. — é, eu faço isso. — Com tudo que fala e sabendo como você é, sei que está quebrado, só juntei os fatos para entender.
"É, eu sou exatamente como essa taça, e mesmo assim você ainda está aqui, não tem medo de se machucar?" Minhas bochechas estão queimando, sinto vergonha facilmente.
— Não, sei me proteger. — diz isso agora. — Mais uma vez não acredita em mim.
"Como eu disse, tenho problemas em confiar nas pessoas" é por isso que não falo "Alguém já cuspiu em você, ou te jogaram na lama dizendo que aquele era o seu lugar?".
— Não. — respondeu.
"Eu passei por isso, agora entende porque tenho dificuldade em confiar? Tenho medo de te machucar e me machucar" o que é bem fácil de acontecer.
— Eu sei, não julgo você ter medo, posso esperar quanto tempo for para você confiar em mim. — falou. — Tem coisas que eu poderia dizer, mas preciso esperar você acreditar no que eu falo, fica tranquilo que você não vai me machucar.
Olhei a taça de novo, Jungkook, eu te odeio por me fazer gostar de você.
"Obrigado por esperar, pode me prometer algo?" Perguntei.
— O que? — perguntou de volta.
"Que se você cansar de esperar vai me falar? Eu não quero te prender, então se você cansar me avisa e pode seguir sua vida" eu não gosto de conversas sérias, mas são necessárias.
Ainda mais eu com a mente que tenho, sem conversa eu crio paranóias sem sentido como um escape da realidade que está me sufocando.
— Tudo bem, prometo. — estendi o dedinho, ele riu, mas pegou o meu selamos a promessa. — Minha avó quer te conhecer.
"Por quê?" Perguntei, fechei a caixa que tem meu coração dentro.
— Eu falei de você para ela, e ela está curiosa. — porque foi falar de mim?
"Ela mora na Rússia, fica para a próxima a visita" tô fora, conhecer a avó mafiosa dele.
— Na verdade, ela está para vir aqui. — bom para você. — Até lá se você quiser eu te busco para conhecer ela.
"Vou pensar, não sou bom em conhecer pessoas" falei.
— Tudo bem. — peguei meu celular, onze e quinze, estou atrasado só um pouco.
"Pode me levar para casa?" Confirmou.
— Vou trocar de roupa, já venho. — falou, levantou e foi para a escada.
Levantei, meu celular tocou.
— Jimin, já está vindo? — meu pai.
— Estou saindo da casa dele, por quê? — perguntei baixo.
— Não venha para casa, vai ter uma tempestade e eu não quero você andando de carro, árvores podem cair, dorme aí na casa do Jungkook, seu irmão já está aqui em casa, não saia da casa dele Jimin. — era só o que me faltava, meu pai me obrigando dormir fora.
— Tá! Até a amanhã! — despediu e desligou, mais alguns minutos Jeon apareceu conjunto moletom preto.
— Algo aconteceu? — confirmei, guardei o celular.
"Vai ter uma tempestade, meu pai acha perigoso nós sairmos" falei "Posso dormir aqui?".
— Claro, seu pai está certo. — eu vou dormir aqui. — Eu te empresto roupa, vem.
Subi com ele para o segundo andar, fomos até o quarto dele, entramos no cômodo e ele acendeu a luz.
Abriu a porta do closet, duvido que algo vá servir.
— Pode ver o que fica melhor para você. — falou.
Olhei as camisetas dele, peguei uma, vai ficar só um pouco grande. Agora vou atrás de uma calça, mesmo detestando dormir de calma.
Ele não parece ser tão maior que eu até olhar as roupas, Deus porque eu sou pequeno?
Peguei mesmo sabendo que não vai servir, não posso fazer nada, Jeon parece que compra roupa maior que o número dele.
— Pode trocar no banheiro, vou ver algo para nós comermos. — saiu do quarto fechando a porta.
Entrei no banheiro dele, tudo bem normal, tirei a minha roupa e dobrei deixando em cima da pia, logo vesti a camiseta que ele emprestou.
A calça como o imaginado, se eu der dois passos está no chão, era para ter algo de amarrar aqui na frente, né? Tirei ela.
Mas a camiseta preta ficou bem grande, não vai ter problema.
Ao sair devolvi a calça para o closet, saí com as minhas roupas, elas eu coloquei na minha mochila no quarto que estava.
Desci atrás do Jungkook, entrei na sala de estar, em seguida a cozinha e ele estava encostado no balcão olhando o celular enquanto uma panela está no fogo.
Forcei uma tosse, ele olhou para mim, mentalmente desejei que a camiseta crescesse.
— Você não pegou calça? — perguntou apontando minhas pernas.
"Ficou grande" agora que me liguei, ele está vendo as minhas pernas.
Alguém me mata?
"Posso vestir minha calça se achar melhor" sugeri.
— Não, está ótimo assim. — então agora de olhar para elas. — Suas pernas são bonitas.
Assim, fiquei rosa.
"Obrigado" tenho pernas bonitas "O que está fazendo?".
— Miojo, você come né? — confirmei.
"Que coreano não come miojo? Até você que não é coreano come" mafioso russo sem vergonha.
— Eu sou coreano sim. — não é.
"Pensei que tivesse nascido na Rússia" falei.
— E nasci, mas também tenho nacionalidade aqui. — então tu é russo amado.
"Você é russo, e trinta porcento coreano" ele riu e foi colocar o macarrão na água fervendo, andei parando perto do balcão.
— Nossa, você ficou menor só com a minha blusa. — coisa da sua cabeça.
"Imaginação sua" fiquei na ponta dos pés para olhar a panela.
— Toquinho. — falou achando engraçado.
"Vou crescer até os vinte e um, estou em fase de crescimento" palhaço, é apenas fase.
— Eu penso que não, vai parar por aí mesmo. — não vou. — Quanto tem de altura?
"Um e não é da sua conta" curioso.
— Chatinho! — ele está fazendo errado.
"Russo, não é assim que faz" empurrei ele tirando de frente da panela, desliguei o fogo, ele iria conseguir queimar miojo.
— É assim que eu faço. — está errado.
"Você iria queimar, deixou a água secar quase toda" coloquei os temperos nele, provei um fio de macarrão "Faltou pouco para queimar".
— Chefe de cozinha. — até parece.
"Pega o hashi" eu peguei a panela.
— E o prato? — prato? Você come miojo no prato Jungkook? Não ouvi isso.
Fui para a sala de estar, ele apareceu com o hashi, coloquei sobre a mesa a panela.
"Não precisa de prato, podemos comer direto na panela" coreanos fazem assim, comem direto da panela.
— Minha mãe russa me ensinou sobre uma cultura que não era a dela, sempre comemos no prato. — me passou o hashi.
"Se quiser pode pegar prato para você" falei.
— Tudo bem, posso comer com você na panela. — a mãe dele parecia ser alguém muito gentil, já o pai nem tanto.
"Porque seus pais vieram embora para a Coréia?" Perguntei.
— Minha mãe queria que eu crescesse perto da minha cultura para aprender coreano. — contou.
"Mas você sabe falar russo, né?" Confirmou "Fala uma frase em russo".
Espero que seja uma que eu já aprendi, assim irei saber o que ele está falando.
— Luna krasivaya. (A lua está linda) — falou após pensar.
As estrelas também, eu entendi.
O céu está fechado para chover, vi pela janela, ele não está vendo Lua nenhuma.
"O que significa?" Sonso sim, o difícil do miojo é que acaba rápido.
— A lua está linda. — respondeu.
"Você nem está vendo a lua" muito sonso.
— Não é exatamente sobre ela que falei. — falou pensativo.
"Sua voz fica mais forte falando russo" ele fica também mais bonito, se é que tem como.
— Obrigado, tenho certeza que não é tão bonita quanto a sua deve ser. — olha eu ficando rosa.
Parei de comer, já enchi.
"Não cria muita expectativa, minha voz não é tudo isso" por um tempo eu não gostei da minha voz.
— Vai superar minhas expectativas. — muito confiante. — O que é necessário para você falar com alguém?
"Não sei, eu falo com três pessoas, meu pai, irmão, e o Jin, todos eu conheço antes de parar de falar, nunca aconteceu de alguém se aproximar de mim para querer saber como é minha voz, então depende do meu cérebro" tadinho, vai cansar de esperar.
— Nunca mesmo ninguém quis se aproximar de você? Fazer amizade? Nada? — isso aí.
"Jungkook, eu gosto de ler, passo a madrugada fazendo isso, amo séries e filmes com finais previsíveis por conta da ansiedade, mesmo assim eu sempre assisto aos filmes repetidos, tem uma biblioteca na minha casa de tanto que gosto de ler, eu gosto de estudar idiomas novos mesmo que fale isso só para mim, percebeu algo?" Perguntei.
— Não. — vou explicar.
"Eu não saio para festas, nem convidado eu sou, estamos na Coréia infelizmente um país ainda muito conservador e eu sou gay, isso já me faz ser excluído de muita coisa, mas Deus não ficou contente em fazer eu assim e completou o combo, desenvolvi fala seletiva e passei dois anos tendo medo de pessoas, quem vai querer se aproximar de alguém assim? Entendeu?" Gay não estava suficiente, precisava não conseguir falar.
— Nunca me contou que já teve medo de pessoas, eu te entendo, mas teria me aproximado de você se o conhecesse antes. — falou.
"Obrigado, eu não te conto muita coisa" é a verdade.
— Por quê? Não vou contar para ninguém. — não é por isso que eu não falo, é porque te envolve. — E a coisa de não ter segredos mocinho?
"Sempre usa apelidos comigo no diminutivo, por quê?" Perguntei ignorando a coisa de ter segredos, óbvio que eu tenho.
— Você é pequeno e fofo, combina. — seu rabo.
Ouvimos um trovão e eu me assustei como sempre, eu odeio trovões, não sei o motivo exato, só sei que essa noite será difícil.
Levamos a panela para a cozinha, ele disse que alguém lavaria amanhã, eu mesmo comecei a lavar, preguiçoso.
— Quer dormir? — perguntou quando terminei, confirmei.
"Acordei cedo hoje" só quero deitar mesmo.
Subi com as sacolas, paramos em frente a porta do quarto que irei dormir.
— Boa noite! — beijou minha testa. — Toquinho.
"Boa noite!" Falei.
— Se precisar de algo venha ao meu quarto, ou manda mensagem. — confirmei.
Entrei no quarto, fechei a porta, coloquei as sacolas na poltrona branca que estava ali. Peguei minha escova e pasta na nécessaire, fui ao banheiro, fiz tudo para conseguir dormir.
Peguei celular e fone na mochila, deitei na cama me cobrindo, só o abajur ligado.
Coloquei os fones, liguei a música, não passei tanto tempo olhando o celular, dormi logo.
[...] 03:07 AM.
Acordei com trovões e raios, comecei a tremer, eu precisava do calmante.
Levantei e peguei a nécessaire, eu não trouxe, merda!
Voltei para a cama, a chuva forte caindo, nem é época de chuva muito menos tempestade, tudo para me ferrar.
Peguei os fones que saíram do meu ouvido, minhas mãos tremendo, coloquei no ouvido de novo com dificuldade, no celular coloquei qualquer música.
Sentado encolhido, com as pernas junto ao peito, coloquei as mãos nos ouvidos desejando não ouvir os trovões.
Apertei chegando machucar, fechei os olhos com força sentindo meu coração acelerar conforme os trovões aumentavam, busquei ar não encontrando.
Devagar, respirei fundo.
Não consigo impedir sem o remédio, a crise começou, eu quero me mexer, mas se eu sair dessa posição posso me machucar ao mexer muito.
Eu não estou conseguindo segurar, meus braços estão doendo, os trovões estão na minha cabeça estou chorando pela dor que eles causam.
— Calma, está tudo bem. — braços me rodearam. — Vai ficar tudo bem.
Fiquei tremendo sentindo a crise passar bem devagar, aos poucos ela foi embora, abri os olhos e já fechei porque doeu.
Relaxei os braços usando para abraçar minhas pernas, dessa vez abri mais devagar e não doeu, fiquei quietinho nos braços de Jeon.
— Está melhor? — confirmei sem olhar para ele. — Vou fazer um chá para você. — iria sair, segurei seus braços. — Tudo bem, eu fico.
E se eu disser que agora estou bem, pode imaginar como já fui? Não né, pois é, já foi muito pior.
— Tem medo de trovões? — confirmei. — O que faz quando está na sua casa?
"Remédio para dormir" assim passo horas dormindo dopado "Como soube que eu estava tendo uma crise?".
— Estava indo beber água, passei para ver se estava bem com toda a chuva forte, e não estava. — é, não mesmo. — Preciso cuidar do seu ouvido.
"O que tem ele?" Perguntei.
— Não está sentindo? — neguei. — Está sangrando, machucou eles com os fones.
Tirou do meu ouvido, agora eu senti, mas não dói tanto.
— Pegar algo para cuidar deles. — fiz bico ao sentir ele sair da cama. — Já volto.
Saiu do quarto, peguei o fone e estão sujos de sangue. Não é a primeira vez, só espero que seja a última, é horrível passar por isso.
Quando voltou acendeu a luz do quarto, antes era só o abajur, sentou na cama perto de mim.
— Primeiro vou limpar, se doer toca meu braço. — confirmei.
Devagar começou a limpar, estava só olhando o quadro que tem na parede na frente da cama, uma mulher com flores murchas nas mãos, mas sorrindo.
Peguei meu celular, escrevi e coloquei na frente dele.
(O que significa esse quadro?), Não entendi o que o pintor quis passar.
Ele olhou o quadro, voltou ao que fazia.
— Ela ganhou flores murchas, mesmo sendo murchas está feliz pelo gesto. — ainda não entendi. — Você me dá seu coração, ele está quebrado, mas estou feliz porque me deu ele.
Agora eu entendi, que quadro triste.
Fiquei observando ele, sentindo os dedos quentes de Jeon no meu ouvido, depois passou para o outro lado, peguei meu celular.
Entrei no Instagram, eu fiquei tão atento ao que aconteceu que não percebi algo, cadê sua blusa Jeon?
Olhei o tronco dele, ele parou me olhando sem entender, quanta tatuagem, olha o piercing dele de duas bolinhas no mamilo esquerdo, muito lindo!
— Ah! As tatuagens. — isso aí. — Gostou?
Confirmei, fui com o meu dedinho e toquei na costela dele, tem um tigre tatuado, mas a que mais me chamou a atenção foi a medusa no peito direito.
"Nunca me falou gostar de mitologia grega" encolhi minha mão, está coçando para tocar nela.
— Eu gosto, egípcia também. — mostrou o braço esquerdo com Anúbis tatuado.
"Pode continuar, gostei das suas tatuagens" virei para frente de novo, piercing dele parecia me encarar, fiquei só um pouco tentado a tocar com as mãos, boca talvez.
Brincadeira, jamais faria isso.
Voltou a cuidar do meu ouvido, logo terminou, foi ao banheiro e jogou fora o que usou, guardou a pequena maleta lá também.
— Quer o chá? — confirmei. — Vou ir fazer.
"Também quero ir" saí da cama.
— É melhor não se mexer muito agora. — falou preocupado.
"Estou bem, não quero ficar sozinho" calcei as pantufas
— Vamos teimosinho. — eu não sou teimoso.
Saímos do quarto, ele apagou a luz, descemos e ele me guiando para a cozinha, já que não tem luz acesa.
Parou de trovejar enquanto ele me acalmava da crise, agora só está chovendo, ainda é forte pelo menos é só chuva.
Acendeu a luz, colocou água para ferver, pegou duas xícaras nos armários.
Quero sentar, olhei ao redor e não tem cadeira aqui.
— Deixa eu te colocar no balcão. — não entendi, ele se aproximou, me colocou sentado no balcão. — Pronto, não é bom ficar em pé.
Encostou na ilha que fica na minha frente, eu sei que ele é bonito, só não pensei que poderia ficar mais ao ver ele sem blusa.
— Você quer fazer uma? — perguntou. — Parece muito interessado nas minhas.
"São bonitas, combina com você" falei "Dói muito se for bem pequena?".
— Não, acaba rápido, nem vai sentir. — falou. — Tenho mãos ágeis.
Isso saiu muito malicioso, ou eu que vi malícia?
"O que combinaria comigo?" perguntei, está me convencendo a fazer uma tatuagem.
— Coisas pequenas e fofas. — respondeu. — Depois eu te mostro alguns desenhos, se gostar de um pode fazer.
"Vou pensar, mas quero ver seus desenhos" já vejo alguns em seu corpo "Tem mais alguma tatuagem que você fez?".
— As das mãos fui eu, no tronco nenhuma, é difícil fazer em si mesmo nessa parte do corpo. — contou. — Agora na perna tem mais, quando terminar a escola pretendo tatuar meu rosto.
"Por quê?" Bem coisa de mafioso.
— Sempre tive vontade, não vou encher meu rosto, é só uma bem pequena. — ainda acho loucura. — Pode me responder uma coisa?
"Não sei, faz a pergunta primeiro" dependendo do que for a resposta é não.
— Se eu não tivesse entrado no seu quarto o que teria acontecido? — posso responder.
"No nível que eu estava era perigoso ter convulsões" respondi "Obrigado por me ajudar".
— Não foi nada, suas crises resultam em convulsões? — confirmei.
"Boa parte delas, mas já faz um tempo que isso não acontece, eu consegui controlar bem meu corpo, eu preciso dominar a minha mente para não ter mais crises" falei.
— O que falta para isso acontecer? — perguntou.
"É um longo processo para eu ter domínio sobre a minha mente, como eu já te disse ela é um enigma, tem dias que eu consigo ficar horas sem pensar em nada negativo ou deprimente, mas de repente eu passo a pensar em coisas tristes" a fala seletiva afeta muitas áreas da minha vida "Minha psicóloga falou que para dominar minha mente eu preciso me concentrar no hoje, agora, porque ela me domina por eu viver pensando no ontem ou amanhã, eu nunca vivo o presente".
Sempre preso no que já aconteceu, ou no que vai acontecer. Estou preso no meu passado por ser apenas desgraça, e ansioso pelo futuro por medo de se repetir o que aconteceu no passado.
Resumindo, dominar a minha mente é quase missão impossível.
— Talvez nada no seu presente chamou a sua atenção para você se esquecer disso. — faz sentido. — Espero te ajudar com isso.
"Está ajudando" falei.
— Qual sabor de chá vai querer? — pegou uma caixa de vidro, mostrou para mim, aberta.
"Camomila" é o que mais gosto que tem na caixa, pegou um sachê e colocou na xícara, ele escolheu outro sabor.
Colocou a água fervendo, me passou a xícara, comecei a mergulhar o sachê para ele soltar o sabor na água quente, foi criando cor.
Passei a soprar, bebendo devagar e olhando um ponto fixo na cozinha, não pensando em nada, às vezes em tudo.
Fiquei assim por um tempo, quando o meu chá estava no fim olhei para Jeon e ele já me olhava, encarei o fundo da xícara com vergonha.
— Você é fofo toquinho. — falou. — Parece um gato arisco.
Bebi o restinho de chá da xícara, ele pegou, dessa vez lavou as duas xícaras.
— Quer ajuda? — para descer do balcão, confirmei.
Colocou me no chão sem problemas, saímos da cozinha, da sala de jantar, subimos para o segundo andar, estou sentindo meu corpo mais leve.
É sono!
Bocejei assim que entramos no corredor, quero dormir.
— Está cansado Jiminsinho? — confirmei. — Dessa vez nada vai atrapalhar seu sono.
Espero que sim, tomara que não volte a trovejar, só a chuva está ótima!
— Fico preocupado em te deixar sozinho, mas sei que não quer dormir comigo. — quem disse? Eu quero, só não vou admitir. — Dessa vez realmente vá ao meu quarto se sentir medo.
"Eu vou" dessa vez é sério "Até daqui a pouco".
— Até toquinho. — entrei no quarto fechando a porta.
Usei o banheiro, após lavar as mãos escovei o dente, saí secando a boca. Deitei na cama, desliguei o abajur para não atrapalhar eu dormir.
Com isso eu dormi tranquilo, sentia meu corpo leve enquanto descansava, parecia que a crise foi tão exaustiva que só dormindo para descansar totalmente e repôr as energias.
Acordei sozinho, bem devagar sentei na cama, olhei o travesseiro e está um pouco sujo de sangue do meu ouvido, espero que Jungkook não se importe.
Saí da cama e espreguiço, fiz uma rotina simples no banheiro.
Calcei as pantufas, saí do quarto com o celular atrás do Jungkook, desci para o primeiro andar.
Achei ele na sala de jantar, com iPad na mão e comendo algo parecido com panqueca, mas não sei o que é.
— Bom dia! — falou ao me ver.
"Bom dia! O que está comendo?" Perguntei.
— Blini. — o que é isso? — Quer experimentar? É algo que nós russos comemos no café da manhã.
"Sim, me dê um" sentei ao lado dele, passou um para mim.
— Mergulha no mel a ponta e morde. — fiz o que ele falou, é feito na manteiga com toda certeza pelo gosto, é bom. — Gostou? — confirmei comendo mais. — Dormiu bem?
"Como um gato" o sono do gato parece ser tranquilo e longo.
— Que bom! — falou. — Já pensou sobre a tatuagem?
Fiz sinal para ele esperar, terminei de comer, coloquei um pouco de suco no copo, bebi.
"Sim, certeza mesmo que não vai doer?" Confirmou "Ainda preciso pedir ao meu pai".
— Pede agora. — mas eu quero comer mais.
"Posso comer primeiro?" Tô com fome!
— Pode. — peguei outro Blini do prato dele. — Isso aí era meu.
Dei de ombros dobrando ele para mergulhar no mel e mordi, delicioso. Esse foi o último que comi, bebi suco ao terminar, limpei minhas mãos e minha boca com guardanapo quando terminei.
Peguei meu celular, meu pai está online.
Bom dia!
Pai, eu te amo muito.
Jungkook concentrado no iPad, e eu no celular esperando a resposta do meu pai, chegou.
Pai - Bom dia!
Pai - Já te dei dinheiro ontem, o que precisa agora?
Quem vê pensa que só mando mensagem para a pedir dinheiro.
Não é dinheiro.
Eu posso fazer tatuagem?
Pai - Não, você tem dezoito anos, não pode fazer.
É bem pequena pai.
O Jungkook vai fazer.
Pai - Claro que o Jeon estaria na história, má influência.
Pai - Nada de caveira, coisa relacionada a morte, crimes, demônio, livros estranhos que já leu, ou frases estranhas.
Pai - Se aparecer aqui com tatuagem estranha, vai tirar no lazer e o Jungkook vai ser processado por estragar seu corpo.
Pai - Volte após o almoço, já passou muito tempo fora de casa.
Ele deixou? Como assim ele deixou?
— Ele não deixou? — Jungkook perguntou, desliguei o celular.
"Ele deixou" não tô acreditando que ele "Te chamou má influência".
— Calúnia, não sou. — é sim.
"Também vai ser processado se estragar meu corpo, já esteja ciente dessas coisas, e eu não posso tatuar o que está na lista dele" mostrei o celular.
— Fico tão tranquilo para te tatuar agora. — boa sorte! Vai precisar bastante disso. — Já separei a pasta para você ver, são tatuagens pequenas e sem muitos detalhes, não vai te machucar.
Peguei o iPad, coloquei na mesa e fui passando os desenhos.
"Você fez todos?" Confirmou.
— Não, minto, tem uns cinco que não fui eu. — se corrigiu. — Mas noventa e nove porcento foi.
Continuei olhando tentando escolher, tem muito, fico indeciso.
— Vem. — e a mesa? — Alguém vai limpar isso, expressivo de mais.
Fica na sua, só você sabe me ler desse jeito.
Silêncio, não falem nada.
Fui atrás dele e entramos no corredor da sala de cinema, passamos duas portas fechadas, uma tem uma placa com uma menina brincando, deve ser da irmã dele.
Na última ele destrancou, abriu a porta, ele tem estúdio de tatuagem em casa.
— Entra toquinho. — entrei olhando tudo, tem luz entrando pela janela, mas ele acendeu a luz.
Todas as paredes são pretas, tem desenhos em todas elas em quadros, aproximei de um e vi a assinatura, Jungkook que fez.
— Senta, enquanto decide eu preparo tudo. — tô com medo, mas não vou desistir.
Sentei, voltei a olhar os desenhos, ainda estou indeciso sobre qual fazer.
— Todas vão ser pretas ou vai querer alguma colorida? — perguntou.
"Preto" tem muito desenho.
Nem vi o tempo também passando, ele já estava sentado na minha frente esperando, e eu olhando.
Deixei no colo, respirei fundo.
"Não sei qual fazer tem muitos desenhos" falei.
— Mostre os que você mais gostou. — peguei o iPad mostrando os quatro que gostei. — Gostou desse coração? — confirmei. — Todas essas são fáceis e rápidas de fazer, menos o coração, pode fazer todas elas.
Quatro tatuagens de uma vez? Eu nunca nem pensei em fazer tatuagem, imagina quatro em uma pancada só.
"Mas não é muito?" Perguntei.
— Olha para o meu corpo, fica tranquilo que quatro não é muito. — você parece um gibi.
Pensa num gibi bonito, é ele.
— Você faz uma, se achar tranquilo fazemos as outras, concorda? — pensei um pouco, confirmei. — Que tal o gatinho primeiro?
"Pode ser" passei o iPad para ele.
— Em mim eu não faria o decalque para uma tatuagem simples assim, mas como estou correndo o risco de ser processado irei fazer. — o que é isso? — Onde vai fazer?
Olhei para os meus braços, apontei o antebraço direito.
— Tudo bem, vou raspar os pelinhos para não entrar na agulha. — deixar ele ver sozinho.
Coloquei o braço em cima do apoio, ele veio com a gilete, passou a mão no meu braço e eu só olhando.
— Jiminsinho, você raspa os braços? — neguei. — Cadê os pelinhos?
"Eu não tenho, não vai precisar raspar" ficou um tempo me olhando, coloquei o braço no apoio de novo.
— Como? — mesmo assim ele passou. — Tirando a pele morta.
"Não sei, eu só não tenho, meu irmão tem assim como meu pai, veio da minha mãe" DNA o nome.
— Tudo bem. — ouvi um barulho de impressora, olhei para o lado, ele pegou os papéis. — É para fazer o decalque.
Cortou os desenhos, porque são pequenos, só o coração que é um pouco maior.
Só fiquei olhando ele fazendo tudo, enquanto não ligar a maquininha ficarei tranquilo com tudo, peguei meu celular que ele colocou na maca preta.
Entrei na câmera, desliguei o flash, tirei uma foto dele concentrado passando algo no meu braço.
— Deixa eu ver a foto. — praga!
Mostrei, sem graça.
— Onde quer fazer as outras? — perguntou.
Preciso decidir muito bem, apontei os outros lugares.
— Decalque pronto, esperar secar agora. — tudo bem!
Olhei meu braço onde está o gatinho, que bonitinho!
— Está com medo? — perguntou.
"Só um pouco, estou confiando em você que não vai doer muito" não gosto de sentir dor.
— Obrigado por confiar em mim. — falou. — Já pensou em furar as orelhas?
"São furadas, eu só não uso brinco" respondi.
— Por quê? Não gosta? — perguntou interessado.
"Eu gosto, sempre quis furar a orelha e consegui ano passado, mas em uma crise eu me machuquei muito pelos brinco, então achei melhor ficar sem eles" contei a verdade.
— Você já machucou muito seu corpo? — confirmei. — Tem cicatriz?
"Duas, uma na costela e uma na barriga" respondi "Antes que pergunte, da costela eu ganhei ela na primeira crise tendo convulsões, tinha algo cortante no chão, da barriga foi quando caí na escola" eu não caí, me empurraram.
— Um dia, se você deixar posso fazer tatuagem em cima das cicatrizes. — falou.
"Talvez" não mesmo, ele teria que ver meu corpo, nem ferrando!
— Vamos começar? — perguntou colocando luvas pretas, confirmei querendo desistir, mas um Park não desiste.
Com o barulho da maquininha eu me encolhi na cadeira, se aproximou do meu braço, virei o rosto fechando os olhos com força.
— Vou encostar no seu braço. — encostou e eu me encolhi mais porque doeu. — Não se encolha tanto Jiminsinho, as patinhas já estão prontas.
Espiei, voltou a encostar e eu me segurei para não encolher de novo, fiquei mordendo o lábio inferior olhando ele tatuar meu braço, dói, mas é mais suportável.
Já senti dores piores, de zero a dez, essa eu dou dois.
— Só falta o bigode. — fez os risquinhos. — Está oficialmente tatuado. — limpou. — Pode ver.
Aproximei meu rosto, estou tatuado, que bonitinha minha tatuagem de gatinho.
— Vai fazer as outras? — confirmei ainda olhando ela. — Gostou?
"Eu amei, não dói tanto" falei.
— Vai precisar subir na maca, deite. — saí da cadeira, usei a escada para subir, deitei. — Vou fazer as duas, depois só vai faltar o coração.
Fiquei olhando o celular, a primeira doeu um pouco mais que a outra porque pegou no osso.
Sentia ele limpando para continuar, às vezes perguntava se estava doendo, negava, assim terminou mais duas.
— Três prontas, vamos para a última? — confirmei. — Cadeira de novo.
Desci e sentei, aproveitei para olhar as duas novas, mais dois bichinhos.
Levantou a manga da camiseta, mostrando o decalque do coração com as flores, a única com significado, é um coração com partido.
Mesmo quebrado irei florescer, assim espero.
Coloquei o braço no apoio, esperando ele começar, ele colocou a maquininha de lado e prendeu uma parte do cabelo por estar caindo nos olhos, voltou a pegar a maquininha.
— Essa vai doer um pouco mais por ter sombreado, tudo bem? — confirmei.
A maquininha voltou a fazer barulho, fiquei olhando a tatuagem sendo feita, Jungkook com muito cuidado, fazendo de tudo para eu não me sentir desconfortável ou dor, isso me fez sorrir.
Segunda vez que ele me ajudou em crise essa madrugada, a primeira ele impediu que ela chegasse, dessa vez me acalmou e ficou comigo até ela passar.
Quem já fez isso por mim foi meu pai e o Jin, meu irmão não consegue me ver em crise, chora e se desespera.
Não tive ninguém além deles, é interessante mesmo que a minha mente me faça pensar que vai dar em nada, pela primeira vez não vou ouvir ela.
Eu e Jungkook, podemos ter algum futuro...........................
Tatuagem do Jungkook.
Tatuagem do Jimin, combina com ele.
Jimin, por enquanto pequenas e fofas.
Uma lhama não podia faltar.
E o coração.
Jimin só sofre né, medo de trovões, crises, convulsões, fala seletiva, bullying, etc. O que aconteceu?
Beijo na testa 💋💋!!!!!!!!!!!!!!!!
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