VI. Proteja-me, alfa.

Cometem, eu amo ler os comentários de cada um de vocês ❤️


Taehyung sentia seu corpo inteiro tenso. Cada músculo doía, como se estivesse pronto para correr a qualquer momento. Ele estava sendo caçado. Sua testa suava intensamente, apesar da neve que caía ao seu redor, acumulando-se em seus ombros.

O casaco improvisado feito com a troca de pelo de Jungkook lhe dava algum conforto, mas não o suficiente para acalmar os batimentos frenéticos de seu coração. Ele se lembrava de como Jungkook havia ficado feliz ao vê-lo usando aquilo. O alfa tinha passado o dia todo grudado nele, sorrindo como um filhote contente.

Agora, no entanto, Taehyung estava sozinho, caminhando a passos lentos pelo bosque coberto de branco. Cada som diferente, cada estalo de galho, o fazia parar, os olhos arregalados e atentos. Ele podia sentir... algo. A sensação de estar sendo observado era sufocante, como se grandes olhos o seguissem a cada movimento.

"Calma, Taehyung, só mais um pouco", ele repetia para si mesmo, tentando ignorar o frio que entrava pelas mangas do casaco e o medo crescente em seu peito.

De repente, um som baixo e grave cortou o silêncio — um rosnado. Taehyung congelou o ar preso em seus pulmões. Ele virou lentamente a cabeça, mas não conseguiu ver nada. "Não olhe. Continue andando", ele pensou, mas suas pernas pareciam feitas de pedra.

Foi então que um vulto escuro surgiu entre as árvores. Enorme, com olhos brilhantes e penetrantes. Um lobo negro, colossal, que emanava força e ferocidade. O coração de Taehyung parecia prestes a parar, e um grito ficou preso em sua garganta.

"Jungkook?" Ele pensou, mas a criatura à sua frente parecia selvagem demais, diferente do alfa que o acompanhava nos últimos dias. Ainda assim, havia algo no olhar dela que lhe era estranhamente familiar.

Antes que pudesse reagir, o lobo avançou em um salto ágil, passando por Taehyung, tão rápido, que fez Taehyung cair na neve de costas e o alfa ainda transformado encarava Taehyung como uma formiga.

— MEU DEUS! — Ele gritou, virando-se bruscamente, o coração quase saindo pela boca. E lá estava Jungkook, de volta à forma humana, com um sorriso satisfeito e... completamente nu. Nu?!

Os olhos de Taehyung se arregalaram, o rosto corando violentamente. Taehyung tentou desesperadamente desviar o olhar, mas, apesar de sua vergonha, sua curiosidade o traiu. Seus olhos se vacilaram e acabaram se fixando no corpo de Jungkook. Ele estava completamente exposto, e cada detalhe parecia desenhado com precisão para fascinar e intimidar.

Os músculos de Jungkook eram perfeitamente esculpidos, como se tivessem sido moldados pela própria natureza. Cada movimento fazia as linhas de seu corpo se destacarem ainda mais sob a luz pálida do inverno. No peito e nos braços, havia tatuagens culturais intricadas, que pareciam contar histórias antigas, feitas com traços fortes e símbolos misteriosos que se conectavam de forma harmoniosa.

Taehyung engoliu em seco, incapaz de desviar o olhar. Ele se odiava por estar encarando, mas era impossível evitar. Jungkook parecia tão seguro, tão alheio à ideia de que alguém pudesse se sentir embaraçado em sua presença.

Os ombros largos, o abdômen definido, e até mesmo as pernas fortes e firmes pareciam ter sido esculpidas para inspirar respeito e admiração. Cada cicatriz que marcava a pele de Jungkook contava uma história.

— Está olhando? — Jungkook perguntou de repente, inclinando levemente a cabeça para o lado, o que o fez parecer ainda mais curioso do que irritado.

Taehyung arregalou os olhos e, como se tivesse sido pego cometendo um crime, virou o rosto tão rápido que quase torceu o pescoço.

— O quê? Não! Claro que não! — Ele respondeu de forma defensiva, balançando as mãos como se tentasse apagar qualquer evidência.

Jungkook franziu as sobrancelhas, confuso. Ele olhou para o próprio corpo, como se estivesse tentando entender o motivo de tanto alvoroço.

— Vergonha? Corpo bom. Forte. — Ele flexionou os braços sem perceber o impacto que aquilo teria no humano.

Taehyung quis desaparecer. O coração parecia martelar contra o peito, e sua mente estava uma bagunça. Ele não sabia se queria rir, gritar ou se enterrar na neve até congelar.

— Apenas... apenas se vista logo, por favor! — Ele implorou, cobrindo o rosto com as mãos, mas ainda espiando entre os dedos, sem querer admitir que fazia isso.

Jungkook deu de ombros, claramente sem entender o motivo da timidez de Taehyung, mas obedeceu. Ele foi até uma árvore próxima, onde havia deixado roupas improvisadas antes de se transformar, e começou a se vestir lentamente.

Kaori, za mu sami lokuta irin wannan, babu buƙatar jin kunya. (Kaori, teremos momentos assim, não há necessidade de ser tímido).

Jungkook murmurou, o sorriso discreto permanecendo em seus lábios enquanto observava Taehyung.

Taehyung piscou várias vezes, tentando processar o que tinha acabado de ouvir. Ele não entendia totalmente a língua do clã, mas captava algumas palavras, especialmente pela convivência com Rosé e Jimin. Algo sobre “não precisar” e “vergonha” estava claro.

— O que… o que você disse? — Ele perguntou, sua voz mais baixa do que gostaria.

Jungkook, que já estava quase terminando de vestir sua calça, olhou para Taehyung por sobre o ombro, como se estivesse confuso pelo questionamento.

— Eu disse... — Ele começou lentamente, tentando formular a frase. — Não... ser tímido. Ter... mais momentos. Como esse.

O coração de Taehyung disparou. As palavras de Jungkook, mesmo ditas de forma hesitante, carregavam uma simplicidade direta que fazia seu rosto queimar ainda mais. Ele não sabia se o alfa estava brincando ou sendo sincero, mas, de qualquer forma, aquilo era demais para ele.

— Momentos como… como esse? — Ele gaguejou, sentindo um nó se formar em sua garganta.

Jungkook, já vestido, caminhou até ele e parou a poucos centímetros de distância. Sua expressão era séria agora, mas ainda havia um traço de suavidade em seus olhos dourados.

— Sim. Momentos... juntos. Você. Eu. — Ele tocou levemente o ombro de Taehyung, o gesto tão natural quanto a neve caindo ao redor deles. —Acasalamento, Kaori, filhotes…

Taehyung sentiu as pernas tremerem, e sua mente entrou em um turbilhão. Ele não sabia como lidar com aquilo. Jungkook era tão direto, tão intenso, que o fazia questionar tudo ao seu redor, inclusive a si mesmo.

— Você não pode simplesmente dizer coisas assim. — Ele balbuciou, olhando para o chão, incapaz de sustentar o olhar penetrante do alfa. — Eu sou homem! Não posso ter filhos! Eu não tenho útero! — gritou em desespero.

— Não? — Jungkook inclinou a cabeça, genuinamente confuso.

Taehyung levantou os olhos lentamente, o encarando. Ele não sabia se Jungkook realmente entendia o impacto de suas palavras ou se estava apenas sendo honesto da forma pura e descomplicada que parecia ser natural para ele.

— N-não…É-é… melhor a gente voltar. — Taehyung sugeriu, a voz trêmula e o coração disparado.

Jungkook não respondeu de imediato. Em vez disso, deu um passo em direção ao humano, seus olhos dourados fixos nos de Taehyung, deixando o Kim ainda mais confuso. A proximidade era tanta que seus lábios quase se tocaram, fazendo Taehyung prender a respiração e fechar os olhos instintivamente, antecipando algo que parecia inevitável.

Mas o que ele esperava não aconteceu.

Em vez de um beijo, Jungkook se inclinou levemente para o lado, estendendo a mão para uma árvore congelada próxima. No meio de galhos cobertos de gelo, ele arrancou uma rosa surpreendentemente viva, sua cor vibrante contrastando com o ambiente frio e inóspito.

Taehyung abriu os olhos ao sentir o movimento ao lado de seu rosto, apenas para encarar a cena peculiar. Ele piscou, surpreso, enquanto Jungkook, sem demonstrar qualquer preocupação com os espinhos que machucavam seus dedos, os retirava com cuidado bruto.

Então, com o olhar firme e uma leve expressão de satisfação, Jungkook estendeu a rosa para Taehyung.

— Pra mim? — Taehyung perguntou, a voz baixa e carregada de incredulidade.

— Sim, karami. — Jungkook respondeu, a palavra estrangeira saindo com suavidade.

Taehyung engoliu em seco, o rosto corando ao ouvir o apelido que ele agora entendia como "pequeno". Com as mãos hesitantes, ele pegou a rosa, aproximando-a do rosto e sentindo seu perfume. Um sorriso discreto curvou seus lábios enquanto ele olhava para Jungkook.

— Obrigado. É linda.

Jungkook observou o sorriso de Taehyung por alguns segundos antes de finalmente perguntar:

— Voltar?

Taehyung assentiu rapidamente, ainda um pouco perdido na ternura inesperada do momento.

Para sua surpresa, Jungkook, sem pedir permissão ou dar qualquer aviso, segurou sua mão, entrelaçando seus dedos com os de Taehyung. O gesto era simples, mas havia algo tão natural e protetor nele que o humano não teve forças para recuar.

Eles começaram a caminhar de volta para casa, o som de seus passos esmagando a neve preenchendo o silêncio. Taehyung desviou o olhar, tentando ignorar o calor que irradiava do toque de Jungkook.

— Jungkook... — ele começou, hesitante.

— Hm? — O alfa olhou de canto, sua expressão suave.

— Por que você faz essas coisas? — Taehyung perguntou, sua voz baixa e confusa. — Me trata assim, como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo para você.

— Porque é, karami. — Jungkook respondeu, com uma simplicidade que fez o coração de Taehyung disparar ainda mais.

Taehyung mordeu o lábio, incapaz de formular uma resposta. Ele sabia que estava cada vez mais envolvido naquele mundo selvagem e perigoso — e, principalmente, em Jungkook.

Taehyung estava no banheiro rústico da cabana, uma estrutura simples, mas funcional, que refletia bem o estilo de vida de Jungkook. O vapor da água quente subia lentamente, embaçando o pequeno espelho e criando uma barreira confortável contra o frio lá fora. Ele esfregava os braços, tentando se concentrar na tarefa simples de se limpar, mas sua mente estava inquieta.

A cabana pertencia a Jungkook, e, como ele havia pedido, o alfa estava do lado de fora, em posição de vigilância. Taehyung não conseguia entender completamente por que havia feito aquele pedido. Talvez fosse a sensação de segurança que Jungkook lhe transmitia, mesmo que ele relutasse em admitir. Ou talvez fosse o instinto de sobrevivência — afinal, naquela, qualquer barulho estranho podia ser um sinal de perigo.

Os primeiros banhos na cabana haviam sido particularmente desconfortáveis. O medo irracional de que algo — ou alguém — invadisse sua privacidade fazia seu coração acelerar. Era uma sensação quase animal, como se ele estivesse constantemente sendo observado, mesmo quando sabia que estava sozinho.

Ele suspirou, esfregando o rosto com as mãos molhadas.

"Jungkook está lá fora. Não tem com o que se preocupar", pensou, tentando se convencer.

No entanto, um barulho seco do lado de fora da cabana o fez congelar. Ele parou de se mover, segurando a respiração enquanto seus olhos se fixavam na porta do banheiro.

— Jungkook? — Ele chamou, a voz baixa e hesitante.

Nenhuma resposta.

O coração de Taehyung disparou. Ele sabia que poderia estar exagerando, mas a possibilidade de algo ou alguém estar lá fora o deixava em alerta máximo.

— Jungkook, é você? — Ele insistiu, desta vez mais alto.

De repente, um som mais pesado veio da porta da cabana, como algo — ou alguém — se encostando contra ela. Antes que Taehyung pudesse entrar em pânico, uma voz profunda atravessou o silêncio:

— Eu.

Taehyung soltou um suspiro aliviado, reconhecendo a voz rouca e hesitante de Jungkook. Ele relaxou os ombros, a tensão lentamente se dissipando.

— Você me assustou! — Ele disse, tentando soar bravo, mas sua voz ainda tremia um pouco.

— Desculpa.

— Certo... só não fique parado aí na porta! Parece que está me espionando. — Ele murmurou.

— Não espiar. Proteger. — A voz de Jungkook era séria, mas havia uma leveza que quase parecia um sorriso contido.

Taehyung balançou a cabeça, ainda sentindo o calor no rosto. Ele rapidamente terminou o banho, enrolando-se em uma toalha antes de abrir a porta com cuidado.

Jungkook estava de pé do lado de fora, os braços cruzados, os olhos fixos na floresta. Sua presença imponente era um lembrete constante de que, apesar de tudo, Taehyung não estava sozinho.

— Você leva essa coisa de "proteger" muito a sério, hein? — Taehyung brincou, lançando um olhar por cima do ombro para Jungkook, que caminhava logo atrás como uma sombra fiel.

— Ee, ƙarami. (Sim, pequeno) — Jungkook respondeu em seu tom típico, calmo e direto, os olhos sempre atentos ao redor.

Taehyung revirou os olhos com um suspiro dramático e seguiu em frente, mas logo foi atraído por um burburinho adiante. Um grupo de membros do clã formava um círculo apertado, seus murmúrios ecoando pela clareira.

— Oh? O que está havendo? — perguntou Taehyung, franzindo a testa enquanto tentava espiar entre os ombros dos lobos.

— Combate. — Jungkook respondeu com simplicidade, a palavra carregando um peso que deixou Taehyung ainda mais curioso.

Ele se aproximou um pouco mais, tomando cuidado para não se meter em confusão, e conseguiu enxergar melhor. Dois membros lutavam ferozmente no centro do círculo. O som de golpes ecoava pela clareira, misturado com grunhidos e respirações pesadas. Era uma demonstração bruta de força e habilidade.

— É um ritual de passagem — explicou Namjoon, que apareceu ao lado de Taehyung de repente, como se lesse sua mente. — Quem derrotar o ancião ganha um lugar na mais alta hierarquia.

Taehyung engoliu em seco, sentindo o peso das palavras. Ele observou os combatentes com mais atenção, percebendo o respeito silencioso e a intensidade no olhar dos lobos ao redor. Era mais do que uma luta; era uma prova de valor.

— E o ancião? — Taehyung perguntou, a curiosidade vencendo o nervosismo. — Ele é sempre o mais forte?

Namjoon deu um sorriso curto, mas enigmático.

— Nem sempre. Mas ele carrega a experiência, e isso costuma ser o suficiente.

No centro da roda, os combatentes se separaram por um instante, ofegantes. A multidão aplaudiu e uivou em apoio, mas o momento de trégua foi breve. Um dos lobos avançou novamente, os movimentos precisos, os olhos brilhando com determinação.

— Não entendo... — Taehyung murmurou, a confusão estampada em seu rosto. — Por que lutar assim? Não é mais fácil resolver isso com palavras?

— Força é respeito. — Namjoon explicou, com uma calma quase didática. — Aqui, palavras não bastam. Você precisa provar que pode proteger o que é seu.

As palavras de Namjoon fizeram Taehyung refletir. Ele olhou para o alfa ao seu lado, antes que Taehyung pudesse responder, um movimento no círculo chamou sua atenção. O ancião, um lobo de porte robusto e olhar experiente, entrou na arena. O silêncio tomou conta do lugar, e até o ar pareceu ficar mais denso.

— Ele vai lutar? — Taehyung perguntou, a voz baixa, mas carregada de espanto.

— Sim. — Jungkook confirmou, os olhos fixos no ancião. — É o final.

Taehyung não conseguia desviar o olhar enquanto a batalha começava. O ancião movia-se com uma agilidade surpreendente para sua idade, cada golpe calculado, cada passo firme. O adversário, embora jovem e forte, parecia hesitante, como se soubesse que estava diante de algo maior.

— É isso que significa ser parte do clã. — Namjoon disse, quebrando o silêncio ao lado de Taehyung. — Não é apenas sobre força física. É sobre saber quando usá-la e porquê. Você sentirá na pele quando for a sua vez. — disse cruzando os braços sobre o peito.

Taehyung não respondeu, mas suas mãos se apertaram involuntariamente ao lado do corpo. Ele nunca se sentiu tão deslocado e tão fascinado ao mesmo tempo.

O combate continuava, e Taehyung percebeu algo: todos os olhares ao redor carregavam uma mistura de respeito e reverência, como se o que acontecia no círculo fosse muito mais do que uma luta. Era uma tradição que moldava o destino de cada um ali.

— Ok, ok. Eu vou contar alguns fatos sobre mim…

Taehyung começou sua voz com entusiasmo e Jungkook inclinou a cabeça para o lado, como um cachorro curioso, os olhos atentos a cada movimento do outro.

— Bom, nós er… vamos nos casar, não é? — Taehyung perguntou, nervoso, enquanto brincava com uma mecha do cabelo, colocando-a atrás da orelha. O gesto era pequeno, mas revelava o quanto ele estava tentando controlar o nervosismo. — Então, acho necessário você saber tudo sobre mim!

Jungkook assentiu com um sorriso pequeno, os olhos brilhando de expectativa.

— Vamos lá: meu nome completo é Kim Taehyung, tenho 27 anos... e...

— Vi-vinte e sete? — Jungkook interrompeu, o rosto contorcido em surpresa genuína. Seus olhos âmbar estavam arregalados, como se Taehyung tivesse acabado de confessar algo impossível.

— Sim. — Taehyung confirmou, contendo uma risada. — Continuando: minha cor favorita é verde, sou pentágono formado, odeio café, — fez uma carinha enjoativa e o Jeon sorriu — gosto de cachorros, e gatos também. — Ele riu.

— E-e alfa? — Jungkook perguntou de repente, o tom hesitante, mas os olhos permanecendo fixos.

Taehyung franziu a testa ligeiramente.

— Alfa? Se eu já namorei alguém? — Ele perguntou, surpreso com a pergunta.

Jungkook apenas assentiu ansioso.

— Bom, tive alguns relacionamentos... e, er, algumas transas casuais, mas nenhum relacionamento durou muito. — Ele respondeu, desviando o olhar.

Taehyung pigarreou, tentando recuperar o controle de si mesmo após sua própria declaração desajeitada. Ele sentia o rosto queimar, ciente do olhar intenso que Jungkook mantinha sobre ele. O selvagem parecia digerir lentamente o que tinha acabado de ouvir, os olhos âmbar brilhantes com um misto de curiosidade e algo que Taehyung não conseguiu identificar de imediato.

— Transa? — Jungkook repetiu, como se estivesse tentando entender a palavra completamente, os lábios movendo-se com cuidado.

— Si-sim... — Taehyung murmurou, desviando o olhar. — É como o... acasalamento. — Ele gaguejou, os dedos brincando nervosamente com a bainha da camisa.

Jungkook inclinou a cabeça, como fazia sempre que estava pensando profundamente. Mas, desta vez, havia algo diferente. Seus olhos estavam mais estreitos, o maxilar levemente travado.

— Com... outros…alfas? — Jungkook perguntou devagar, a voz grave, quase um rosnado suave, que fez Taehyung se arrepiar.

— Ah, bom... Sim. — Taehyung respondeu, forçando um sorriso nervoso. — Mas isso foi antes, claro. — Ele tentou aliviar a tensão, mas o alfa não pareceu convencido.

Jungkook ficou quieto por um momento, os lábios pressionados em uma linha fina. Seus dedos tamborilavam contra a perna, um gesto pequeno, mas que transbordava inquietação.

— E... alfa? — Ele perguntou novamente, mas desta vez havia um peso maior em sua voz.

Taehyung franziu a testa, confuso.

— Já disse... Tive relacionamentos casuais. Nada sério.

O selvagem inclinou-se para mais perto, os olhos fixos em Taehyung de forma tão intensa que o humano sentiu o coração acelerar.

— Alfa... tocar você? Seu corpo?

Taehyung sentiu as bochechas queimarem ainda mais. Ele abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram. Jungkook parecia estar processando a ideia com dificuldade, o rosto exibindo uma mistura de desconforto e algo primitivo, quase possessivo.

— Isso não importa agora, Jungkook. — Taehyung finalmente conseguiu dizer, tentando soar calmo. — Foi no passado. — Riu nervoso.

Mas Jungkook não parecia satisfeito. Ele se inclinou para trás, cruzando os braços com força, como se estivesse segurando algo dentro de si. Seus olhos, no entanto, permaneciam colados em Taehyung.

— Não gosto. — Ele disse abruptamente, a voz baixa, mas cheia de firmeza.

Taehyung piscou, surpreso.

— Não gosta... do quê?

— Outros tocar Kaori. — Jungkook respondeu diretamente, sem hesitar, seu tom carregado de desagrado.

— Mas... Isso não tem mais importância! — Taehyung rebateu, a voz subindo ligeiramente. Ele estava confuso e, ao mesmo tempo, surpreso com a intensidade da reação de Jungkook. — O passado é passado, Jungkook.

— Não gosto. — O alfa repetiu, agora mais enfático, os ombros tensos e o maxilar ainda travado. Ele parecia prestes a se levantar, mas permaneceu onde estava, como se estivesse se forçando a não agir de forma impulsiva. — Kaori minha.

Taehyung suspirou, passando a mão pelo rosto. Ele sabia que lidar com Jungkook não era fácil, mas não imaginava que o ciúme do alfa seria tão intenso.

— Você não pode mudar o que aconteceu antes você entrar na minha vida. — Taehyung disse suavemente, tentando acalmar o outro.

Kullum ina cikin rayuwar ku (Eu sempre estive na sua vida).

A voz grave de Jungkook saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de emoção. Taehyung conseguiu captar apenas uma palavra com clareza: “vida”. Ele franziu o cenho, confuso, mas decidiu não dar muita importância. Soltou um suspiro e revirou os olhos.

Jungkook, naquele momento, parecia menos um líder selvagem e imponente, e mais uma criança emburrada — ou melhor, um filhote manhoso, sensível e insistente.

— O alfa machucou Kaori? — A voz de Jungkook estava mais baixa, quase um rosnado, mudando de repente.

Taehyung desviou o olhar, mordendo o lábio inferior em um gesto nervoso. Ele não queria falar sobre isso, mas a intensidade dos olhos âmbar de Jungkook o fez ceder. Com um suspiro pesado, ele assentiu lentamente.

A expressão de Jungkook endureceu ainda mais, o brilho em seus olhos se tornando mais perigoso, quase animalesco. Ele parecia uma força da natureza prestes a explodir.

— Diga e seu alfa matará. — A declaração saiu firme e ameaçadora, como se fosse um juramento que ele estava determinado a cumprir.

— O quê? Não, Jungkook! — Taehyung se apressou, tentando desviar o rumo daquela conversa. — Olha, faz muito tempo, ele está do outro lado do mundo, não importa agora. Eu superei, de verdade.

Mas as palavras de Taehyung só pareceram inflamar o alfa ainda mais. Jungkook se levantou de repente, os músculos tensos e a postura rígida. Ele parecia maior, quase intimidante, como se o próprio ar ao redor dele tivesse mudado.

— Machucou Kaori! — O grito saiu em um rosnado que ecoou pelo espaço, fazendo Taehyung arregalar os olhos de susto.

O Kim respirou fundo, tentando acalmar seus nervos antes de também se levantar. Ele ficou frente a frente com o alfa, seus olhos encarando firmemente os de Jungkook, que brilhavam com fúria contida. Sem pensar duas vezes, Taehyung ergueu as mãos e segurou o rosto selvagem do alfa entre as palmas, os dedos suaves acariciando as bochechas marcadas.

— Tá tudo bem. Eu estou bem. — Ele murmurou com uma voz calma, como se estivesse tentando domesticar uma tempestade. Seus olhos buscavam algo nos de Jungkook, alguma faísca de tranquilidade que pudesse alcançar.

Jungkook fechou os olhos por um momento, respirando profundamente, mas sua testa ainda franzia em frustração.

— Beijar… Tae...Taehyung, por-por favor... — A frase escapou de seus lábios como um pedido, quase um sussurro carregado de desejo e necessidade.

Taehyung piscou, surpreso, quando ouviu o pedido de Jungkook. Ele desviou o olhar, mordendo o lábio nervosamente, sua mente um turbilhão de pensamentos. Beijar Jungkook era um território desconhecido, perigoso, mas ao mesmo tempo tentador. O alfa parecia esperar pacientemente, os olhos âmbar fixos no ômega, como se estivesse lhe dando todo o tempo do mundo para decidir.

— Jungkook...

Murmurou Taehyung, a voz trêmula. Mas então, Jungkook deu um passo à frente, inclinando-se ligeiramente, seu rosto tão perto que Taehyung podia sentir sua respiração quente acariciando sua pele. Ele não forçava, apenas esperava, e isso fez o coração do humano acelerar ainda mais.

Taehyung manteve os olhos fixos no alfa, sentindo o calor do corpo de Jungkook invadir o espaço entre eles. O toque de sua presença era inebriante, mas o humano hesitava. A proximidade era intimidadora, e as palavras que ele queria dizer pareciam presas na garganta.

Jungkook observava com atenção, notando cada pequena reação de Taehyung, desde a tensão no corpo do humano até os olhos que não conseguiam se desviar dos seus. Ele sentiu o impulso de avançar, de tomar o controle, mas algo dentro dele hesitava. Ele sabia que precisava deixar Taehyung decidir, ainda que isso significasse esperar mais tempo.

— Você… — Jungkook começou, sua voz suave, mas carregada de emoção. — Você, importante.

Taehyung olhou para ele, os lábios entreabertos, mas as palavras ainda não vinham. Em vez disso, ele sentiu uma onda de emoção crescer dentro de si, e seus olhos se suavizaram, a confusão dando lugar a uma vulnerabilidade que ele não sabia que estava disposto a mostrar.

— Eu... não estou pronto. — Taehyung finalmente falou, sua voz baixa, mas firme. — Você entende?

Jungkook ficou em silêncio, o olhar fixamente em Taehyung, tentando entender. Ele não queria pressionar, não queria forçar nada que o humano não estivesse pronto para dar, mas a dor da rejeição ainda era visível em seus olhos.

— Sim, Kaori. — Ele respirou fundo, afastando-se um pouco.

O espaço entre eles parecia pesado, como se uma distância invisível tivesse se formado, mas Taehyung não se sentiu distante de Jungkook. Ele sentiu a sinceridade nas palavras do alfa, e algo dentro dele se aqueceu. O humano então estendeu a mão hesitante, tocando o rosto de Jungkook de forma suave, quase tímida, como se procurasse dar algum tipo de consolo.

— Obrigado por entender. — Ele murmurou, seu olhar suave, mas determinado.

Jungkook olhou para a mão de Taehyung em seu rosto, e embora a dor de não ter avançado estivesse ali, ele sorriu suavemente, tocando a mão do humano em seu rosto com uma leve pressão.

— Sempre esperar por, Tae…nunca machucar.

O silêncio entre eles se aprofundou, mas não mais de forma desconfortável. Era um silêncio de entendimento, de uma conexão mais profunda, algo que se estendia além de um simples beijo ou gesto impulsivo. Eles estavam, por fim, se permitindo ser mais do que apenas um desejo não consumado, mais do que apenas o momento. Eles estavam construindo algo, e isso, para Taehyung, já era o suficiente.

— Obrigada, alfinha.


Beijos.

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