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O meu coração estava acelerado e eu só queria sair do momento em que me encontrava, mas não tinha como. James não me deixaria passar por ele e eu precisava fingir que não sabia de nada ou entregaria que ele estava certo e que Taehyung era importante para mim. Assumir algo com Taehyung colocaria a sua vida em risco e James acabaria com ele na próxima oportunidade que tivesse, não podia fazer isso. Os meus pais ainda estavam do lado de fora e eu só conseguia ver a fumaça que emanava dos cigarros que eles fumavam, eu estava frágil ao lado de um psicopata. Esse era o presente da minha mãe e esse era o meu destino, James respirou fundo e voltou a me olhar. Permaneci de cabeça baixa, não queria fazer contato visual com ele.
— Sinto muito por ser assim. – murmurou. — Mas saber que você anda se entregando por aí não me agradou muito.
— Já disse que não sei do que você está falando. – precisava manter a calma. — Você me faz sofrer e ainda espera que volte para os seus braços?
— Você não sabe o quanto eu te amo. – respondeu brincando com a faca que estava em cima da mesa. — Não sabe de todas as coisas que fiz por você, se soubesse de tudo, você voltaria para mim. No entanto, compreendo a sua mágoa, será difícil entender. – ele bateu com a faca sobre a mesa, me assustando.
— Não te amo mais. – murmurei. — E jamais serei feliz ao seu lado.
— Você está falante hoje, que bom ouvir isso. – retrucou com deboche. — Quem disse que você precisa me amar? Eu te quero do meu lado e você sabe que isso acontecerá. Alice, você fugiu de Daegu e me deixou sozinho, tem noção da vergonha que senti? – senti o meu peito doer. — Sabe o quão triste isso é?
— Você não me deu outra escolha. – tentei. — Se não fugisse, acabaria morta.
— E aqui estamos nós. – disse sarcasticamente. — Esperando o momento certo para você morrer.
Eu estava em choque, o meu corpo tremia e eu ainda não podia acreditar que ouvia tudo isso. Isso precisava ser um pesadelo e eu necessitava acordar o mais rápido possível ou então seria tarde demais. Não podia demonstrar fraqueza ou ele usaria isso contra mim, James se alimentava dos meus medos. Respirei fundo ao ver a presença dos meus pais e procurei conter o meu pavor, o meu pai não precisava sofrer agora. Agora, era a minha chance de sair dali e ir ligar para o Taehyung, eu precisava avisá-lo.
— O dia está agradável. – comentou o meu pai. — Depois do almoço podemos ir passear um pouco.
— Isso seria maravilhoso. – respondeu a minha mãe. — O que você acha James?
— Acho a ideia maravilhosa. – comentou sorrindo. — O parque Hangang é ótimo, não acha Alice? – tremi ao ouvir.
— Não sei ao certo. – murmurei.
— O que vamos comer? – retrucou ele mudando de assunto. — Já pensaram?
— Posso comer qualquer coisa, estou faminto. – respondeu o meu pai todo brincalhão.
— Aigo. – murmurou a minha mãe. — Esse homem parece um bicho do mato. – ele sorriu ao ouvir.
— Eu estou com saudades da comida da Alice. – me assustei ao ouvir. — Quem sabe ela não pode cozinhar algo para nós?
Ergui a minha cabeça e respirei fundo, os meus pais me olharam e nem querendo eu conseguiria fingir um sorriso.
— Preciso ir ao banheiro. – murmurei.
— Você está bem? – indagou o meu pai se erguendo.
— Sim. – não. — Peçam algo por mim, qualquer coisa está bom.
Respirei fundo e esperei por James, ele se levantou e fez espaço para que eu saísse. Não olhei para trás, segui para o banheiro com calma e procurei não fazer movimentos bruscos. Assim que entrei, fechei a porta e deixei o corpo desabar. Me olhei no espelho e vi o meu semblante deplorável, as lágrimas desciam por meu rosto e eu vivia um pesadelo. A minha vida estava acabada e nada podia ser pior do que isso. Retirei o meu telefone do bolso e procurei o número de Taehyung, não podia colocar a sua vida em risco. Lavei o meu rosto e procurei juntar um pouco de forças para dizer o que precisava.
A minha voz não podia conter sinais de medo ou ele perceberia o meu sofrimento. Precisava sair da sua vida com o mínimo de estragos possíveis, ele não merecia sofrer por meus atos. Respirei fundo e em seguida entrei em uma das cabines, me sentando sobre o sanitário. Peguei o telefone e ligando para ele, coloquei o aparelho no ouvido. Alguns toques ecoaram e logo em seguida, pude ouvir a sua respiração.
— Ei, Alice. – murmurou.
Segurei o meu choro, ele não podia saber.
— Está tudo bem com você? – continuou ele. — Estava pensando em você.
— Sim. – respondi com a minha voz trêmula. — Mas precisamos conversar.
— Se precisamos conversar, não está tudo bem. – retrucou. — O que aconteceu?
— Podemos nos ver hoje a noite? – indaguei. — No parque?
— Claro que podemos nos ver. – respondeu. — Você está bem? Alice, por qual motivo você está chorando?
Senti o meu coração bater mais forte.
— Quero muito te ver. – sussurrei deixando o meu choro ecoar.
— Quer que eu vá te buscar? – sim, mas não podíamos.
— Não. – murmurei. — Eu te vejo mais tarde.
— Os seus pais estão com você? – prosseguiu.
— Sim. – não queria falar sobre os meus pais.
— Está bem. – aceitou por fim. — Te vejo mais tarde então, no mesmo horário de sempre? – pude sentir a decepção em sua voz.
— Sim. – sussurrei limpando as minhas lágrimas.
— Até mais, Alice. – não consegui responder, ele desligou rapidamente.
Assim que ele desligou, a minha dor voltou a me invadir. O meu coração doía tanto e eu sabia que ele sofreria muito mais com as minhas atitudes, mas entre perder o seu carinho e colocar a sua vida em perigo, eu necessitava perdê-lo. Salvei a sua vida e não podia acabar com ela agora, me despediria de um amor calmo e leve. Alguém que me acolheu e cuidou das minhas feridas, Taehyung era a melhor demonstração de paz e a sua serenidade me invadiu com amor. Desejava viver ao seu lado, mas não podia. Não podíamos continuar com este sentimento, James era perigoso e sempre acharia um jeito para cumprir as suas promessas.
Necessitava manter a minha calma, não podia sair da sua vida de uma forma que o magoasse mais do que o necessário. Taehyung não aceitaria meias-palavras e eu precisava ponderar todas elas ao estar do seu lado. Não sabia como organizar todos estes acontecimentos, para falar a verdade, eu não sabia o que aconteceria comigo ao me afastar dele. Assim que deixasse os meus pais em casa, eu seguiria para o parque e terminaria com ele. Eu estava com medo e ninguém podia me proteger.
Era o fim do amor que aos poucos me salvou.
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