» 72 «
***
O meu coração estava machucado e o meu corpo também, eu não estava bem e não me sentiria bem tão cedo. Após a minha conversa com Taehyung, eu consegui tomar um banho e comecei a usar todos os medicamentos receitados pelo médico. O creme conseguiu aliviar um pouco das minhas dores íntimas, mas sempre que me lembrava de James as marcas em meu coração se intensificavam. Sempre que imaginava as suas mãos em meu corpo tudo em mim virava repulsa, respirei fundo ao ouvir a respiração de Taehyung pesar. Desde que havia saído do banho ele estava agarrado em mim, tê-lo em meus braços era tudo o que eu mais queria. Todavia, a sua presença não me proporcionava paz.
Na verdade, estar ao seu lado me causava medo. A sua cabeça estava deitada sobre a minha barriga e a sua respiração tocava a minha pele com delicadeza. Quando conheci o Taehyung, eu parei de pensar na vida. Após amaldiçoar o mundo por tudo o que me aconteceu, passei a agradecer por encontrar alguém que me entendia do jeito que eu merecia. Alguém que me amou independente de tudo, era o meu bem mais precioso, mas o perdi. A crueldade de James não conhecia limites e por este motivo eu precisava acabar com a minha vida. A morte me acompanhava o tempo todo, mas com o tempo aprendi a conviver com a ideia de morrer a qualquer momento. Infelizmente todos os meus pensamentos começavam a fazer sentido e eu sabia que morreria em breve.
Passei as minhas mãos pelos cabelos de Taehyung e deixei um pouco da sua calma me invadir, no entanto, eu não podia me dar ao luxo de ser feliz. Ter um filho não era sinal de alegria, no momento isso me obrigava a morrer e eu sabia que era a decisão correta. As contas estavam corretas e a criança só podia ser de Taehyung, mas essa criança seria o nosso fim e eu não aguentaria uma guerra entre Taehyung e James. Não teria forças para lutar ao seu lado e tudo o que tínhamos cairia por terra. Se continuasse viva, não poderia permanecer ao lado de Taehyung.
— James merece ser punido. – comentou me assustando.
Taehyung me arrancou dos meus pensamentos e delicadamente acariciou as minhas pernas. Senti um arrepio com o seu toque, eu não queria isso. Entre todas as pessoas do mundo, ele seria a única que eu não gostaria de magoar com as minhas atitudes, no entanto, sabia que ele sofreria por mim em breve.
— Sim. – sussurrei. — Depois vejo isso. – não queria desabar agora.
Taehyung se levantou e se sentou ao meu lado, o seu olhar examinou o meu rosto e a sua respiração permaneceu calma. Ele provavelmente pensava nos abusos de James, não podíamos ignorar isso. Era mais fácil assim, aceitar a realidade doía menos.
— Vamos morar juntos? – propôs do nada. — Alice, eu não quero te perder.
— Não podemos. – murmurei. — Eu não quero mais, não tenho forças e o meu coração está partido ao meio.
— E você acha que se afastar de mim será melhor? – retrucou. — Se sentirá melhor assim? Não somos culpados dessa situação, não se afaste de mim.
— Eu preciso de tempo. – eu sabia o que precisava fazer. — Tempo para mim e para você, preciso digerir tudo o que aconteceu.
— Tenho medo de dar um tempo e você sumir. – respondeu segurando as suas lágrimas. — Eu sinto que você está se despedindo de mim e isso está acabando comigo. – tudo ficará bem meu amor, não se preocupe.
— Por favor, Taehyung. – eu não aguentava mais. — Não me pressione agora, eu não aguento mais.
— Está bem. – murmurou. — Eu sinto muito, mas saiba que não desistirei de você.
Respirei fundo e desviei o meu olhar, ele estava triste e isso me deixava triste.
— K-Pop, hã? – precisava mudar de assunto.
Ele me olhou sem jeito e sorriu de canto.
— Você sabe? – murmurou.
— Namjoon comentou. – disse.
— Sempre admirei isso em você. – continuou cruzando as pernas. — Você não sabia nada de mim, mas confiou. Você não gosta de mim por interesse e a sua falta de interesse fez com que o meu coração se apaixonasse mais rápido ainda. – ele respirou fundo antes de continuar. — Ao seu lado eu me sinto em casa e ao mesmo tempo, desconhecido.
— Acredito que se soubesse da sua fama, não estaríamos aqui. – não me envolveria com ele se soubesse.
— Não entendo. – disse. — O que quer dizer com isso?
— Quando nos conhecemos eu ainda estava me escondendo do meu passado. – respondi baixinho. — Saber que você é famoso só me assustaria mais. Para mim, isso soaria como "James me encontrará mais rápido." E no fim, ele me encontrou de qualquer forma. – respirei fundo.
— Não devíamos ter voltado. – retrucou com raiva. — Eu tinha de insistir mais e pedir que você ficasse lá em casa. Perdi a chance de usar os charmes de Park Jimin em você. – sorri de canto ao ouvir.
— Acha que ele é tão charmoso assim? – provoquei.
— Você não? – ele segurava o seu sorriso. — Ele é pequeno, fofo e cabe nas mãos de tão precioso. – sorri ao ouvir. — Ele consegue convencer qualquer pessoa de qualquer coisa, ganhou o jogo inventado por Hoseok com um sorriso.
— Não acho gnomos de jardim fofos. – e como mágica, Taehyung soltou uma gargalhada.
— Obrigado por me dar mais um apelido para ele. – continuou em sorrisos.
Era a melhor gargalhada do mundo, o meu peito doía ao se lembrar que me despedia dele. No entanto, era necessário. O meu amor merecia outro amor, um que não o machucasse tanto e que deixasse o seu coração mais leve.
— Os meninos gostariam de ver você morando conosco. – continuou voltando ao assunto.
— Morar com sete homens não me parece interessante. – murmurei procurando não olhar em seus olhos.
— Você pode ser a nossa branca de neve. – deveria sorrir, mas não consegui.
— A minha história não é tão diferente, a diferença é que a bruxa é de fato a minha mãe. – respondi. — E ela deseja muito mais do que o meu mal, ela anseia por minha morte. – as minhas palavras doíam em mim.
— A sua mãe não fará nada contra você. – não sabíamos disso. — Prometo não sair do seu lado nunca mais.
— Vai acampar aqui como fez no parque? – ele sorriu de novo.
— Sim e trarei a minha gangue comigo. – respirei fundo ao ouvir. — Não deixaremos você sozinha, mas te darei o espaço e o tempo que precisa.
— Está bem. – aceitei.
Se tivesse coragem, esse seria o momento para falar sobre o bebê em minha barriga. Porém, eu não podia assumir essa responsabilidade, se falasse isso em voz alta, tudo se tornaria real. Não era justo com ele e aumentar as suas esperanças seria cruel sabendo que tiraria a minha vida em breve.
— Alice? – indagou baixinho. — Você acha que ficaremos bem de novo?
— Não. – sussurrei. — Acredito que seremos bons amigos a partir de hoje.
Pude ver a tristeza em seus olhos, mas ele a conteve.
— Posso passar a noite aqui? – perguntou. — Se vai me deixar, me permita uma despedida. A minha vida sem você é vazia, me deixa aproveitar um pouco mais?
— Está bem. – aceitei.
Me despedir seria doloroso, mas necessário. Esse seria o meu último ato de carinho para com ele e não me arrependeria de o deixar, não podia. A sua vida seria melhor sem mim e ele compreenderia isso em breve.
***
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top