VIII. Uma única alma.
Se vocês tiverem alguma teoria, fiquem a vontade para se expressar!
Obrigada pelo o apoio e tenham uma ótima leitura 📚
O vento soprava com uma brisa fria que anunciava a aproximação da Lua de Sangue. O céu começava a adquirir um tom profundo de vermelho e roxo, uma visão que deixava Taehyung inquieto. Faltava apenas uma semana para A Lua de Sangue, e ele não conseguia afastar a sensação de ansiedade que o consumia. Havia tantas perguntas sem respostas, tantas incertezas. Ele não sabia como seria a transformação, o que isso significaria para ele como ômega e como seu vínculo com Jungkook poderia mudar.
Apesar do medo, uma chama de curiosidade e expectativa também ardia em seu peito. Ele se considerava uma pessoa aventureira, sempre em busca de respostas e de uma compreensão mais profunda do mundo, mas agora se via diante de algo desconhecido, algo que nem os livros de sua infância puderam antecipar.
Sentado em um tronco de árvore, a luz quente da fogueira dançava em seu rosto, aquecendo sua pele de maneira reconfortante. Um sorriso tímido surgiu em seus lábios ao se lembrar do beijo que Jungkook lhe deu. A chama da fogueira embora não tão intensa quanto a presença do alfa, parecia replicar de alguma forma a sensação de calor que ele sentia ao seu lado. Ele se sentia protegido, seguro, e ao mesmo tempo, com um desejo crescente de saber mais sobre esse novo mundo em que estava entrando.
Sua mente estava cheia de pensamentos, e embora estivesse sozinho, sua mente vagava para aquele momento de vulnerabilidade e carinho compartilhado com o alfa. Jungkook despertava nele sentimentos que Taehyung não esperava, e isso o deixava tanto ansioso quanto encantado.
Ele estava tão absorto em seus próprios pensamentos que não percebeu a aproximação de Rosé até que ela lhe cutucou no ombro, fazendo-o se virar rapidamente.
— No que está pensando? — Rosé perguntou, sentando-se ao seu lado com uma expressão curiosa.
— Uh... em uma coisa... — respondeu Taehyung, seu olhar distantes.
Dias atrás.
Taehyung corria com pressa em direção à caverna, seu coração palpitando descontroladamente. Cada passo parecia mais pesado do que o anterior, e sua mente estava tomada por uma tempestade de emoções. Ele sentia-se perdido, como se estivesse à beira de uma mudança que não poderia compreender completamente.
A confusão dentro dele o consumia. Se tivesse sido em outro momento de sua vida, onde conheceria um homem como Jungkook, um homem tão diferente, romântico e atencioso, Taehyung já teria se entregue a ele de corpo e alma. Mas havia algo o impedindo, um peso sobre seus ombros, como uma culpa imensa que ele não conseguia tirar.
Ele se sentia como um traidor, como se estivesse desonrando a memória de seus amigos que morreram no ataque, como se permitisse que sentimentos rompessem a parede de gelo que ele construíra ao longo de sua vida.
Ele sabia que havia algo de errado com isso, que estava se afundando em um dilema interno, mas simplesmente não sabia como lidar com isso.
— Taehyung! — a voz de Jungkook cortou seus pensamentos, e ele se virou rapidamente, encontrando os olhos preocupados do alfa. — O que há?
Jungkook se aproximou, seus olhos fixos no ômega. Havia uma mistura de dúvida e preocupação em seu olhar, e Taehyung sentiu um calafrio correr por sua espinha.
— Vá ficar com a sua amiginha, Jungkook! — Taehyung disse, sua voz firme, mas seu peito apertado.
Ele não sabia exatamente o que estava dizendo. Jungkook franziu a testa, surpreso com o tom de Taehyung. Ele se aproximou mais, querendo entender o que estava acontecendo, não queria ficar na escuridão sem respostas.
— So-hee? Por quê? — o selvagem perguntou.
Ele sabia que havia algo acontecendo com Taehyung, mas não entendia o que era exatamente. Ele queria ajudar, mas sentia que havia algo mais profundo acontecendo, que ele ainda não compreendia.
— Tae… diga, por favor... — Jungkook falou com a voz baixa, tentando alcançar o olhar de Taehyung.
O ômega hesitou, seus olhos fixos no chão, como se as palavras tivessem se perdido no caminho até sua boca. Ele se sentia confuso, mas a sensação que o consumia não podia ser ignorada. Ele sempre teve dificuldades em expressar o que sentia, especialmente quando o coração estava em conflito. Mas agora, não conseguia mais esconder. A frustração e o ciúmes borbulhavam dentro de si, e ele sabia que precisava dizer algo, ou isso o corroeria por dentro.
— Eu… — Taehyung começou, a voz tremendo um pouco. Ele levantou os olhos para Jungkook, que o observava atentamente, esperando por uma resposta. — Eu me sinto desconfortável, Jungkook.
Jungkook franziu a testa, preocupado, e deu um passo mais perto, agora mais atento ao que o ômega tinha a dizer.
— Com que? — ele perguntou, a suavidade na sua voz deixando claro que queria compreender, que estava disposto a escutar.
Taehyung respirou fundo, tentando organizar os pensamentos, mas o turbilhão de emoções estava tornando isso mais difícil.
— Com a atenção que você estava dando à aquela mulher… — admitiu, a sinceridade na sua voz não deixava espaço para dúvidas. — Eu não sei, mas... me sinto parte disso...
Jungkook ficou em silêncio por um momento, processando as palavras de Taehyung. Ele não havia percebido como sua proximidade com So-hee havia afetado o ômega. So-hee era uma amiga de longa data, mas apenas isso. O sorriso do alfa, que antes havia sido espontâneo e animado ao ver a garota, agora se desfez ao perceber o impacto que isso causou.
— Tae… eu nunca quis que Taehyung ficasse assim. — Jungkook falou, sua voz cheia de remorso. — Eu... Eu... So-hee é amiga, mas você é mais importante.
Taehyung sentiu como Jungkook se esforçou para dizer a frase. uma parte dele se acalmou, mas o ciúmes ainda apertava seu peito. Ele não sabia bem como lidar com isso, mas a sinceridade do alfa o fez querer acreditar.
Jungkook deu um passo mais perto, agora tão perto que Taehyung podia sentir a sua presença como uma onda de calor reconfortante. O alfa estendeu a mão e tocou suavemente o ombro de Taehyung.
— Desculpa… por isso. — Jungkook pediu.
Taehyung olhou hesitantes para Jungkook, seu coração apertado pela culpa agora. Ele sentia vergonha, não apenas por suas próprias palavras e atitudes, mas porque agora via claramente o impacto que causara no alfa. Jungkook parecia tão abalado, tão genuinamente arrependido, que aquilo fez o peito de Taehyung doer ainda mais.
— Jungkook... — ele começou, a voz suave e trêmula. Seus olhos evitaram o contato direto, como se temesse encarar a dor que havia causado.
O alfa inclinou ligeiramente a cabeça, seus olhos escuros analisando cada expressão no rosto do ômega.
— Eu… Você não tem porque se desculpar… eu estou sendo muito infantil. — Taehyung murmurou, desviando o olhar constrangido.
Jungkook soltou uma risadinha suave, um som que fez o coração de Taehyung acelerar de novo, e negou com a cabeça, como se as palavras do ômega não tivessem importância.
— Fofo, bravinho.
O sorriso do alfa era reconfortante, e isso fez Taehyung relaxar um pouco, apesar da sensação persistente de vulnerabilidade e constrangimento. Mas quando os olhos de Jungkook se suavizaram e ele fez um gesto quase tímido, Taehyung sentiu o calor subir à sua face.
— Beijar, Taehyung agora? — Jungkook pediu, seus olhos fixos nos de Taehyung, uma súplica silenciosa na sua voz.
— Ah… Jungkook, eu...eu não sei... — murmurou Taehyung, a voz trêmula.
Mas então, Jungkook deu um passo à frente, inclinando-se ligeiramente, os lábios a poucos centímetros dos de Taehyung. Ele não forçava, apenas esperava, e isso fez o coração do humano acelerar ainda mais.
— Por-por..favor…— implorou.
Depois de um longo momento, Taehyung finalmente cedeu. Quem ele iria enganar? Tudo que imaginava era qual gosto os lábios do alfa teriam. Ele inclinou a cabeça hesitante, permitindo que seus lábios encontrassem os de Jungkook. O toque inicial foi delicado, quase como uma pluma roçando sua pele, mas havia algo magnético nele. A princípio, Taehyung manteve-se tímido, os lábios entreabertos em um beijo inseguro, mas o calor do alfa começou a desarmá-lo.
Jungkook, por outro lado, não era tão contido. Quando sentiu o primeiro sinal de rendição de Taehyung, ele aprofundou o beijo, inclinando mais a cabeça para moldar seus lábios aos do humano com perfeição. Uma de suas mãos subiu para segurar a nuca de Taehyung, os dedos se entrelaçando em seus cabelos macios, enquanto a outra pousava firmemente na cintura do humano, puxando-o contra si.
Taehyung arfou contra os lábios de Jungkook quando sentiu a língua do alfa deslizar habilmente contra a sua. O toque era quente, íntimo e cheio de um desejo bruto que fazia todo o corpo de Taehyung formigar. Ele tentou acompanhar, movendo os lábios e a língua em um ritmo desajeitado, mas Jungkook rapidamente assumiu o controle, guiando-o com uma experiência que o deixou tonto.
O alfa pressionou seus corpos mais juntos, e Taehyung sentiu-se pequeno e protegido no abraço firme. Jungkook inclinou-se ainda mais, sua presença dominando, e começou a conduzi-lo para a cama improvisada no canto da caverna.
— Jungkook, você be-beija tão…
Taehyung tentou dizer algo, mas a frase foi engolida pelo beijo faminto que o alfa continuava a aprofundar. Suas pernas bateram na borda da cama, e ele caiu suavemente sobre os cobertores de peles com Jungkook ainda segurando-o, apoiando-se com cuidado para não machucá-lo.
O beijo tornou-se mais intenso, as mãos de grandes de Jungkook explorando as curvas de Taehyung de maneira possessiva, enquanto o humano tentava acompanhar o ritmo, sentindo-se completamente dominado. Os dedos do alfa apertavam com firmeza, mas sem machucar, traçando a cintura e os quadris de Taehyung, enviando arrepios por todo o seu corpo.
Porém, quando Jungkook começou a deslizar os lábios para o pescoço de Taehyung, pressionando beijos molhados e suaves mordidas ali, o humano finalmente recuperou um pouco de sua sanidade. Ele levou as mãos ao peito de Jungkook, empurrando-o com suavidade, mas firmeza.
— J-Jungkook... para. — Sua voz era um sussurro trêmulo, e ele estava ofegante.
O alfa ergueu o olhar, os olhos âmbar brilhando de desejo e confusão.
— Por quê? — ele perguntou, a voz rouca. — Machuquei, Kaori?
Taehyung respirou fundo, tentando recuperar o controle, e negando sobre o questionamento do alfa.
— Eu... só não acho que estamos prontos para isso ainda. — Ele desviou o olhar, o rosto corando violentamente.
Jungkook grunhiu baixinho, frustrado, mas afastou-se um pouco, relutante. Ele correu a mão pelos próprios cabelos e bufou.
— Ir devagar... — murmurou para si mesmo, como se fosse um lembrete.
Taehyung deu um sorriso pequeno e tímido.
— Espere mais um pouquinho, e eu vou te compensar bem. — Ele estendeu a mão para tocar o rosto de Jungkook, acariciando sua bochecha suavemente, em um gesto reconfortante.
O alfa suspirou, abaixando a cabeça para pressionar a testa contra a de Taehyung, ainda tentando acalmar o fogo que ardia dentro de si.
Agora.
— Olha, eu não me importo com o que você está pensando, mas vim só avisar que o Jimin está te esperando — Rosé disse, com uma expressão descontraída, mas seus olhos brilhando com uma leve ironia.
— Ah, está bem — Taehyung respondeu, se levantando e espreguiçando os ombros. — O que ele quer dessa vez?
— Acho que vai falar sobre a Lua de Sangue — Rosé respondeu, já começando a se afastar. — Só não demore, o Jimin não é muito paciente.
Taehyung deu uma risadinha, como se fosse tentar evitar a seriedade que vinha a seguir.
— Assim, é a oportunidade perfeita para eu tirar umas dúvidas — comentou de forma descontraída, quase com a curiosidade de uma criança, o que fez Rosé revirar os olhos com um sorriso divertido.
— Só não faça ele esperar muito, ou vai acabar te dando um sermão. — Ela tocou de leve o ombro dele antes de sair, desaparecendo pela trilha.
Taehyung suspirou, respirando fundo, e então seguiu em direção ao local onde Jimin o aguardava. Ele observou Rosé se afastar, a leveza de seu movimento contrastando com os pensamentos pesados que agora ocupavam sua mente.
Ele sabia que o encontro com Jimin seria importante. Não só sobre a Lua de Sangue, mas também sobre tudo o que estava acontecendo dentro de si. Seu coração estava dividido, e ele sentia que algumas respostas estavam prestes a ser reveladas.
Ele caminhou lentamente em direção ao local onde Jimin o aguardava. O vento balançava levemente as árvores ao redor, criando um ambiente calmo e quase misterioso. Taehyung, porém, não conseguia afastar a sensação de apreensão. A Lua de Sangue estava se aproximando e com ela, os mistérios de sua própria transformação.
Ao chegar, viu Jimin sentado numa pedra, com as pernas cruzadas e os braços apoiados sobre os joelhos. Ele olhou para Taehyung com um sorriso tranquilo, mas havia algo em seus olhos que sugeria que a conversa não seria simples.
— Estou aqui. — Taehyung anunciou, aproximando-se hesitante.
— Vem e sente-se. — Jimin indicou o lugar ao lado dele com um movimento suave da mão.
Taehyung obedeceu, sentando-se com as costas eretas, visivelmente atento.
— Te chamei porque quero conversar com você sobre a Lua de Sangue — começou Jimin, sua voz carregada de seriedade. — É um evento muito importante, e você precisa saber os cuidados que terá de tomar e como se preparar. Tudo bem?
— Ah, tudo bem... — Taehyung respondeu, sua curiosidade já borbulhando. — Mas, sobre isso, eu queria perguntar... Eu vou ter aquela mordida que nem você tem no ombro? Por acaso doeu? Sangrou? — Sua voz saiu apressada, os olhos brilhando de expectativa.
Jimin não conseguiu evitar uma risadinha diante do entusiasmo dele.
— Isso se chama marca. — Ele tocou de leve no ombro, onde sua própria marca estava. — E sim, pode doer um pouco no momento, mas a dor passa rapidamente.
— E o que exatamente é essa marca? — Taehyung perguntou, inclinando-se ligeiramente para frente, claramente fascinado.
— É algo que une um alfa a seu ômega — explicou Jimin com paciência. — Funciona como uma ligação. Meu alfa sente tudo o que eu sinto, principalmente emoções.
— Uau, que incrível! — Taehyung exclamou, visivelmente impressionado. — Então, eu também vou ter uma dessas?
Jimin balançou a cabeça com um sorriso indulgente.
— Não exatamente, você como nascido em berço humano, seu corpo não aguentaria, mesmo que Kaori esteja aí. — Ele se ajeitou, olhando nos olhos de Taehyung. — Vocês, os escolhidos e destinados um ao outro já tem a ligação pela Lua de Sangue, são marcados por ela, mas pra ter certeza, é necessário passar por ela.
Taehyung piscou, assimilando as palavras.
— Então... quer dizer que estamos ligados, mas de uma forma diferente?
— Exatamente. — Jimin confirmou. — E é por isso que você precisa estar preparado. A Lua de Sangue pode intensificar essa conexão, e será algo que vocês dois terão de enfrentar juntos.
— E o que acontece se eu não estiver preparado? — Taehyung perguntou, um misto de ansiedade e curiosidade no tom.
Jimin sorriu suavemente, sua expressão ligeiramente enigmática.
— É por isso que estou aqui para te guiar. Acredite, você vai dar conta. Afinal, Kaori não te escolheria se não tivesse certeza disso.
— Eu espero que ela não se decepcione…
Uma semana depois.
Poucas horas para a Lua de Sangue.
A neve caía lenta e constante na floresta, cobrindo o chão com uma grossa camada branca que brilhava sob a luz prateada da lua cheia. O ar estava frio, mas Jungkook permanecia imóvel, sentado sobre uma pedra lisa no meio da clareira, com os olhos fechados enquanto meditava. O som da floresta ao seu redor era tranquilo, apenas o suave farfalhar das árvores e o ocasional estalo de galhos sob o peso da neve.
A meditação era uma prática que ele adotara há anos, ajudando-o a clarear a mente e a controlar seus instintos de alfa. Mas naquela tarde, tudo parecia diferente. A Lua de Sangue estava no auge, tingindo o céu com seu brilho avermelhado, e Jungkook sabia que aquele seria um momento único em sua vida.
Nunca antes ele precisara passar por esse ritual, mas agora, com Kaori reencarnada em um humano, era essencial. A cerimônia garantiria que Taehyung pudesse desbloquear sua mente e se conectar completamente à essência do clã.
Ele inspirou profundamente, permitindo que o cheiro da neve e da floresta preenchessem seus sentidos. Mas então, algo interrompeu sua concentração. O som de patas leves na neve, quase imperceptíveis. Jungkook abriu os olhos devagar, sentindo um arrepio percorrer sua espinha.
Ali, a poucos metros de distância, um pequeno coelho branco saltitava entre os arbustos cobertos de neve. Seus olhos vermelhos brilhavam, quase como se fossem feitos da própria Lua de Sangue. Jungkook inclinou a cabeça, observando o animal com atenção.
Sem pensar, ele se moveu. Suas ações foram rápidas e fluidas, como as de um lobo caçando. Jungkook deslizou silenciosamente pela neve, os músculos tensos enquanto avançava em direção ao coelho. Ele se abaixou, apoiando as mãos no chão, os dedos cravando-se na neve fria. Sua respiração ficou mais pesada, seu coração batendo forte no peito.
O coelho ergueu a cabeça, as orelhas em alerta. Ele percebeu Jungkook, mas era tarde demais. O alfa deu um salto ágil, aterrissando próximo ao animal, seus caninos já formigando. Contudo, antes que pudesse fazer qualquer movimento, uma voz familiar ecoou pela clareira.
— Jungkook! Eu não acredito que estava caçando o meu coelho!
Jungkook parou imediatamente, virando-se para encontrar Taehyung ao lado de Rosé. O humano tinha uma expressão indignada, enquanto Rosé observava tudo com uma sobrancelha arqueada e um leve sorriso de diversão.
— Seu coelho, Taehyung? — Rosé perguntou. — Ele é um selvagem e também nosso alimento.
— Mas ele é fofo demais para ser predado! — Taehyung exclamou, os olhos brilhando de determinação enquanto se abaixava para tentar alcançar o animal.
O coelho, no entanto, não compartilhou do mesmo entusiasmo. Assim que Taehyung se aproximou, ele saiu saltitando rapidamente para longe. Jungkook ficou em alerta, o instinto ainda pulsando em suas veias, mas congelou quando sentiu os dedos delicados de Taehyung acariciando sua cabeça, como se ele fosse um cachorrinho.
— Pronto, está calmo agora, alfinha? — Taehyung provocou, rindo suavemente enquanto Jungkook resmungava algo incompreensível, mas não afastava a mão do humano.
— Vocês dois... isso daria uma bela cena de comédia se não estivéssemos atrasados. — Rosé interrompeu, cruzando os braços. — Taehyung, precisamos voltar. Tenho que aprontar você para a Lua de Sangue. O tempo está se esgotando.
— Aprontar? — Taehyung perguntou, confuso, enquanto se levantava. — O que exatamente isso significa?
— Significa que você não vai aparecer lá com esse cabelo bagunçado e cheiro de floresta. — Rosé respondeu, revirando os olhos. — Você é parte de um ritual importante, garoto. Tem que estar no mínimo apresentável para os deuses.
Taehyung soltou um suspiro dramático.
— Tae.
Jungkook levantou-se com graça, a figura imponente do alfa destacando-se sob a luz que atravessava as árvores. Antes que Taehyung pudesse reagir, ele se inclinou e depositou um beijo suave na bochecha do humano.
Taehyung sentiu o calor subir imediatamente ao rosto, tingindo suas bochechas de um vermelho vivo.
— J-Jungkook... — Ele gaguejou, desviando os olhos enquanto mordia o lábio inferior, tentando esconder o sorriso que ameaçava surgir. — Não faça isso...
Jungkook riu baixinho, a expressão tranquila, mas havia um brilho malicioso em seus olhos âmbar. Ele adorava a forma como o Kim ficava sem graça, vulnerável era extremamente adorável.
— Vamos logo, antes que fique mais tarde. — Rosé insistiu, já se afastando.
Taehyung seguiu a contragosto, lançando olhares discretos para Jungkook, que caminhava logo atrás deles. O alfa sorria, observando o humano com uma mistura de afeto e diversão. Ele sabia que a Lua de Sangue seria um marco para ambos, e ver Taehyung tentando encarar tudo com leveza fazia seu coração se aquecer.
☯(...)
Tudo parecia um sonho. Taehyung sempre se imaginou casando um dia, mas não exatamente desta forma, em um ritual tão ancestral e poderoso que parecia tirado de uma lenda. Eles estavam de frente um para o outro, as mãos entrelaçadas, e Taehyung mal conseguia desviar o olhar do sorriso ansioso de Jungkook.
Era um sorriso carregado de confiança e emoção, que parecia aquecer seu coração mesmo diante da tensão daquele momento.
Quando ergueu os olhos, o Kim viu o céu se fechar. Nuvens escuras se moviam como se obedecessem à energia da Lua de Sangue, revelando o astro em sua plenitude rubra. O ar estava denso, carregado de algo místico que fazia a pele de Taehyung arrepiar.
O ancião, com sua postura ereta e olhar penetrante, deu um passo à frente, segurando um cajado adornado com runas e amuletos. Sua voz ecoou grave pela clareira.
— Nesta noite sagrada, sob o olhar da Lua de Sangue, testemunhamos o vínculo eterno entre Jungkook e Taehyung, o escolhido pelo destino. — O som de sua voz parecia vibrar no ar, fazendo todos ao redor prenderem a respiração.
Ele ergueu a mão, e Namjoon, que estava de pé ao lado, avançou com uma expressão séria. Em suas mãos havia uma faca cerimonial, de lâmina fina e prateada, com entalhes intricados que pareciam brilhar à luz da lua.
— Com esta lâmina, o sangue será derramado, e o vínculo selado.
Taehyung arregalou os olhos ao ver a faca. Ele não esperava por aquilo, e uma onda de nervosismo subiu por sua espinha.
— Espere, sangue? — ele murmurou, olhando de Jungkook para o ancião.
O Jeon apertou suas mãos suavemente, seu olhar agora mais reconfortante do que nunca, ele levou as mãos de Taehyung em direção ao seus lábios e as beijou, fazendo Taehyung ficar vermelho em meio ao afeto em público.
O ancião pegou a faca e se aproximou de Jungkook. Com movimentos firmes, ele segurou a mão do alfa e passou a lâmina sobre sua palma, abrindo um pequeno corte. O sangue escorreu lentamente, brilhando sob a luz rubra da lua.
O ancião então se virou para Taehyung com um olhar intenso.
— Sua mão.
Com relutância, Taehyung estendeu a mão, e o ancião repetiu o gesto, abrindo um corte leve em sua palma. A dor foi mínima, mas o significado era profundo. O ancião juntou as mãos deles, unindo as palmas feridas.
— O sangue de vocês se mistura, tornando-os um só. Dois corações unidos, duas almas entrelaçadas. Quando os deuses chamarem vocês, irão se encontraram em uma outra vida.
O calor que percorreu o corpo de Taehyung foi imediato, como se uma corrente elétrica fluísse entre ele e Jungkook. Era mais do que físico; era espiritual. Ele sentiu uma conexão tão profunda que quase perdeu o fôlego.
E então, Taehyung sentiu uma onda de tontura, seus joelhos quase fraquejando, mas Jungkook o segurou firmemente. Os olhos do Kim brilharam intensamente em um âmbar profundo, como se uma chama tivesse sido acesa em sua alma.
O sangue de Jungkook parecia queimar em suas veias, uma corrente quente e pulsante que subiu para sua mente como uma mensagem há muito esquecida, agora trazida de volta à vida. O cheiro familiar do alfa invadiu suas narinas, misturando-se com a energia poderosa da Lua de Sangue, e algo dentro dele despertou.
— Kaori... Tae. — Jungkook murmurou, um sorriso suave curvando seus lábios, cheio de admiração e carinho.
Taehyung estava com sua respiração ofegante. Sentiu uma avalanche de emoções e memórias que não reconhecia, mas que, ao mesmo tempo, pareciam suas.
— Eu... estou bem... — Taehyung sussurrou, mas sua voz saiu trêmula. Ele olhou para Jungkook, sentindo algo diferente em seu coração, como se uma porta tivesse sido aberta para um mundo que ele nunca soube que existia.
— Você está despertando, Kaori. — Jungkook respondeu, sua voz baixa, quase reverente.
Ele segurou o rosto de Taehyung com ambas as mãos, seus polegares acariciando suavemente as bochechas coradas do ômega.
A luz âmbar nos olhos de Taehyung brilhou mais intensamente, e uma dor aguda percorreu sua cabeça, fazendo-o gemer. Imagens começaram a inundar sua mente: cenas vagas de um passado distante, de uma floresta, de um lobo de pelagem escarlate, e de uma conexão que transcendeu o tempo…. E ele mesmo.
— Eu lembro... — ele murmurou, lágrimas escorrendo por seu rosto. — Nós éramos um...
Jungkook sorriu, uma expressão de puro alívio e felicidade em seu rosto. Ele puxou Taehyung para um abraço apertado, como se temesse que o ômega pudesse desaparecer novamente.
— E agora somos novamente, para sempre, Tae...
O ancião observava tudo em silêncio, assentindo com um olhar sábio e satisfeito.
— A Lua de Sangue os abençoou, reconhecendo Taehyung como a Kaori. Vocês são completos.
A multidão ao redor soltou gritos e uivos de celebração, mas para Taehyung e Jungkook, o mundo parecia ter parado. Era apenas eles dois, conectados por algo muito maior do que poderiam entender, mas que ambos sentiam profundamente.
Qualquer dúvida, podem perguntar! ❤️
Me siga na minha conta secundária também esteralencarr
Até a próxima atualização.
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