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***

Acordei sentindo o meu corpo doer, eu me sentia pesada. Abri os meus olhos após ponderar por alguns minutos e a cena que vi, acalmou o meu coração. Taehyung estava deitado entre as minhas pernas e a sua cabeça estava em cima da minha barriga, e ele dormia profundamente. Passei uma das minhas mãos por seus cabelos e o acariciei, adorava fazer carinhos em meu querido e amava estes momentos em que ele se deitava ao lado dos nossos filhos. Apesar de estar grávida de gêmeos, a minha barriga não cresceu muito e por um tempo, isso chegou a me preocupar. Embora o médico tenha me certificado que tudo ficaria bem.

A respiração de Taehyung em minha pele me causou arrepios. Respirei fundo e tentei organizar os meus pensamentos, todos os momentos vividos na noite passada. Min Yoongi foi sincero, mas não me comoveu. Agora que me lembrava de tudo, eu precisava desconfiar de tudo. James não podia voltar para a minha vida por causa dos seus amigos, mesmo que seja alguém do seu passado.

— Bom dia meu amor. – a voz de Taehyung ecoou como uma melodia.

— Ei, meu anjo. – sussurrei arranhando o seu couro cabeludo com as minhas unhas.

Taehyung se arrepiou e sorriu, erguendo o seu rosto em minha direção. Em seguida pude sentir o seu beijo em minha barriga e rapidamente, ele se deitou ao meu lado, acariciando o meu rosto. Podia passar horas admirando a sua beleza e mesmo assim não seria o suficiente. Ele era perfeito e nem mesmo sabia disso, ele não fazia ideia da sua perfeição.

— Você dormiu bem? – perguntou passando os seus dedos por meus lábios.

— Sim e você amor? – ele sorriu.

— Eu sempre durmo bem ao seu lado. – disse pousando a sua mão sobre a minha barriga. — Te procurei essa noite, mas não achei.

— Sim. – murmurei. — Estava com fome e ataquei um pedaço de bolo que estava na geladeira. – respondi me sentindo envergonhada. — Espero que ninguém sinta falta dele.

Ele deu uma gargalhada e apertou as minhas bochechas, me senti bem. Ainda não era necessário comentar sobre a minha conversa com o seu amigo, não era o momento certo para isso. Assim que os meninos partissem, eu tomaria coragem e falaria com Taehyung sobre o que estava acontecendo.

— Foi um desejo noturno? – indagou me arrancando dos meus pensamentos.

— Não. – murmurei. — Foi gula mesmo, eu vou virar um balão se comer apenas durante a noite.

— Você se alimenta muito pouco e está sempre indisposta. – isso era verdade. — Fico feliz em saber que está se alimentando bem, nem que seja de madrugada. – continuou sorrindo de canto.

— Sim. – sussurrei.

— Agora, o que você deseja para o café da manhã? – ele se apoiou em seus braços e me fitou.

— Bom, eu estava pensando em algo bem coreano. – ele ergueu o sobrolho em sinal de confusão. — Você, o que me diz?

— Olha, vamos com calma. – disse se levantando. — Não se esqueça que eu sou menor de idade e que na sua idade quebrar um osso pode ser perigoso. – sorri de canto ao ouvir. — Além do mais, eu quero fazer amor contigo quando estivermos sozinhos. – ele era impossível.

— Por acaso você está me chamando de velha? – questionei cerrando os meus olhos.

— Quer dizer, você não é uma das mais novas. – ele segurou o seu sorriso. — Então precisamos ir com calma.

— E o que fará agora? – questionei me acomodando na cama.

— Quero preparar algo para você comer. – disse colocando a sua roupa. — Não se esqueça que os meninos viajarão hoje. Precisamos nos despedir dele. – não queria pensar nisso.

— Já sabemos para onde eles irão? – ele ainda não havia comentado.

— Não sei. – murmurou. — Namjoon disse que o destino principal era a Espanha, mas não sei se irão ao certo. – ele se vestia com tanta graciosidade. — Em breve nos encontraremos com eles no lugar escolhido.

— Está bem. – aceitei.

— Quero ficar aqui e organizar tudo para o nascimento dos nossos filhos. – explicou. — Você está no sexto mês de gestação e não temos nada. Antes de irmos ter com eles, eu quero ter a certeza de que os nossos filhos terão tudo ao nascer. – isso era fofo, mas não precisávamos nos desesperar assim.

— Não quero imaginar na dor que será ficar sem Namjoon. – eu já estava com saudades dele. — Quando eles irão?

Taehyung sorriu e balançou a sua cabeça, ele sabia que éramos próximos um do outro. Namjoon me ajudava em tudo e também queria estar presente na decoração do quarto. Ele havia organizado a minha vida por nove meses, assim como me lembrava das minhas tarefas diariamente e nunca me deixava esquecer o prazo dos meus trabalhos. Namjoon era um anjo, eu queria mantê-lo por perto.

— Em quatro horas. – respondeu me olhando.

— A Espanha é longe. – murmurei. — Sentirei saudades deles.

— Aish, parece que eles morrerão. – bufou. — Se Jimin ouvir você falando assim de Namjoon, ele sentirá ciúmes.

Sorri de canto e respirei fundo, Taehyung se aproximou e me deu um beijo nos lábios. Senti o meu corpo aquecer e isso me fez bem, me sentia bem com todo o seu amor.

— Não demore, eu te amo. – sussurrou soltando os meus lábios. — Vou fazer a minha higiene no quarto de hóspedes.

— Tomarei um banho e já vou ter com vocês. – murmurei me levantando.

— Te espero na cozinha meu bem. – ele piscou e se afastou, saindo do quarto.

Respirei fundo e caminhei em direção ao banheiro, liguei o chuveiro e calmamente tirei a roupa que vestia. O meu corpo era lindo e os meus bebês tinham a forma perfeita. Prendi os meus cabelos, escovei os meus dentes e logo em seguida entrei embaixo da água, deixando a água me invadir. Para uma mulher grávida, banhos quentes eram maravilhosos. Passei o sabão por meu corpo e rapidamente me limpei, os meus pensamentos vagavam por momentos que eu deveria esquecer. Min Yoongi, esse era o nome que pairava sobre a minha mente.

Voltar ao passado e lembrar de tudo o que James fez comigo era doloroso, me causava arrepios e ânsia. Tudo que envolvia o meu passado ainda era um tema delicado e eu não podia esquecer isso, não queria esquecer isso. Respirei fundo e desliguei o chuveiro, saindo do mesmo. Me enxuguei em uma toalha e andei até o meu quarto, abrindo o guarda-roupas em seguida. Procurei algo confortável para vestir, mas que, ao mesmo tempo fosse elegante. Ao vestir a minha roupa, mentalizei tudo o que precisava fazer e tudo o que precisava dizer.

Após me vestir e organizar os meus cabelos, voltei o meu olhar para o espelho e sorri de canto ao ver que não me vestia tão ruim como parecia. Sem esperar muito, eu caminhei em direção a saída do quarto e sorri ao ouvir as vozes dos meninos ecoarem por todos os lados. Os meninos se encontravam na cozinha e falavam sobre algo, mas não conseguia ouvir. Por um momento, me senti excluída, eles não queriam que eu escutasse. Me aproximei devagar e com muita calma para não levantar suspeitas, e nem passar a ideia de que escutava algo.

— Tem certeza disso? – perguntou Namjoon.

Taehyung fez sinal com a cabeça e todos olharam em minha direção, respirei fundo e me aproximei. O silêncio ecoou e eu me senti como uma intrusa invadindo o espaço pessoal deles. Sorri de canto para amenizar o desconserto e continuei caminhando com calma.

— Bom dia. – cumprimentei entrando na cozinha.

— Bom dia, Alice. – ecoaram me fazendo sorrir.

Sentiria falta disso, caminhei com calma em direção ao armário e procurei por alguns cereais. Pude sentir os olhares dos sete me acompanharem por todo o caminho, todos em silêncio. Me sentia muito desconfortável, mas optei por ignorar e concentrar apenas no cereal que preparava.

— Está tudo bem? – perguntei ao ver que ninguém falaria nada.

— Sim. – ecoaram de novo.

— Certo. – murmurei me concentrando na comida.

— Quando vocês nos encontrarão na Espanha? – questionou Seokjin quebrando o silêncio.

— Não sei. – respondeu Taehyung. — Preciso de uns dias ao lado da Alice, ainda precisamos organizar algumas coisas. – ele respirou fundo. — Mas iremos a vocês assim que terminarmos tudo.

— Não sabíamos que éramos um incômodo. – resmungou Jungkook. — Para não desejarem a nossa companhia.

— Não é isso. – tentou Taehyung. — Mas precisamos de alguma privacidade, eu preciso de um tempo com a minha família.

— E não somos a sua família? – retrucou ele quase sem voz.

— Aish, estão entendendo tudo errado. – bufou Taehyung. — Não falo mais nada, acreditem no que quiserem. É sempre a mesma coisa, parece que nascemos todos juntos. – continuou saindo da cozinha.

— Por favor, não briguem. – murmurei. — Não me importo que ele vá com vocês, não preciso ir nessa viagem. – não queria vê-los chateados. — Eu nem gosto de viajar. – menti.

— Alice, você não precisa justificar nada. – disse Seokjin. — Sabemos o que o Taehyung deseja e os motivos que o faz ficar aqui. Além de amigos, nós somos irmãos. – respirei fundo ao ouvir. — É a nossa primeira viagem sem ele e por isso, os meninos estranham, mas não se preocupe com nada. Não existe Taehyung sem você e se decidirem não ir, está tudo bem. – ele falava com tanta calma que me acalmou. — Taehyung precisa cuidar da sua família.

— Obrigado, Seokjin. – agradeceu Taehyung.

— Não sei o que eu farei sem vocês. – murmurei procurando manter a tristeza para mim.

— Não vamos demorar. – sussurrou Yoongi em meu ouvido me causando arrepios.

— Se por acaso não formos e vocês demorarem, eu vou pessoalmente buscar vocês. – disse ignorando o seu comportamento.

Deixei o cereal de lado e caminhei em direção a Namjoon, me sentando ao seu lado. Ele sorriu e passou uma de suas mãos por meus cabelos, me acariciando.

— Sinto muito, só queria que viessem conosco. – murmurou Jungkook olhando para Taehyung.

— Em breve. – murmurei.

— Alice. – disse Namjoon com a sua voz grossa. — Você precisa nos avisar de qualquer imprevisto, ao mínimo resquício de problemas pegamos o avião e voltamos para vocês. – sorri de canto ao ouvir.

— Sim, obrigada. – ele sorriu.

Enquanto olhava para Namjoon pude ver o semblante de Yoongi atrás dele, ele me fazia sinal. Respirei fundo e tentei ignorar, mas ele me chamava para ir ao seu encontro. Após algum tempo, me levantei e calmamente fui em direção ao meu quarto. Taehyung estava na sala e conversava com Jimin, passei por eles e senti que eles não notaram a minha presença. Entrei em meu quarto com receio já que isso poderia acabar muito mal.

— Psiu. – senti a respiração de Yoongi em meu pescoço e tremi. — Ei.

— O que você quer? – questionei me virando para ele.

— Se desejar, eu posso ficar. – ofereceu se posicionando em minha frente. — Eu posso proteger você.

— Por acaso você esqueceu o que disse ontem? – retruquei.

— Não seja maldosa. – disse me olhando. — Me refiro a James, se ele aparecer vocês não estarão sozinhos.

— Ele não irá. – afirmei.

— E se ele aparecer? – indagou colocando as suas mãos nos bolsos. — O que farão?

— Chamamos a polícia. – respondi. — Tenho o Taehyung para me proteger, ele cuidará de mim.

— Promete que me avisará se ele aparecer por aqui? – pediu.

— Yoongi. – tentei.

Ele retirou uma das suas mãos dos bolsos e segurou um dos meus braços, o sacudindo.

— Prometa. – disse.

— Qual é o seu interesse por mim? – queria compreender essa obsessão.

— Não aguentarei vê-lo te fazer mal de novo. – respondeu. — Não posso ignorar isso de novo.

A sua mão que segurava o meu braço envolveu a minha cintura e me virou, me encostando contra a porta que se fechou com o impacto. Os seus olhos fitaram os meus e os nossos lábios ficaram próximos, a minha respiração oscilou e o meu corpo tremeu. Não desejava estar nesse momento, Yoongi era um pouco maior do que eu e eu revia um amigo que quase passei a confiar, alguém que conheci, mesmo não desejando ter por perto.

— Lembra daquela noite? – a sua voz saiu arrastada.

— Outros tempos. – murmurei colocando as minhas mãos em seu peito, o afastando. — Não me torture.

— Mas você se lembra? – continuou em sussurro.

— Sim. – sussurrei.

— Eu nunca me esqueci. – a sua voz grossa me arrancou um suspiro.

— Por favor, pare. – pedi.

Yoongi se aproximou mais e os nossos lábios ficaram apenas alguns centímetros um do outro. Pude sentir a sua respiração em minha pele e o seu corpo estava quente, automaticamente fechei os meus olhos e tentei não olhar em seus olhos.

— Eu fiz uma promessa. – senti o vento das suas palavras em meus lábios. — E cumprirei.

Abri os meus olhos e o vi se afastar, respirei de alívio, enquanto ele me deixava.

— O que está fazendo? – indaguei consertando a minha postura.

— Marcando o meu território. – ouvir isso me deixava revoltada. — Por qual motivo não contou para ele? – não entendi.

— O que é agora? – retruquei.

— Aquela noite, você não a esqueceu. – respondeu. — Por qual motivo não contou para James? – respirei fundo antes de responder.

— Não havia nada para contar. – James acabaria com ambos.

— Eu contei. – tremi ao ouvir.

— O quê? – não queria acreditar. — O que ele disse?

— Ele se vingou. – a sua voz quase não saiu.

— Como? – senti o meu corpo tremer.

— Abusando de você com os seus amigos. – as minhas pernas tremeram.

Min Yoongi ergueu o seu rosto e a tristeza tomou conta do ar, eu não sabia o que dizer. 

***

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