III. Preço a um Selvagem.

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ungkook ainda mantinha o olhar fixo em Taehyung, seus olhos amarelos brilhando como âmbar, iluminados pela pouca luz que restava enquanto a noite caía, escurecendo ainda mais o interior da caverna. A intensidade do olhar do alfa tornava o ambiente ainda mais opressivo, como se cada movimento de Taehyung estivesse sob uma vigilância silenciosa e implacável.

- Er... você vai ficar me encarando? - Taehyung murmurou, esperando uma resposta que sabia que provavelmente não viria.

O silêncio prevaleceu, e sem outra reação de Jungkook, Taehyung suspirou, revirando os olhos. Ele se deitou na cama improvisada e virou-se para o lado oposto, querendo escapar da presença perturbadora do alfa.

Mas Jungkook não se afastou. Pelo contrário, ele pareceu ainda mais intrigado com a reação do humano. Curioso, o alfa começou a se aproximar, cada passo lento e calculado, como se estivesse estudando cada detalhe de Taehyung.

Jungkook parou imediatamente ao sentir o cheiro inconfundível de Namjoon, seu instinto de luta instantaneamente dando lugar à cautela. Ele recuou alguns passos, os olhos ainda reluzindo na penumbra. Em frente a ele, Namjoon o encarava com uma expressão séria, como quem já tinha uma sentença definida.

- Jungkook, precisamos conversar. - Namjoon disse, sua voz carregada de autoridade. - Venha.

Sem questionar, Jungkook para fora da caverna, Namjoon virou-se para ele, os olhos avaliando o alfa mais jovem, buscando entender o que se passava na mente de Jungkook. Ele cruzou os braços, um leve suspiro escapou antes de começar a falar.

- Jimin me contou o que você pretende fazer - Namjoon revelou, o tom ainda firme, mas havia uma pitada de decepção em sua voz. - Disse que quer proteger o humano. Kaori, você disse?

Jungkook assentiu, seus olhos brilhando de determinação.

- Kaori... reencarnou. - Ele murmurou, como se isso fosse explicação suficiente.

Namjoon apertou os lábios, claramente cético, mas respeitando a intensidade das crenças de Jungkook.

- E você realmente acha que os deuses permitiriam isso? - Namjoon perguntou, observando a expressão do amigo, tentando encontrar alguma hesitação ou incerteza. - Isso é uma lenda, Jungkook. Os deuses não permitiriam que Kaori reencarnasse em um humano fraco.

Jungkook rosnou, mas Namjoon manteve-se firme, sem recuar.

- Ouça-me - continuou o mais velho. - Se insiste em protegê-lo, está arriscando muito mais do que imagina. Jimin acredita que manter esse humano aqui pode trazer problemas.

- Ele fica. - disse, com uma intensidade quase ameaçadora. - Kaori... ela está nele, eu cuidarei dele.

Namjoon respirou fundo, observando a teimosia de Jungkook com um toque de resignação. Após um longo momento de silêncio, ele enfim falou, sua voz baixa, mas carregada de seriedade.

- Se é isso que acredita... se realmente vê Kaori nesse humano, então sabe o que isso significa, não é? - ele perguntou, esperando que Jungkook entendesse a profundidade de sua afirmação. - A lua de sangue se aproxima.

Os olhos de Jungkook brilharam ao ouvir as palavras. A lua de sangue era um momento raro e sagrado, onde o clã celebrava casamentos de alfas e ômegas destinados. Era um ritual poderoso, irrevogável. E, para ele, significaria muito mais do que uma simples cerimônia.

- Se realmente acredita que ela voltou para você, o único caminho aceitável é o casamento na lua de sangue. Somente assim o clã reconhecerá sua proteção sobre ele.

Jungkook parecia absorver a informação, a ideia de união o preenchendo com uma determinação intensa. Ele sabia que aquilo significava assumir um compromisso sagrado.

- Eu aceito. - Ele murmurou, o tom final e resoluto. ‐ Taehyung ficará comigo.

Namjoon observou o amigo, percebendo a seriedade em cada palavra. Mas ele sabia que esse caminho não seria fácil.

- Então esteja preparado, Jungkook. - advertiu. - Porque uma vez que a lua de sangue iluminar o céu, você estará ligado a ele. Para sempre.

Com um último olhar de advertência, Namjoon se afastou, deixando Jungkook sozinho. E, enquanto a noite se aprofundava, Jungkook sabia que Taehyung, sua Kaori, seria seu para todo o sempre e agora não pouparia esforços para mantê-lo seguro.

Na manhã seguinte, Taehyung acordou com uma sensação de desconforto profundo. O frio era cortante, e sua fome, quase insuportável. Desejava, com todas as forças, que tudo aquilo não passasse de um pesadelo. Mas, ao abrir os olhos e ver as paredes ásperas e sombrias da caverna ao seu redor, soube que estava longe de qualquer esperança de acordar em sua cama quentinha.

Enquanto tentava acordar, passos ecoaram na entrada da caverna. Ele virou a cabeça lentamente e viu duas figuras familiares entrando: Jimin, com seu olhar frio e expressão calculista, e uma mulher ao seu lado, tão bela e etérea quanto ameaçadora. Era Rosé, irmã de Jimin e também uma ômega do clã.

Jimin arqueou uma sobrancelha e lançou um sorriso quase debochado em direção a Taehyung.

- Ora, ora... parece que os deuses estão ao seu lado, mero humano. - Sua voz tinha um tom afiado, carregado de ironia. - Você se casará com Jungkook na lua de sangue. - disse simples.

A notícia atingiu Taehyung como um golpe. Ele sentiu seu coração disparar, sua mente girando enquanto tentava compreender o que aquilo significava. E então, como se uma comporta tivesse sido aberta, ele começou a falar, uma torrente de palavras saindo de sua boca, quase sem controle.

- O quê?! Não! Eu... não! Não e não! Eu não quero isso! - A voz dele tremia, cada frase mais desesperada que a anterior. - Eu não sou parte disso, eu só quero ir pra casa! Eu estou com fome, com frio, não nasci para... para viver em uma caverna ou me casar com um... com um selvagem! - Ele engasgou. - Ele fica me chamando de Kaori e quem diabos é Kaori!? - sua expressão alternando entre incredulidade e horror. - E o coelho... como acham que eu vou... eu não posso colocar um animal fofinho na minha boca!

Rosé observava Taehyung com uma expressão de leve divertimento, enquanto Jimin cruzava os braços, impassível diante da explosão de desespero do humano. Para eles, aquilo era apenas uma reação esperável e, de certa forma, até cômica.

- É melhor se acostumar com a ideia, humano. - Jimin comentou com um sorrisinho frio. - Na próxima lua de sangue, que acontece em cada cem anos, sua vida será ligada a dele. Aceitar sua sorte é o mínimo que pode fazer.

Taehyung encarou os dois, ofegante, sua mente tentando, em vão, encontrar um caminho para escapar daquele destino que se desenrolava diante dele, cada vez mais inevitável.

- Em menos de um dia... minha vida virou de cabeça para baixo! - Ele murmurou, a voz trêmula. - Eu vi minha equipe sendo exterminada... ai meu Deus o Jackson! Eu fui golpeado, arrastado para cá... descobri que aquelas lendas que contavam sobre lobos eram reais! - Seu olhar era de puro pânico. - Vi um animal fofinho morto jogado na minha frente... e agora vocês vêm me dizer que vou me casar com um... com um animal?!

As palavras de Taehyung ecoaram pela caverna, mas seus captores pareciam pouco comovidos. Rosé lançou um olhar de soslaio para Jimin, um sorriso leve se formando no canto dos lábios, enquanto Jimin revirava os olhos, como se estivesse acostumado com o desespero de humanos em situações.

- Que tragédia. - Rosé falou com um tom sarcástico, cruzando os braços. - Bem-vindo ao seu novo mundo, Taehyung.

Taehyung sentiu as lágrimas se acumularem nos olhos, mas ele se recusou a deixá-las cair. Encarou os dois, a respiração acelerada, buscando algum resquício de empatia.

- Eu não sou um de vocês, não pertenço a esse mundo. Vocês não podem me obrigar a isso... - insistiu.

- Mas podemos. - Jimin interrompeu, sua voz firme.

O mundo ao redor de Taehyung parecia girar. A ideia de perder o controle da própria vida, de ser um mero peão em um jogo estranho e cruel, era sufocante. Mas, ao ver o olhar decidido de Jimin e o semblante imperturbável de Rosé, ele percebeu que suas súplicas eram em vão.

- Agora... - Rosé se aproximou de Taehyung, suas mãos delicadas se movendo com uma força surpreendente. Com um gesto ágil, ela desfez as amarras em torno dos pés do humano, como se não fosse nada. Algo que ele tinha tentado a noite inteira, sem sucesso. - A força de um humano é... inútil, em comparação à nossa. - Ela soltou um risinho, uma mistura de desdém e diversão.

Taehyung sentiu uma onda de frustração e humilhação, observando as cordas caírem com tanta facilidade. Ele esfregou os tornozelos, tentando ignorar o olhar superior de Rosé.

- Levante-se. - Jimin ordenou, a voz firme e implacável. - Temos leis, assim como vocês têm, mas as nossas são muito mais rigorosas. - Ele fez uma pausa, os olhos fixos em Taehyung, avaliando cada movimento e reação.

Taehyung se levantou devagar, o corpo ainda dolorido e a mente tentando processar o que estava por vir. Ele lançou um olhar para a saída da caverna, mas logo percebeu que fugir seria impossível, cercado por seres que possuíam habilidades muito além das suas.

- Como... como podem esperar que eu siga essas regras absurdas? - Ele perguntou, a voz carregada de desafio e medo. - Eu nem sou parte do mundo de vocês! Não pedi por isso!

- Não importa o que pediu. - Jimin respondeu com frieza, aproximando-se até ficar a poucos centímetros de Taehyung. - A partir do momento que pisou em nosso território, pertence a nós. Agora... será instruído nas tradições do clã. - Ele disse a última palavra com uma clareza que fez o sangue de Taehyung gelar.

Rosé soltou uma risadinha ao ver a expressão de horror no rosto de Taehyung.

- Ah, o casamento de um humano com um alfa... que ocasião única. - Ela provocou. - Você tem sorte, Taehyung, muitos dariam tudo para estar em seu lugar.

- Sorte?! - Taehyung repetiu, incrédulo. - Eu chamaria essa merda de qualquer coisa, menos a porra da sorte!

Jimin rosnou baixo, um som ameaçador que ecoou pelas paredes da caverna, fazendo Taehyung encolher-se de imediato, os olhos arregalados e o corpo tensionado pelo instinto de sobrevivência. O olhar de Jimin era afiado, quase predatório, enquanto ele se aproximava, cada passo calculado e controlado, como se estivesse diante de uma presa.

- Você ainda não entendeu, não é? - Jimin falou, sua voz soando fria e imponente, enquanto um leve sorriso se formava nos lábios. - Aqui, você é fraco. E fraqueza... - ele parou, abaixando-se até ficar na altura de Taehyung - é algo que desprezamos.

Taehyung engoliu em seco, o coração batendo forte no peito. Ele não sabia o que dizer, as palavras pareciam presas em sua garganta. Jimin estudou sua expressão, satisfeito com o medo que provocava.

- Não temos o dia inteiro para suas hesitações.

Taehyung, hesitante, moveu-se devagar, sentindo o corpo trêmulo. Antes que pudesse se equilibrar completamente, Jimin o segurou firmemente pelo braço, guiando-o com uma força que tornava qualquer resistência inútil.

- Escute bem, humano - continuou Jimin, a voz baixa e séria. - Na próxima lua de sangue, você estará ligado ao nosso clã. A seus olhos, isso pode parecer um pesadelo. Mas se quer continuar respirando sugiro que aceite.

Taehyung piscou, tentando absorver o que aquilo significava, mas tudo que sentia era um medo crescente e um desespero impossível de conter.
Quando eles caminharam para fora da caverna, o ar frio o atingiu em seu rosto, por sorte a roupa de pele urso, que Jimin havia lhe dado a poucos minutos, o ajudou.

- Está com fome? - Rosé perguntou, olhando para Taehyung com um sorriso travesso.

- Si-sim... - ele respondeu, sentindo a ansiedade aumentar.

- Ótimo! Preparáramos um banquete para o novo ômega do Jungkook. - Ela riu ao notar a expressão assustada de Taehyung, que engoliu em seco. - Venha, Jungkook e todos os membros do clã estão à sua espera.

Guiado pelos dois ômegas, Taehyung entrou na caverna principal, onde uma mesa estava repleta de carnes suculentas e frutas frescas.

- Kaori. - Jungkook chamou, aproximando-se com uma determinação firme. - Deve comer.

Taehyung respirou fundo, tentando se firmar em sua decisão.

- Uh... vamos estabelecer uma regra, uma única regra. - Ele disse, olhando nos olhos de Jungkook. - Me chame de Taehyung, somente.

Jungkook rosnou em resposta, uma expressão feroz no rosto.

- Chamarei de Kaori até que chegue a lua de sangue.

Taehyung franziu a testa, confuso com as palavras do alfa. Taehyung olhou para Rosé, buscando ajuda.

- Ele falou que vai te chamar de Kaori até que chegue a lua de sangue. A propósito, sou Yoongi. Quando finalmente chegar a lua de sangue, tudo mudará. - Yoongi se apresentou.

- Ah... sim. Uh... está bem, Jungkook. - Taehyung respirou fundo, tentando encontrar um meio-termo. - E sobre essa comida? O que devo fazer?

- Simples, apenas coma. - Rosé encorajou, pegando um pedaço de carne e oferecendo a Taehyung. - Você vai precisar de energia, principalmente agora que faz parte do clã.

Ele hesitou por um momento, a dúvida pairando em sua mente, mas o olhar intenso de Jungkook não permitiu que ele hesitasse por muito tempo. Com um movimento hesitante, Taehyung pegou a carne, sentindo o olhar do alfa pesado sobre ele, como se estivesse esperando que ele se alimentasse.

- Eu... vou tentar. - Ele disse, quase para si mesmo.

Mas antes que pudesse pôr o pedaço de carne na boca, Taehyung recuou, com a expressão de náusea dominando seu rosto.

- Aí, eu não consigo. Eu prefiro morrer de fome a colocar esse pedaço de carne ensopado em sangue na minha boca.

Jungkook franziu a testa, a raiva crescendo dentro dele. Ele não entendia como Taehyung podia rejeitar algo que ele mesmo havia caçado. Aquela carne era uma oferta, um sinal de proteção e cuidado, e Sua Taehyung estava a ignorando. DE NOVO!

Frustrado, ele se levantou abruptamente, o corpo tenso, suas emoções à flor da pele. Sem palavras, apenas lançou um olhar intenso para Taehyung, que sentiu o peso daquela frustração sobre seus ombros.

Taehyung observou Jungkook se afastar, as costas largas do alfa com tatuagens e musculosas.
Taehyung sentiu um misto de alívio e desconforto.

Ele respirou fundo, tentando afastar o frio que o dominava ao relembrar o olhar feroz de Jungkook. Algo naquele alfa era... diferente, intenso. Como se tivesse sido esculpido pela própria montanha e moldado pela escuridão de segredos antigos.

- Uh...Por que ele fica me chamando de Kaori? - Taehyung resolveu perguntar a Jimin, tentando entender o significado por trás do nome que Jungkook insistia em usar.

Jimin olhou para Taehyung com um semblante sereno, mas sua resposta foi chocante.

- Kaori era a esposa falecida dele. - Ele falou, e Taehyung imediatamente ficou pálido, seus olhos arregalados em choque.

- Como!? - exclamou, a incredulidade transparecendo em sua voz. - Só pode ser brincadeira!

- Calma. - Jimin soltou um risinho para tentar aliviar a tensão. - Acontece que Kaori é o sub gênero da ômega falecida de Jungkook, no caso ômega. Há uma lenda que diz que, após cem anos de morte, a alma de um ômega, alfa ou beta pode renascer em um humano, mas isso sempre foi visto como apenas uma lenda. Nunca chegou de fato acontecer.

Taehyung recuou um passo, o coração acelerando.

- E vocês também era só a porra de uma lenda! - ele gritou estupefato, e Rosé soltou um risinho pela forma engraçada do humano. - Então... existe algo dentro de mim? Como não soube disso!?

- E você nunca saberia, exceto na lua de sangue. Quando a lua de sangue iluminar a noite, vai ser como sua mente estivesse sendo desligada. - deu de ombros. ‐ Bom... é o destino, você não acha? Os deuses lhe guiaram perfeitamente

A mente de Taehyung girava com as implicações da revelação. A ideia de ser um recipiente de uma antiga alma era intrigante

- Isso... isso é muito para processar. - ele murmurou, sentindo um misto de confusão e medo.

- Pode ser assustador agora, mas você deve lembrar que Jungkook não está fazendo isso por mal. Ele vê em você uma conexão especial. Para ele, você é importante, e a presença de Kaori dentro de si pode ser uma maneira de ele se conectar ao que perdeu. Ele não te ver como Ekaterina, ele ver você, como Taehyung, mas também como a Kaori.

Taehyung respirou fundo, lutando para assimilar a nova informação.

- E se eu não... corresponder a isso? O amor dele? - ele perguntou, a vulnerabilidade em sua voz.

- Você não precisa se preocupar com isso. A relação de vocês é única. O importante é que vocês se entendam e se respeitem. O amor de Jungkook por você não depende de Kaori; é sobre quem você é agora.

Taehyung olhou de volta para Jungkook, que observava a conversa com uma expressão intensa, embora ainda não compreendesse plenamente as palavras. Ele podia sentir a conexão entre eles, um laço que estava se formando apesar de tudo.

- Está bem. - Taehyung disse, decidindo ser mais aberto com seus sentimentos.

Jimin assentiu, satisfeito com a resposta.

-  Agora, vamos comer. Jungkook precisa ter certeza de que você está bem alimentado.

Com um pequeno sorriso, Taehyung se virou para a mesa, sentindo a força do olhar de Jungkook em suas costas, como se ele estivesse sempre ali, pronto para protegê-lo.

O ronco no estômago de Taehyung era um lembrete incômodo de sua fome, levando-o a olhar para a entrada da caverna, onde Jungkook se mantinha vigilante, em uma postura protetora. O lobo virou-se em direção ao humano, e Taehyung, vulnerável e faminto, se encolheu ligeiramente, sem saber o que esperar daquela aproximação.

— Aí... minha barriga tá doendo de fome. — murmurou, sentindo as lágrimas começarem a deslizar por seu rosto, trazendo à tona um desespero silencioso.

Jungkook, notando a dor e o cansaço em Taehyung, hesitou antes de estender a mão. Com um toque quase tímido, levou os dedos até o rosto do Kim, traçando com cuidado a linha de sua mandíbula enquanto tentava confortá-lo.

A sensação gelada dos dedos de Jungkook contra a pele quente de Taehyung fez com que o humano se encolhesse momentaneamente, mas ele não recuou. Em vez disso, a presença de Jungkook ali, tão próximo, trouxe um tipo de calor inesperado, preenchendo o espaço sombrio da caverna.

— D-doi…? — Jungkook perguntou, a voz baixa e quase quebradiça, deixando transparecer uma preocupação genuína.

Taehyung assentiu, os olhos cheios de uma mistura de vulnerabilidade e surpresa. Jungkook mordeu levemente o lábio inferior, a incerteza marcando seu rosto.

Ele sabia que, se saísse para caçar, provavelmente Taehyung recusaria comida vinda dele mais uma vez. Faltava quase um mês para a Lua de Sangue, e ele temia que o humano adoecesse antes que pudesse fazer qualquer coisa para protegê-lo.

— Es-... espere, Ju-Jungkook... — o alfa pediu, a voz fraca.

Taehyung observou Jungkook. Apesar da expressão séria e a postura imponente que o lobo mantinha, havia algo nele — um toque de doçura, um gesto de cuidado — que o tornava estranhamente fofo aos olhos de Taehyung, contrastando com o perigo que aquela criatura representava para os outros.

O alfa suspirou e, com um gesto mais seguro, retirou a capa que usava, a envolvendo em Taehyung para aquecê-lo. — e evidentemente, deixando seu cheiro em Taehyung, porque sabia que podia ser perigoso para o garoto, e com o cheiro de um alfa demoníaco, sabia que ninguém tentaria fazer nada contra Kaori… Taehyung.

Em seguida, Jungkook se levantou e sinalizou para que Taehyung esperasse ali. Antes que Taehyung pudesse protestar, o lobo já estava se afastando, e Taehyung pode escutar um rosnado alto, e a sombra de um enorme lobo surgindo, desaparecendo e determinado a trazer algo que pudesse saciar a fome do humano — algo que ele aceitaria de bom grado.

Sozinho na caverna, Taehyung apertou a capa ao redor do corpo, sentindo o cheiro familiar do selvagem.


Gostei da recepção ❤️ e é por isso que atualizei novamente!

Obrigada por chegarem até aqui e até o próximo capítulo!

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