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Taehyung acordou na manhã seguinte sentindo a ausência de Jungkook ao seu lado. Com o corpo ainda pesado de sono, ele esfregou os olhos e se levantou, os pés descalços tocando o chão frio da caverna. Seus olhos percorreram o ambiente, mas Jungkook não estava ali. Tudo o que restava dele era o aroma marcante, ainda impregnado no ar e nas cobertas.

Franzindo o cenho, Taehyung colocou seus sapatos e o casaco de Jungkook, que o alfa havia deixado justamente para ele. Seguiu em direção à entrada da caverna, com o coração acelerando em preocupação. Ao emergir para a clareira iluminada pela luz da manhã, o som de vozes e o movimento ao longe chamaram sua atenção.

Os membros do clã estavam reunidos, movimentando-se com intensidade. Alguns carregavam armas rudimentares; outros conversavam em tons baixos, mas visivelmente tensos. Parecia uma preparação cuidadosa, e isso fez a inquietação de Taehyung crescer ainda mais.

Ele caminhou entre eles, os olhos varrendo os rostos desconhecidos, até que encontrou Jimin ao lado de uma pilha de equipamentos.

— Jimin! — chamou, a voz carregada de preocupação. — O que está acontecendo? Onde está Jungkook?

Jimin levantou o olhar rapidamente, mas sua expressão era difícil de decifrar. Ele hesitou por um momento antes de responder, como se considerasse as palavras com cuidado.

— Jungkook saiu cedo com o grupo de caça. Estamos nos preparando para algo importante... — disse ele, gesticulando em direção ao tumulto.

— Importante? — Taehyung cruzou os braços, os olhos apertados. — E por que ninguém me disse nada?

Jimin suspirou, olhando para ele com um misto de paciência e apreensão.

— Porque você ainda não faz parte do clã Taehyung. Isso é um assunto entre os lobos. E o Jungkook acha melhor não te envolver.

— Claro. Só que não tem nada pra fazer. — Taehyung bufou, cruzando os braços e encarando o movimento ao redor com um olhar entediado. — Tá um saco!

Jimin, que mexia em um feixe de cordas, arqueou uma sobrancelha diante do tom dramático do humano.

— Então por que não descascar os peixes para o almoço? — sugeriu casualmente, sem tirar os olhos do que fazia.

Taehyung virou o rosto na direção dele, a expressão de nojo evidente enquanto seu nariz franzia.

— Ah, não, nem fazer isso eu sei — retrucou, levantando as mãos em um gesto quase teatral.

Jimin parou o que estava fazendo e ergueu o olhar para ele, soltando um suspiro exasperado.

— É só aprender, Taehyung. — Sua voz carregava um tom seco, quase como de um professor paciente com um aluno desinteressado. — É disso que se trata a vida, afinal.

Ele revirou os olhos e voltou ao trabalho, como se aquela discussão não merecesse mais atenção.

Taehyung, no entanto, não deixou barato. Ele soltou um suspiro dramático, deixando o corpo cair para trás, apoiando-se em uma rocha próxima.

— Fácil pra você dizer. Vocês já nasceram sabendo fazer essas coisas nojentas. Eu? Eu Nunca precisei mexer em peixe na minha vida. — Seus dedos começaram a brincar com o tecido da camisa, um hábito nervoso.

Jimin olhou para ele de relance, o canto da boca se erguendo em um sorriso meio cínico.

— Tá reclamando de quê? — perguntou, com um tom levemente provocador. — Você disse que não tinha nada pra fazer. Ótima oportunidade pra mudar isso.

— Que tal outra ideia? Uma que não envolva tocar em coisas escorregadias? — Taehyung rebateu, ajeitando a postura e lançando um olhar esperançoso.

Jimin riu baixo e balançou a cabeça.

— Sabe, Taehyung, você pode continuar sendo teimoso ou pode tentar algo novo. Quem sabe você não descobre que é bom nisso? — disse, enquanto jogava um peixe em um balde próximo a Taehyung. — Vai lá. Não morde.

Taehyung fez uma careta, mas a curiosidade venceu. Ele inclinou-se sobre o balde, observando o peixe com uma expressão que misturava nojo e fascínio. Pegou o peixe com as pontas dos dedos, como se estivesse manuseando algo perigoso, e imediatamente fez uma careta de puro desespero.

— Urgh! Isso é tão... gelado. — Ele estremeceu e largou o peixe de volta no balde.

Jimin riu fraco.

— Gelado? É só isso que você consegue dizer? Espera até começar a descascar!

Taehyung lançou um olhar irritado para ele, mas no fundo havia uma pequena faísca de diversão em seus olhos.

— Eu vou te mostrar que consigo, só pra calar essa sua boca. — Ele agarrou o peixe novamente, agora com mais determinação, mesmo que a careta permanecesse estampada em seu rosto.

Jimin observou a cena, claramente entretido.

— Isso aí, Taehyung. Quem sabe, daqui a pouco, você não se torne útil de verdade?

Taehyung soltou uma risada seca, mas dessa vez não havia tanta irritação em sua voz.

— Se eu não morrer intoxicado antes, talvez.

E, com isso, começou a trabalhar, entre protestos e risadas abafadas, enquanto Jimin continuava a provocá-lo com comentários ácidos, mas bem-humorados.

— E então, tem praticado a língua? — Jimin perguntou com um sorriso travesso, enquanto girava uma faca em mãos para limpar as escamas de um peixe.

— Um pouco... — Taehyung respondeu, rindo de leve, mas sem muita convicção. Ele desviou o olhar, coçando a nuca, claramente desconfortável.

Jimin ergueu uma sobrancelha, desconfiado.

— Só "um pouco"? — provocou, inclinando a cabeça. — Certo, vamos testar. O que significa: Kamoe salah peugot?

Taehyung franziu o cenho, tentando lembrar. Os sons soavam familiares, mas se misturavam na sua mente. Ele abriu a boca para arriscar, mas hesitou.

— Er... isso não vale, Jimin. — Resmungou, cruzando os braços e se encostando em uma rocha próxima. — Você usa essas palavras que ninguém nunca me ensinou direito!

Jimin soltou uma risada baixa gostosa.

— Ah, Taehyung. Até uma criança saberia isso. — Ele limpou a faca em um pano e a guardou, inclinando-se para mais perto do humano. — Vamos lá, tente.

— Eu já disse que não vale! — Taehyung rebateu, irritado. Ele desviou o olhar, o rosto ficando levemente vermelho. — Você sempre escolhe as coisas mais complicadas só pra me irritar.

Jimin riu novamente, mas logo suavizou o sorriso, percebendo o desconforto de Taehyung.

— Tudo bem, vou pegar leve com você. — Ele piscou. — Só dessa vez. Kamoe salah peugot significa "Você cortou o errado". No contexto de hoje, seria como dizer que você errou a parte que era pra descascar. — Ele apontou para o peixe que Taehyung segurava desajeitadamente.

Taehyung olhou para o peixe em suas mãos, as escamas espalhadas em lugares errados, e suspirou em derrota.

— Talvez eu realmente precise praticar... a língua e a pesca. — Admitiu, jogando o peixe no balde com uma careta.

— Eu diria que você precisa de uma aula intensiva de ambos. — Jimin respondeu, voltando ao seu trabalho com um sorriso presunçoso. — E eu, sou um bom professor.

Taehyung olhou para ele, os olhos semicerrados, mas havia um brilho de desafio ali.

— E quem disse que você é o melhor professor? Aposto que Jungkook seria mais paciente.

— O Jungkook talvez seria mais paciente, mas não seria um bom professor. Provavelmente, ele mentiria só pra você ficar todo felizinho e achar que está indo bem. — Jimin zombou, um sorriso malicioso brincando nos seus lábios enquanto ele voltava ao trabalho.

Taehyung revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso. A provocação de Jimin, embora irritante, tinha seu toque de verdade.

— Talvez. Mas, ao menos, ele teria a decência de não fazer eu me sentir um idiota na frente de todo mundo. — Taehyung respondeu com um ar de desprezo, embora, por dentro, soubesse que, de fato, Jungkook tinha uma maneira única de fazê-lo se sentir especial, mesmo nos momentos mais difíceis.

Jimin riu baixo, se divertindo com a resposta de Taehyung, mas não deu mais atenção ao comentário. Ele continuou mexendo com os peixes, aparentemente satisfeito com o ritmo da manhã.

De repente, um barulho de passos pesados ecoou. Taehyung se virou rapidamente, apenas para ver Jungkook aparecendo, com um cervo grande e robusto jogado sobre seus ombros, como se fosse uma simples presa de caça. Seu rosto estava sério, mas os músculos tensionados demonstravam o esforço da carga.

Jungkook fez um gesto de reconhecimento com a cabeça, seus olhos passando rapidamente por Taehyung antes de ele se agachar para largar o cervo no chão, causando um impacto surdo. Ele deu uma última olhada ao redor, como se estivesse verificando tudo ao seu redor, antes de se aproximar do grupo.

— Esse cervo vai alimentar a todos, pelo menos por um dia. — Ele disse com uma voz grave e cansada, mas havia uma leve satisfação em sua expressão.

Ele então dirigiu seu olhar para Taehyung, sem palavras, mas com aquele pequeno sorriso nos lábios, o tipo de sorriso que só Jungkook sabia dar.

Jungkook, movido por um instinto quase incontrolável, se aproximou de Taehyung com passos silenciosos, caindo de joelhos e se aproximando dele em uma agilidade animal. Antes que Taehyung pudesse reagir, o alfa se inclinou, inclinando o nariz em direção à sua bochecha. O ar ao redor ficou tenso quando Jungkook deu um leve farejo, como se estivesse absorvendo o cheiro do humano, algo que parecia vir de dentro dele, uma reação primal.

Taehyung, sem saber como reagir, ficou paralisado por um momento, os olhos arregalados enquanto seu rosto corava instantaneamente. A sensação de ser examinado dessa forma o fez se sentir vulnerável, mas ao mesmo tempo, algo em seu interior despertou, causando uma mistura de desconforto e fascínio. Ele se afastou sutilmente.

— Eu estava aqui tentando aprender a limpar um peixe. — Taehyung murmurou timidamente, encarando Jimin e sorrindo torto quando voltou sua atenção para o alfa a sua frente.

Jungkook olhou para ele, um sorriso sardônico se formando em seus lábios.

— Certo, é melhor eu ir atrás do meu alfa. — Jimin disse. — E Jungkook, tente ajudar o Taehyung.

Jungkook apenas assentiu com a cabeça, a expressão séria e quase imutável, enquanto observava Jimin se afastar. Quando o som dos passos do Park desapareceu na direção oposta, o alfa se virou para Taehyung.

Jungkook ficou observando Taehyung com atenção, uma calma inquietante em seus olhos, como se ele estivesse decidindo algo internamente. Taehyung olhou para o chão por um momento, a mente ainda girando com a sensação da proximidade de Jungkook. Ele respirou fundo, tentando se controlar, e então levantou a cabeça, encarando o alfa com uma expressão de vergonha.

— Me perdoe por ter te chamado de monstro. — Taehyung disse com a voz baixa, os olhos evitavam o contato direto com Jungkook, seu rosto ainda corado pela vergonha.

Jungkook observou cada palavra de Taehyung com atenção, como se estivesse absorvendo cada sílaba com a mesma intensidade com que um lobo fareja o vento. O silêncio entre eles foi pesado, mas não desconfortável. Então, um sorriso suave, quase imperceptível, surgiu nos lábios de Jungkook, e ele inclinou ligeiramente a cabeça, como se estivesse tentando compreender a sinceridade de Taehyung.

— É que... é difícil, sabe? — Jungkook falou em um tom mais baixo, suas palavras saindo em pequenos suspiros. — Você... compreende?

— Sim… mas não sinta me-medo… de mim…

O alfa falou, fazendo ômega sentir seu coração errar as batidas.

Jungkook o observava atentamente, sua expressão suave e sem pressa. Então, um sorriso pequeno se formou em seu rosto, e Taehyung, com seu jeito encantador e vulnerável, fez algo que não esperava.

— Você é fofo, Jungkook. — Taehyung riu, com um brilho travesso nos olhos, e sem pensar muito, apertou a bochecha de Jungkook com uma ternura inesperada, a suavidade de seu toque contrastando com a força do alfa.

Jungkook ficou surpreso, os olhos se estreitando de leve enquanto tentava processar a ideia de ser chamado de "fofo". O sorriso no rosto dele se alargou, mas ele apenas balbuciou:

— Fofo…?

Taehyung assentiu, com um olhar brincalhão.

— Sim, fofo. Agora, me ensine como fazer isso — ele disse, apontando para o balde cheio de peixes, fazendo uma careta, como se a simples ideia de ter que lidar com os animais o incomodasse um pouco.

Jungkook olhou para o balde e depois para Taehyung, a expressão dele se suavizando ainda mais. Ele não sabia muito bem como fazer aquilo — na verdade, ele apenas pegava os peixes e os comia crus sem muita cerimônia, sem qualquer preocupação com o processo. Mas, mais do que ensinar Taehyung, naquele momento, ele sentia que a única coisa que queria fazer era ficar ali, próximo a ele. Era mais sobre a companhia do que sobre a tarefa em si.

— Bem… — Jungkook começou, se abaixando ao lado de Taehyung, ainda sorrindo de leve. — Jungkook … pega o peixe e come…

Ele pegou um peixe do balde, segurando-o com cuidado, e o trouxe para perto, como se tentasse dar o exemplo.

— Ah, não vai fazer isso, vai?

Taehyung fez uma careta, mas seus olhos estavam divertidos, a tensão de antes se desfazendo com a leveza do momento. Ele observava Jungkook com curiosidade, sem saber se realmente seria capaz de comer um peixe cru.

— Não é ruim. — Jungkook disse com uma confiança silenciosa, os olhos fixos em Taehyung, esperando que ele se animasse.

— Se você acha que é fácil, então come! — Taehyung brincou.

Jungkook não hesitou e com um sorriso deu uma mordida no peixe, sem se importar com a textura ou o sabor.

— Ugh… — Taehyung fez uma careta.

Jungkook engoliu o pedaço do peixe, mantendo um sorriso divertido no rosto ao ver a careta de Taehyung. Mas o momento deles foi interrompido quando Hoseok, um dos membros do clã, chegou próximos a eles, seu rosto marcado pela urgência.

— Jungkook, precisamos de você. — Hoseok anunciou, ignorando completamente a presença de Taehyung. Seu olhar estava cravado no alfa, rígido como se a situação fosse crítica.

Jungkook ergueu-se de imediato, como se instinto o comandasse, a leveza descontraída de antes dando lugar a uma postura séria e autoritária. Seus olhos se estreitaram, e ele inclinou a cabeça para Hoseok, sinalizando que estava ouvindo atentamente.

— O que aconteceu?

Hoseok hesitou por um instante, o olhar oscilando brevemente para Taehyung. Sua boca se contraiu, como se ponderasse se deveria dizer algo na frente do humano, mas logo decidiu que não havia escolha.

— Um grupo de caçadores foi visto nas proximidades. Estão armados.

Jungkook rosnou.

— Estão a poucas milhas daqui. Se não agirmos rápido, podem encontrar nosso rastro. — Hoseok continuou, a voz firme, mas repleta de urgência.

Jungkook passou a mão pelo cabelo bagunçado, um gesto nervoso e frustrado. Ele respirou fundo, cerrando o maxilar enquanto avaliava a situação. Seus olhos recaíram sobre Taehyung, que agora parecia mais inquieto do que nunca, o balde de peixes esquecido ao lado dele.

— O que aconteceu, Jungkook?

— Caçadores. — Hoseok respondeu rapidamente.

— Você… fica. — Jungkook ordenou, a preocupação nítida em cada sílaba.

Taehyung franziu o cenho, sua expressão oscilando entre indignação e medo.

— Eu posso ajudar de alguma forma?

O olhar de Jungkook escureceu, e ele deu um passo à frente, sua presença dominadora.

— Não! — Ele rosnou, a voz mais firme e severa, fazendo Tae se assustar.

Por um momento, a raiva cintilou nos olhos do alfa. Ele estava dividido entre o dever de proteger seu clã e a necessidade instintiva de manter Taehyung seguro. As mãos grandes de Jungkook se fecharam em punhos ao lado do corpo, os músculos dos ombros tensionados como se ele estivesse segurando algo dentro de si.

— Jungkook… — Taehyung começou, mas foi interrompido quando o alfa se aproximou rapidamente, segurando seu rosto com ambas as mãos.

— Fica… aqui. — Jungkook ordenou, a voz carregada de autoridade e uma urgência quase desesperada. Ele inclinou a cabeça para que seus olhos estivessem nivelados com os de Taehyung.

Seus lábios se movendo em busca de palavras que não vinham. A intensidade nos olhos de Jungkook o silenciou. Finalmente, Taehyung assentiu lentamente, mesmo contra sua vontade.

— Tudo bem… eu vou ficar. Mas você tem que tomar cuidado. — A voz de Taehyung saiu baixa, quase como um sussurro, carregada de preocupação.

— Eles é que precisam tomar cuidado. — Hoseok respondeu, o tom firme e quase desdenhoso, como se o perigo fosse apenas uma inconveniência para lobos como eles.

Jungkook rosnou baixinho em concordância, mas o som carregava uma tensão reprimida, um lembrete de que ele não era apenas um guerreiro — ele era um alfa protetor, um alfa que tinha uma missão a zelar: cuidado e proteger seu ômega acima de tudo.

Antes que qualquer um pudesse dizer mais alguma coisa, Jungkook, como se movido novamente por um instinto incontrolável, inclinou-se rapidamente para Taehyung e pressionou os lábios contra os dele. Foi um beijo breve, um selinho, mas a intensidade do gesto deixou o humano completamente estático.

Taehyung arregalou os olhos, a mão subindo automaticamente até os próprios lábios, enquanto sentia o calor da pele de Jungkook desaparecer tão rápido quanto havia surgido. Seu rosto queimava em um rubor profundo, e, tentando esconder sua reação, ele ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha, a respiração ligeiramente ofegante.

Hoseok permaneceu impassível, a expressão séria e a postura firme, como se o ato não fosse nada fora do comum. Para ele, provavelmente não era — gestos como aquele, entre membros do clã ou parceiros, pareciam naturais. Mas para Taehyung, o toque rápido e inesperado dos lábios de Jungkook havia sido o suficiente para desestabilizá-lo completamente.

Jungkook, por sua vez, parecia alheio à reação do humano. Ele lançou um último olhar a Taehyung, mais intenso que qualquer palavra que pudesse dizer, antes de voltar sua atenção para Hoseok.

— Vamos. — Sua voz grave soou mais baixa, mas firme, enquanto dava um passo à frente.

Hoseok acenou com a cabeça e saiu primeiro, mas Jungkook hesitou por um breve instante. Seu olhar voltou-se para Taehyung, como se quisesse dizer algo mais, mas acabou virando-se sem outra palavra.

Taehyung ficou ali, estático, com o coração batendo descompassado. Passou a língua pelos lábios, ainda sentindo o gosto sutil de peixe dos lábios do alfa.

Suspirando profundamente, ele se levantou, encanado Jungkook já longe e pensou:

"Por que ele tinha que fazer isso agora?",

— Não se preocupe, Taehyung, Jungkook voltará bem. — A voz de Jimin ecoou suavemente pelo seu ouvido, colocando uma mão reconfortante no ombro do humano.

Taehyung inclinou a cabeça, permitindo-se relaxar momentaneamente sob o toque amigável, mas sua preocupação persistia.

— E… e se ele não voltar? — Sua voz saiu baixa, quase inaudível, carregada de medo. Ele ergueu os olhos para Jimin, buscando alguma garantia que aliviasse o aperto em seu peito.

Jimin sorriu de forma tranquilizadora, mas havia algo em seu olhar que transparecia plena convicção. Ele sentou-se ao lado de Taehyung, cruzando as pernas de forma relaxada.

— O Jungkook sempre volta e agora, ele tem um motivo grande para voltar. — respondeu Jimin, com uma calma que parecia enervante em contraste com o caos que Taehyung sentia. — Aliás, o motivo.

— O que quer dizer com isso? — Taehyung franziu o cenho, intrigado.

Jimin inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com uma combinação de paciência e diversão.

— É você, Taehyung. — Ele deu de ombros como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Eu… isso não faz sentido. Ele nem me conhece direito. — murmurou, agarrando-se à dúvida como uma espécie de proteção.

— Você realmente acha que o Jungkook precisa de muito mais que isso? — Jimin riu suavemente. — Ele não é o tipo de cara ou alfa que precisa de palavras ou explicações. Ele sente, e isso basta.

Taehyung ficou em silêncio, digerindo as palavras de Jimin. Uma parte dele queria negar, queria ignorar o peso do que aquilo significava, mas outra parte… outra parte se agarrava à ideia como se fosse a única coisa capaz de manter sua sanidade.

— Ele é estranho… — Taehyung murmurou, com um sorriso pequeno e nervoso.

— Bem-vindo ao nosso mundo. — Jimin piscou para ele, antes de se levantar e espreguiçar. — Agora, por que não tenta relaxar? Ele vai voltar. E quando voltar, você vai poder dizer tudo isso diretamente pra ele.

— Tudo o quê? — Taehyung perguntou, confuso.

Jimin sorriu de lado.

— O quanto ele é importante pra você. — respondeu casualmente, já saindo de perto, antes que Taehyung pudesse retrucar.

Ficando sozinho novamente, Taehyung soltou um longo suspiro e passou as mãos pelo rosto. As palavras de Jimin ecoavam em sua mente, deixando-o ainda mais inquieto. Era um sentimento estranho.

Taehyung conhecia Jungkook há apenas seis dias, mas, em tão pouco tempo, o alfa havia se mostrado tão carinhoso, gentil e, de certa forma, engraçado, que ele não conseguia evitar a confusão que agora tomava conta de seus pensamentos e coração.

Era como se o tempo que passaram juntos tivesse sido suficiente para romper barreiras que ele demoraria anos para derrubar com qualquer outra pessoa.

Mas, junto com essa confusão, vinha o peso insuportável de uma contradição. Ele não queria, ou melhor, não podia levar o fardo de estar desenvolvendo sentimentos por alguém que, de alguma forma, esteve envolvido na morte de seus colegas... e de Jackson, seu amigo mais próximo.

Esse pensamento o trouxe de volta à realidade como um balde de água gelada. Taehyung fechou os olhos com força, tentando afastar as lembranças do ataque. Ele esfregou o rosto com as mãos, como se pudesse apagar a culpa que ameaçava sufocá-lo.

“Isso é errado”, ele repetiu para si mesmo, como um mantra. “Eu não posso sentir isso por ele.”

Mas era inútil. Por mais que tentasse racionalizar, não conseguia ignorar o que seu coração insistia em sussurrar. Jungkook o fazia se sentir seguro, algo que ele não sentia desde que tudo desmoronou em sua vida. E isso o deixava ainda mais irritado consigo mesmo.

Ele pensava em Jungkook — na forma como o alfa o olhava, como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo, mesmo sem dizer uma palavra clara.

E Jungkook, o fez se sentir a pessoa mais especial do mundo.

Pra vocês terem uma pequena noção do tamanho do Jungkook transformado em comparação com o Taehyung.

Yoongi, alfa.

Hoseok, beta.