XX. Ser apenas meu alfa.
Oi meus anjinhos! Como vocês estão? Não se esqueçam de votar e comentar, por favor!
Logo teremos o Taehyung na iniciação, (tem muita coisa pra vim, pelas minhas contas, faltam apenas NOVE CAPÍTULOS para ela ser finalizada!) Agora para arrebentar! 🐺❤️
Perdão por qualquer de ortografia e boa leitura S2
7 DIAS DEPOIS.
—
Eu tô exausto, Jimin! — Taehyung resmungou, largando o peso do corpo no chão, os braços jogados para trás enquanto ofegava dramaticamente.
Jimin, que estava encostado em uma árvore, cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
— Taehyung, não reclame comigo. Foi o Jungkook que passou esses exercícios. E, caso você tenha esquecido, ainda faltam três para finalizar.
— Três?! — Taehyung exclamou, virando-se para Jimin com um olhar incrédulo. — Ele quer acabar comigo! Não basta na ca-...
Ele interrompeu a frase no meio, percebendo o que estava prestes a dizer. Seu rosto corou imediatamente, e ele desviou o olhar, envergonhado.
Jimin arqueou uma sobrancelha, um sorriso divertido surgindo em seus lábios.
— Na cama? Taehyung, eu tenho 250 anos. Já vi e ouvi de tudo nessa vida. Você falar sobre seus momentos íntimos com o Jungkook não é nada comparado ao que já tive que presenciar.
O ômega suspirou, aproximando-se para sentar ao lado do amigo.
— Mas, voltando ao assunto, reclamar não vai mudar nada. Melhor terminar logo esses exercícios e acabar com isso de uma vez.
Taehyung bufou, abraçando os próprios joelhos como uma criança emburrada.
— É fácil para você falar. Você não tem que lidar com isso.
Jimin cruzou os braços, lançando-lhe um olhar levemente desafiador.
— Taehyung, eu já lidei com coisas muito piores que um treino puxado.
O ômega ficou em silêncio por alguns segundos, encarando o chão antes de suspirar novamente, um peso evidente em seus ombros.
— Mas, falando sério, tem outra coisa que está me incomodando.
Jimin inclinou a cabeça, seu tom ficando mais curioso e preocupado.
— O que foi agora?
— Eu tive um sonho. — Taehyung começou, sua voz mais baixa agora, quase um sussurro. — Com a Kaori.
— Kaori? — Jimin inclinou-se um pouco para frente, intrigado. — O que você viu?
— Foi estranho. Eu estava em uma floresta, mas ela era diferente. O céu estava dourado, e o vento parecia... vivo. E aí, ela apareceu. — Taehyung fez uma pausa, olhando para as mãos. — Ela me olhava tão intensamente. Mas ela não disse nada. Só ficou ali, me observando.
Jimin franziu a testa, pensativo.
— Isso soa como algo importante. Você já perguntou ao Jungkook sobre isso?
— Não. — Taehyung balançou a cabeça. — Mas isso me fez pensar em algo. Por que será que ela me escolheu? Com tanto lobo de verdade por aí... por que logo eu?
Jimin ficou em silêncio por um momento, ponderando. Ele então respirou fundo e começou a falar, sua voz carregada de cuidado.
— Taehyung, não sei exatamente como explicar. Mas há uma lenda. Dizem que, quando os hospedeiros de Kaori morrem, eles têm um sonho. Um vislumbre do próximo que ela pode renascer. Isso aconteceu com Ekaterina, pouco antes de sua morte, ela sonhou.
— Uau…
— Retomando... Você tem 27 anos, não é?
Taehyung assentiu, sem interrompê-lo.
— Sabe, quando Ekaterina morreu, foi há 173 anos.
Os olhos de Taehyung se arregalaram, sua boca ligeiramente aberta em choque.
— Cento e setenta e três... anos? — Ele gaguejou. — E o Jungkook?
Jimin suspirou, um leve sorriso melancólico surgindo em seus lábios.
— O lobinho ficou arrasado. Elas eram tudo para ele. Mas, mesmo assim, ele sabia que não era o fim. — Taehyung sentiu o coração apertado, mas não de tristeza pelo fim trágico, e sim por ciúmes.
— Ele ficou esperando todo esse tempo?
— Sim. Não acasalou com nenhum ômega, ele sempre foi assim. — Jimin respondeu com um aceno de cabeça. — Quando finalmente você finalmente chegou, descobrimos o motivo de tanta demora. Era porque você nasceu biologicamente humano.
Jimin lançou um olhar divertido para Taehyung antes de continuar:
— E, bem, os humanos... são lentos para se desenvolver. E nem sempre muito inteligentes.
— Ei! — Taehyung exclamou, cruzando os braços sobre o peito, claramente ofendido. — Eu fui o único que encontrou vocês, lembra?
Jimin riu baixinho, balançando a cabeça.
— Na verdade, não, Taehyung. Outros milhares de humanos já tentaram. Alguns eram fortes, outros determinados, experientes. Mas você... — Ele o encarou com intensidade. — Você foi o único que sobreviveu.
Taehyung ficou em silêncio, absorvendo aquelas palavras. A neve caía suavemente ao seu redor, e o som do vento preenchia o espaço entre eles.
— Então, eu sou especial porque sobrevivi? — Ele perguntou em um tom hesitante, seus olhos buscando alguma explicação mais profunda.
Jimin suspirou, sua expressão suavizando.
— Não é só isso. Você é especial porque Kaori viu algo em você. Algo que ninguém mais tem. Mesmo que você não entenda agora, ela te escolheu por uma razão. Você pode descobrir ou não, passar os anos da sua vida sem saber a sua origem.
Taehyung apertou os lábios, seu coração carregado de dúvidas e expectativas. Ele olhou para Jimin, tentando encontrar algum conforto em suas palavras.
— Eu só espero que ela não tenha se enganado. — Murmurou, mais para si mesmo do que para Jimin.
— Kaori nunca erra. — Jimin repetiu com firmeza, a convicção em sua voz quase tangível. Seus olhos escuros encontraram os de Taehyung, que desviou o olhar, inquieto. — Confie nela, Taehyung. Mas, acima de tudo, confie em si mesmo.
Taehyung respirou fundo, tentando processar as palavras do amigo, mas o desconforto em seu estômago crescia. Ele hesitou, passando a língua pelos lábios secos antes de falar:
— Eu vou tentar… Uh, Jimin.
— O que foi agora? — Jimin perguntou, arqueando as sobrancelhas, já antecipando mais uma desculpa do mais novo.
— Estou com fome.
Jimin piscou, surpreso pela mudança brusca de assunto.
— Você não comeu hoje de manhã?
Taehyung balançou a cabeça, suas mãos inquietas esfregando o tecido da túnica que usava.
— Não…
— E por quê? A carne estava crua?
— Não, eu só... estava enjoado demais para comer.
Jimin suspirou, erguendo o rosto e farejando o ar. Ele fechou os olhos por um breve momento antes de murmurar:
— Hmm… Eu sinto o cheiro de coelho. Podemos caçá-lo rápido, e você...
— Coelho?! — Taehyung exclamou, interrompendo-o, seus olhos arregalados em um misto de horror e incredulidade. Ele apertou os lábios antes de continuar, como se precisasse se explicar. — Coelhos são fofos! Eles... eles me lembram o Jungkook!
Jimin encarou-o por alguns segundos antes de soltar uma risada curta, claramente incrédulo.
— Taehyung, eu entendo que você é sentimental, mas por que raios associar um coelho ao Jungkook? — Ele balançou a cabeça, uma expressão divertida cruzando seu rosto. — Isso não faz o menor sentido.
Antes que pudessem discutir mais, o som de passos pesados sobre a neve chamou a atenção dos dois. Jungkook surgiu entre as árvores, seus olhos âmbar brilhando com intensidade, como se fossem capazes de enxergar cada detalhe do ambiente ao seu redor. Ele parou próximo aos dois, farejando o ar com discrição antes de falar:
— Pequeno. — Sua voz era grave, carregada de preocupação. — Está tudo bem? Eu senti algo... pela marca.
Antes que pudesse responder, o ômega se aproximou ainda mais, colando o corpo ao do alfa em um abraço repentino. Jungkook sentiu o impacto leve, o calor de Taehyung se espalhando por seu peito. Automaticamente, seus instintos despertaram, e ele abaixou o rosto, enterrando-o no pescoço do menor.
Inspirou profundamente.
O cheiro doce e familiar de Taehyung tomou conta de seus sentidos, um aroma aconchegante que misturava notas suaves de madeira e algo naturalmente viciante, próprio do ômega. Jungkook rosnou baixo, satisfeito, sentindo o corpo relaxar instantaneamente. Seu nariz deslizou lentamente pela pele macia, farejando-o como um lobo que se certificava de que seu par estava seguro.
— Você está agitado... — murmurou contra sua pele, a voz mais rouca.
Taehyung se encolheu ligeiramente com a sensação, os dedos segurando firme a roupa de Jungkook.
— Porque ele quer matar um coelho, Jungkook! — repetiu, como se aquilo fosse a coisa mais ultrajante do mundo.
Jungkook afastou o rosto apenas o suficiente para olhar para Jimin por cima da cabeça de Taehyung, suas sobrancelhas arqueadas.
Jimin suspirou, cruzando os braços.
— É só um coelho, Taehyung. — Jimin explicou, balançando a cabeça, mas com um sorriso no rosto.
Taehyung ignorou o comentário de Jimin e puxou o braço de Jungkook.
— Você não acha isso cruel?
Jungkook inclinou levemente a cabeça, seu olhar calmo e ponderado fixo em Taehyung.
— Se é para te alimentar, não é crueldade, Taehyung. É sobrevivência. — Sua voz era firme, mas sem a intenção de repreender. — E coelhos são uma delícia. Eu sempre os caço para você…
Taehyung franziu o cenho, apertando os lábios.
— Mas eles são tão pequenos e indefesos...
— E é por isso que os predadores os caçam.
Taehyung suspirou, frustrado. Ele sabia que o alfa estava certo, mas ainda assim, algo em seu coração o incomodava. Para Taehyung, coelhos não devem ser mortos, eles devem ser cuidados, como um bebezinho.
— Eu vou achar outra coisa para você comer. — Jungkook falou de repente, sua voz baixa e tranquila, enquanto seus olhos captavam cada detalhe da expressão relutante de Taehyung.
Antes de se afastar, num gesto que para Jungkook era extremamente normal, ele inclinou a cabeça e colou os lábios nos do ômega, em um beijo breve e suave, carregado de um cuidado silencioso.
Taehyung arregalou os olhos, com vergonha do gesto repentino.
— Jungkook! — Ele exclamou, um tom de repreensão mesclado ao embaraço em sua voz.
O alfa apenas deu um pequeno sorriso antes de dar meia-volta, seus passos ágeis e silenciosos como os de um caçador nato. Taehyung levou a mão aos lábios, ainda sentindo o calor. Ele mordeu de leve o interior da bochecha, tentando conter um sorriso que insistia em surgir.
— De preferência que não esteja cru! — Taehyung gritou de repente, cruzando os braços enquanto o observava desaparecer entre os troncos.
Jungkook parou por um instante, apenas o suficiente para virar a cabeça levemente na direção de Taehyung, os cantos de seus lábios se curvando em um sorriso quase imperceptível, antes de desaparecer por completo na floresta.
— Ele acha que não faz diferença. — Taehyung resmungou para si mesmo, bufando baixinho, e sentiu um leve arrepio quando Jungkook trazia carne crua.
A ideia de comer algo cru ainda o deixava enjoado.
— Vamos lá, vamos voltar aos treinamentos. — Jimin falou novamente, fazendo o mais novo bufar.
☯
— Alguma novidade sobre o clã do Oeste?
Jungkook perguntou, já entrando na cabana principal. Sua voz era firme, mas sem pressa. Ele sacudiu a neve dos ombros, os olhos âmbar, analisando cada um ali dentro com precisão.
Namjoon, que estava inclinado sobre um mapa estendido na mesa de madeira, ergueu o olhar ao ouvir a pergunta. Seu rosto carregava a mesma expressão séria de sempre, mas havia um peso a mais na forma como apertava os lábios.
— Recebemos informações de que eles estão mais ativos nos últimos dias. Alguns dos nossos batedores relataram movimentação perto da fronteira. — Namjoon respondeu, apontando para uma área no mapa. — Parece que estão reunindo suprimentos.
Jungkook franziu a testa.
— Isso significa que estão se preparando para alguma coisa. Um ataque, talvez?
— Ainda não temos certeza, mas o comportamento deles mudou. Estão cautelosos demais. — Hoseok, que estava quieto até então, falou. — Ou estão se preparando para atacar, ou para fugir de algo ainda pior.
Um silêncio pairou sobre a cabana.
— Isso não é bom. — Jungkook murmurou, seus olhos voltando para o mapa. Ele passou os dedos sobre as marcas que indicavam as divisões territoriais. — Se eles estiverem em fuga, pode ser um problema maior do que imaginamos.
Namjoon assentiu, concordando.
— Se nos atacarem novamente, vamos caçá-los e acabar com isso. — Jungkook rosnou, a ameaça pulsando em sua voz como um trovão abafado.
Seus olhos âmbar brilharam com intensidade. Namjoon assentiu, compreendendo a seriedade da situação.
— Já organizei patrulhas extras. Se eles se moverem, vamos saber.
Jungkook deslizou os dedos sobre a madeira áspera da mesa, seus pensamentos rodopiando como uma tempestade. Hoseok pigarreou, quebrando o silêncio novamente.
— Nosso território sempre foi cobiçado. Água limpa, caça farta, lugares seguros. É um paraíso comparado ao que eles têm. — falou Hoseok.
Jungkook rosnou, os músculos do maxilar se contraindo.
— Que tentem. — murmurou, a ameaça evidente em sua voz.
Namjoon ergueu os olhos para ele, avaliando sua postura rígida.
— A questão não é se eles vão tentar, e sim como. Se partirem para o ataque direto, podemos revidar. Mas se usarem estratégias que não estamos esperando…
Hoseok assentiu.
— O Clã do Oeste nunca foi conhecido pela força bruta. Eles jogam sujo.
— Envenenamento. — Jungkook sugeriu, lembrando-se das histórias antigas. — Emboscadas. Sequestraram nossos filhotes no passado, mataram ômegas e filhotes que nem tiveram tempo de respirar o ar…
Jungkook sentiu vontade de matar todos eles, a violência bruta. Namjoon passou a língua pelos dentes, pensativo.
— Não podemos subestimá-los. Mas também não podemos mostrar fraqueza. Se perceberem que hesitamos, vão avançar.
Jungkook respirou fundo, seus punhos se apertando ao lado do corpo.
— O que faremos então?
Namjoon ergueu o olhar para ele, sua expressão firme.
— Nos preparamos para tudo.
E naquele momento, Jungkook soube que uma guerra já havia começado — mesmo sem uma única gota de sangue ter sido derramada.
☯
A neve mordia sua pele como agulhas de gelo. O frio era tão intenso que parecia queimar. Seus pés afundavam na neve fofa a cada passo hesitante. O céu acima era de um cinza opaco, sem sol, sem estrelas, sem qualquer sinal de vida. Tudo estava silencioso, opressor.
— Olá!? — sua voz ecoou pelo vazio, engolida pelo vento gelado. Ele se abraçou, tentando esconder sua nudez, mas não havia para onde correr, não havia abrigo.
Então, ele sentiu.
Algo no ar mudou.
Um cheiro familiar, mas ao mesmo tempo estranho, carregado no vento. Taehyung se virou bruscamente, o coração disparando. E foi quando viu.
À frente, a paisagem antes deserta se transformou, como se uma cortina de fumaça se dissipasse. A clareira era iluminada por uma luz pálida, quase espectral, e no centro dela estavam duas figuras.
Jungkook.
E uma mulher.
Taehyung reconheceu Jungkook de imediato. Ele estava ali, tão real que doía. Seu alfa, seu par, seu tudo. Mas seus olhos âmbar estavam fixos na mulher a sua frente, um olhar tão profundo e intenso que fez o estômago de Taehyung revirar.
Ekaterina.
Mesmo sem nunca tê-la visto antes, Taehyung soube quem era. Seu coração apertou, as mãos tremendo ao lado do corpo.
A mulher era bela, de uma forma quase etérea. Seus longos cabelos escuros caiam sobre os ombros, a postura altiva, os olhos cheios de vida. Mas o que realmente o incomodava era o modo como Jungkook a olhava.
Ele parecia… feliz.
Jungkook ergueu a mão, tocando a bochecha de Ekaterina com delicadeza. Seus olhos âmbar brilhavam com um calor que fez o peito de Taehyung apertar dolorosamente.
— Ei, Jungkook! — Taehyung chamou, a voz saiu trêmula.
Mas o alfa não reagiu.
Ele sequer piscou.
O frio era cortante, mas não se comparava à sensação gelada que tomava conta do coração de Taehyung. Seus pés afundavam na neve conforme ele caminhava em direção a eles, cada passo mais pesado que o anterior.
— Jungkook! — chamou novamente, dessa vez mais alto, quase desesperado.
Nada.
Resmungando, ele apertou o passo. Mas antes que pudesse tocá-los, tudo se dissipou diante de seus olhos. Jungkook e Ekaterina desapareceram como poeira ao vento.
A clareira se tornou vazia. A luz espectral sumiu. Só restava a neve e o silêncio sufocante.
Taehyung engoliu em seco, os olhos arregalados. Seu peito subia e descia em respirações irregulares.
— Jungkook!? — ele gritou, a voz embargada. — Não pode ir embora! Eu sou seu ômega! Não ela!
O eco de seu próprio desespero foi a única resposta.
Seus joelhos fraquejaram, e ele caiu na neve, sentindo o frio subir por sua pele nua. O vento soprava forte ao seu redor, como se risse de sua dor.
E então, atrás dele, um farfalhar quase inaudível. Taehyung virou o rosto rapidamente, os olhos escuros encontrando uma sombra no meio da névoa branca.
Kaori.
Ela estava ali, parada, observando-o. Seu rosto não expressava nada, mas seus olhos diziam tudo.
Taehyung abriu a boca para falar, mas antes que pudesse soltar qualquer palavra, tudo ao seu redor desmoronou.
Ele acordou.
A cabana estava escura, a única iluminação sendo a brasa fraca da lua filtrando-se pela fresta entre as peles que cobriam a entrada. O frio da montanha persistia, mas o calor do corpo ao seu lado o envolvia como um casulo. Ainda assim, seu peito parecia congelado por dentro.
Taehyung piscou algumas vezes, tentando se situar. Seu coração ainda batia rápido, e sua pele estava úmida de suor frio. Ele percebeu que estava deitado sobre o peito de Jungkook, sentindo a lenta e constante respiração do alfa debaixo de si.
O cheiro selvagem e dominante o envolvia por completo, misturado ao aroma de madeira e neve. Mesmo dormindo, Jungkook estava alerta — seu cheiro era forte o suficiente para afirmar isso.
Era só um sonho.
Um pesadelo.
Mas a dor persistia como se fosse real.
Com cuidado, Taehyung ergueu a cabeça, observando o rosto de Jungkook na penumbra. O alfa dormia profundamente, a expressão relaxada, mas seu corpo mantinha a tensão habitual. Mesmo inconsciente, ele era um predador preparado para atacar a qualquer momento.
Taehyung mordeu o lábio, sentindo um nó apertar sua garganta. A imagem de Jungkook sorrindo para Ekaterina ainda queimava em sua mente, tão nítida quanto a neve lá fora. Ele sabia que era irracional, que aquilo não passava de um sonho…
Mas então, por que doía tanto?
Seus dedos se fecharam ao redor do tecido grosso da manta, puxando-a mais para si. Ele queria afastar aquele incômodo, ignorar o aperto desconfortável em seu peito. Queria esquecer a forma como Jungkook a olhava com tanta ternura.
Mas a lembrança o consumia.
Ele deslizou para fora do abraço do alfa com cuidado, tentando não acordá-lo. Seu corpo protestou com o choque do frio, mas ele ignorou, saindo da cabana com passos silenciosos. A neve rangeu sob seus pés descalços quando ele emergiu no exterior. O vento cortante soprou contra sua pele, mas Taehyung permaneceu ali, abraçando a si mesmo.
O céu estava limpo, salpicado de estrelas, e a lua cheia brilhava intensamente, derramando sua luz prateada sobre a floresta silenciosa. A brisa fria da noite acariciava sua pele, mas não o suficiente para aliviar o aperto em seu peito.
Taehyung fechou os olhos, respirando fundo.
"Ele é meu. Eu sou o ômega dele."
Então, por que sentia como se pudesse perdê-lo?
"Você sabe que isso não é real, não é?"
A voz familiar ecoou em sua mente, fria como o vento noturno.
Ele franziu a testa.
— O Jungkook disse que eu tenho que te ignorar.
"Você sabe que isso não vai funcionar, Taehyung." A risada baixa reverberou dentro de sua cabeça. "Eu não sou como esses lobos medíocres. Ninguém sabe a verdade sobre mim”
Taehyung suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Nossa… isso soou muito cruel, Kaori…
"Eu só digo a verdade.”
— Mas… Kaori, eu faço parte de você e eu não sei nada sobre você, de onde você vem? Qual é sua origem? Taichi é como você? Todos os lobos podem renascer como você?
Taehyung perguntou, mas não obteve nenhuma resposta.
— Que loba falsa…
Ele fechou os olhos rapidamente, mas os abriu encarando o céu estrelado como se buscasse respostas entre os astros. Mas antes que falasse novamente, Taehyung tentou se mover, mas os braços de Jungkook apertaram ao redor de sua cintura, trazendo-o ainda mais para perto. Seu corpo inteiro estremeceu quando sentiu o nariz quente do alfa farejar seu pescoço.
— Karami, komai lafiya? (Pequeno, você está bem?) — a voz rouca e sonolenta de Jungkook soou contra sua pele.
Taehyung fechou os olhos por um instante. Ele já estava se acostumando um pouco com o idioma, embora ainda cometesse erros. Mas entendia o suficiente para saber que Jungkook percebia seu desconforto.
— Sim, por que não estaria?
Jungkook não respondeu de imediato. Seu nariz deslizou pela curva do pescoço de Taehyung mais uma vez, inalando profundamente.
— Seu coração… está acelerado. Seu cheiro denuncia desconforto.
Taehyung se remexeu, desconfortável.
— Você está errado… uh, eu só tive um pesadelo. — O que não era uma mentira, mas definitivamente não era toda a verdade.
Jungkook ficou em silêncio por um longo momento.
Então, lentamente, ele se afastou, apenas o suficiente para encarar Taehyung. Seus olhos âmbar brilhavam na penumbra da cabana, analisando-o com uma intensidade que fazia Taehyung prender a respiração.
— Kada ku yi karya mini. (Não minta para mim.)
O coração de Taehyung deu um salto. Jungkook ergueu uma das mãos e segurou seu rosto, o polegar roçando sua bochecha de maneira quase gentil. Taehyung sentiu o ar faltar quando o alfa inclinou-se, roçando o nariz contra sua mandíbula, até chegar à sua marca.
Jungkook permaneceu em silêncio por um momento, apenas observando Taehyung. O vento forte agitava seus cabelos longos, e a luz prateada da lua realçava seus olhos âmbar, que pareciam brilhar com uma intensidade selvagem.
— Menene mafarkin? (Sobre o que foi o pesadelo?) — a voz de Jungkook soou grave e baixa, carregada pelo vento frio da montanha.
Taehyung hesitou. Ele não queria falar sobre isso. Não queria admitir que ver Jungkook com outra o abalara tanto, ainda mais quando essa "outra" era alguém que o alfa realmente amou tanto no passado.
— Não me lembro muito bem… — murmurou, desviando o olhar.
Jungkook não respondeu de imediato. Apenas estreitou os olhos, avaliando Taehyung como se pudesse enxergar através dele. Seu cheiro denunciava a mentira, mas o alfa não pressionou.
Em vez disso, moveu-se lentamente, rodeando Taehyung até que estivesse de frente para ele. A diferença de altura entre eles era gritante. O lobo era um monumento de força, mas naquele momento, seu toque foi suave quando ergueu uma mão para segurar o rosto de Taehyung.
Jungkook inclinou a cabeça levemente, farejando-o. Taehyung cerrou os lábios, sentindo o nariz do alfa roçar contra sua bochecha, descendo até a curva de seu pescoço.
— Se fosse apenas um sonho, você já teria esquecido. — Jungkook murmurou contra sua pele, a respiração quente fazendo Taehyung se arrepiar.
Ele apenas se encolheu um pouco mais contra o peito do outro e deslizou os braços ao redor da cintura forte de Jungkook, segurando-o com firmeza. Taehyung apertou ainda mais o abraço, como se quisesse impedi-lo de falar. Como se quisesse impedir a si mesmo de pensar.
Jungkook suspirou, levando uma das mãos até os cabelos bagunçados do ômega e os acariciando lentamente.
— Se não quer falar, não precisa. — ele murmurou. — Mas sabe que não pode esconder nada de mim, não sabe?
Taehyung fechou os olhos, tentando ignorar a verdade naquelas palavras. O cheiro de Jungkook o cercava, quente e reconfortante, mas mesmo assim, a sensação ruim do sonho não desaparecia.
Ele era o ômega de Jungkook. Seu alfa pertencia a ele. Jungkook era dele, só dele e de mais ninguém.
Quando se afastou, Taehyung encarou os olhos do alfa — os olhos âmbar que pareciam ver sua alma, como se pudessem desvendá-lo por completo. Seus dedos tocaram o rosto do mais velho, acariciando sua pele quente antes de puxá-lo para um beijo. Foi um selinho firme, rápido, mas carregado de sentimento.
Quando se afastou, seu peito subia e descia com a respiração pesada.
— Por que a Ekaterina estava nos meus sonhos!? — As palavras escaparam de sua boca antes que pudesse contê-las.
Jungkook franziu a testa, confuso.
— O quê?
— Você e ela juntos. Parecendo felizes. — O tom de Taehyung saiu amargo, repleto de ressentimento.
O alfa piscou, tentando processar as palavras.
— Eu… eu não entendi… — murmurou, hesitante.
Taehyung rosnou, virando-se de costas para ele. O frio cortante da montanha envolveu sua pele, mas não foi o suficiente para apagar a raiva e a inquietação que tomavam seu corpo.
— Ela… ela é insuportável! Eu tive uma pequena conversa com o Jimin, e agora ela está tomando a minha mente!
— Tae…
Jungkook chamou, porém Taehyung nada respondeu, apenas suspirou, engolindo seco, antes de finalmente respondê-lo.
— Eu não vou negar… — sua voz tremeu um pouco, mas era firme. — Eu estou morrendo de ciúmes! Ela está morta, então por que ela parece que vai voltar e destruir a minha vida!?
O silêncio que seguiu foi quase insuportável.
Então, Taehyung sentiu.
As mãos grandes de Jungkook pousaram em seus ombros, quentes e firmes, descendo lentamente até seus bíceps, apertando de leve. O ômega estava tenso, seu corpo rígido como se estivesse pronto para fugir ou atacar. Mas o toque do alfa… era diferente.
Era um lembrete silencioso.
Jungkook estava ali. Com ele.
Taehyung fechou os olhos por um instante, sentindo o calor do alfa contrastar com o frio ao redor deles. Seu peito subia e descia rápido, tentando conter a tempestade de emoções dentro de si.
— Ekaterina está morta, Taehyung. — Jungkook falou baixo, mas sua voz carregava um peso. — E eu estou aqui. Com você. Somente você.
O ômega engoliu seco, seus olhos castanhos escuros fixos no rosto do alfa. Ele queria acreditar — e, em seu coração, acreditava. Jungkook nunca lhe deu motivos para duvidar, nunca vacilou. Mas, ainda assim, uma fagulha de insegurança persistia, sussurrando em sua mente como um vento frio que se recusava a cessar.
— Eu sei. — Taehyung respondeu, sua voz mais suave. — Eu sei que você está aqui, sei que é meu. — o selvagem sorriu com as palavras.
Ele suspirou, desviando o olhar por um breve momento antes de voltar a encará-lo.
— Mas às vezes… — mordeu o lábio, hesitante. — Às vezes, parece que o passado… o seu passado, ainda tem garras em nós. E eu odeio isso. Odeio sentir que algo que já se foi ainda pode nos afetar.
Jungkook permaneceu em silêncio por um instante, estudando cada traço de Taehyung, como se tentasse decifrá-lo por completo. Então, com delicadeza, ergueu a mão e tocou o rosto do menor, deslizando o polegar sobre sua bochecha.
— O passado não pode nos tocar, Taehyung. — Ele murmurou, sua voz firme, mas com um tom de carinho que apenas o ômega conhecia. — Só tem poder se você deixar. E eu não vou permitir que nada, nem ninguém, tire o que é meu. O que é nosso…
O coração de Taehyung bateu mais forte. Ele sabia que Jungkook não era um alfa que fazia promessas vazias. Ele dizia e cumpria.
Então, assentiu devagar, deixando-se afundar naquele toque quente.
Ainda havia uma sombra de incerteza, uma pontada de insegurança que talvez demorasse a desaparecer por completo. Mas, no fim, a única coisa que importava era que Jungkook estava ali. E ele também.
Juntos.
Acho que vocês já perceberam, não é? O Jungkook evoluiu bastante no seu comportamento, modo de se expressar.
Espero que tenham gostado do capítulo...
Até a próxima atualização ❤️🩹
Jungkook.
Taehyung antes.
Taehyung agora.
Jimin.
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